- É uma fic bem 'teen', conflitos adolescentes, músicas adolescentes e conflitos adolescentes;

- Disclaimer; Tia Steph é dona de tudo, as maluquices e desordens que eu faço com os personagens dela, são todas culpa minha! :D


Descobre a mim, descobre a ti
Nessa idade de descobertas,
Descobre a nós.
E me conta do nosso amor
Do nosso elo particular
Desse nosso pequeno mundo entre Eu e Você

Bee

..

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Capítulo I – The Perfect Team

BPOV

Só mais cinco minutos. Cinco míseros minutos foi tudo o que pedi a ela. Quero dizer, eu nunca fico mais de quinze minutos enrolando na cama para levantar. E minha mãe fez questão de quebrar o código e me acordar com dez minutos antes de o 'soneca' do despertador do meu celular tocar. Não sei se é porque ela está ansiosa para a minha festa em breve, ou que bicho a mordeu pra que me acordasse sem meus cinco últimos preciosos minutos. Encostei a cabeça na parede do box e tateei pra achar o shampoo.

Depois do banho completo coloquei meus jeans tradicionais e desci penteando o cabelo que ainda pingava. Sempre tínhamos o mesmo tipo de conversa pela manhã. Mamãe era dona de um dos poucos salões de Forks e simplesmente ficava louca quando eu não penteava o cabelo ou o mantinha de qualquer jeito, deixando-o secar com o ambiente. Seus milhões de aparelhos a disposição em seu banheiro não me eram muito atrativos pela manhã. Não que eu não gostasse, mas Angela – minha melhor amiga desde que eu era uma junção de genes – tinha mais paciência para fazer algo no emaranhado denominado cabelo quando saíamos que eu.

Não ficávamos pulando de festa em festa, tínhamos alguns amigos em La Push, mas em sua maioria eram homens. Eles me conheciam desde pequena, então nunca nos estranhávamos em relações sexuais ou amorosas. - Ou quase nunca; Angela me lembraria. Mas bem, para falar a verdade, acho que todos de Forks e La Push conheciam a mim e minha família desde criança. A diferença de morar em uma cidade pequena era saber dos mínimos detalhes de cada família. Eu realmente não me importava com isso. Gostava de ir para a escola, ao contrário da maioria, principalmente as quintas quando tinha aula de vôlei.

Não vou dizer que era boa, muito pelo contrário. Mas eu me divertia tentando cortar, pular por cima da rede e acabar com o cansaço físico de algo prazeroso. Angie era alta, então era uma das melhores levantadoras, tinha certeza que se conseguisse ir para alguma escola federada, teria um grande futuro. Minha amiga tinha um pouco de tudo e eu me sentia feliz de poder contar com ela, assim como ela contava comigo. Papai levantou do sofá com a xícara vazia de café, passando para me dar um beijo na cabeça antes de ir até a cozinha e eu o segui vendo já a comida na mesa. Meu bom velhinho era dono da única filial de automóveis da cidade. Depois de morar muitos anos em grandes cidades, realizou seu objetivo de conseguir abrir sua própria filial e com o apoio de sua irmã mais nova, veio se privar dos estresses de um grande e disputado mercado de trabalho na pequena Forks.

Minha tia não era uma visitadora frequente aqui de casa. Seu filho Ethan – meu primo de apenas quatro anos – passava suas tardes aqui enquanto Heide não chegava do trabalho. Sua relação com o marido era árdua. Alec era um pé no saco quando queria e apesar do carinho por Ethan e presença frequente eu ainda preferia sua ausência em nossas vidas. Com todo aquele exagero de viver, eu me sentia intimidada em sua presença. Tudo para Alec era demais; jogava demais, bebia demais, traía demais, investia demais e só olhava para si o tempo inteiro. Meu primo podia ser um pentelho, infelizmente o gene teimoso veio no pacote, mas conseguia ser facilmente distraído e convencido – irônica característica de minha tia.

Nesse momento meu celular vibrou e eu vi o nome de Angela na tela. Terminei rapidamente o leite e acenei para meus pais antes de pegar a mochila do sofá e sair porta afora. O carro de Angie era simples, mas ela conseguiu investir sua pouca mesada em um som legal, então pude escutar a altura do cd que sempre ouvíamos a caminho da escola ecoando antes mesmo de fechar a porta de casa.

