Nome do autor: Narcisa Le Fay

Beta: Miiih

Título: Despair without a reason.

Sumário: Alice chorava sem saber o porquê. Mas chorava.

Ship: Alice

Gênero: angust

Classificação: K+

Observações: Harry Potter não me pertence, mas essa fic sim. Captou o recado?

Fic escrita para o challenge relâmpago do fórum 6vassouras.

Tema do challenge: mãe.

Item usado: choro.

Despair without a reason.

Alice passara os últimos onze anos de sua vida chorando por uma razão que ela desconhecia. Todos os dias era um choro diferente. E todo dia, ela via uma ilusão diferente formada por sua mente. Ela sabia que eram ilusões porque ela sempre imaginava a única coisa que sabia ser impossível: Alice se imaginava sendo mãe.

Como alguém podia ser mãe se nem filho tinha?

Alice passava as segundas feiras chorando silenciosamente e encostada no parapeito da janela. Nesses dias, ela via uma moça ruiva abraçando-a e dizendo parabéns. Ela não conhecia a moça ruiva, mas não conseguia deixar de sentir falta dela e de sua alegria ao dizer a frase "Alice, seremos mães ao mesmo tempo! Frank e James não vão se agüentar!". Ela também não sabia quem eram Frank e James – o homem que dividia o quarto consigo não tinha nome ou expressão – mas ela também sentia falta deles.

E, estranhamente, sentia falta da barriga nunca crescida.

Na terças, Alice tinha o costume de rir de felicidade até chorar. Nesses dias, ela tinha a mente invadida por imagens de compras de enxoval de bebê. Tudo azul, verde e amarelo. Cores de um menino que nunca veria, mas que trazia uma alegria incontrolável. Daquele tipo de alegria que consome o seu ser e você sente que vai explodir.

Nesses dias, Alice chamava, em sua mente, a criança que nunca veria de Neville e repeti o mantra de que seria uma boa mãe.

Na quartas, Alice quebrava alguma coisa no quarto. O tal de Frank, seu amigo imaginado, tinha brigado com ela e o bebê teria a chutado de raiva – pois ele estava certo e ela não. Alice não gostava de ser contrariada e, sempre que isso acontecia, ela chorava de raiva.

Nas quintas, Alice comia muito. Em sua mente, ela precisava comer para alimentar o bebê. Então ela via pudins de leite, manjar e sucos na sua frente – quando, na verdade, comia uma rala sopa de hospital – e chorava de satisfação. Era bom comer; mas, melhor ainda, era comer para manter alguém especial vivo e contente.

Nas sextas, Alice era presa, pelos médicos, à cama e chorava e gritava de medo, raiva e preocupação. As frases "Vocês não vão pegá-lo" e "Não digo nada" eram o mantra do hospital e do homem no quarto. Claro, Alice não percebia que ele repetia as mesmas coisas que ela. Sua mente estava focada em um berço iluminado por luzes vermelhas.

Sábados e domingos, Alice não se levantava da cama. Ela não se mexia para nada, nem para comer. Faltava algo. Algo importante e vital para a sobrevivência. Algo que ela não conseguia se lembrar, mas que sabia que era por sua culpa que havia perdido.

Ela passava esses dias chorando por desespero e raiva de si mesma por ser fraca e perder. Por ser fraca e esquecer.

Mas então era segunda feira e ela se lembrava. Mesmo sem saber.

Fim.

Nota da autora: fic escrita para o 45º. Challenge relâmpago e minha primeira tentativa de trabalhar com a Alice. Espero que tenham gostado ^^

Reviews são bem vindo.

Beijos ^.~