Capítulo 1: The Mistery Of The Boggart

Mais um dia sozinho na casa dos Black, atual sede da Ordem da Fênix, o homem solitário devastado pelo marasmo e por tristes lembranças andava a esmo pelo último quarto do edifício. Os dias passavam cada vez mais lentos, a raiva que tinha de não poder contribuir com nada corroia seu sossego.

Seus cabelos negros estavam grandes, alguns diriam que precisava de um corte, mas Sirius os conservava assim, por um motivo que ele não lembrava mais.

Os móveis antigos passados de geração a geração estavam novamente empoeirados e traziam tristes recordações da época em que ele era obrigado a morar ali. Não mudou muita coisa em comparado a sua atual condição, confinado em seus aposentos por causa do risco lá fora.

Na verdade ele pouco se importava se por um acaso fosse pego por algum bruxo do ministério, ou que barrasse com qualquer comensal da morte. A segunda idéia até parecia-lhe agradável. Fazia tempo que não respirava um pouco de ação e nada melhor que extravasá-la detendo alguns dos seguidores de Voldemort.

Mas não.

Agora ele tinha que pensar no afilhado. Harry não podia correr o risco de ter sua única família se arriscando a toa por aí. Apesar de que, se ele quisesse, se ele não se importasse, Sirius ficaria muito feliz de fazê-lo, ou de ter sua companhia para tanto.

Assim como James faria.

Um barulho desviou-o de seus pensamentos. O armário a sua frente fazia movimentos peculiares, ele estava certo de que havia um bicho-papão por ali. Estranho, ele achava que Molly e os garotos tinham se livrado de todos eles durante as férias, tanto que desde que ele chegou naquela casa não teve de se preocupar com nenhum.

Com a varinha na mão ele fez com que a porta se abrisse.

A maçaneta lentamente mexeu-se e da porta saiu uma mulher morena de olhos azuis profundos, seu rosto não tinha nenhuma expressão, era pálido em sem vida.

Ela ia em direção ao chão e por pouco não caiu com tudo, mas Sirius foi mais rápido em segurá-la. A mulher estava morta.

Ele não sabia o que fazer, ver seu rosto vazio trouxe-lhe um aperto no coração que ele não entendeu direito. A mulher que jazia em seus braços trazia-lhe poucas memórias. Sabia que ela e sua família haviam sido mortas pouco menos de um mês antes dos Potter, aquela era Marlene McKinnon.

Mas porque Marlene McKinnon morta era o objeto de seu bicho-papão era um mistério. E o pior, porque ele sentia-se tão mal vendo aquilo. Era certo de que era uma mulher de fibra, uma das melhores duelistas da Ordem na época, mas daí a sua morte ser seu maior medo era um grande caminho a ser percorrido.

Sirius não soube como combatê-lo, era impossível pensar em uma cena engraçada quando havia "simbolicamente" uma pessoa morta na sua frente. Algo estava errado, ele precisava responder as perguntas em sua cabeça o mais rápido possível.

Assim, ele saiu do quarto e o trancou, talvez, com sorte, a criatura voltasse para algum lugar úmido e escuro lá dentro, certamente não lhe faltariam opções, com certeza.

[...]

Sirius estava correndo desesperado pelo calçamento sujo das ruas de Godric's Hollow, havia algumas pedras faltando, buracos criados, em sua maioria, por feitiços lançados por Comensais da Morte em lutas com outros bruxos do vilarejo.

Ele sabia que era tarde demais e o ódio da traição fazia-o seguir incansavelmente o homem baixinho de olhos miúdos a sua frente. O homem que um dia teve a audácia de chamar Lily e James Potter de amigos.

- VOLTE AQUI PETTIGREW! NÃO ADIANTA CORRER! – Ele berrou, o arrependimento queimava-o por dentro – Eu acreditei em você! Convenci-os de deixá-lo como o fiel do segredo!

Na época, Sirius realmente acreditou ser mais lógico que Peter mantivesse o segredo da casa onde os Potters estavam escondidos. Ele, obviamente, seria o primeiro ao qual os Comensais seguiriam para tanto desde o dia em que eles passaram a ser alvos de alta importância. Ninguém iria imaginar que o mais apagado dos marotos seria detentor de tal confidência.

Mas pior que isso era descobrir que o infeliz havia traído seu melhor amigo... Sirius chegou a tempo de entregar a Hagrid sua moto e seu afilhado, que sobrevivera ao ataque do Lorde das Trevas de modo inexplicável.

Pettigrew seguiu pela esquerda e descobriu-se encurralado em um beco sem saída.

- Seu verme desprezível! Você vai se arrepender de ter nascido, rato imundo! - Sirius gritou, quase chegando ao seu encalço. Peter ainda tentou lançar-lhe um feitiço estuporante, mas foi repelido com facilidade.