- Trouxe? – perguntei entrando no banco do carona.

- Sim, estão dentro da mochila. – Angie respondeu fazendo o carro ganhar velocidade.

Estiquei o corpo para pegar os envelopes. Em Forks não tínhamos gráficas muito boas, então Angela fez questão de me ajudar a fazer os convites pelo photoshop que ela sabia usar.

Isabella Marie Swan convida você para seus dezesseis anos a serem comemorados no dia 23 de janeiro de 2009.

Don't miss my Sweet Sixteen.

Angela sibilava a música ainda alta quando estacionamos na vaga usual da escola. Quando ela desligou o carro agradeci pelos convites e saímos encarando o sol mascarado com a chuva sempre presente daquela cidade. Mesmo com a festa chegando, eu não conseguia realmente me animar para esse evento. Eu queria meu carro. Como eu queria meu carro! Esse era meu real objetivo que deixava papai com um sorriso em cada canto do rosto quando me ouvia suspirar pelos cantos com o catálogo de carros novos. Exalei alto já ouvindo o sinal tocar antes de chegarmos a primeira escada.

Nos despedimos rápido antes de eu subir as escadas para o meu andar de três em três degraus. Segurei no corrimão para não desequilibrar no último deles e passei pelo inspetor que já me olhou rindo. Ele estava acostumado.

- Bom dia, John! – passei correndo sem escutar se ele respondeu ou não.

Abri a porta da sala e dei de cara com Sra. Brown já distribuindo alguns papéis. Por um segundo gelei na entrada achando que fosse um teste surpresa, mas os alunos não estavam realmente parecendo assustados, então me preocupei em tentar passar discretamente por trás da figura esguia que lecionava literatura.

- Boa noite, Srta. Swan. – ela sempre jogava essa piadinha quando alguém chegava nem que fossem apenas segundos atrasado.

Não respondi e fiz o caminho para a minha mesa ao lado de Edward Cullen. Ele estudava aqui há tanto tempo quanto eu, mas nunca realmente fizemos grandes amizades. Ele era bem fechado e sempre com a expressão de que queria correr dali no instante que o sinal tocasse. Não o culpava. Seu pai vivia viajando a trabalho e conferências internacionais de biomedicina, e ele só ficava estacado nessa cidade. Nunca o vi se misturar com muitas pessoas, e seu primo, que se formara o ano passado, foi para Harvard deixando-o aqui sem companhia na hora dos intervalos. Não que ele realmente parecesse sentir falta de alguém a seu lado nessas horas, pois nem saber onde ele se enfiava nós sabíamos.

Eu, sinceramente, me sentia intimidada em sua presença. Sua voz era sempre entediada e monocórdia, apesar de eu não ouvi-la com muita frequência. Mas nunca tinha sido mal educado comigo, ou com qualquer pessoa que viesse a falar com ele. Apenas reservado – assim eu gostava de pensar. Sentei na cadeira ao seu lado já vendo nossos nomes escritos por sua letra no trabalho dado pela professora.

- Bom dia. – sussurrei colocando a mochila pendurada na cadeira.

- Bom dia. – ele respondeu naquele tom

EPOV

- Boa noite Srta. Swan. – a professora tirou minha atenção do papel.

Olhei para a porta e vi Isabella chegando esbaforida para a aula. Ela sentava comigo na aula de literatura e não posso negar que era uma boa dupla nos trabalhos. Seus cabelos estavam mais avoados do que o normal, o rosto corado da possível corrida que fez até a porta, mas não se sentiu envergonhada pela tentativa de insulto da professora, apenas riu – sendo conhecedora da péssima piada direcionada a sua pessoa - e fez seu caminho até nossa mesa. Me ajeitei na merda de cadeira pequena demais para minhas pernas e coloquei o papel na mesa para que ela visse a proposta do trabalho dado por Sra. Brown.

- Bom dia. – ela sussurrou ainda com a respiração pesada meio que se desculpando pelo atraso.

- Bom dia. – respondi.

