Assim que acordei, Susano me chamou.

— "Gregos anunciam visita ao panteão Maia — previsão de março."

— Eles acham que podem fazer tudo ao seu tempo, se acham deuses.

— Seu sarcasmo não vai funcionar com eles. Ah... Espero que tenhamos um tempo juntos, ao menos.

Eu, que tanto insisti em nossa relação, agora torcia para que ele se desprendesse de mim. Claro que não por repúdio... Mas seus ciúmes andaram atrapalhando meu trabalho. Algumas ligações feitas por moças inseguras e meu amado já cisma.

"— Alô, senhor Guan Yu? Aqui é Jing Lee Ming. Poderia me passar o relatório deste mês?" E era encarado por todo o dia. Tentei afastá-lo enquanto trabalhava, mas acho que exagerei.

— Susano, acorde! — Fui encarado da forma mais maliciosa possível — É... Já terminou seu relatório...? Er... Susano?

— ...Já. — A decepção tomou o seu rosto.

— Já pode ir. Entendeu?

— ...Sim.

— Você vai embora, né...?

— Já ouvi!

Parecia tão abatido por minhas palavras quanto uma lebre por um caçador. Mandei-o um poema, implorando para que me perdoasse a grosseria.

"Ingrato coração

dê amor a este que tem por ti grande paixão

Tantos passos você deu em vão

e ele sempre lhe concedeu perdão

Às cegas se entregou no amor

no fim sofreu grande dor

Anos e anos coração sofrido

por você sendo oprimido

Ingrato coração

se entrega logo a este que

sempre lhe estende a mão."

Enviei-lhe por bilhete. Sei que parece antiquado, mas ele sempre disse gostar de minha caligrafia, por mais que odiasse minha língua natal. Mandarim realmente parece difícil.

Quando levantei o olhar para encerrar meu trabalho diário algumas horas depois, vi ofuscar minha visão o homem mais belo que já cruzou meu caminho. Com ele, o papel dobrado cuidadosamente para não amassar, uma brisa agradável e um sorriso adorável. Acho que fui perdoado.