Capítulo 1: Conhecendo o adversário
Chego em casa agora depois de passar o dia sentada resolvendo pepinos no escritório, e ainda tenho que ir para o aniversário de um juiz do fórum. Oh vida a minha! O que eu mais queria hoje era tomar um banho e assistir uma maratona de Friends, mas não posso faltar, já que o aniversariante é Aro e ele me convidou pessoalmente. Ele me trata como se eu fosse sua filha e sempre foi tão bom comigo. Irei para não fazer desfeita e pelo menos para dar um beijo e o presente que comprei.
Não posso demorar, amanhã tenho uma causa importante pra defender e o pior, não sei quem será o promotor, o Demetri se demitiu para ir trabalhar em um fim de mundo qualquer como delegado; eu me dava bem com ele, agora vou ter que enfrentar um completo desconhecido. E não gosto de ficar em desvantagem.
- Bella vai logo tomar banho, o jantar é às 20:00h. – falou Alice assim que me viu passar pela porta.
Alice é minha melhor amiga há seis anos, considero-a como uma irmã. Ela tem um relacionamento conturbando com seu namorado, Jasper, de quem tem ciúmes porque ele é ator e fica rodeado de mulheres.
- OK, Allie, em uma hora fico pronta. Rose vai direto ou passa aqui? – gritei quando cheguei ao meu quarto, largando em seguida minha inseparável pasta em cima da cama e retirando os sapatos.
- Acabei de ligar e ela disse que estava vindo. Só falto à maquiagem e os sapatos, então adiante, você sabe que não gosto de chegar atrasada. – disse atrás de mim, só agora percebi que ela estava me seguindo.
Alice é super pontual e se irrita quando as pessoas se atrasam. Ela sempre comparece aos eventos em que eu e Rose somos convidadas, afinal ela conhece uma boa parte dos clientes fixos nesses eventos e teve a sorte grande de conhecer o Jasper por lá.
Tomei um banho refrescante que me fez relaxar no mesmo instante em que a água tocou meu corpo, deixei pra lavar o cabelo depois senão iria demorar mais para me arrumar, teria que secar o cabelo e ai já viu, Alice iria pirar. Peguei um vestidinho evasê preto, combinando com sapatos azuis, colar de perolas que vovó me deu e uma bolsa carteira um tom mais forte que os sapatos e em 50 minutos fiquei pronta, não demorando mais, porque Alice fez a delicadeza de gritar avisando que Rosalie tinha chegado.
Quando finalmente chegamos a casa – digo, mansão – de Aro, o relógio do carro marcava 19:40 PM. Quando entramos na casa tinha gente em todas as partes, a maioria reconheci que eram do fórum e de outras instancias. Não demorou muito para Aro me encontrar e cumprimentar como costumeiramente, um abraço e um beijo no topo da cabeça.
- Aro, feliz aniversário! – exclamei, o abraçando e dando o presente que tinha comprado há uma semana, uma caneta tinteiro Montblanc.
Alice e Rosalie tinham sumido há algum tempo atrás e eu fiquei conversando com Aro e sua esposa até anunciarem que o jantar seria servido. Pelo que pude constatar assim que entrei na enorme sala de jantar, seguindo o casal, a mesa era repleta de bom gosto, talheres de prata, pratos de porcelana e os nomes dos convidados minuciosamente padronizados em frente às cadeiras. Se bem conheço minha amiga, Alice deve estar elogiando o lugar.
Encontrei o lugar que a mim foi designado e espiei para ver quem estaria do meu lado, com decepção constatei que não seria nenhuma das minhas amigas e ninguém que eu conhecesse. Não demorou muito, um cara estranho, alto de mais e musculoso demais sentou ao meu lado direito, o sujeito não muito agradável insistia em falar comigo durante o jantar. Enquanto isso a cadeira ao meu lado esquerdo continuava vazia.
- Lindo o seu nome Isabella, por falar em nomes o meu é Jacob Black – grunhiu estendendo a mão para me cumprimentar. Quem estava falando em nomes? Eu só respondia "hums" e "hams", deixando-o num monólogo. – Hum... essa carne está um espetáculo não? E esse molho... – fez uma cara que me deu nojo, comendo de boca aberta.
- Aham... – continuava respondendo com monossílabas para ver se esse tal de Jacob se tocava que ele não faz o meu tipo. Geralmente homens que parecem ser mecânicos sujos de graxa e que tem posters de mulheres peladas na oficina não fazem o meu tipo. Tudo bem que ele não está sujo de graxa nem nada, mas aposto que tem os posters no quarto.
- E aí, da onde você conhece o Aro? – continuava ele numa tentativa fracassada de conversar comigo.
- Do fórum. – opa, agora são duas palavras, tomara que ele não entenda isso como algum tipo de esperança comigo, pensei irônica.