Minha cabeça estava pesada pelo pouco que dormi. Não era uma pessoa matinal e meu humor não melhorava enquanto não saísse dessa porra de monotonia escolar. Emmett, ainda aproveitando o feriado de final de ano e a ausência de aulas até a segunda semana do mês, aproveitou o tempo livre e veio visitar a família aqui em Forks, me contando todos os detalhes da faculdade que eu me matava para conseguir entrar um dia. A família toda se juntou e ficamos conversando até muito tarde. Eram raras as vezes onde meu pai conseguia um espaço em sua agenda lotada e participava dessas pequenas reuniões. Minha insônia se estendeu até quase três da manhã que foi quando consegui pregar a merda dos olhos, mas tive que acordar as sete para vir pra maldita escola.

A única pessoa que eu me dava bem - quando ele ainda estudava aqui - era Emmett. Mas ele teve a sorte de se formar bem antes de mim. Não que eu me achasse superior a ninguém aqui, todos estávamos no mesma merda de barco, mas a mentalidade de alguns simplesmente me enchia o saco. Então eu preferia manter minha amizade com meu primo a longa distância e com meu treinador de boxe depois de sete horas preso nessa escola.

Enquanto abria meu livro de literatura os cabelos de Isabella bateram gelados em meu rosto. Ela estava prendendo-o em um rabo de cavalo, mesmo com ele ainda um pouco molhado. Isabella não parecia muito normal – por falta de outro adjetivo – estando sempre para lá e para cá nos corredores da escola sentido-se confortável com a familiaridade do local. Mas quem era eu para julgar?

- Ops, desculpa. – e riu abaixando para pegar seu próprio livro.

Não trocávamos muitas palavras além das necessárias em uma sala de aula, mas ela era uma das que eu mais falava, por incrível que pareça. Não sei se por estudarmos há tanto tempo juntos, mas ela sempre me pareceu mais fácil de conviver. Eu sabia que seu aniversário estava chegando, e como todo ano ela fazia alguma comemoração com a família e alguns amigos. O pouco que sabia dela, - apesar de morarmos há anos em Forks, - era que não se misturava com muitas pessoas da escola, e parecia sempre de bem com a vida. Não sei se tinha planos para sair dessa cidadezinha cinza como eu tinha, porque parecia satisfeita em estar aqui.

Depois das duas semanas de férias no final do ano, mantivemos nossas intactas parcerias sem precisarmos falar. Era como funcionávamos desde o primeiro dia de aula.

- Eu sabia que íamos pegar 'Morro dos Ventos Uivantes'. – Isabella comentou abrindo as páginas amareladas de seu exemplar notavelmente antigo. – Todos os alunos pegam no primeiro ano, é tipo uma regra.

- De repente porque as irmãs Brontë¹ estudaram aqui e deixaram o manuscrito pra escola. – ironizei sem pensar. Ela soltou uma risada um pouco alta e ficou me encarando abismada.

- Você é engraçado! – ela atestou como se descobrisse a raiz quadrada de vinte e três.

Eu não era tão impossivelmente sério. Franzi a testa e ela pareceu recuar um pouco. Dei um sorriso pela sua reação e voltei atenção às questões da folha, nos colocando novamente em silêncio durante algum tempo.

- Ah! Isso aqui... – ela falou de repente, pegando um envelope cinza, meio prateado, não sei, e começou a escrever meu nome na parte de trás. – Convite pro meu aniversário. Eu não estou realmente chamando todo mundo da escola, minha mãe vai se encarregar dos convidados, então só estou entregando pra quem eu falo aqui.

Ela disparou a falar enquanto inclinava o papel em minha direção e fazendo gestos olhando para o tampo da mesa de madeira. Nunca a tinha visto falar tanto comigo. O mais surpreendente foi que quando ela terminou, não pareceu nem por um segundo envergonhada, dando um sorriso e virando para frente. Peguei o convite entre os dedos e pensei em como dar uma desculpa. Não por ela, mas sua mãe provavelmente chamaria as famílias da maioria das pessoas dessa escola, e eu não iria suportar ficar isolado vendo algumas mentes pequenas fazerem sucesso no seu aniversário.

- Err... Isabella. – chamei baixo ainda olhando para o convite. – Eu não sei se vou poder ir. Meu primo ainda está na cidade...

- Ele pode ir também. – ela respondeu tranqüila. – Não é aquele que estudou aqui há alguns anos? Quero dizer, eu não vou chamar quase ninguém. Você e Angela...

