Hoje eu sei
Eu te amei
Mas fui mais
Muito além
Dos desejos de um beijo
Ivete Sangalo - Se eu não te amasse tanto assim
Capítulo Um
Ela estava deitada na grande cama com lençois de seda, mas estava sozinha. Como muitas noites, ela estava deitada completamente só, num quarto cheio de riqueza mas vazio de calor. Estava só dentro daquela enorme mansão. Como muitas outras noites ela tentava adormecer mas sem resultado. Ela virou-se e olhou para o lugar vazio ao seu lado na cama. Como tantas outras noites o seu marido não estava ali. Ela voltou á sua posição inicial e fechou os olhos. Foi quando ouviu o som de alguém se materializando no quarto. Ela manteve os olhos fechados como todas as outras noites e ouviu-o trocando de roupa. Depois ouviu a porta da casa de banho fechar-se e o som do duche. Mais uma vez ele tentava tirar o cheiro de outra mulher que se havia empregnado no seu corpo. Ele tentava apagar os indicios da sua infedilidade da sua pele mas ela não encontrava razão para isso. Não era por respeito a ela, ele não a respeitava. Não era para ela não descobrir, pois ambos sabiam que ela já descobrira que ele lhe era infiel. Nem era porque lhe pesava a consciencia ou o coração. Ele não gostava dela, ele não nutria qualquer sentimento por ela, ela é que por mais que tentasse não conseguia arrancar aquele sentimento de dentro dela.
Ele deitou-se ao lado dela e adormeceu logo depois. Ela ainda demorou a adormecer. As memórias de um ano ocuparam-lhe a cabeça. Como podia ter sido tão estúpida e acreditar que ele tinha mudado?
Há volta de um ano
Ginny estava sentada ao lado de Harry Potter no jantar de comemoração de Cinco anos do fim da Guerra contra Voldemort. O mundo mágico tinha sido reconstruido com muito esforço, as vidas tinham voltado quase á normalidade e o Ministro da Magia decidira que finalmente existia uma razão para festejar.
Foi a meio da festa que ele entrou e como sempre todos os olhares se viraram para ele. Era assim que ele gostava, ser o centro das atenções. Apesar de todos os erros que ele cometera, Draco Malfoy acabara tomando o lado de Harry Potter na batalha final e isso garantira-lhe o perdão da sociedade. No entanto o perdão não era unanime. Havia muitas pessoas que ainda o olhavam com medo e repulsa.
No entanto, toda a noite, Draco havia estado rodeado de mulheres e todas elas pareciam divertidas mas ele parecia ligeiramente aborrecido. Foi numa das vezes que Ginny o olhava discretamente, que os seus olhares se cruzaram. Ele olhou-a, desconfiado, enquanto ela desviava o olhar e virava a cabeça para o lado contrario, um pouco embaraçada.
-Harry, eu vou ao jardim apanhar um pouco de ar.
Harry acenou afirmativamente e voltou para a conversa com Ron.
Ginny levantou-se e dirigiu-se ao jardim. O céu nocturno estava estrelado, nenhuma nuvem era visível. Uma brisa quente envolveu Ginny naquela noite de Verão.
Ela estava sentada à beira do repucho há alguns minutos, apreciando a beleza colorida do jardim iluminado por velas flutuantes que nunca se apagavam. Tinha a mente vazia, estava simplesmente ouvindo a música que vinha do salão ao longe.
Ouviu passos atras de si, vindos da Mansão, mas não se voltou para ver quem era.
-Uma rapariga tão bela não deveria estar aqui sozinha.- ela ouviu a voz masculina dizer.
-O que queres Malfoy?- ela disse impacientemente.
-Apenas companhia.- ele disse sinceramente.
-Não acredito. Tinhas companheiras suficientes lá dentro. Nem sei como conseguiste cá chegar sem que uma delas te seguisse!
-Mas nenhuma eras tu. Elas são bonitas, mas são futeis e...bem, não muito inteligentes. Não procuro só beleza numa mulher.
Ginny olhou para ele não acreditanto no que ouvia. Ia dar uma gargalhada quando reparou que ele estava serio. Também a expressão dela tornou-se séria.
-Eu não sou como elas, Malfoy. Não me conquistas com o teu charme e meia dúzia de palavras simpáticas. Elas podem já ter esquecido tudo o que fizeste no passado, mas eu não!- ela disse friamente.
-Entendo.- ele disse desviando o olhar dela e olhando para o horizonte. O seu olhar perdeu-se e a palavras saiu-lhe triste. Ginny olhou-o atentamente. Será que ela o tinha magoado?
Ele virou-se e dirigiu-se para a Mansão.
-Desculpa! Eu não queria te magoar. Eu sei que as pessoas mudam...
