Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.
SORRISOS, SEGREDOS E ENGANOS
Side story da fanfiction "O Casamento"
por Chiisana Hana
Capítulo I
Sentados na escadaria em frente à primeira casa zodiacal, ou para o que sobrou dela depois da última guerra, Dohko e Mu conversavam.
– Enfim, de volta... – disse o ariano, contemplando o horizonte, e deu um longo suspiro de alívio.
–É, meu caro – assentiu Dohko, dando-lhe um tapinha nas costas. Sentia o mesmo alívio experimentado pelo amigo.
Estava acabado. A guerra chegou ao fim. Hades foi derrotado. Deviam estar todos mortos, no entanto, não se sabia como, todos estavam de volta, vivos. Alguns foram levados ao hospital, muito feridos e debilitados, mas não corriam risco de morte.
Mu sorriu e olhou ao redor. O Santuário estava parcialmente em ruínas, especialmente as Doze Casas, mas o mundo estava salvo.
– Foi bastante proveitoso – ele disse. – Aprendemos a recriar a luz do sol...
– Sim. E nossos garotos de bronze foram aos Elíseos.
– Aqueles meninos são incríveis. Eu penso, penso, penso e não acho uma explicação para tudo que eles conseguem fazer.
– Não pense, Mu. Não pense. Essas coisas são tão inexplicáveis quanto o amor.
– Ah, são? E por que razão eu vejo em seus olhos um brilho sarcástico de quem sabe, ou pelo menos imagina, qual seja o segredo?
– Segredo? – indagou Dohko, dando um longo suspiro. – Não há segredo. O que eu sei é que aqueles cinco garotos podem fazer milagres.
– Está todo orgulhoso de seu discípulo, não é?
– Você nem imagina quanto. Se eu tivesse um filho, gostaria que ele fosse exatamente igual a Shiryu. Na verdade, eu sinto como se ele fosse um filho. E eu sei que, apesar daquela pose de discípulo sério e obediente, ele também se sente meu filho.
– Tenho certeza que sim. Você sabe como ele está?
– Está no hospital, junto com os outros companheiros de bronze. Foram todos levados ao Japão. Mas não estou preocupado. Sei que ele vai se recuperar. Ainda não chegou a hora de Shiryu, principalmente porque ele e Shunrei têm que se entender. Aqueles dois foram feitos um para o outro.
– Mais uma vez aquele brilho misterioso no olhar... – observou Mu.
– Não. De onde você tirou essas ideias? Não há nada de misterioso.
Kanon aproximou-se dos dois.
– E então, sobre o que conversam? – ele perguntou, sentando-se ao lado deles.
– Sobre os garotos de bronze – Mu respondeu –, sobre o inferno, sobre as coisas inexplicáveis da vida...
– Acabamos de voltar… – resmungou Kanon. – Deviam estar falando de outras coisas...
– Sugira um assunto – disse Dohko.
– O novo Mestre, por exemplo. É verdade que o novo Mestre é você?
– Sim, é verdade – Dohko respondeu. – Falei com a deusa e ela me deu mais essa missão, já que agora estou jovem outra vez. Entretanto, não pretendo ficar no cargo muito tempo. Só pelo tempo suficiente para observá-los e escolher meu sucessor. Portanto, andem todos na linha!
– Sei que não passa pela sua cabeça a possibilidade de me escolher – disse Kanon.
– Não se preocupe porque não passa mesmo! – riu Dohko. – Não é nada pessoal, meu companheiro. Mas ainda é cedo para isso. Temos que reerguer o Santuário.
– E como estão os outros dourados? – Kanon perguntou, mudando de assunto. Queria, na verdade, saber do irmão.
– Foram levados para o hospital para exames – respondeu Mu. – Aldebaran, Shaka e Milo estão bem agora, devem voltar logo. Os outros ainda não sabemos como vão ficar. E Orfeu já está no alojamento dos cavaleiros de prata.
– Orfeu? – surpreendeu-se Kanon. – Não sabia que ele tinha voltado...
– É, ele também voltou do mundo dos mortos – Dohko confirmou. – Você sabe, ele não morreu, foi vivo para lá... Por isso, voltou conosco.
– Ah, sim... Ele deve estar achando tudo estranho. Tinha ido há tanto tempo...
– Sim, mas ele logo vai se acostumar – disse Mu, pensando se isso era mesmo verdade. Achou que seria bom conversar um pouco com ele mais tarde, saber se precisava de algo.
– O que vamos fazer agora que não temos mais as casas do Zodíaco Dourado?
– Nós vamos colocar a mão na massa para reconstruí-las, Kanon – Dohko respondeu. – Começamos amanhã, às seis em ponto. Espero que você venha ajudar.