- Somos os que você mais fala aqui. Você disse. – completei seu raciocínio.

- Isso. E seria legal se você fosse. Duas pessoas que eu realmente falo além da família... e que sejam legais. – ela deu os ombros escrevendo algumas respostas na folha.

- Já acabaram o trabalho? – Sra. Brown nos surpreendeu em nossas costas.

- Estamos terminando. – Isabella respondeu finalizando a última questão agilmente antes de entregar a folha.

- Você não deveria ter feito praticamente a porra toda. – resmunguei me sentindo impotente. Nem percebi o quão rápida ela foi com aquelas questões. Então o sinal bateu.

- Tudo bem, eu já li esse livro algumas milhões de vezes. – ela explicou pegando a mochila enquanto eu arrumava meu material. – E você deveria fazer mais piadas. Você sabe ser engraçado quando quer.

- É, vou tentar. – resmunguei sarcástico, mas não creio que ela tenha escutado.

Antes de pegar o caderno, vi o envelope ainda ali na mesa. Suspirei fundo e o peguei colocando entre as folhas, afinal se eu o deixasse ali, ele provavelmente ainda estaria no mesmo lugar amanhã e Isabella poderia ver. Fechei o casaco, peguei a mochila e segui para a próxima aula.

BPOV

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Eu me sentia desconfortável e abafada. Mesmo com o cabelo já preso em um rabo de cavalo, os olhos curiosos e em expectativa vinham em minha direção com um calor sufocante. Eu devia saber que era por causa do meu aniversário. Nunca tinha feito uma festa tão planejada como esta estava sendo. E as pessoas pareciam saber que os convites seriam entregues hoje. Quando já estava terminando o terceiro tempo de aula, passando pelos corredores e recebendo sorrisos de todas as partes, senti alguém pular nas minhas costas apoiando em meus ombros.

- Sabe? Sabe? Sabe? – Angie apareceu repentinamente na minha frente depois do susto.

- Não, não, não. – respondi vendo-a em uma empolgação anormal.

- Tyler me chamou para sair esse fim de semana! – ela quase não podia se conter dentro do corpo magro e esguio, enquanto andávamos do corredor para a quadra de educação física.

Eu sabia que Angie andava um pouco quieta demais, por isso sua animação me fez sorrir. Ela e Ben ficavam desde o início verão passado, mas brigavam o tempo todo, e semanalmente eu a recebia em casa escutando planos de vingança, ou até mesmo aos prantos pedindo conselhos. Antes das aulas recomeçarem, ela disse ter se cansado e resolveu terminar tudo de uma vez.

- Isso é ótimo! Onde ele vai te levar?

- Então, aí está o problema todo. – nós paramos em frente a entrada da grande quadra, escutando algumas bolas batendo no chão. – Sábado é sua festa, e eu sei que seus pais vão convidar os pais dele, mas fica tudo muito formal, ele pode acabar não querendo ir.

- E você quer que eu chame ele pessoalmente, certo? – presumi.

- Bem, não precisa de tanto. Se você me der o convite, eu entrego a ele. – e juro que nesse momento, ela quase bateu os cílios para mim por trás das lentes do óculos.

- Certo, Angie. – dei os ombros antes de abrir o portão de ferro. – Eu te dou um na saída e você entrega a ele. Vai sobrar convite de qualquer forma.

- Vai ser ótimo! – ela disse me abraçando pelos ombros. – Ben vai ver que eu não vivo por ele.

- Angela Weber! – parei no mesmo instante. – Você não vai ficar com ele só por vingança, vai?

- Não, claro que não! – cerrei os olhos em sua direção. – Um pouco...? – revirei os olhos. – Ah, Bella, por favor! Fique feliz por mim, é só um pouquinho de vingança que não faz mal a ninguém e me deixa feliz. Além de eu ficar com o Tyler, que eu verdadeiramente acho um garoto legal.

- Você quem sabe. – resmunguei. – Vai me abandonar na minha própria festa por um garoto.

- Você nem queria essa festa, Bella! – ela me desmascarou gargalhando. – Além do mais, aposto que James vai também. Todo ano eles vêm.

- James... – revirei os olhos ainda mais. – Ele é abusado, só isso.

- Mas vocês ficaram.

