Título: Lion Heart
Autor: Guilherme Setúbal
Par: Wolfstar(Remus/Sirius)
Classificação: M
Resumo: UNIVERSO ALTERNATIVO. Remus é um dedicado estudante de publicidade da universidade Hogwarts que encontra o amor onde menos imaginava encontrar.
Disclaimer: Essa história é baseada nos personagens pertencentes a J.K. Rowling. Não há lucro, nem violação dos direitos autorais ou marca registrada.
Capítulo 1
Segunda-feira – 11:35
O dia não poderia ter começado mais errado para Remus Lupin. Era o dia da apresentação do seu projeto de propaganda e ele havia se preparado muito para aquele momento. Mas como tudo em sua vida sempre fora muito difícil, não era de se estranhar que logo naquele dia ele atenderia o maior número de mesas com clientes esfomeados em toda sua vida.
Remus mantinha o emprego de garçom em meio período para pagar metade da mensalidade do seu curso na faculdade, pois a outra metade lhe era garantida pela bolsa de estudos que lhe fora concedida desde o início. Todas as manhãs ele acordava bem cedo para organizar o seu material e ir trabalhar na lanchonete que era praticamente ao lado da Universidade. Seu colega de trabalho era Peter Pettigrew, um rapaz baixinho e atarracado, com pequenos olhos lacrimosos que lembravam os de um rato. Apesar de ser desastrado e muitas vezes entregar os pedidos nas mesas erradas, ele era uma boa companhia e quase sempre garantia a Remus uma manhã divertida. Mas naquela manhã Peter não apareceu para trabalhar por causa de uma consulta médica que não o avisou que teria, por isso Remus foi sobrecarregado de trabalho durante toda a manhã e só conseguiu se livrar às 11:20 quando sua apresentação estava marcada para às 11:00. Por isso quando saiu do trabalho correu o máximo que pôde até a universidade. Só conseguia pensar no tempo que havia dedicado àquele projeto e quão decepcionado ficaria se não conseguisse apresentá-lo naquele dia depois de horas de preparação e ensaio naquela madrugada. Depois de subir correndo as escadas na entrada da universidade e passar pelo amontoado de pessoas nas portas, ele rumou pro corredor à esquerda onde ficavam as escadas pra ala oeste do imenso prédio, foi então que...
- AAAI! Que m... Você não olha por onde anda palhaço? – falava o garoto estatelado no chão em frente a Remus.
- Ah, me desculpe, eu... eu não te vi. Ai! – Ele havia acertado em cheio o outro garoto no corredor e caiu de mau jeito em cima do próprio braço na tentativa de amortecer a queda. Agora todo seu material estava espalhado pelo corredor e ele estava mais atrasado do que nunca.
- É, eu percebi seu imbecil! – respondeu o garoto que se levantava do chão com a ajuda do amigo que viu tudo e agora se acabava de rir – Cala essa boca Prongs! Onde está meu celular? Droga! Espero que não tenha quebrado.
- Está aqui Pads, nada de mal aconteceu ao seu filho. Agora levanta daí e para de reclamar como uma garotinha mimada. – respondeu o garoto de óculos e cabelos bagunçados enquanto ajuntava do chão os papéis de Remus que havia atropelado o seu amigo – Você está bem cara? Parece que sua queda foi mais séria. Vem cá, deixa eu te ajudar.
- Obriga... Ai! Acho que machuquei meu ombro.
- Isso é o que dá não olhar por onde anda. – Comentou o garoto que também havia caído e agora estava arrumando as roupas frente ao seu reflexo no quadro de avisos do corredor.
- Não seja idiota Pads, ele não teve culpa. Na verdade, a culpa foi toda sua por ter parado no meio do corredor pra tirar selfie. Ande logo e me ajude com isso, vamos leva-lo à enfermaria. – disse o rapaz de óculos entregando os papéis e pastas nas mãos do amigo que agora parecia um modelo perfeitamente arrumado e intocado. De fato Remus não sabia quem era aquele rapaz, nunca havia reparado nele pelo campus, mas ele tinha que admitir que nunca achou um cara tão bonito quanto aquele. Por mais estranho que parecesse já que ele nunca havia reparado em rapazes antes, mas aquele era diferente, ele tinha uma postura austera, quase de realeza, mas que contrastava com o seu visual bad boy em roupas de marca e seu cabelo comprido na altura dos ombros, muito pretos que destacavam a cor acinzentada de seus olhos que continham um brilho com certa animosidade bem lá no fundo. Mas o que era que ele estava fazendo? Tinha um trabalho muito importante para apresentar e já tinha passado todos os limites de tolerância por atraso possíveis. Tinha que encontrar sua professora pra justificar sua ausência o quanto antes.
