N/A: Aqui está a segundo história de As Camenteiras, :D O prologo é so uma introduçaozinha do que vai ser a historia e uma apresentação dos personagens, então espero que gostem :)
História dedicada à todas as leitoras de Aposta de Amor, espero ver novamente vocês nessa história.
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Não é necessário ler a primeira história, são histórias completamente diferentes, ligadas apenas por uma personagem, havera sitações do que aconteceu na primeira historia, pois ninguem da nobresa perde uma fofoca, mas se não quiser ler não leia, mas se quiser é só ir no meu perfil é uma história Alisper, então se você não gosta... mas se gosta de uma passadinha lá :D
Prólogo
Londres, 1807
Lady Leah Clearwater se sobressaltou ao ouvir um bater de porta. O livro que tinha entre as mãos caiu ao chão.
Eram mais de doze da noite, e todo mundo, a exceção dela, estava dormindo. De fato, Leah tinha se deitado uma hora antes, mas como não podia conciliar o sono, tinha decidido ir à biblioteca em busca de um bom livro. Não deveria haver ninguém fazendo ruído na casa, e muito menos batendo portas.
Leah permaneceu imóvel, e o silêncio da noite se viu alterado de novo por um golpe, seguido naquela ocasião de um juramento. Leah relaxou e fez um gesto de alívio. Ao menos, já sabia quem estava fazendo ruído no piso de baixo. Sem dúvida seu pai, lorde Clearwater, tinha chegado a casa e avançava por ela cambaleando em seu habitual estado de embriaguez.
Rapidamente, Leah se agachou e pegou o livro do chão. Depois tomou sua palmatória e saiu da biblioteca. Embora só tivesse dezesseis anos, era a única que fazia frente aos abusos de seu pai. Freqüentemente tinha tido que interpor-se entre ele e sua mãe ou seu irmão, as pessoas que eram mais prováveis que ele tentasse descarregar sua ira. Entretanto, Leah não era tola; como todos outros, fazia o possível por manter-se afastada de seu pai, sobre tudo quando estava bêbado.
Percorreu silenciosamente o corredor com a esperança de poder chegar a seu quarto antes que seu pai conseguisse subir as escadas. Do piso de baixo lhe chegou o som de uma voz zangada, grave, que foi seguida de uma resposta. Leah se deteve e franziu o cenho, perguntando-se quem estaria falando com seu pai. Houve um forte golpe, como de carne golpeando contra carne, e outro ruído.
Leah correu para o corrimão das escadas e olhou ao vestíbulo. Seu pai estava estendido no chão, sobre o tapete, de barriga para cima e rodeado pelos pedacinhos de um vaso. A peruca branca que se empenhava em levar, apesar de já estar fora de moda, tinha deslocado a um lado da cabeça; parecia um animal peludo que pendia da careca. Além disso, lorde Clearwater estava sangrando pelo nariz.
Enquanto Leah observava com estupor a cena, imóvel, um homem entrou em seu campo de visão, avançando a grandes passadas para seu pai. O estranho estava de costas a ela. Levava um traje negro e o cabelo, também muito escuro, longo e sem recolher.
Ante os olhos do Leah, o intruso se agachou e agarrou lorde Clearwater das lapelas do traje para obrigá-lo a que ficasse em pé.
- Maldito cachorrinho - grunhiu lorde Clearwater, arrastando as palavras - Como se atreve?
- Atrevo a muito mais! - respondeu o interpelado, e lhe lançou um golpe.
Leah não ficou para ver o impacto. Deu a volta e correu para o escritório de seu pai. Ali abriu uma das vitrines, tirou um estojo e o abriu. Dentro, descansando sobre veludo vermelho, estavam as duas pistolas de duelo de seu pai. Ela sabia que as guardava carregadas, mas de qualquer modo o comprovou rapidamente antes de sair de novo para o corredor com uma arma em cada mão.
Leah começou a descer rapidamente e, ao chegar ao primeiro patamar, comprovou que os dois homens estavam junto ao último degrau, encetados em uma luta cada vez mais intensa. O jovem afundou o punho em lorde Clearwater no estômago, e quando o nobre se inclinou para frente por causa da dor, deu-lhe um murro no queixo. Lorde Clearwater cambaleou pra atrás e caiu no chão.