- Em minha defesa, ele me beijou. E só por causa de um maldito jogo da garrafa. – sentia meu corpo esquentando com raiva só de lembrar do garoto.

James era filho de um dos grandes amigos e ex-sócio do meu pai. Sempre que passávamos o verão em sua casa de praia – que eu fazia questão de levar Angie pelo menos um fim de semana para não morrer de tédio – ele tentava alguma coisa comigo. Não sempre, mas pelo menos desde os meus treze ou catorze anos, quando ganhei peitos. Não muito grandes... bem pequenos na verdade. Mas de alguma forma, ele conseguiu reconhecê-los. Então em algum jogo estúpido, ele conseguiu me beijar. Foi estranho, desesperado e eu não tinha a mínima idéia do que estava fazendo.

- Vai trocar de roupa coisa feia! – Jacob brincou chamando nossa atenção. Ele era nosso professor de educação física e sempre nos chamava dessa forma. "coisa feia", "monstro do lago", "simpática" e outros adjetivos bem humorados.

Por ser tão animado sempre e um pouco mais jovem que o resto dos professores, algumas meninas sumiam com metade das roupas de ginástica. Calças viraram shorts e shorts... bem, não existiam realmente. Apesar de sua aliança estar bem colocada no dedo e sua mulher visitar uma vez ou outra na escola, as meninas realmente perdiam um pouco da noção de espaço pessoal. Rimos acenando ao mesmo tempo e corremos para colocar nossos uniformes para a aula.

EPOV

- Muito bem, Edward, pode levar o atestado ao professor Jacob. – Sr. Kurt pediu me devolvendo o papel.

Assenti e dei meia volta antes de bater a porta da sala. Graças as minhas aulas de boxe consegui me livrar das aulas de educação física. As primeiras semanas eu simplesmente não apareci, até chamarem minha atenção. O problema era que não gostava realmente de esportes. Apenas de boxe. Então ficava entediado com as brigas que surgiam entre uma competição e outra. O boxe me trazia uma tranquilidade maior. Como não lutava realmente com ninguém além do saco de areia, não tinha que lidar com outro ser humano chorando de dor quando eu lhe desse um nocaute na mandíbula.

Então quando o diretor me pediu um atestado do meu treinador, eu o providenciei o mais rápido possível, pegando o tempo livre no lugar da educação física e emendando no horário do almoço. Pelo menos eram duas horas longe do barulho escolar para descansar em algum canto, ler, ou até mesmo dando uma cochilada em casa, porque era realmente perto, dava para ir a pé, se eu quisesse. Assim como a maioria dos lugares dessa cidade minúscula.

A aula já tinha começado e eu passei pela lateral, tentando não ser atingido por alguma bola infortuna.

- Edward. – Jacob me surpreendeu com uma mão em meu ombro.

- Oi, professor. – me aproximei ajeitando a alça da mochila e estiquei o papel.

- Finalmente, não é, Edward? – Jacob deu um risinho e eu desviei os olhos, vendo a quadra cheia de alunos com uma grane diversidade de jogos acontecendo ao mesmo tempo. – Tudo bem, está dispensado da minha aula.

- Obrigado. – agradeci e balancei a cabeça.

- Mas Edward, tem só um 'porém'... – ele disse torcendo a boca em desculpa – Eu posso te dispensar dos treinos e aulas em si, mas uma vez ou outra você tem que ficar pra pelo menos assistir e eu poder te dar presença, ok?

- Quantas presenças pelo menos? – quis saber.

- Pelo menos duas. – ele explicou alternando os olhos entre eu e os alunos. – Já que só temos quatro aulas por mês, é melhor que apareça pelo menos na metade delas. Mas fica tranqüilo.

- Obrigado, Jacob. – agradeci e retribuí o tapinha nas costas.

- Senta aí, assiste um pouco, eu te libero antes do final da aula pra você ir almoçar.

Assenti e sentei na arquibancada tentando identificar os jogos espalhados pela quadra.

- Ô monstro do lago, olha essa mão! Já disse que não se saca assim! – Jacob riu.

