Olá vocês :3 Essa é a minha primeira Drarry, espero que gostem.
Era um dia de primavera no castelo de Hogwarts, e agora as flores nasciam pelos arredores do castelo. Os alunos de todas as casas, até os sonserinos, estavam sorridentes com o fim do inverno e o fato de que agora poderiam aproveitar mais tempo fora do castelo, e até mesmo no vilarejo de Hogsmeade.
Na torre norte do sétimo andar, bem longe da mesa do café da manhã onde todos os alunos estavam reunidos, Harry Potter saía da sala comunal da Grifinória. O garoto ainda arrumava a gravata vermelha e dourada, bocejando. Disse um "bom dia" preguiçoso à Mulher Gorda e sua amiga, Violet, e seguiu seu caminho.
Gostava de caminhar pelo castelo, aquele lugar era a sua casa. Mesmo que ele não passasse o ano todo lá, mesmo com os professores que não gostava e mesmo com os alunos irritantes – vulgo membros da Sonserina – aquele lugar era, definitivamente, melhor que a casa dos Durlsey.
Enquanto isso, em um banheiro qualquer do castelo, Draco Malfoy apoiava-se na pia, observando o próprio rosto molhado no espelho. Não entendia quando havia errado, não entendia quando se tornara isso.
Draco não gostava do que via. Não só do que via no reflexo, mas também do que via além. Não gostava do que se tornara como pessoa. Sentia falta de ser o garotinho de onze anos que entrara pelas portas do castelo naquele primeiro de setembro, há quase cinco anos. Agora ele era um adolescente confuso, em seu penúltimo ano de Hogwarts, e não sabia o que faria depois que a escola acabasse. Provavelmente teria de assumir a pose de homem adulto, talvez até seguir Lord Voldemort, como seus pais. Teria de casar-se e ter filhos.
Mas ele não queria isso. Não queria fazer decisões que decidiriam a sua vida sem ter certeza de que queria isso. E, no momento, certeza era o que ele menos tinha.
Harry ainda andava calmamente pelo castelo, não tinha pressa. Não sentia fome ao acordar, então o café da manhã não faria falta. Quando chegara ao segundo andar, ouvira um som estranho. Parecia uma voz, um gemido. Talvez um choro.
Não sabia se deveria seguir o som. Ao mesmo tempo em que achava que a pessoa poderia estar precisando de ajuda, achava que, talvez, a pessoa não queria ser incomodada.
Após algum tempo de incerteza, decidiu pela primeira opção. Bom, talvez fizesse mal apenas observar. Não iria interferia, queria apenas ver quem era e se estava bem.
Seguiu hesitante pelo resto do corredor, a curiosidade tomando conta de si. Olhara em algumas salas vazias, mas não encontrara ninguém. Só o que sobrava, agora, eram os banheiros que ficavam no final do corredor. Havia os dos alunos, e os dos monitores. Harry se aproximou do banheiro dos monitores, percebendo que não havia ninguém ali. Então, o banheiro feminino dos alunos. Ninguém também.
Só sobrara o banheiro masculino.
Harry aproximou-se da porta, ouvindo o choro mais alto.
– Idiota. – Disse alguém do outro lado. – Você é um idiota.
Harry conhecia aquela voz. Não lembrava-se de onde, talvez pelo tom choroso em que a pessoa falava, mas sabia que conhecia essa voz. Adentrou o banheiro lenta e silenciosamente, vendo alguém apoiado em uma das pias.
Camisa branca, suéter preto sem mangas, calças pretas e cabelos loiros. Harry conhecia aqueles cabelos loiros. Draco Malfoy estava chorando em frente a ele.
Malfoy arregalou os olhos, em um misto de raiva e surpresa, ao ver Harry pelo espelho.
– Potter. – Ele sussurrou.
– Malfoy... – O outro disse, sem saber qual expressão usar.