- Eu estou bem. Não precisam se preocupar, obrigado. Mas eu preciso ir. – dito isso ele pegou sua mochila que ainda estava no chão e os papéis na mão do bad boy aristocrático antes de se desculpar mais uma vez e seguir para o andar de cima, ainda sentindo muita dor e agora o constrangimento pelo que havia acontecido. Isso era tão Peter!
- Vamos Padfoot, Lily já deve estar nos esperando para o almoço. E acho que ela vai com aquela amiga que estava te secando ontem festa. – disse o mais baixo tremendo as sobrancelhas pro amigo.
- Então o que é que ainda estamos fazendo aqui? Anda logo! – respondeu o outro já tomando distância em direção à porta – Como está o meu cabelo? Aquele palhaço não o bagunçou muito não, né?
- Assim está perfeito, princesa. Só faltou a tiara de diamantes.
- Eu levei pra polir hoje.
E aos risos e empurrões os dois seguiram aos seus encontros.
xXxXxXx
Depois de ter encontrado a professora Vector naquela manhã e explicado o que havia acontecido, Remus conseguiu remarcar sua apresentação para a outra semana, o que era bom e ruim ao mesmo tempo, porque não perdeu a oportunidade de apresentar seu trabalho, mas queria tê-lo feito logo para se livrar de uma vez daquela obrigação. Já era noite e ele agora estava exausto, todo o peso do dia cansativo que tivera caiu como uma bomba em sua cabeça que agora latejava como louca. Chegando à porta de seu apartamento sentiu um cheiro de comida muito convidativo e ao entrar descobriu que o colega com quem dividia o pequeno apartamento havia pedido algumas pizzas e estava assistindo um filme na sala.
- Boa noite, Remus. Está com fome? – perguntou Severus.
- Oi Severus. Sim, estou morrendo não só de fome, mas de dor. Ai! – falou Remus jogando a mochila no chão e estendendo o braço.
- O que houve com o seu braço? – Perguntou Severus já se levantando para examinar o outro de perto.
- Eu caí de mau jeito hoje e machuquei o ombro. – na verdade ele tinha colidido, como um ônibus desgovernado, com o rapaz, em sua opinião, mais bonito do campus. O que lhe conferia o prêmio de maior desastrado do ano.
- Senta ali no sofá que eu já venho trazer algum remédio. – e saiu em direção ao banheiro.
O lado bom de se ter um colega de apartamento estudante de farmácia, era o fato de sempre saber como tratar qualquer enfermidade que se pudesse sofrer. E Severus não era só um estudante aplicado, como também era o melhor de sua turma. Sentando-se no sofá e recapitulando os momentos mais importantes do seu dia, Remus só conseguia lembrar de um par de olhos cinzentos lhe encarando. De olhos fechados sentiu o sofá afundar ao seu lado e viu que Severus já estava em posse de algumas pomadas e uns frascos de comprimidos.
- Certo. Tira a camisa pra que eu possa ver isso melhor – disse Severus.
E Remus assim o fez, afinal era comum os dois se verem com pouca roupa sem constrangimentos, já que dividiam o mesmo apartamento há alguns meses.
- Não parece ser nada sério, acho que foi apenas uma tensão no músculo. Essa pomada aqui deve resolver. – dito isso ele aplicou a pomada no local e massageou rapidamente o ombro de Remus.
- Tem alguma coisa aí pra dor de cabeça? A minha está quase rachando. – perguntou Remus, massageando delicadamente as têmporas.
- Tome esses aqui – disse Severus entregando-lhe um frasco de pílulas amarelas – Parece que o dia foi realmente puxado, não é mesmo?
- Você, não tem ideia. Tive o dobro de trabalho hoje de manhã e ainda cheguei atrasado pra minha apresentação na faculdade. Por sorte a professora Vector disse que poderia remarcar para a próxima semana, mas não posso faltar dessa vez, ou estarei reprovado. E você sabe o que isso significaria, não é?
- Sim... você perderia a bolsa. Mas não acho que deva se preocupar com isso. Vai dar tudo certo semana que vem e mesmo que não dê, bem... tem sempre a quem você possa recorrer.