- Basta! - gritou Leah - Basta já!
Nenhum dos dois lhe prestou atenção. Nem sequer a olharam. O estranho deu uma pernada em seu pai e o obrigou a levantar-se.
- Alto! - gritou Leah uma vez mais.
Entretanto, ao ver-se ignorada novamente, ergueu uma das pistolas e disparou no ar. Ouviu o tinido das lágrimas de cristal do lustre, e algumas delas caíram ao chão.
Ambos os opositores ficaram petrificados. O estranho se ergueu e olhou para cima, e seu pai fez o mesmo. Leah mal notou o olhar de lorde Clearwater. Seus olhos estavam fixos no outro homem.
Era alto e largo de costas. Tinha o cabelo tão negro como o carvão, e o levava um pouco mais longo do que impunha moda naquele tempo. Tinha os traços faciais finos, angulosos. Era bonito, mas tinha uma expressão dura e impenetrável. O único sinal de seu estado de ânimo era certo rubor nas maçãs do rosto e o brilho da ira nos olhos.
Leah tinha visto homens mais bonitos que ele; aquele homem tinha algo mais duro e tosco que o resto dos cavalheiros com quem ela costumava tratar. Entretanto, atraía-a muito mais que qualquer outro. Ao olhá-lo, sentiu um puxão estranho e visceral, uma espécie de estremecimento no mais profundo de seu ser, e não pôde afastar a vista dele.
- Leah? - disse queixosamente lorde Clearwater, e ficou em pé com dificuldade.
- Sim, sou eu - respondeu ela com irritação. Não estava certa se estava mais irritada com seu pai por levar o caos a sua casa ou com aquele homem desconhecido por lhe provocar uma reação tão estranha - Quem ia ser?
- Essa é minha garota - disse Clearwater, cambaleando - Contava consigo.
Leah apertou os dentes. Incomodava-lhe profundamente ter que ajudar a seu pai.
Desde que ela tinha uso da razão, seu pai tinha sido a maior causa de tristeza e mal-estar da vida de todos aqueles que o rodeavam. Os criados, sua mãe, seu irmão e ela mesma o tinham temido sempre. Tinha um humor endiabrado, uma insaciável sede de álcool e uma grande tendência a meter-se em problemas.
Quando Leah era menina, só sabia que fazia chorar a sua mãe e tremer aos criados. Tinha aprendido a se manter-se afastada de seu caminho, sobre tudo quando estava embriagado. Durante os últimos anos, tinha compreendido os muitos pecados que cometia: o jogo, as prostitutas, a bebida, os gastos. Lorde Clearwater era um libertino; e, além disso, era um homem cruel que desfrutava da inquietação que fazia sentir a outros.
Entretanto, tinham ensinado a Leah que devia querê-lo e respeitá-lo simplesmente porque era seu pai. Não era uma lição que ela pudesse pôr em prática com facilidade. Leah sabia que não era o suficientemente boa para querê-lo apesar de seus defeitos, como parecia que podia fazer sua mãe. Nem tampouco era como Seth, seu irmão, tão cumpridor de tudo quão estabelecido era capaz de mostrar lealdade e respeito a seu pai só porque o requeria a tradição.
Leah tinha a opinião de que, se alguém tinha atacado a seu pai, era porque o merecia. De qualquer modo, era seu pai, e não podia permitir que aquele estranho o matasse.
- Não acha que é um pouco tarde para estar brigando no vestíbulo? - perguntou-lhe no tom frio e autoritário que, conforme tinha comprovado, era melhor usar com seu pai.
Lorde Clearwater tirou a jaqueta e a sacudiu com a atitude de cuidadosa dignidade que adotavam os bêbados freqüentemente. Passou a mão pelo rosto e, com surpresa, descobriu que tinha sangue na palma.
- Maldição, quebrou o meu nariz, trapaceiro! - disse lorde Clearwater ao outro homem.
Entretanto, seu inimigo não lhe prestou nem a mínima atenção. Seguiu olhando a Leah.
Ela recordou, de repente, o aspecto que devia ter. Não se tinha incomodado em vestir o roupão tinha saído de seu dormitório em busca de um livro. Ia descalça e levava o cabelo, loiro e ondulado, solto pelas costas e pelos ombros.
