Ela olhou pela janela do trem e respirou fundo, conforme ele andava ela contava, um, dois três...
Quando estava lá pelo número 200 uma mulher simpática com um carrinho de lanches a tirou de seus pensamentos, oferecendo café. Deus, ela odiava café. O cheiro forte e azedo impregnava o ar e a deixava de mau humor, "isso" ela pensou com dando um sorriso zombeteiro, "como se piorar o seu dia fosse possível". Ela dispensou a mulher e voltou aos seus pensamentos, ali ela estava segura, havia passado muito tempo trabalhando nas defesas de sua mente, transformado ela em uma muralha.
Olhou para os outros passageiros com desdém, havia um homem acima do peso, com roupas pelo menos dois números menores que a sua, tirando meleca do nariz e a observando como se fosse a coisa mais interessante da face da terra. "Bem", ela pensou com nojo, "pode ser a coisa mais interessante que ele vai conseguir mesmo". Um homem negro bem vestido, com um brinco de brilhante na orelha esquerda estava sentado duas cadeiras depois, digitava furiosamente em um celular, como se aquilo dependesse sua vida. Além destes dois passageiros havia uma garota, mais ou menos da idade dela olhando despreocupadamente a janela. Por um momento ela sentiu um pouco de inveja, queria ser uma garota normal, despreocupada, observando a passagem com pressa de chegar em casa.
Pena que para ela não seria bem assim. Ainda estava rastreando o traidor, não acha-lo estava começando a deixa-la preocupada, o mestre já havia expressado seu descontentamento por ainda não ter arrancado o couro daquele imprestavelzinho e feito um tapete, não se traia o mestre e vivia para contar a história. Eram essas as regras, não que ela gostasse, ou tivesse escolha, eles não escolhiam, eram escolhidos. Sempre foi assim, sempre seria.
Seu dia havia sido uma porcaria, tudo que ela não queria era se meter em uma boate imunda atrás daquele rato, infelizmente para ela, ratos sabiam se esconder. Ela não tinha esperança de encontra-lo hoje, ele foi burro de ter traído o mestre, mas não era estupido ao ponto de continuar á vista de todos, ele sabia que seria procurado, era só questão de tempo até ele cometer um erro, essa busca toda era insana na sua opinião. A previsão era que a semana, o mês, o ano fosse uma droga. Amanhã era dia 1 de setembro, uma longa viagem, aluna nova, a vista de todos. Isso a deixava desconfortável, preferia passar despercebida, ficar nas sombras observando. Ela não teria tanta sorte.
Observou o trem chegando na sua última parada, e se preparou para descer, enquanto isso, o homem gordo parecia se despedir de sua meleca, passando o dedo embaixo do banco. O homem negro parecia mais aliviado e tranquilo, enquanto a garota a observou e sorriu.
Ela virou fez uma careta e virou a cara, essas pessoas não a interessavam. Ela tinha trabalho a fazer.
N/A: Hoje é um daqueles dias que bate uma nostalgia, a maioria das minhas amigas daqui no F.F sumiu, como eu também tinha sumido (vida, ó vida). Resolvi postar esse quase capitulo/conto porque agora estou livre e deu uma saudade de escrever :D
Caso vocês queiram eu continuo. Reviews fazem e sempre fizeram bem para a alma.
