O ano era 1966, a estação, King's Cross — Londres.
— Isso sim é um orgulho de família. — disse Walburga ao acompanhar a cunhada no embarque das filhas.
Por mais que tivesse tido dois homens, o que é essencial numa família de puros sangues, ela tinha inveja de sua cunhada, Druella.
Druella e Cygnus foram bem sucedidos desde sempre, isso irritava Walburga.
O casal namorou em sua juventude, casaram apaixonados, e seu irmão nem se importou quando ao invés de homens, a esposa lhe dera três, TRÊS meninas.
Ao contrario dela, porque seu tio-avô tinha sido um aborto, eles obrigaram que ela se cassasse com seu primo de segundo grau.
Isso era um costume normal em sua família, mas ela gostava de outro homem, e foi doloroso deixar tudo para trás.
Quando as duas meninas nasceram foi uma festa. Bellatrix era todo o sangue Black, Andromeda era Bellatrix, só que mais doce.
E ninguém imaginava que dois anos depois nasceria Narcissa, segundo Druella, Ciça veio como um presente de Merlin, pois a mesma não pretendia ter mais filhos, devido o fato de ter ingerido uma poção errada.
Narcissa era a coroa daquela família, era muito parecida com Isla Black e seus cabelos de ouro.
Diferente de todos os outros membros da família, dom dado somente às duas.
Walburga tinha ciúme também disso.
Quando Bellatrix fez cinco anos, Cygnus negociava sua união, já bem sucedida, com o mais velho dos Lestrange: Rodolfo.
Dois anos depois, a pedido de sua esposa, Andromeda teve sua união quase certa com Vítor Rosier.
E diferente do previsto, a menina mais nova passou pelos cinco anos sem ter sua vida programada, e seguiu assim.
Atos bem normais para essas famílias, e esse foi outro motivou que encheu de inveja Walburga, suas sobrinhas tiveram casamentos negociados com famílias maravilhosas.
Na verdade a mulher tinha raiva de tudo que os outros tinham, pois queria ter ou fazer igual.
— Walburga, não diga isso. Daqui a uns quatro anos é a sua vez. — disse docemente, Druella.
Era o primeiro ano de Narcissa em Hogwarts, ela esperou muito esse momento, ficar em casa o ano inteiro sozinha era muito difícil.
Embarcar no trem foi o complicado, Andromeda saiu com sua melhor amiga para um vagão qualquer e deixou a mais nova de lado. A irmã estava na idade de fofocar, e ter namoradinhos.
Bellatrix era a mais velha e já estava no quinto ano.
— Senta comigo Ciça. — disse Bela puxando o braço da irmã mais nova.
Entraram num vagão que estava relativamente cheio, Narcissa começou a sentir falta de ar, mas não era pela lotação, e sim porque Lucius Malfoy estava ali.
Claro que eles se viam em determinados eventos bruxos, ele mal olhava para ela, e só fazia um cumprimento quando seu pai estava presente.
Ela não podia culpá-lo.
Lucius não era do tipo que ficava amaciando os outros, mas ele era... Lucius.
A família Malfoy era tudo que Narcissa poderia sonhar, ela que sempre fora mimada e exigente estaria no lugar certo ao lado deles, e além de tudo, o Malfoy era lindo.
— Ei Black, esta muda? — um garoto perguntou sacudindo seu braço.
Só então ela percebeu que estava de pé no vagão, no meio de todos.
Ela olhou para o menino que a tinha tocado.
— Não me oponho se quiser ficar ai, mas se o trem balançar e você cair, não poderei fazer nada. Ou então, se cair no meu colo, posso te abraçar. — disse dando um sorriso maroto.
Narcisa ficou vermelha e deu um passo atrás, quando varias gargalhadas eram ouvidas no vagão.
— Bartô, deixa minha irmãzinha em paz, seu idiota. Ela ainda é muito nova para saber de abraços e colos. — Bela disse dando uma risada estranha.
— A é. Uma pena... — ele, que Narcissa descobriu se chamar Bartô.
E que ela agora o estava reconhecendo como Bartolomeu Crouch Junior.
A loira mais do que depressa se sentou na janela, ao lado de seu cunhado. Na verdade sua intenção era estar ao lado de Bela, mas Rodolfo era burro o bastante para sentar no meio das irmãs.
Como se a viagem não pudesse ser mais tensa, Lucius ocupou o lugar a sua frente. Ela olhava a paisagem, totalmente dispersa a conversa e risadas que sucedia no recinto.
Mas a única vez que ousou olhar para frente, um par de olhos cinza a encarava, o que a fez desviar rapidamente.
Lucius era o filho perfeito.
Bom comportamento, boas notas, bonito. Tudo que um pai poderia sonhar. E como recompensa, o pai deixaria para ele todo o império da família.
Claro que Lucius aceitaria tudo de bom grado, mas não entendia o porquê não tomar suas próprias decisões.
