Título:Not going back
Autora:Nayla
Categoria:PG -13
Classificação:MS - post principe caspian
Capítulos:1
Completa:SIM
Advertências:incesto

XXX

Tentei o melhor que pude confortar meus irmãos caçulas depois que Susan saiu batendo a porta e gritando que Nárnia fora apenas um jogo que inventamos para passar o tempo quando crianças. Nunca esquecerei as lágrimas que brotaram nos olhos de Lucy ou da maneira como Edmund cerrou os punhos com força ao ouvir isso, mas o que me destruiu foi a expressão desolada de Susan quando ela viu que eu não iria apoiá-la como sempre. Não dessa vez.

Foi preciso bastante tempo e algumas histórias de nosso reinado em Nárnia para fazer Lucy se acalmar o bastante para dormir. Edmund chegou a bocejar, mas ao invés de se dirigir a seu quarto, ele foi até onde eu estava, sentado no sofá.

- Você devia esquecer isso. Ela esqueceu. – Ele deu de ombros, tentando passar indiferença, mas eu o conhecia bem demais para isso. Não respondi, apenas levantei-me e puxei-o para um abraço forte.

- Não consigo. – Confessei, odiando o quão fraca e resignada minha própria voz parecia. – Você devia ir dormir agora.

Edmund hesitou.

- Algumas vezes eu me preocupo com você, Peter.

Tentei rir, mas sua garganta estava seca demais.

- Bom, você não devia. Deixe as preocupações para mim, é o que eu faço de melhor mesmo.

- Eu sei. E é por isso que eu me preocupo. – Edmund adicionou em tom de confidência, seus olhos pretos fixos nos meus e ele sabia tudo o que eu estava passando, ele sabia. Cogitei por um segundo abraçá-lo novamente e realmente chorar, soltar todas as lágrimas malditas que eu vinha prendendo por todo esse tempo, mas então lembrei da maneira com que meu irmão cerrou os punhos mais cedo e ergui as mãos dele, levando-as para bem perto de meus olhos, perto o suficiente para notar as regiões avermelhas que delimitavam o lugar em que ele fincara as próprias unhas.

- Não é nada. – Edmund puxou-as de volta imediatamente. – É só... É só o que eu faço quando fico nervoso, não é nada. Eu... – Começou a tentar se explicar, atrapalhando-se nas próprias palavras.

- Vá dormir, Ed. – Interrompi, forçando um sorriso. Ele não devia se preocupar comigo, eu logo ficaria bem. Ficaria bem por ele e por Lucy. – Tente dormir, descansar. Vou esperar Susan voltar, não deve demorar muito.

- Se você diz. – Ele soltou um longo suspiro. – Boa noite.

- Boa noite. – Joguei a cabeça para trás, descansando-a no encosto do sofá e fechei os olhos. Estava cansado.

XXX

Sentindo algo roçar em meu braço, despertei assustado, pronto para desembainhar uma espada que... Que não existia mais em meu cinto. Susan arriscou um sorriso em minha direção.

- Desculpe, só estava tentando te cobrir. Está frio. – Mostrou-me o edredon.

Apertei meus olhos com os punhos cerrados, não sabia se ainda estava sonhando com minha Rainha Gentil.

- Não queria te acordar. Parecia que estava no meio de um sonho bom. – Sua voz doce me trouxe de volta para a realidade e eu pisquei novamente, para observá-la melhor. Seus cabelos pretos caíam sobre os ombros em cachos um tanto despenteados pelo vento. Estava sem batom, sem nenhuma maquiagem, mas ainda assim estava linda.

- Sonhei com Nárnia. – Respondi.

- Peter, não faça isso comigo. – Ela balançou a cabeça, tentando fugir do meu olhar. – Vou dormir.

- Durma comigo. - Pedi, sabendo que ela se inquietara com as minhas palavras. – Susan. – Sentia um nó se formando em minha garganta porque eu nunca a forçaria a nada que ela não quisesse, mas eu precisava fazê-la entender, fazê-la se lembrar. – Não faça isso comigo. – Tomei uma de suas mãos nas minhas e a levei até minha boca, depositando ali um pequeno beijo.

- Pare! – Sua voz saiu chorosa e me ergui para encontrar seus olhos brilhando em um azul ainda mais claro por causa da lágrimas que insistiam em se formar. – Por que você não para com isso?

- Eu faria qualquer coisa que você me pedisse, Su. – Eu tentei, dando um passo para frente assim que a senti recuar. – Só não me peça para te amar menos porque isso eu não... Eu não posso fazer isso, desculpe. Isso eu não sei como fazer. – Senti meus próprios olhos arderem, mas ignorei-os.

- Isso não é certo. – Ela soluçou, procurando fugir de meus toques.

- Como pode não ser certo? – Tomei-lhe o rosto nas mãos, trazendo-o para mais perto do meu. – Você não se lembra? Em nárnia, nós... – Não consegui terminar, não consegui me conter e a beijei, esperando que o simples contato de nossos lábios trouxesse para ela todas as mesmas memórias felizes e maravilhosas que deleitavam meus pensamentos.

Senti as mãos dela sobre as minhas. Seu toque era macio e quente e terrível porque ela logo se afastou, privando-me do contato e nossos olhares se encontraram mais uma vez. Sabia o que ela ia dizer, mas isso não impediu meu coração de quebrar ao ouvi-la:

- Estamos de volta na Inglaterra, Peter. Não estamos mais em Nárnia e nem nunca voltaremos, Aslan foi bem claro quanto a isso.