A última coisa que ele viu foi Pettigrew cortar um pedaço do próprio dedo e lançar um raio luminoso no estreito local.

- James e Lily? Como pôde Sirius? – Ele falou, soluçando, escondendo-se no clarão, transformando-se em rato e entrando num buraco qualquer da parede mais próxima.

- NÃO OUSE FUGIR! SEU DESGRAÇADO, DESGRAÇADO! - Sirius gritou outra vez e finalmente enxergando os rostos vindos das janelas dos prédios que cercavam o beco sem saída.

- ASSASSINO! ASSASSINO! – gritavam algumas pessoas.

[...]

Sirius acordou com suor no rosto, isso sempre acontecia quando ele sonhava com a morte de seus amigos e a traição de Peter... Ele estava vindo cada vez mais freqüente nos últimos dias.

Ele tomou um banho e colocou uma roupa confortável o suficiente para mantê-lo aquecido, tendo o feito, desceu as escadas com cuidado para não acordar o quadro da mãe insuportavelmente irritante.

Chegando à cozinha deu de cara com Remus, que de vez em quando passava os dias na Ordem, quando não estava em alguma missão. O amigo analisava alguns mapas que indicavam florestas na Romênia, provavelmente atrás de conseguir alguns aliados lobisomens para a causa de Dumbledore.

- Ah! Bom dia Pads – Remus falou, levantando uma xícara de café em sua direção – tem mais ali no fogão, caso queira.

- Oh sim, obrigado – ele respondeu, pegando uma caneca em um dos armários – e então, como andam as coisas com os lobisomens?

- Lentas, na realidade... – o amigo descansou o braço na mesa, a face levemente triste, era notável os sinais de fios brancos em seus cabelos, adquiridos por preocupação e culpa – Eles são selvagens em sua maioria, disseram que não iriam se meter em brigas a não ser que sintam-se ameaçados.

- Besteira! Não passam de uns covardes! – Sirius brandiu com raiva.

- Bom, a mensagem foi passada, espero que eles se lembrem de Dumbledore quando comensais aparecerem – Lupin suspirou.

- Eu também espero... – falou, tomando um gole do café fumegante.

Um silêncio confortável bateu-se sobre os amigos, fazendo com que Sirius se lembrasse do bicho-papão que ele não conseguiu repelir ontem.

- Moony... Preciso de sua ajuda... – ele começou sem jeito.

- O que seria? – Remus perguntou levemente preocupado – Qual o problema?

- Não se preocupe, não é tão importante – começou sem jeito – sabe o que é? Tem um bicho-papão lá em cima e...

- Um bicho-papão? – Lupin perguntou incrédulo.

- É... E eu meio que não consegui... – Sirius parou de falar porque Moony estava gargalhando – Qual é Remus! Pare de rir!

- Desculpe... – ele tentou em vão – Sirius Black não conseguindo se livrar de um bichinho... Você está realmente enferrujado, Padfoot!

- Cala a boca... Não sei como isso aconteceu... Venha, eu vou te mostrar, quem sabe você saiba me explicar.

E então seguiram em direção ao último quarto da casa, Remus ainda continha um sorrisinho nos lábios e Sirius uma carranca irritada.

Ele abriu a porta pesada, entrando no recinto seguido de Remus, o cômodo parecia normal, exceto pelo barulho vindo do armário.

- Não me culpe se eu rir de novo – Lupin o advertiu, quando este ia colocando a mão sobre a maçaneta.

- Que seja – ele apenas revirou os olhos, um clique tomando o barulho do quarto – Aí está.

Sirius teve que segurar, pela segunda vez, o corpo da mulher morta. Ele estava ficando cansado disso, dava-lhe calafrios.

- Essa aí é... – Remus perguntou sem jeito.

- É a McKinnon, eu sei – Sirius disse, um lapso de tristeza passando pelo seu rosto – você sabe me dizer por que diabos o meu bicho-papão é a Marlene? E ela já tá morta, por Merlin!

- Eu... – Remus tinha uma expressão confusa no rosto – Saia daí Sirius, eu vou tirá-lo para você, depois conversamos.

- Certo – ele respondeu, deitando com cuidado o corpo sobre o tapete, logo se transformando em uma lua cheia.

- Riddikulus! – Lupin pronunciou, transformando-o em uma bexiga que saiu voando em torno do quarto, indo em direção a janela mais próxima. Ele então olhou sério na direção do amigo e disse solenemente – é melhor nós descermos, é uma longa história.


Oláááá pessoas! Esse é o meu novo projeto, que possui quatro capítulos até o momento (não tenho a mínima idéia de quando surgirá mais criatividade).

Nada a ver com o que eu costumava escrever, até a linguagem é diferente (bem mais "clássica", e formal)!

Enfim, quero saber se vai ter apelo no site, aí, quem sabe, eu posso escrever mais!

Reviews, please, preciso saber da opinião de vocês!

Beijomeliga.