- Se você tá falando do Dumbledore, pode esquecer. O fato dele ter me dado a bolsa já é uma dívida que eu jamais poderei pagar, agora manter é comigo. Não vou incomodá-lo com isso. – respondeu Remus com o semblante decidido.
- Você que sabe. – concluiu Severus levantando do sofá – Já terminei aqui, agora vai trocar de roupa e vem comer antes que as pizzas esfriem mais.
- Obrigado, Severus. Já volto. – e seguiu para o seu quarto para tirar aqueles sapatos que o estavam matando e vestir algo mais confortável. Cansado como estava, não demoraria muito a dormir depois de jantar.
xXxXxXx
Uma sala escura, cheia de carteiras e ninguém à vista. Um sussurro perto do ouvido e um par de olhos acinzentados tão profundos quanto o mar. Um abraço apertado. Aqueles olhos...
Remus...
Remus...
xXxXxXx
Terça-feira - 7:00 am
Enquanto Peter terminava de vestir seu uniforme, Remus colocava o café na máquina, em meia hora a lanchonete estaria entupida de alunos da universidade que todos os dias tomavam café ali antes de irem pra aula. Aquele emprego não agradava Remus tanto quanto ele gostaria, apesar de ser cansativo o fato de passar a manhã inteira em pé atendendo mesas, a pior parte é que ele se sentia invisível às outras pessoas que pareciam não lhe enxergar através do avental, mesmo ele sempre lhes oferecendo um educado "Bom dia" com um cordial sorriso, poucos eram os que retribuíam a gentileza – esses em sua maioria eram os casos que lhe deixavam gorjetas no final. Após abrirem as portas, como esperado, em poucos minutos o lugar estava cheio. O barulho de pessoas conversando, rindo e de seus celulares tocando inundavam o lugar, mas não foi o suficiente para Remus deixa de ouvir o sino da porta se abrindo e virar-se automaticamente em sua direção. O que viu lhe deixou paralisado. Entrando na lanchonete estavam os dois rapazes do dia anterior, o que lhe ajudou e o que ele havia derrubado bruscamente no chão. O primeiro estava abraçado a uma linda garota de cabelos castanhos e olhos muito verdes, pouco mais baixa que ele e o segundo estava só, tão bonito quanto Remus podia lembrar de seu sonho, olhando ao redor procurando uma mesa até que avistou uma num canto e os três se encaminharam para lá. No instante em que se sentaram, Peter pegou seu bloquinho e saiu em direção à mesa, mas foi surpreendido por Remus puxando seu braço.
- Deixa que eu atendo aquela, Peter. Pode pegar a próxima – ele piscou para o colega que o olhava um tanto confuso e saiu rumo ao trio.
Chegando à mesa, onde estavam os três sentados, com o casal de frente para o outro sozinho, Remus alisou seu avental, puxou a caneta do bolso e já chegou com seu bloquinho na mão, pronto para anotar os pedidos.
- Bom dia, o que vão querer? – perguntou oferecendo-lhes seu melhor sorriso.
- Ei! Você é o cara que derrubou o Padfoot no chão ontem. Como está seu braço? – perguntou o rapaz de óculos que havia lhe ajudado a levantar no dia anterior, muito simpático.
- Está bem, obrigado. Não houveram complicações. – sorriu Remus, mas quando olhou para o outro amigo, recebeu um olhar frio como iceberg de volta – Me desculpe de novo, eu estava correndo contra o tempo ontem, mas não costumo sair por aí derrubando os outros no chão.
- Que bom que tive o privilégio de ser eu então – respondeu o outro carrancudo, mas não menos bonito.
- Qualquer um que deixe Sirius no chão merece o meu respeito. Sou Lily – disse a jovem que acompanhava o rapaz de óculos e estendia a mão para Remus.
- Sou Remus, muito prazer. – cumprimentou-a sorrindo.
Sirius, então esse era o nome do dono daqueles olhos cinzentos que surgiam em seus sonhos durante toda aquela noite. 'A estrela mais brilhante no céu, muito apropriado' – pensou Remus.
- Pffffff – bufou o rapaz de cabelos compridos – Será que a gente pode pedir agora, ou vocês vão marcar um chá?
- Claro! O que vão pedir? – despertou Remus de seus devaneios.
- Um café preto com torradas, geleia de morango e uma fatia de torta de maçã pra mim, por favor – pediu Lily.
