Capítulo 1
"Wammy's House", dizia a placa por cima da porta de entrada, as letras já estavam gastas, mas notava-se perfeitamente os restauros feitos pelas crianças ao longo dos anos.
Margarida sentiu o sol a bater-lhe na cara ao sair do carro, a viagem tinha sido longa e os seus pais adoptivos estavam bastante cansados, pelos que entraram logo no orfanato para cumprimentar Watari. Margarida ficou paralisada é frente da porta principal, recordou todos os momentos que passara ali, a sua infância tinha aquelas paredes, aquele chão, aquelas rochas e aquelas portas como base. Avançou. Quando abriu a porta viu três crianças da sua idade, uma a comer chocolate, outro a jogar PSP e outro a remexer no cabelo. Não se conteve e correu para Matt, que deixou cair a PSP e deu-lhe um enorme abraço, dizendo:
- Estava cheio de saudades tuas! Nem sabes a falta que me fazes, nem consegui passar do nível seis com tantas saudades que tinha.
Ela sabia que para ele aquilo era como estar praticamente a morrer. Ainda agarrada a Matt, sentiu Near a puxá-la pela ponta das calças e Margarida largou Matt para receber o puzzle que ele lhe tinha feito, agradeceu e Near acenou com a cabeça. De seguida, aproximou-se de Mello, ele estava tenso, ela sentia-o, era algo estranho de explicar mas ela entendia-o melhor que ninguém. Deu mais uma trinca no chocolate e disse:
- O L está cá! – virou-se para Near e Matt e foi-se embora.
Margarida ficou em choque, esperava outra reacção dele, ou se calhar já sabia que ia ser assim, mas desejava um reencontro mais caloroso. Matt percebeu e pôs a sua mão pela cintura dela.
- Não ligues! – disse Near, caminhando com eles para a sala – Ele estava todo contente pelo teu regresso, mas não sei porquê ficou assim. – sentia-se um pouco de ironia nas suas palavras, mas ele nem teve tempo para explicar pois afastou-se deles rindo-se.
- O que ele quis dizer com aquilo?
- Nada. Esquece. – disse Matt, ainda agarrado á sua cintura e levando-a ao encontro de L – Não te quero ver triste, muito menos por causa do bastard do Mello. Temos de festejar o facto de teres voltado.
Sorriu. Ele tinha aquele poder, conseguia fazê-la sentir bem, fosse qual fosse a ocasião. Não era ao acaso que ele era o seu melhor amigo.
-Tens de me contar tudo.. como é a tua nova casa, como é a tua escola.. tudo mesmo!
Queria continuar aquela conversa, mas entraram na sala onde estavam todos, viu um grande grupo de crianças lá do orfanato de volta de L, entre eles estava Near e Mello, que os olhos com um ar de desprezo, deixando o seu coração apertado.
Margarida correu par L, há anos que não o via, estava na mesma. Abraçou-o sem pensar em mais nada e sem se aperceber começou a chorar, ele afastou-a e limpou-lhe as lágrimas.
- Se choras ao ver-me quer dizer que estás triste por me ver.
- Não! – disse ela alarmada – Não é nada disso! São lágrimas de alegria por te ver. Já não te via á tanto tempo.
L deixou escapar um sorriso, e Margarida ao ver o seu sorriso entusiasmou-se e continuou a falar:
- É que eu vim cá para passar as férias e já estava contente por estar com eles. Imagina como me senti ao saber que também estavas cá. Foi felicidade a dobrar, e tu sabes que isso é um fenómeno estranho em mim. Mas quanto a isso acho que até…
Parou de falar, não por causa de L, apesar de não falar muito com as pessoas, ouvir era o seu forte, gostava de interpretar as expressões de casa um ao falar. Parou sim por causa de uma mão. Uma simples mão que agarrarão braço de L, era Mello, que tentara captar a atenção de L ao tocar-lhe. Conseguiu, sabia que ele era bastante sensível a tudo o que se passava á sua volta, e rapidamente L pediu desculpa e deu a sua total atenção a Mello. Mello desviou o olhar para ela e riu-se na sua cara, mas rapidamente se envolveu de novo na conversa com L. Matt e Near ao verem a cena, agarraram em Margarida e levaram-na para longe dali.