1.O Princípio do Fim

Ali estávamos nós, eu tinha esperado por aquele momento durante tanto tempo…não me atrevo a dizer a vida inteira porque seria muito irónico da parte de um vampiro, mas eu não posso falar em ironia…porque irónica era aquela situação…ia saber tão bem acabar tudo de uma vez por todas…

- Então?- perguntei -estás à espera do que? Quanto mais depressa isto começar, mais depressa acaba…e eu posso ir buscar o prémio.

- Não fales assim dela! A Bella não é o premio de ninguém, muito menos de um vampiro que não sabe aproveitar o que tem. -respondeu ele.

-Cala-te idiota - disse eu -vamos lá brincar!

Eu sabia que os lobisomens eram astutos na floresta mas aquela era a minha zona, vivia ali e por isso estava seguro da minha vitória. Jacob transformara-se na forma de lobo e começara a correr desenfreadamente pelo meio do arvoredo. Medo? Hmm …não me parecia. Comecei a correr atrás dele.

-Qual a ideia Black, uma corrida para o aquecimento? - retorqui ironicamente ,um pouco confuso.

-Segue-me - respondeu.

Percorremos cerca de quatrocentos metros e ele parou, ficando de costas para mim e transformando-se em humano.

-Cullen, na floresta seria fácil acabar contigo, eu sei todos os caminhos e armadilhas…mas eu não quero só ganhar, quero fazer justiça, acabar contigo de forma honesta.

-Ah, ah, ah, ah, estás a falar a sério?

-O que é o que te parece? - perguntou voltando-se com um olhar sério.

-Bem, que corajoso, mas sabes, a floresta também é a minha casa, por isso não era preciso incomodares-te.

Olhei em volta, era uma planície enorme, nada de flora, apenas um extenso campo vazio delineado por montanhas.

-Espera lá, eu conheço este sítio…isto é…

-Rivals Last Stand - completou Jacob - o lugar onde os nossos clãs antepassados se enfrentaram e quase se extinguiram.

-Exactamente…, é irónico não é? Afinal este local vai mesmo ser conhecido pela morte de um lobisomem.

-Edward!

-Jacob!

-Vamos lá começar o fim!

Fomos a correr um em direcção ao outro, com a fúria que só os nossos olhos revelavam.

Eu fui o primeiro a atacar, dei um soco com o punho esquerdo, mas ele desviou-se, inclinando o pescoço um pouco para a direita, ripostou com um pontapé baixo em direcção à minha canela esquerda. Saltei, fechei novamente a mão mas desta vez com uma força ainda maior e fiz trajectória até ao abdómen, era impossível falhar, mas ele bloqueou o meu golpe com as duas mãos.

Olhamo-nos nos olhos e mesmo com toda a raiva que me infernizava a alma, exclamei, enquanto o continuava a atacar - Bons reflexos Black!

-Igualmente – respondeu.

Demos os dois um mortal para trás e ficamos distanciados cerca de vinte metros. Comecei a correr em direcção a ele mas ele nem se moveu, fixou-me nos olhos e sussurrou qualquer coisa numa linguagem que me era familiar, talvez latim e de repente os seus olhos começaram a mudar de cor ficando de um azul imensamente claro, quase branco, o cabelo começou a crescer e ficou tal como ele o tinha quando o conheci, tinha uma cor negra como a noite.

-Disseste que ias ganhar de forma honesta, não foi? Mas agora estás a utilizar o quê? -gritei-lhe.

-Eu…não…sei…não…sou…eu…-gaguejou.

-O quê?

O que é que se estava a passar, ele parecia possuído, pensei, mas os meus pensamentos foram interrompidos quando comecei a sentir um calor enorme a cobrir-me o corpo.

-O…que é isto…?!......ha,aaaa!-gemi com dor.

Estava de joelhos porque não aguentava aquele poder que estava a sentir, levantei ligeiramente o pescoço e olhei para o Jacob, o meu coração começou a sentir algo que eu temi…medo…um medo profundo… À volta dele estava uma luz enorme e extremamente brilhante de um azul-escuro cristalino, como uma aura modelada na forma de um lobo que contornava a toda a sua figura. O que era aquilo perguntava-me. Mas não podia pensar nisso naqueles segundos, porque quando olhei para mim reparei que também estava envolto por uma aura, mas vermelha, de um vermelho que eu tão bem conhecia, o vermelho que me fazia viver, o vermelho do sangue. A dor passara, agora sentia-me estranho e perguntava-me se o Jacob estava a sentir o mesmo.

A aura que me rodeava era um vampiro, mas não um qualquer, apesar de não conseguir ver a sua face, eu sentia-o e reconhecia-o intuitivamente…era Jeff…Jeff Stanley, considerado o vampiro mais poderoso de sempre, ele foi um dos chefes do nosso clã que enfrentou os lobisomens naquele mesmo lugar há muito tempo atrás. Nunca o conheci, mas ouvi a sua história montes e montes de vezes, era uma lenda majestosa,"um vampiro entre os vampiros", como dizia Carlisle. Ele morreu novo naquela batalha, ao defender a nossa raça, dizia-se que estar na presença dele era como estar na presença de Deus.

Mas esse Deus estava ali…dentro de mim, para quê?