Não deixe ele quebrar seu coração
Resumo: Ele não era um bastardo do norte, ele era mais quente que isso, e com certeza isso iria quebrar seu coração. Sansa x Jon
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CAPITULO 01 – A Lamina no pescoço.
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"Love kills, scars you from the start.
It's just a living pastime ruling your heart line.
Stay for a lifetime.
Won't let you go 'cause love
love, love won't leave you alone"
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(Loves Kill - Queen)
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A primeira vez que me lembro de realmente amar Jon foi um pouco depois das celebrações do solstício de inverno, quando a noite era tão longa e fria que me fazia quase desejar que não houvesse festa alguma. Quase. Mas passava tão rápido quanto uma brisa de primavera, e eu corria pelos corredores aquecidos de Winterfell em busca do vestido perfeito. Naquela noite era um adorável vestido vermelho de camurça bordado com pérolas nas mangas, e abotoaduras e botões de jade.
Eu corri como poucas vezes fazia, e quando tropecei em meus pés, tropiquei dando pulinhos até esbarrar nele. Rolamos ao chão em um segundo, e no próximo, tinha minha cabeça exatamente em cima de seu peito, ouvindo seu coração. Desde então soube, não era um coração comum. Os corações por aqui batem com pressa, para aquecer e circular o sangue como prioridade, mas o dele era compassado e calmo, pois não precisava correr, nele não havia nenhum perigo de se congelar, porque Jon Snow era quente.
_ Sansa! - ele disse sorrindo, coisa que poucas vezes eu havia ouvido sair da boca dele, ainda mais pronunciando o meu nome.
Ele era simplesmente lindo. Era estranho que se parecesse ao meu pai, e ainda assim não era realmente parecido. Os olhos... não era realmente como os do meu pai ou da Arya, os olhos eram quase violetas...
A boca fina, bem desenhada, não era bem um traço da nossa família, mas o nariz era todo Stark, orgulhoso.
_ Você está bem?
Suspirei, e só então percebi que havia prendido a respiração.
_ Eu... estou, sinto muito.
Corei um pouco e saí correndo. O coração a mil, minhas mãos suando, meus olhos lacrimejando, tudo mudou, meu mundo inteiro mudou por causa de um esbarração.
Durantes os anos que se seguiram tudo foi um borrão de piscadelas, olhares esgueirados e risos escondidos. Deixei de tratá-lo de meu irmão, e agora ele era só o bastardo de Winterfell. Se não poderia amá-lo, odiá-lo foi minha única opção.
Mas tudo mudou tão drasticamente nos últimos anos, meus pais morreram, meus irmãos morreram, minha irmã desapareceu em algum lugar deste gigantesco mundo, e agora sobramos apenas nós dois. Só que ele não era um Stark, não realmente. Eu deveria saber desde o incio, porque ele sempre foi quente demais para ser um Stark. Ele era um Targaryen, forjado no gelo, mas principalmente, fogo, e ainda assim tudo com o que eu me importava era que ele não era meu irmão.
O ver pela primeira vez tanto anos depois, foi talvez ainda mais impressionante, mas é claro, descer montado em um dragão pode fazer qualquer um se tornar impressionante. Ele vestia uma armadura de aço valirico e tinha uma espada flamejante em mãos, o dragão em que montava era verde esmeralda, bonito e brilhante, assustador.
E quando olhei em seus olhos, só então percebi, o quanto tudo havia mudado. Os olhos primeiramente não eram mais cálidos, eram mais como o gelo do que como o fogo, afiados e cortantes, mais lilás do que alguma vez tenham sido. O cabelo que eu me lembrava estar sempre longo caindo pelos olhos, estava reste ao couro cabeludo, e seu maxilar ainda mais expressivo, algo mais sobre ser um homem em vez de um menino. Ali morava a maior diferença, me apaixonei por um menino, e agora ele era um homem que havia visto de tudo no mundo, mundo mais do que gostaria de ver.
Não acho que ele me reconheceu, pois desde que deixei de ser uma nobre para ser a filha bastarda de mindinho aprendi a abaixar a cabeça, não me orgulho disso, mas estou viva e isso é o que realmente importa no final do dia.
Passou por mim sem um segundo olhar, era um príncipe agora, defendendo o reino em nome da Rainha de Sangue e Fogo. E eu? Eu era a bastarda.
Pelo resto do dia debati infinitamente se deveria ou não pedir ajuda. A vida não era justa, e ninguém nunca realmente me ajudou sem querer nada em troca. Porque dessa vez seria diferente?
Ele é seu irmão.
Ele era. Não, ele nunca foi.
Ele era seu amigo.
Não realmente, ele sempre preferiu Arya.
Ele sempre gostou de você.
Gostou? Eu não acredito.
Ele é a sua única família.
Suspirei, disso eu não poderia discordar.
Por isso esperei todos deitarem e o castelo se silenciar, esperei os homens se esgueirarem para os quartos de suas amadas, e as crianças pequenas pararem de chorar, esperei os cachorros dormirem, esperei todo e qualquer barulho se silenciar, até que tudo o que podia ouvir era o vendo, e era como se ele uivasse com dor e perda. Era reconfortante, pois me lembrava Lady, mas era assustador, porque meu lobo havia morrido.
Abri a porta sem barulho, me deparei com olhos vermelhos me encarando, Fantasma. Quase sorri. Mas fantasma não era só um filhote, era do tamanho de um cavalo e tinha dentes tão pontudos que me partiriam em pedaços sem esforço. Fiquei parada na porta por alguns segundos, mas entrei antes de me acovardar, se fosse morrer, seria de certa maneira melhor morrer por um lobo, um pouco de dignidade quando a vida havia me tirado tanto.
Mas nada me preparou para a lamina afiada atrás do meu pescoço.