Céus, ele mal sabia falar direito e seu pai já mostrava as opções para uma esposa.
O mais importante era o sangue, o sangue puro.
Mas ele queria poder decidir por isso, ele nunca se casaria com alguém com ancestralidade duvidosa, só queria poder escolher.
Narcissa Rosier Black. Não que ela fosse impropria, era ate própria demais para alguém de uma família como a dele. Mas ele sabia como a caçula dos Black era criada, cheia de vontades e desejos.
E ela também era a primeira opção que seu pai lhe mostrou.
Abraxas dissera:
— Você vai escolher Lucius, tem essas alternativas.
Mas esse era o problema. Ele não queria as alternativas que seu pai impunha, queria decidir sua vida.
Ele tinha só doze anos, sabia uma infinidade de feitiços e mais da metade eram proibidos.
Conhecia milhões de magica obscura, mas só de pensar em casar o dava nojo. Decidiu que talvez essa opinião mudasse com o tempo.
— E para onde pensa em ir? — uma mulher que Narcissa julgou horrível, perguntou.
— Ir? — a loira perguntou, ao constatar que a pergunta era para ela.
— Qual casa né?
Bellatrix arfou.
— Aleto, esta de palhaçada ou o que? É uma injuria fazer uma pergunta dessa para um Black!
— Sabe muito bem que o chapéu vai enviá-la para onde merecer.
— Ciça é uma Rosier e Black, sabe quantos membros das duas famílias já passaram por outra casa que não fosse Sonserina?
Um silêncio se instalou no vagão.
— Ao contrario de sua família duvidosa... Nenhum, nenhum ancestral da minha família pisou em qualquer outra casa de Hogwarts. Ainda tem duvidas, de para onde Ciça vai?
A menina negou com a cabeça.
— De qualquer forma, tem ate casas decentes, Corvinal por exemplo. — um carinha disse.
— Eles ate são inteligentes. — disse Rabastan, esse ela conhecia bem, brincavam ás vezes.
— Alguns sangues-puros vão para Grifinoria.
— Ah sim, Arthur Weasley, Frank Longbottom... — Bellatrix disse com ironia.
Todos riram.
— Agora se você não tiver sangue-puro, não esta na Grifinória, não é inteligente... Fique na Lufa-Lufa. — nesse momento todos gargalhavam.
— A casa que aceita todos. — outro zuou.
— A escoria de Hogwarts.
E Narcissa sentiu um receio. Ficaria longe da Lufa-Lufa.
Ao chegar o trem, Narcissa teve que separar de sua irmã e seguir com os alunos do primeiro ano.
Quando entrou no salão principal, deu boas vindas a ser novo lar.
A chamada para o chapéu seletor se seguiu.
— Black, Narcissa.
E a loira andou graciosamente ate o banquinho, o chapéu deu um gemido ao tocar sua cabeça.
"Mais um Black, aonde mais poderia te colocar, se não na Sonserina?".
A menina deu um sorriso como se já esperasse isso, e saiu ajeitando o cabelo ate a mesa de sua casa.
— Bulstrode, Eloá.
"Sonserina".
...
— Goyle, Ronan.
"Sonserina".
...
— Scamander, Tom.
"Corvinal".
E esse ultimo, Narcissa achou muito bonitinho. Já tinha o visto e conhecia sua família.
— Goyle, eu disse para você não fica nervoso, com certeza estaria na Sonserina. — disse um garoto estranho sentado ao lado de Bartô.
— É um idiota mesmo.
— Crabbe, ano passado você ficou igual a ele. — Lucius Malfoy disse.
John Crabbe era um que Narcissa conhecia também. Ate mesmo a tal Eloá Bulstrode ela tinha ate conversado no aniversario do ano passado de Walden Mcnair.
— Luc, sem contar que ele morreu de medo quando o trem parou. Ah primeiro ano, lembro como se fosse hoje. — um outro disse rindo.
— Avery, vocês são crianças perto de nós, vê se pode Rodolfo, se achando por estar no segundo ano. — Bellatrix disse.
— São tudo crianças. — disse Rabastan.
— Falou o conselheiro, você esta no terceiro ano moleque. — Rodolfo disse para o irmão.
E foi o que bastou para seguir numa discursão saudável sobre quem era mais maduro, por fim, o assunto chegou a quem tinha mais ouro, quem era mais bonito, já tinha namorada.
Nesse ultimo Rodolfo ganhou por namorar Bela.
A caçula dos Black estava preparada para enfrentar os sete anos que seguiria em Hogwarts. Tinha gostado de todos de sua casa, já entrou num grupinho bem influente, era uma Black, afinal.
...
Em seu terceiro ano, aconteceram coisas diferentes. Diferentes do fato de ser a melhor aluna da turma e a mais bonita.
— Esta ocupado. — Molly Prewett disse.
