N/A: Fic baseada nos sentimentos mais delicados do Stiles. Porque sei que a hiperatividade dele e seu sarcasmo cômico são apenas máscaras.


Sentença

A palidez de seu rosto, diante do espelho, contrastava com o suor que brilhava em sua testa e pescoço. Quando acordou, tivera a certeza que havia chamado sua mãe, e seu peito salpicou dolorido. Limpou o suor do rosto com a palma da mão e respirou fundo ainda encarando o espelho. Stiles, Stiles, Stiles, você já tinha superado isso., pensou piscando diversas vezes, ao mesmo tempo que limpava o restante do suor da mão na calça. Àqueles sonhos já tinham cessado a algum tempo, então porque agora teve que reativa-los na sua mente? Estava tão bem sem eles.

"Sinto tanta saudade da sua mãe...", lembrou de seu pai dizendo isso quando estava um tanto quanto bêbado para tentar se manter acordado. Naquele momento Stiles não disse qualquer palavra, mas sentiu o coração se comprimir e o ar faltar nos pulmões, pois queria dizer que também sentia falta, mas ele era forte e tinha superado tudo isso. Ou não, porém nem ele mesmo sabia.

Olhou para o cabelo com gotículas do próprio suor, encarando-os por algum segundos. Fechou os olhos para tentar afastar as imagens daquele dia em que estava sentado diante do túmulo da mãe para contar como tinha sido o dia na escola e que havia conhecido um novo amigo que chamava-se Scott e que gostaria de saber se ela tinha conhecido alguém legal no céu. Mas as respostas nunca apareceram.

"Merda...", se desvenciliou do espelho e sentou na cama. Bufou baixinho olhando para os dois lados de maneira singela. Buscou o celular em cima da cama revirada, porém sem sucesso, olhou pelo chão e o apanhara ao lado do moleton vermelho jogado perto da escrivaninha. Tocou na tela e este acendeu, deslizou os dedos a procura do telefone de Scott, parou sua busca ao imaginar que seria difícl encontrá-lo acordado às três horas da manhã, um dia antes do treino de Lacrosse. Passou a mão nos cabelos e olhou para os próprios pés, sentindo uma euforia estranha vindo da boca do estômago e se alastrando no pulmão, faltando-lhe ar. "Outra vez não. Não agora, cara.", disse a si mesmo quando soube que a euforia nada mais era que pânico e medo.

"Cara, eu não consigo respirar...", Scott praticamente gritava, "É como se...É como se algo estivesse apertando minha cabeça. Eu estou me sentindo pressionado".
"Isso não é pressão, Scott", Stiles disse analisando cada espaço do rosto de Scott, "Isso é medo. Senti a mesma coisa quando...", engoliu em seco meio incomodado, "Quando minha mãe morreu."

E estava em pânico agora. Tentou buscar ar e não conseguia, fez uma careta ainda sem fôlego procurando algo no quanto, deparando-se com as chaves do carro em cima da escrivaninha. Apanhou-os com ferocidade, colocou os tênis que estavam embaixo da cama, assim como uma jaqueta verde em cima da cadeira em frente ao computador, passou a mão novamente nos cabelos, averiguando ao redor se não estava esquecendo de mais nada e saiu correndo em direção a porta.

"Stiles.", ele olhou para trás assustado.

"Derek?", Derek estava parado dentro do quarto em frente a janela, com um semblante rude. "Ah, cara, não acha que está muito tarde para você ir entrando pela janela dos outros?" Derek não respondeu, apenas caminhou devagar em direção de Stiles. O rapaz soltou a mão da maçaneta, virando-se completamente seu corpo, encostando, assim, na madeira escura da porta, "Se é para descontar um pouco mais sobre o que aconteceu quando o Danny estava aqui, estou satisfeito com a narigada no volante, obrigado. Mas, se não for sobre isso, ou até mesmo qualquer outra coisa, podemos conversar outra hora, ok?", falava ofegante, o coração acelerava ainda mais. Começara a perder um pouco os movimentos da perna a ponto de ser obrigado a sentar no chão, derrotado pelas próprias sensações terríveis que seu corpo estava passando. "Sério, Derek, sai daqui.", falou rápido para não perder mais o ar que já lhe faltava.

Derek deu mais alguns passos, parando próximo de Stiles, analisando por alguns minutos antes de agachar a sua frente.

"Só quero ficar sozinho...", Stiles falou, com uma das mãos próximo a boca, virando a cabeça para o lado, evitando o contato direto com os olhos de Derek. O sorriso de sua mãe projetara em sua mente e ele precisou encarar algo qualquer para tentar tirar essa imagem.

Derek permacenia alí, sem mover nenhum músculo, analisando-o com a testa franzida, entretanto com uma expressão um pouco mais suave, quase de curiosidade.

"Eu não entendo cem por cento o que você está sentindo", começou a falar quase num sussurro, "Mas entendo como é perder alguém.", e Derek simplesmente não sibilou mais nenhuma palavra.

E Stiles, por incrível que podia parecer, não soube o que dizer.

N/A: O significado do nome da fic gera uma ambiguidade no sentido de "sentença psicológica (como culpa)" e "sentença como gênero da palavra" (apenas um texto a respeito de algo ou alguém).

Reviews serão apreciados.