"Um filósofo certa fez perguntou: Somos humanos porque contemplamos as estrelas ou contemplamos as estrelas porque somos humanos? O verdadeiro ponto é: As estrelas também nos contemplam? Essa é a questão."

-Stardust (o filme)


Stardust

Capítulo 1


Em Amaterasu, um pequeno povoado do país Kōgyō, a noite se estabelecia. Nas ruas já não se escutavam pessoas conversando e o frio parecia castigar qualquer individuo que ousasse sair do conforto cálido de seu lar. Por mais que a primavera já estivesse em andamento, a localização da cidade não permitia grandes variações de temperatura, pela ironia do nome que lhe fora atribuído.

Tal povoado era pouco conhecido, porém, viajantes que por ali passavam, partiam sempre prometendo retornar. Não pela alegria inocente das crianças, não pelo baixo custo de produtos comercializados, nem muito menos para apostar em lutas ilegais (que ocorriam em alguns estabelecimentos). O fascínio presente em seus olhos era direcionado curiosamente para um só local.

A muralha.

Uma carreira de pedras, de aproximadamente um metro de altura, que parecia delimitar um país inteiro, dividindo Amaterasu do que quer que estivesse do outro lado. Sua única entrada era protegida por dois guardas mudos, que não permitiam qualquer tipo de circulação pela área.

Todo cuidado com apenas um propósito: Impedir qualquer tipo de confronto entre o mundo humano e o mundo místico.


Yousei é a capital de Douwa, o país localizado do outro lado da muralha. Todo o plano arquitetônico da cidade fora feito de tal modo que as casas e demais estabelecimentos formassem uma área circular.

As ruas são ladrilhadas e percorrem toda povoação. Quatro vias principais se encontram em um ponto estratégico, no centro do arco urbano, onde um castelo negro está situado. Tal construção é chamada popularmente de "Tsukuyomi", já que, dependendo da hora, ao direcionar o olhar para o topo do baluarte, a ponta de sua torre principal dá a impressão de estar tocando a lua.

Um muro feito de pedras protege o castelo que abriga a família real, os Uchihas. Em seu vasto terreno pode-se observar uma área onde rosas negras e vermelhas são expostas. Antigamente o jardim apresentava um ar mais harmonioso, onde flores de mel, dedaleiras, margaridas, peônias, delfínios, lírios e tulipas presenteavam a paisagem, contrasteando com o tom sombrio de Tsukuyomi.


Fazia frio naquela noite, algo que passara despercebido pela maioria da população de Yousei. E quem poderia culpá-los? Estavam tão atarefados, tão preocupados com os preparativos do festival da primavera, que qualquer mudança climática era facilmente ignorada, ainda que resultasse em alguns resfriados no final da semana.

Poucos forasteiros entendiam o motivo de tanto trabalho e ansiedade, afinal, era apenas um evento qualquer. Nem todos sabiam que, a cada primavera o festival reunia pessoas de todo o reino e humanos vindos de povoados além da muralha. Era a única oportunidade que tinham para relacionarem-se com seres vindos de outro mundo.

Toda a estrutura da cerimônia estava sendo montada em uma ampla praça, onde as quatro vias principais se encontravam, bem ao redor da alcaçaria.


No castelo negro, localizado no alto da torre principal, estava o aposento real. Era espaçoso, elegante e esbanjava riqueza nos mínimos detalhes. As cômodas possuíam detalhamentos em ouro e esculturas de marfim eram estrategicamente espalhadas pelo ambiente. Na cama, estava deitado um homem que aparentava estar em seus últimos minutos de vida.

Danzou Uchiha, Rei de Douwa, possuía um olhar cansado e respirava com certa dificuldade. Sua aparência evidenciava que estava debilitado, e a tosse acompanhada de sangue atribuída à culpa a uma doença letal. Seus cabelos, anteriormente negros, agora mostravam-se grisalhos, e sua face era demarcada por carquilhas. -Deixe meus filhos entrarem. Está na hora – a figura visivelmente combalida proclamou para um de seus guardas que vigiava a porta.