-Mas eu fiz muito mal á tua familia, aos teus amigos, a muita gente que gostavas. Eu percebo que tu, mais do que ninguém, tenhas dificuldade em acreditar em mim. Mas é pena, porque eu gostava muito de te conhecer melhor!- ele disse parando mas não se voltou para ela.
-Podemos começar de novo!- ela disse caminhando até estar em frente dele.- Eu chamo-me Ginevra Weasley, mas podes me chamar Ginny!
-Prazer. Eu chamo-me Draco Malfoy.
-O prazer é todo meu!- ela disse apertando-lhe a mão. Ele sorriu.
Passaram algum tempo conversando no jardim mas depois voltaram para o salão. Dançaram juntos o resto da noite, recebendo olhares curiosos de alguns, desconfiados de outros e ameaçadores de muitas mulheres jovens que muito gostariam de estar no lugar de Ginny.
Draco, após muitas danças e gargalhadas, decidiu ir beber qualquer coisa. Ginny aproveitou para retocar a maquilhagem.
-Ginny, sabes o que estás fazendo?!- ela ouviu a voz de Hermione. Olhou para o espelho e viu a amiga preocupada atrás de si.
-Estou retocando a maquilhagem.
-Não te faças de desentendida Gin. Tu sabes do que estou falando.
-Herms, eu estou só dançando, nada mais!- Ginny disse com a sua expressão mais inocente.
-Tu não me enganas Ginevra Weasley!
-OK! Não vou dizer que estar acompanhada pelo homem mais elegante e charmoso da festa não me agrade mas não quero nada com ele. Estamos apenas dançando!
-Achas mesmo que ele só quer dançar com uma mulher linda e jovem como tu? Ginny , por favor, não és assim tão ingénua. Ele é Draco Malfoy, o principe dos Slytherins, o responsável pela morte de Dumbledore, pelo ataque do Bill, pela invasão de Hogwarts. È o filho de Lucius Malfoy, filho do homem que tentou matar Harry e quase te fez morrer. Draco é a pedra de gelo que tudo o que faz é pensando na sua satisfação pessoal sem querer saber quem pisa para conseguir o que deseja!
-Talvez ele tenha mudado! As pessoas mudam, Hermione!- Ginny disse furiosa. Ela já era adulta, dona do seu nariz e detestava que se metessem na sua vida. Ela só estava se divertindo, não havia mal nisso.
Ela dirigiu-se ao salão tentando controlas o seu temperamento Weasley. Encontrou Draco falando com Ludo Bagman. Quando a viu, Draco despediu-se do outro homem e sorriu para Ginny, mas o sorriso apagou-se ao ver a expressão dela.
-Estás bem?
-Desculpa mas não. Importas-te que eu vá embora?
-Não. Eu levo-te a casa.
-Não é necessário.
-Eu faço questão! Não deixo uma donzela sozinha a estas horas da noite.
Materializaram-se ambos no jardim da Toca. A casa estava completamente diferente. Arthur Weasley era agora o Chefe do Departamento de Acidentes Mágicos e Catástrofes e tinha dinheiro suficiente para remodelar a casa. Era maior e mais elegante e o jardim enorme e florido.
-Estás entregue!- ele disse, fixando os seus olhos cinzentos nos olhos chocolate dela.
-Obrigado!- ela sussurrou. Ele aproximou a sua face da dela. Ela segurou a respiração, esperando que ele a beijasse mas nunca quebrando o olhar. Ele beijou-a, mas não nos lábios. Deu um suave beijo na bochecha pálida e sardenta dela.
-Achas que te posso convidae para jantares comigo amanhã?
-Acho que sim!- ela disse após recuperar dos momentos anteriores.
-Queres jantar comigo amanhã?
-Adoraria.
-Passo aqui ás oito para te buscar?
Ginny acenou afirmativamente.
-Boa noite Ginny!
-Boa noite Draco!
Ela viu-o desmaterializar-se e entrou em casa ainda pensando no que havia acontecido e no que não havia acontecido.- Ela desejára que ele a beijasse e ao mesmo tempo preferiu naquela maneira. Ela sentia-se atraida por ele, já fazia muito tempo que não tinha um namorado. Desde que ela e Harry haviam decidido terminar o namoro que ela não se interessára por mais ninguém e agora Draco Malfoy... ela estava confusa, no entanto, ele não a beijara, ele respeitara-a, ele não a queria como uma diversão de uma única noite, ele convidára-a para jantar. Hermione estava errada e Draco Malfoy tinha mudado realmente.
N/A: Quando a inspiração chega, tenho que escrever e foi o que aconteceu. Estava trabalhando na história "Gotas de Água" e surgiu-me esta ideia e escrevi. Espero que gostem. E por favor, deixem Review, façam-me feliz.lol.
