Tinha sido um dia daqueles. Dark Kat tocando o terror por Mega Kat City e numa tentativa desastrada de infiltração pelos Defensores num dos arranha-céus, o vilão acabou fazendo a Tenente Felina Feral e mais alguns civis de reféns. Mas nada que nós, os Swat Kats, não pudéssemos dar conta. Felizmente tudo terminou bem. A tenente foi nos agradecer com um aperto de mão e é nesse momento que eu o pego olhando para a Tenente.
Conhecendo-o como eu o conhecia, tinha certeza de que, de uns tempos para cá, havia mais coisas em jogo entre aquele singelo aperto de mão. Eu sorrio e resolvo observá-lo. Ele crava seu olhar nas orbes negras dela. O tempo para por alguns segundos até ele se dar conta de que era observado e olhar para o outro lado, indo para o Turbo Kat.
- Está cada vez mais difícil disfarçar não é T-Bone? - resolvo jogar a isca.
- Do que está falando, Razor? - Ele rebate a minha pergunta com a sua clássica saída pela tangente.
- A tenente Feral. - Vou direito ao ponto. Posso não vê-lo diretamente, mas o vidro da capota reflete seu semblante ligeiramente… descontente pela minha descoberta. Bingo!
- E o que tem a tenente?
- Um certo Swat Kat anda olhando-a com outros olhos ou estou errado?
- Pare de bobagens, Razor. De volta para o hangar! - Eu me recosto no meu assento enquanto minha mente divaga sobre a situação. Não adianta T-Bone. Te conheço há tempo suficiente e você não me engana. Você está enamorado e sabe que as circunstâncias são completamente desfavoráveis. Não duvido que você moveria céus e terras para lidar com a fúria do Comandante Feral e de quem mais se colocasse em seu caminho, porém você sabe que o custo seria alto demais. Cedo ou tarde ela te colocaria na parede e você não teria escapatória em revelar o seu disfarce, ou melhor, o nosso. Sinto muito por você. Por nós. Não é muito segredo que eu tenho uma queda por uma certa vice-prefeita. É a gata que mais amo neste mundo. Mas sei que sempre o dever falará mais alto que o coração.
Em minutos, chegamos ao hangar e de Razor e T-Bone, voltamos a ser Jake e Chance, donos de uma mecânica e de um ferro velho sempre útil aos nossos propósitos, seja nas nossas novas invenções para salvar a cidade, seja para dissimular nosso pequeno segredo. Olhei por cima dos largos ombros de Chance, que fitava uma foto dela pregada no armário. Me retirei silenciosamente para que ele pudesse lidar melhor com seus pensamentos, desejando que, em breve, ele pudesse encontrar a felicidade.