-Sim, vossa Majestade!- o homem reverenciou seu superior e logo fez o que fora mandando: Abriu a porta do aposento. Do lado de fora estavam três jovens que aguardavam impacientemente. – O rei vos aguarda – disse enquanto liberava a passagem e observava os príncipes entrarem no local.

- Finalmente! Achei que fosse morrer antes desse velho, de tanto esperar. – Reclamou Deidara, um rapaz alto que possuía longos cabelos loiros, presos em sua ponta, e olhos extremamente azuis, como duas safiras. Suas vestimentas eram compostas por um colete de seda acinzentado (que cobria uma camisa cor chumbo, feita de algodão), uma calça preta, botas escuras que chegavam próximas aos joelhos e um sobretudo de couro branco detalhado com desenhos em preto e cinza.

- Não exagere. Esperamos a vida toda por este momento. – disse Sasori, um jovem de cabelos avermelhados e olhos acastanhados. Possuía a menor estatura dentre os irmãos, mas nada que ferisse gravemente seu ego. Suas roupas eram constituídas de uma camisa branca (coberta por um colete azul-petróleo), uma calça preta, botas escuras de cano longo e um sobretudo azul-marinho detalhado com desenhos prateados. - Quando o velho se for, um de nós será rei.

-Hah, diz isso por que pretende me matar, caro irmão? Afinal sou o primogênito e você é o mais novo aqui. A coroa é minha por direito. – declarou Hidan, enquanto acompanhava Sasori dentro do aposento. O rapaz mais velho apresentava cabelos acinzentados e olhos na tonalidade púrpura. Sua veste era muito parecida com as outras, porém, as cores eram mais extravagantes, misturando tons de dourado e preto.

- Quem sabe? Só estaria seguindo os passos. Você matou o Nagato para que hoje ele não se tornasse rei, não é mesmo? – o ruivo* arqueou uma de suas sobrancelhas e lançou um olhar desafiador para Hidan.

- Ele foi espero... Apenas os fortes prevalecerão neste reino – Danzou interrompeu a conversa de seus filhos, os quais já estavam próximos a sua cama. – É verdade que, pelos antigos costumes, o primogênito deveria assumir o trono – pausou sua própria fala ao sentir desconforto pela falta de ar. - Esse é o tipo de coisa que Fugaku faria, mas eu não sou estúpido como ele. – debochou.

- O que quer dizer, velho? Não tenho paciência para suas loucuras, nem mesmo em seu leito de morte – Deidara disse enquanto cruzava os braços.

- Não me interrompa. Posso estar doente, mas não se esqueça de quem sou! – o Uchiha soberano disse em voz alta, reparando a eficiência que teve em silenciar seus filhos. -... Como eu estava dizendo, apenas os mais fortes prevalecerão. Darei a chance para cada um de vocês. – respirava pesadamente, revelando seu péssimo estado de saúde.

-Isto é inaceitável! – vociferou Hidan.

-Não me importo se você acha certo ou errado. – Danzou suspirou. – Fiz o que foi necessário para ocupar este lugar. Não espere que vá entrega-lo de mão beijada. – ele retirou um colar de seu pescoço, onde uma grande joia vermelha estava pendurada, e o segurou com sua mão direita. – Somente quem tiver sangue real poderá recuperar o rubi, e, aquele que conseguir isso, será o novo rei de Douwa - proclamou enquanto arqueava o braço para cima e soltava o objeto reluzente, deixando-o levitar próximo ao seu rosto.

A joia perdia sua cor lentamente, tornando-se transparente.

- Qualquer descendente dos Uchihas? Está louco? Esqueceu que Itachi está desaparecido? – Sasori indagou.

- Não se preocupe. Fugaku e sua família estão mortos. Eu os matei. - o rei soltara uma leve risada em meio a tosses. – Divirtam-se, rapazes. – Em seu último suspiro Danzou lançou a joia real para o céu, que percorreu um longo caminho até chocar-se contra uma estrela, ocasionando uma grande explosão cósmica.


Longe dali um jovem observava uma estrela cadente riscar o céu.

- Oe! Teme! Vai ficar parado ai?


Continua...


* Sei que cabelo vermelho não é ruivo, mas se puder, releve ;-;

Espero que tenham gostado e todas as críticas são bem vindas! Até a próxima 3