– Está brincando, não está?
– Não estou, não. A Fundação GRAAD já contratou centenas de homens, mas quanto mais gente, melhor. A deusa quer o Santuário reconstruído o mais rápido possível.
– Isso mesmo – disse Mu, rindo. – Mãos à obra, Kanon!
– Para você é fácil, não vai nem precisar sujar as mãos. Vai ficar usando telecinese para tudo.
– Como não? Sou eu que vou restaurar a estátua de Athena. E ainda tenho que reconstruir todas as armaduras destruídas!
– Sei...
– Se não quiser ajudar nas obras – disse Dohko –, vai ter que ajudar na cozinha. É muita gente para alimentar.
– Agora viramos empregados da Fundação GRAAD? – Kanon perguntou, um tanto indignado.
– É para o nosso próprio conforto – justificou Mu. – Também quero ver esse lugar reconstruído. Além do mais, no fundo, somos empregados da Fundação. Eles vão nos pagar um salário, ou soldo, como quiser chamar.
– Isso – assentiu Dohko. – Em breve irei ao Japão para conversar pessoalmente com a senhorita Kido sobre essas coisas. E ela ficará sabendo da sua recusa em participar da obra.
– Eu não me recusei, ok? Só estou reclamando! Não pode reclamar também?
– Pode, claro! – Dohko disse, rindo, e deu um tapinha nas costas de Kanon.
Enquanto isso, no alojamento dos cavaleiros de prata, Orfeu olhava tudo com curiosidade quase infantil.
– Esteticamente isso aqui não mudou muito – ele disse a Shina, que o acompanhava. – Mas as pessoas... não conheço mais ninguém. E onde estão os cavaleiros de prata?
– Mais adiante, no cemitério – ela respondeu tentando parecer indiferente. – Você não os encontrou lá no inferno?
– Não... Eu raramente saía de perto de Eurídice.
Pensar em Eurídice deixou-o com um aperto no peito. Estava de volta à vida, o que significava que não ia mais vê-la. Fechou os punhos, procurando controlar o que sentia. Não queria ter voltado... Tinha ido por escolha própria, por que razão os deuses trouxeram-no de volta? Havia alguma razão?
– Ah, tá – Shina disse, desinteressada, e entrou em sua casa. Orfeu a seguiu.
– Como eles morreram? – Orfeu perguntou, deixando de lado as próprias dúvidas.
– Resumidamente, houve uma revolta – Shina começou a explicar. – Os cavaleiros de prata receberam ordens para eliminar cinco cavaleiros de bronze que supostamente eram traidores de Atena e acabaram mortos por eles. Então, esses mesmos meninos invadiram o Santuário, derrotaram os dourados e depuseram o falso mestre, que na verdade era o Saga. Depois, eles derrotaram os guerreiros-deuses de Asgard e depois, os próprios deuses mesmo.
– Inclusive Hades… – ele completou, ainda pensando no propósito de estar de volta.
– É. Essa parte você sabe.
– Só conheci dois dos cavaleiros de bronze, Seiya e Shun.
– Os outros se chamam Ikki, Shiryu e Hyoga.
– Eles têm nomes engraçados...
– Não são engraçados, são japoneses. Bom, o Hyoga é meio russo, mas o nome é japonês. Agora chega de conversa. Você pode ficar nesse quarto que era do meu discípulo.
– Não, obrigado. Não acho certo desalojar seu discípulo.
– Ele não vai se importar. Agora vive no cemitério, junto com nossos coleguinhas de prata.
– Sinto muito.
– Sente nada. Você nem o conheceu o Cassius... Ele era muito corajoso. Não tinha muito cérebro, tenho que admitir, mas coragem era uma coisa que não lhe faltava.
– Desculpe, mas, como ele morreu?
– Morreu por mim... para salvar uma pessoa importante pra mim. – Ela deu um longo suspiro. – Mas isso ficou no passado. Já joguei muita conversa fora e tenho mais o que fazer. Você fala demais, sabia?
Shina saiu, deixando-o sozinho.
– Está bem, Shina. Está bem – ele disse, consigo. – A máscara me impede de ver seu rosto, mas eu pude perceber que está triste. Não sei o porquê, mas creio que tenha a ver com a guerra que acabou.
Do lado de fora de casa, afastando-se um pouco para não ser vista ou ouvida, Shina retirou a máscara e chorou copiosamente, até colocar para fora toda a dor que estava sentindo. Depois, saiu andando a esmo pelas ruínas do Santuário.
– Seiya... – ela murmurou consigo, enquanto andava. – Cassius morreu para salvá-lo e agora você também está morto.
Distraída, ela esbarrou em Dohko.