Pensou que as luminárias da parede deviam iluminá-la por trás, e que certamente revelavam a silhueta de seu corpo nu sob a camisola. Leah avermelhou até a raiz do cabelo. Por que não afastava o olhar aquele homem? Claramente, era um rufião sem maneiras.
Ela ergueu o queixo e lhe devolveu o olhar. Negou-se a permitir que aquele caipira soubesse que se envergonhava. Entretanto, viu pela extremidade do olho que seu pai dava uns silenciosos passos para trás e que tomava uma pequena estátua que descansava em um pedestal, junto à parede. Lorde Clearwater ergueu a estatueta no ar para bater no estranho na cabeça.
- Não! - gritou Leah, e aponto a seu pai com a pistola da mão esquerda - Deixa isso imediatamente!
Lorde Clearwater lhe lançou um olhar fulminante, mas obedeceu.
O intruso olhou para lorde Clearwater com uma careta de desprezo. Depois se virou e fez uma reverência à Irene.
- Obrigado, milady - disse. Sua voz era grave e áspera. Não tinha o sotaque de um cavalheiro.
- Não quero que caia mais sangue no tapete persa. É difícil de limpar – respondeu Leah secamente.
Seu pai se apoiou contra a parede, mal-humorado, sem querer olhar Leah. Surpreendentemente, o estranho soltou uma gargalhada com o rosto iluminado por uma diversão que lhe suavizou os traços. Ela não pôde evitar sorrir também.
- Não entendo como este velho asno pode ter uma filha tão bela - disse o homem.
Leah sorriu, embora se sentisse tão perturbada consigo mesma como com ele. Devia ter muito desembaraço para rir daquele modo. E como podia ela devolver o sorriso a aquele rufião?
- Acho que deve partir - lhe disse - Do contrário, ver-me-ei obrigada a chamar os criados para que o expulse.
Ele arqueou uma sobrancelha para lhe dar a entender o pouco que lhe afetava aquela ameaça, mas disse:
- De acordo. Não desejo alterar sua paz.
Depois se aproximou de lorde Clearwater, que se virou para trás com nervosismo. O homem o agarrou pelas lapelas e se inclinou ligeiramente para ele.
- Se souber que voltou a incomodar Doura, voltarei e lhe quebrarei todos os ossos do corpo, entendido?
Lorde Clearwater avermelhou de fúria, mas assentiu.
- E não volte ao meu local nunca mais.
Depois de lhe cravar um largo olhar de advertência, aquele homem soltou lorde Clearwater e se encaminhou para a porta. Abriu-a e se voltou para Leah antes de sair, com um sorriso sardônico.
- Boa noite, milady. Foi um prazer conhecê-la.
Depois, com uma reverência, partiu.
Leah relaxou. Ao dar-se conta de que tudo tinha terminado, percebeu como tinha estado tensa. Notou que lhe tremiam os joelhos.
- Quem era? - perguntou.
- Ninguém - respondeu seu pai, e começou a andar para as escadas com passo vacilante - Sujo caipira, se acredita que me pode falar desse modo, deveria ensiná-lo. - olhou Leah com uma expressão calculista e ardilosa - Dê-me essa pistola, menina.
- Oh, cale-se - disse ela, que de repente se sentia muito cansada - Não faça que me arrependa de lhe ter impedido que o matasse.
Depois, Leah se virou e começou a subir as escadas. Só para sentir-se tranqüila, levaria as pistolas a seu dormitório, onde seu pai não pudesse encontrá-las.
- Esse não é modo de falar com seu pai - gritou lorde Clearwater - Tem que me respeitar.
Leah se virou para ele.
- Respeitá-lo-ei quando merecer isso.
- É uma má filha - replicou o nobre, olhando-a com os olhos entrecerrados - E nenhum homem quererá casar-se com você com os ares que se dá. O que fará então, né?
- Alegrar-me-ei - respondeu ela - Pelo que vejo, a vida sem um marido deve ser bastante agradável. Eu, senhor, nunca me casarei.
Com a satisfação de comprovar que aquelas palavras deixavam perplexo ao seu pai, Leah seguiu seu caminho até o dormitório.
N/A: E ai, gostaram? Hoje ta dificil de escrever to clicando tudo nas letras erradas hahahaha, entao vai ser rapido :D
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