Ele era um bom professor. Tinha um humor mais jovial que o aproximava dos alunos interessados. Apoiei os cotovelos nos joelhos e abaixei a cabeça, sentindo ainda pesar da noite mal dormida. Quando levantei e passei os olhos pelo ambiente, notei uma garota sentada um pouco mais afastada também olhando a aula. Tinha cabelos mais claros presos em um rabo de cavalo, parecia baixinha e acompanhava o jogo de futebol dos garotos na quadra em anexo. Percebi que poderia ser a novata que todos falavam na primeira semana. Jessica, se eu não me engano. Ela percebeu que estava sendo observada e me flagrou dando um sorriso pequeno, mas eu apenas desviei.

- Senta, Isabella! Vem! – Jacob pediu rindo. – Stanley entra lá.

Até então não tinha percebido que ele gritava com Isabella. Ela gargalhava enquanto voltava para a arquibancada completamente vermelha de jogar, com marcas de bola no braço.

- Você ainda vai sentir falta de mim no jogo! – ela brincou apontando pro rosto dele, que riu ainda mais.

- Senta aí e toma um ar. – Jacob mandou ainda sacudindo a cabeça, gargalhando ainda mais.

Isabella veio andando olhando para o chão enquanto ajeitava o rabo de cavalo ainda sem me notar. Tentei desviar o olhar, mas assim que fitei a nova garota ainda me encarando, enquanto andava para o meio da quadra, procurei outro foco. Não gostava de ser observado dessa maneira, e aquela garota parecia ser bem estranha.

- Edward! – Isabella me assustou com o rosto confuso. – Você faz essa aula?

- Uh... fazia. – disse vago, mas ela sentou ao meu lado, provavelmente querendo ouvir mais. Suspirei e continuei. – Fui dispensado hoje.

- Por quê? Quer dizer, eu nunca nem tinha te visto por aqui.

- É, eu faltei as duas primeiras aulas, até eles chamarem minha atenção e pedirem um atestado pra eu ser dispensado.

- Ah, sim. – ela compreendeu balançando a cabeça por um segundo. – Mas você conseguiu dispensa como? Por quê?

- Por causa do meu treinador e porque eu não gosto de educação física.

Novamente percebi pela visão periférica que ela balançava a cabeça em compreensão. Mas suas sobrancelhas estavam franzidas e seus olhos confusos.

- Sabe, isso não faz sentido. Você treina, você gosta de esporte, mas não faz na escola... Se é no mesmo horário que eu, não tem como atrapalhar uma atividade extra.

Nessas horas que eu geralmente sairia do local ou simplesmente não responderia. Mas eu ainda estava no primeiro ano e provavelmente conviveria com Isabella por mais dois anos. A única que eu falaria e me aguentaria como parceiro de trabalhos enquanto eu não fosse para a faculdade. E tinha que confessar que era a única provavelmente aturável e competente. Exalei forte e virei o rosto em sua direção para que ela entendesse de uma vez por todas.

- Eu luto boxe, não preciso de exercícios físicos com outras pessoas na escola. Por isso fui dispensado. Não gosto de jogos com muitas pessoas envolvidas.

- Uow... – ela me olhou surpresa e seu rosto ganhou um tom a mais de vermelho. – Ok.

Ela desviou o rosto e continuou olhando o jogo. Em um dado momento, Isabella voltou para o jogo e eu continuei olhando, vendo que ela realmente não levava jeito para vôlei. Mas parecia gostar e se esforçar tanto, que era confundido com sua habilidade. Quando o tempo acabou eu levantei preguiçosamente da arquibancada e subi o zíper do casaco vendo os alunos se dirigirem aos vestiários.

- Nossa! Olha esse casaco, Edward. Eu estou com calor por você! – Isabella disse quando passou por mim.

- Nunca é calor em Forks. – respondi simplesmente, vendo sua amiga Angela se aproximar também.

- É porque você não estava jogando. – ela rebateu.

- E é preciso se esforçar muito pra jogar mal? – impliquei segurando um sorriso de lado.

- Ouch, Cullen. – Isabella se fingiu de ferida, mas começou a gargalhar no segundo seguinte. – É, eu jogo mal mesmo. Mas eu gosto, então...

- A próxima vez que você estiver no meu time e não me deixar sacar, vai levar um corte na cabeça! – Angela ameaçou quando chegou perto o bastante.

Fiz meu caminho e as deixei discutindo, mas para a minha surpresa, só a gargalhada de Isabella ecoava pela quadra.