A luz da alvorada quebra por fim a imensidão das trevas que tardava a se desvanecer. Uma noite repleta de sofrimento, sangue e melancolia. Duzentos anos se passaram e tenho consciência que tudo está em constante mudança. Apenas o que continua implacavelmente intacto são os sentimentos que enlouquecem a minha mente e coração desgastados pelo passado. Dor, perda, humilhação mancham os meus dias sem sol. A inutilidade que senti quando os vi a todos morrer diante dos meus olhos ainda hoje me afoga, me sufoca, me prende dolorosamente às correntes do destino, inquebráveis.
A vingança enfraquece a minha pouca sanidade mental à muito destruída pela solidão imposta pelas paredes do que é razoável, e do que não é aceitável. Os anos passaram por mim, porém eu nunca passei por eles fiquei sempre preso naquele dia fatídico onde todos aqueles com quem partilhava o destino deixaram de ser quem eram, levados pela cruel e indubitável morte.
Desde há muito que estou sentado nesta montanha de luz brilhante imerso em movimentos estelares. Espero incansavelmente que o destino me traga motivos para sorrir. Que bonitas que são as doze estrelas douradas do futuro.
A esperança à muito por mim esquecida invade o meu coração. Algumas lágrimas assaltam os meus olhos tristes e sofredores. A vida voltou a reluzir em toda a sua plenitude.
Este santuário há muito melancolicamente solitário, perdido na vasta humanidade, gradualmente se enche de vivacidade, alegria e companheirismo. As doze casas há demasiado tempo desabitadas brevemente acolherão nos seus braços maternos aqueles a quem os deuses deram a missão de zelar pela paz no mundo e de proteger a Deusa da Sabedoria Atena.
Doze cavaleiros de ouro que estarão dispostos a dar a vida pela nossa amada Deusa. Doze estrelas que guiarão a humanidade para o caminho da paz. Doze esperanças de uma primavera mais próspera para os corações das pessoas. Doze flores que purificarão os males do mundo. Doze homens que voltarão a dar vida às armaduras há muito trancadas num passado vagueando entre luz e trevas.
Finalmente após dois séculos de uma existência fragmentada entre passado presente e futuro a justiça que tanto anseio será feita.
Olho para a imensidão celestial, o futuro está pintado de verde esperança!