E então houve um momento em que nenhum dos dois sabia o que fazer. Potter observava Malfoy, tentando entender a situação. Nenhum dos dois queria brigar, nenhum dos dois queria duelar. Estavam ali e, primeira vez, Harry achava que estava como iguais. Os dois confusos. Nenhum se achando melhor que o outro.
– Você está bem? – Perguntou Harry, hesitante. Não sabia qual seria a reação do rival, mas queria mostrar que se importava e que não era como o outro. Ele se importava com todos – quase todos – naquele castelo, pois ele sabia como era ruim sentir-se mal.
Ao ouvir a pergunta, Draco vacilou. Por alguns segundos, seus olhos pediam piedade. Não queria brigas, e Harry pode perceber isso. Harry também pode perceber que, debaixo dos olhos azuis e do orgulho exagerado, Malfoy tinha sentimentos. Malfoy sofria, assim como ele.
– Isso... Isso não é da sua conta, Potter. – Disse o outro, tentando disfarçar o olhar piedoso que lançara aos olhos verdes, através do espelho, alguns segundos atrás.
Saiu de onde estava, limpando o rosto com a manga da camisa.
Passou por Harry com um olhar vazio, numa tentativa miseravelmente frustrada de demonstrar indiferença. Por um momento, Draco desejou que pudesse voltar e contar ao rival sobre os seus problemas. Mas logo deu um longo suspiro, desgostoso com seus próprios pensamentos. Nem seus pensamentos o obedeciam mais.
– Não tente se fazer de forte, Malfoy. – Disse Harry, observando o outro se afastar.
Draco sentiu a fúria e a vergonha tomando conta de si. E, entre as duas, preferia demonstrar a fúria. Ainda mais em frente ao seu rival.
Puxou a varia das vestes, virando-se lentamente.
– Não se meta na minha vida, Potter. – Falou, apontando a varinha para o outro, enquanto chegava mais perto.
Apesar de toda a pose, Harry conseguia ver a insegurança que tomava conta de Draco. Harry via como ele estava falhando ao tentar parecer forte, por puro orgulho e por não aceitar que os outros vejam como ele realmente se sentia.
– Só queria ajudar, mas já percebi que você não precisa disso. – Disse Harry, tentando sair do local.
– Isso, fuja. Você é um covarde. Mas todos sabiam que seria assim. Seus pais temiam os meus por serem comensais, agora você deve ter medo de mim. – Malfoy disse, num tom de deboche, mas com um quê de insegurança na voz.
Agora fora a vez de Harry sentir a fúria tomando conta de si.
Puxou a varinha de suas vestes, indo na direção de Draco.
– Não fale dos meus pais! – Ele gritou, colocando a varinha na cara do outro. – Até porque todos sabem que seus pais são seguidores de Voldemort pelo simples fato de terem medo dele. – Debochou. – E você que é covarde como eles! Vai virar comensal da morte também, não vai? Só para dizer que tem poder e tentar ser como seu pai! Mas eu tenho uma má noticia para você, Draco, seu pai não é alguém em quem uma pessoa deve se espelhar.
Draco tentou formular um argumento plausível, porém foi impossível. Ele sabia que, por mais que odiasse admitir, Potter estava certo. Seu pai era covarde e seguia Voldemort pelo simples medo. E ele não era diferente, ele seguia seu pai pelo simples medo.
Harry ainda tinha sua varinha em punho, apontada para o outro, e a raiva pulsando em seu corpo como sangue quente. Ele estava pronto para lançar algum feitiço, ali mesmo, e acabar com aquilo de uma vez por todas, quando notou uma reação bem inesperada do outro.
Malfoy não respondera, não argumentara. Tudo que fez foi engolir em seco e abaixar o olhar.
Harry afastou um pouco a varinha, confuso.
– Você está certo... – Sussurrou Malfoy, desviando o olhar.
Ao sentir afastar a varinha de si, Draco tomou distância. Olhou para trás uma vez, com um olhar baixo, enquanto saía do banheiro, deixando Harry confuso.