– Estou sem máscara! – ela gritou, virando-se e cobrindo a face com as mãos. – Não olhe meu rosto!
– Não vai ter problema se eu olhar – ele retrucou. – As máscaras vão ser abolidas muito em breve, Shina.
– Por quê? – ela perguntou, pois não esperava essa resposta.
– Porque não faz mais sentido.
– É uma regra muito antiga do Santuário...
– Regras existem para serem quebradas.
– A deusa está sabendo dessas modernidades?
– Sim. E ela concorda. Mas eu ainda vou ao Japão para confirmar tudo pessoalmente.
– Então enquanto não confirmar, nada de me olhar sem máscara.
– Relaxe, Shina. A máscara não é mais importante.
Ela o ignorou. Antes de recolocar a máscara, enxugou rapidamente o rosto molhado de lágrimas.
– Por que você estava chorando? – ele perguntou.
– Eu não quero falar – Shina respondeu.
–É por causa dele, não e?
– Ele quem?
– Não se faça de boba. Eu sei que você ama o Seiya.
Ela quis gritar que ele não sabia de nada, que não se metesse nos assuntos dela, mas só conseguiu chorar mais.
– Mestre... eu... ele... – ela começou, entre lágrimas. – Ele está morto...
– Quem lhe disse isso? O Seiya está no hospital!
A resposta de Dohko pegou-a de surpresa. Como assim ele não estava morto? Era verdade que ninguém tinha lhe dito isso, ela simplesmente achou que ele estava morto e tomou isso como verdade.
– Não está morto? – ela perguntou, querendo uma confirmação.
– Claro que não! – Dohko disse, rindo. – Inclusive Marin está indo para o Japão para levar Seika até o irmão. Por que você não vai também? Vá visitá-lo. Será bom pra você. E para ele também, claro
– Eu não devo ir – ela respondeu, embora quisesse muito. – O que é que eu vou fazer lá?
– Como assim o que vai fazer lá? Vai ficar perto de quem você ama, ora! Shunrei está indo para lá, ficar com Shiryu. Você vai pelo Seiya.
– Seiya já tem quem cuide dele – ela falou, sentindo um doloroso aperto no peito. Não era segredo que a deusa se preocupava com ele mais do que com os outros.
– E daí? Você quer ir, então vá! Shina, acabou a guerra! Agora é hora de viver em paz. E quando eu falo viver, é viver mesmo, conhecer todas as suas nuanças, ter alegrias e tristezas, momentos bons e ruins, dores e prazeres. Isso é se sentir vivo! Do que adianta você ficar aqui, angustiada, sofrendo? Vá lá lutar por ele!
– Eu já perdi essa batalha...
– Esse não é o espírito dos guerreiros de Athena. Desistir antes de lutar? Não estou reconhecendo você.
– Eu vou pensar, ok?
– Pense rápido. Marin partirá amanhã ao entardecer.
Shina retornou a sua casa, pensando no que o novo Mestre do Santuário havia dito. Dohko seguiu em direção à casa onde ficará temporariamente alojado, a qual dividirá com Mu e Kiki.
– Tão corajosa e ao mesmo tempo tão frágil – ele murmurou pelo caminho, pensando em Shina. – É isso que o amor faz com as pessoas...
Continua...
-S-A-I-N-T-S-
Notas da autora
Aqui está a famigerada fic dos dourados! Aí está minha tentativa de escrever com os golds. Achei bem complicado, mas espero que esteja legal.
A intenção é mostrar o que estava acontecendo no Santuário enquanto os fatos mostrados em "O Casamento" se desenrolavam no Japão. É compreensível mesmo para os que não leram a fic original, até porque as partes essenciais serão transcritas.
O prólogo de "O Casamento" também se aplica a essa fic e está logo aí, abaixo da notinha...
O nome da fic foi retirado de um verso da música "Com'è Straordinaria la Vita", da Dolcenera! Ouçam Dolceeeeeee! Nina, obrigada por me apresentar essa cantora óóóóótimaaaaaa!
Ah, essa vai ser publicada quinzenalmente e não semanalmente como "O Casamento".
Xauzin!
02/08/2017
É, resolvi reescrever essa fic... Embora eu queira mudar muita coisa, não vou fazer isso, vou só mudar o formato de roteiro, porque essa fic ainda está em andamento e eu não aguento mais escrever assim! Sério! Tá um saco!
Então é isso, vou reescrever toda, mas acontecerá aos poucos, pois são 37 capítulos. Sempre que eu tiver tempo, pego e arrumo um capítulo antigo. Os novos já sairão no formato novo.
Obrigada a todos que acompanharam desde o começo! E se você está chegando agora, seja bem-vindo!
Beijos
Chii