Ruiva ridícula e simpatizante dos trouxas. Foi o pensamento de Narcissa.
Ela odiava Molly e seu namorado Arthur, eles estavam no ultimo ano, graças a Merlin. Quem odiava esse fato era Bellatrix que também cursava seu ultimo ano.
— Eu não me sentaria com você de qualquer forma. — a loira disse virando-se.
Andou mais uns vagões e entrou, Lucius estava dentro. Ela se sentou.
— Não permiti que sentasse. — o rapaz disse.
— Ah, por favor, Malfoy, pare de drama.
— Não é drama, é respeito.
— Tenha dó, ou você comprou esse vagão também?
— Engraçadinha Black, muito engraçadinha.
Narcissa sentou-se ali. Não tinha muito que conversar com Lucius, ele era amigo de Bela e não dela, apesar de estarem sempre no mesmo grupo.
— Cadê sua amiguinha bajuladora? — ele perguntou, se referendo a menina que vivia com a loira.
— Elóa não é puxa saco, esse cargo é para Ronan, John e Walden.
O loiro sorriu abertamente.
— Não vou negar. Sabe Narcissa, pessoas como nós temos que prosperar sobre os mais fracos, esta no nosso sangue reinar.
— Sei muito bem disso Lucius.
— Então, por que...
— Ciça? — entraram no vagão abrindo a porta com rapidez.
— Tom? — ela perguntou sem entender, olhando o garoto lindo a porta.
— Te procurei por todo trem. — ele disse sorrindo.
— Para?
— Vem sentar comigo, preciso conversar algo contigo.
Ela ia se levantar, mas lembrou de algo.
— Ah, mas não gosto daqueles seus amigos da Corvinal. — disse cruzando os braços.
Lucius sorriu, ela parecia uma criança birrenta assim.
— Eu sei que você não gosta e... O vagão é só nosso. — Tom Scamander disse.
— Lucius, realmente queria saber como seu discurso, com certeza perfeito, terminaria. Ate logo.
Ele deu um aceno com a cabeça e Narcissa seguiu com Tom.
Claro que ela já sabia o que viria, tinha ouvido coisas do tipo desde seu primeiro ano. "Você é linda". "Estou apaixonado". "Quer namorar comigo?".
A loira piscou. Por essa ela não esperava. Os garotos abriam seus corações para ela, mas não chegava ao ponto de pedi-la em namoro. Mas Tom estava aqui, segurando sua mão e pedindo para ser seu namorado.
— Tom, eu não sei. Não sei...
— Por favor. Serei um ótimo namorado, já faço tudo o que você me manda, me dê essa chance Narcissa.
— Ok, eu aceito.
Ele sorriu e colocou um bombom no formato de rosa em sua mão. Antes de beijá-la.
Ela não era apaixonada por ele, mas não era por ninguém, então que empecilho teria? Tom era um dos meninos mais lindos de Hogwarts, e isso bastava.
Mas o bombom ela jogaria fora escondido. Não ficava comendo qualquer doce por ai.
Narcisa permaneceu sendo uma aluna dedicada e inteligente, sua melhor amiga Eloá a acompanhava nesse ano também.
O namoro com Tom era ate interessante, ele mandava bilhete durante a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Porque as únicas matérias que Sonserina tinha com a Corvinal era essa e Quadribol, e nessa ultima matéria... Pode se esquecer dos rapazes.
Com ele, Narcissa deu seu primeiro beijo, foi estranho. Ele tinha a sua idade e não parecia saber direito o que fazer.
Mas eles dividiam varias coisas, e os beijos não eram tão importantes em seu namoro.
Outro assunto pouco comentado era sobre trouxas, Ciça sempre deixou claro que como todos de sua família abominam a mistura.
Ela bem sabia que ele tinha outros pontos de vista, mas para não irritá-la, evitava falar.
— Então quer dizer que no fim do ano, teremos um Black a menos em Hogwarts. — disse Aleto.
— Como você me irrita, vou me formar. E dai? — Bellatrix disse.
— Verdade, não tem nada de mal em se formar. Agora Bela se casa e tem filhos para eu babar todos. — disse Narcissa com cara de sonhadora.
— Bela com filhos? É serio Ciça que você consegue imaginar essa cena? — Andromeda perguntou rindo.
— Bellatrix gravida. Rodolfo balançando um bebe com cólica de madrugada... Pago muito para ver essa cena. — disse Lucius rindo acompanhado de Rabastan.
— Não quero ter filhos e não terei. Rodolfo já sabe, não é minha caveirinha? — ela disse apertando a bochecha do noivo.
O casal tinha noivado durante as férias. Bruxos se formavam e não tinham porque enrolar para casar. Principalmente nos casos como de Bellatrix e Rodolfo, que tem seu casamento proposto desde quando eram crianças.
A festa de noivado foi luxuosa e para poucos convidados.