- Que legal, eu sou dono de uma oficina de carros, eles sempre deixam os carros lá para a revisão – falou como se eu quisesse saber da vida dele.
- Hum... – foi só que respondi.
- Tem namorado? Por que quem sabe não podíamos sair num dos meus carros e depois... – antes que ele pudesse acabar de falar das promiscuidades que ele queria fazer comigo, ouço uma voz salvadora, uma voz rouca e sexy, diga-se de passagem.
- Querida cheguei, desculpa o atraso – um homem que eu nem conhecia falou comigo, me virei para o lado que ele estava, o meu lado esquerdo, e me deparei com um dos homens mais lindo que eu já tive o prazer de ver. Altura na medida certa, musculoso mais nem tanto, bem vestido, cor de cabelo estranhamente bronze e olhos verdes intensos, parecendo duas esmeraldas que me fitavam. Lindo demais para ser hetero. – Fiquei preso no escritório, o que eu perdi? – continuou, falando naturalmente como se fossem íntimos, uma coisa que eu gostaria. Ôh se gostaria.
- Tudo bem, só perdeu o jantar – eu disse, colocando minha mão sobre a dele, entrando no jogo e fazendo parecer que erámos um casal.
- Pelo menos cheguei a tempo para sobremesa – falou sorrindo para mim, um sorriso torto que me deixou um pouco tonta. – Quem é o seu amigo? – gesticulou na direção do insuportável.
- Ninguém... – respondi sorrindo – Quer dizer, acabei de conhecer – tudo bem que o cara é chato e não se toca, mais não preciso esculhambar, o cara está do meu lado, quem sabe se ele não é um psicopata e pega a faca suja e me corta? – Qual é o seu nome mesmo? – me dirigindo ao homem das cavernas.
- Meu nome é Jacob e acabei de conhecê-la – falou o bobão para o gato do meu lado. A diferença entre os dois era visível.
- Prazer, sou o Edward, e Isabella é minha namorada – ele disse olhando para o papel com meu nome, disfarçadamente.
- Ah! Desculpe-me, eu estava cantando sua namorada.
- Normal, acontece sempre. Quem manda eu ter uma namorada linda, não é mesmo? – suspirei ouvindo-o falar. Eu ouvi mesmo esse gato dizendo que eu sou linda?
- Pois é, queria eu ter uma dessa. – aproximou-se de mim – Se um dia vocês terminarem liga para mim, boneca – sussurrou e entregou-me um cartão com o número dele. – Com licença Isabella, Edward – falou, levantando-se e indo numa direção que nem me importei de olhar.
- Obrigada, eu sei que foi um esforço enorme para você fazer isso. – falei amassando o cartão antes de jogá-lo na mesa.
- Não, quê isso, foi um prazer. – disse Edward sorrindo torto e me fazendo perde a respiração. Como um cara gay pode ter tanto sex appeal? Devia ser proibido.
- Não, tudo bem, pode falar a verdade; sem preconceito. – o incentivei, acariciando lhe a mão, que fez uma cara confusa. – Eu sei que você é gay. – disse pausadamente como se explicasse uma coisa a uma criança. Ele me olhou durante um tempo e se acabou na risada, gargalhou tão alto que todos os convidados pararam de conversar e comer a sobremesa e ficaram nos olhando. – Ele se engasgou gente – enrolei e para disfarçar dei uns tapinhas nas costas dele com a mão que estava livre. Pude sentir os músculos pelo terno e com esse breve contato me arrepiei.
- Bella, posso te chamar assim, não é? – confirmei com a cabeça. Claro, ele pode me chamar do que quiser. – Eu não sou gay. – disse ainda rindo. Minha cara foi no chão e voltou. Que mico.
– Desculpa, é que pensei que... e você se veste bem e é bonito e ... – parei, não sei mais o que dizer para me explicar para ele. Retirei minha mão de cima da dele, constrangida, afinal eu disse que o cara é gay. Posso sentir minhas bochechas assumirem um tom rosado.
- Tudo bem, quer dizer que sou bonito é? – continuou, como se eu não tivesse acabado de pagar um mico. Talvez para me tirar da frustração.
- Até parece que você não sabe disso – falei antes que pudesse raciocinar. Qual a criatura normal que raciocinaria com ele olhando desse jeito? – E você me acha linda mesmo ou só disse isso para o tal de Jacob se tocar?
- "Até parece que você não sabe disso" – citou-me – Realmente te acho linda, é uma pena eu não poder ficar mais para conversarmos, só vim mesmo dar parabéns ao meu tio. Tchau Bella.
Ele se distanciou antes mesmo que meu cérebro pudesse captar que o tio dele é o aniversariante, ou seja, Aro. Bom saber.