- Eu quero um suco de laranja com uma porção de bacon e ovos mexidos e... acho que quero umas torradas também. A propósito, meu nome é James – cumprimentou o rapaz.
- Prazer, James. E você o que vai querer? – a pergunta foi direcionada a Sirius que ainda analisava o cardápio antes de pedir.
- Quero um suco de manga, uma porção de batatas, bacon, ovos, uma fatia dessa torta de maçã e... é, acho que só isso. – falou Sirius entregando o cardápio para o rapaz que acabara de tomar nota do seu pedido no bloco – E faz o favor de colocar tudo em cima da mesa e não em cima de mim, ok? – disse em tom sarcástico.
- Se você insiste. – respondeu Remus com falsa inocência encolhendo os ombros e fazendo o casal sorrir. – Volto num instante.
Quando Remus saiu rumo à cozinha, Sirius comentou: - Um pouco metidinho esse cara, né?
- Eu achei ele muito simpático. Ele também estuda em Hogwarts? – perguntou Lily.
- Sim, mas não sei o que. – respondeu James – Deve ser só pela tarde já que ele trabalha aqui agora.
- Quem iria querer trabalhar num lugar como esse? – pensou Sirius em voz alta.
- Alguém que não tem papai e mamãe pra bancar todos os gastos, Sirius. – retrucou Lily – Nem todo mundo nasce em berço de ouro e cheio de privilégios.
- Eu não quis dizer isso - respondeu Sirius defensivo.
- Mas disse. Da próxima vez pense melhor antes de abrir a boca.
- Ei, vocês dois! Calma. Não vamos esquentar os ânimos ainda tão cedo. – intrometeu-se James – E aí, Pads, pegou o telefone da Olive ontem?
- Claro que sim, mas vou demorar uns dias pra ligar, pra não parecer que tenho tanto interesse assim. – disse Sirius dando uma piscadela marota para James.
- Sirius, nem pense em magoar os sentimentos da Olive. Ela é muito legal e merece mais do que ser apenas mais um dos seus joguinhos – falou Lily séria.
- Não se preocupe, gata. Está tudo sob controle e ninguém vai sair magoado.
- Quero só ver.
Nesse momento, Remus chegou novamente à mesa, trazendo uma bandeja com os pedidos dos três. Lá de trás ele havia observado Sirius enquanto entregava alguns pedidos no balcão. De lá, ele parecia relaxado, sorria e mandava piscadelas ao amigo em gesto de conspiração. O sorriso dele também era muito bonito, com dentes retos e caninos meio acentuados que lhe dava um toque infantil. Mas quando viu Remus ao seu lado, tornou-se mais sério e comportado. E Remus queria entender por que. Já havia pedido desculpas pelo acontecimento do dia anterior, será que fora algo que ele disse? Pelo que podia lembrar havia sido apenas simpático o tempo todo. O que poderia ser?
- Aqui está. – disse Remus servindo a mesa – Bom apetite e bom dia.
Mas quando ia se virando pra sair a garota lhe chamou.
- Ei, Remus. O que você estuda em Hogwarts?
- Ah, eu estudo Publicidade. – respondeu Remus sorrindo.
- Que legal! Eu faço jornalismo e nessa sexta-feira vamos dar uma festa na área de vivência do campus. Aparece por lá se puder.
- Claro! Acho que posso ir sim.
- Vai ser ótimo. Começa às 20:00. Procura pela gente quando chegar lá.
-Ok! Nos vemos lá então. – despediu-se dos três com um aceno e voltou ao trabalho.
Mas a quem queria enganar? Agora ele só conseguia pensar na festa e relutava em admitir o verdadeiro motivo de sua ansiedade. Ele veria Sirius novamente. O primeiro rapaz em sua vida que lhe causara aquele sentimento que o intrigava. O que estava acontecendo? Ele não sabia dizer, mas estava disposto a descobrir. Custe o que custar.
- Não Peter! Esse pedido é na mesa 6.- avisou ao colega.
Aquela seria uma longa semana.
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N/A: Então gente, esse é o primeiro capítulo da minha primeira fic. Depois de muito ler fics de autores maravilhosos aqui do site, eu tomei coragem e resolvi colocar a cara no sol. Tô fazendo essa fic com muito carinho e espero que agrade a vocês tanto quanto tem me agradado fazer. Boa leitura e não esqueçam os reviews, tá? É muito importante pra eu saber se vocês estão realmente gostando e também me incentiva a continuar. Vejo vocês em breve. Beijos :*
