Hetalia e seus personagens não me pertencem, são de Hidekaz Himaruya e qualquer outro que detenha seus direitos autorais.
Obrigada à Blanxe, que betou a história.
Boa leitura!
O amor não está à venda
Capítulo 1
- Eu não quero mais me apaixonar.
Declarou em voz alta – apesar de a mesma ser naturalmente suave e baixa, não ressoando com força. Sabia que ninguém iria ouvi-lo - já que era exclusivo dele fazer visitas frequentes ao telhado da escola - e esse foi justamente o maior motivo para afirmar aquilo com tanta confiança e em um tom audível.
Os olhos castanhos se abriram, de imediato afetados pela claridade excessiva, o que forçou o rapaz a semicerrá-los. Por mais que doesse, adorava fitar o infinito azul do céu. Como de praxe, estendeu o braço, mas seus dedos apenas tocavam o vazio. Talvez fosse algum tipo de masoquista, pois sabia que o que queria era inalcançável.
O sinal do horário se sobrepôs a qualquer outro som, fazendo com que o nipônico finalmente se levantasse para juntar a toalha em que estivera deitado e o obentou que sempre trazia de casa, e voltar, em seguida, à sala de aula, com um suspiro escapando pelos lábios finos. Ainda tinha muitos horários para aguentar, porém não podia fazer nada quanto a isso.
Este era Kiku Honda, vivendo cotidianamente sua vidinha normal e medíocre.
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- Tsc.
O som de um estalo escapou da boca do observador, enquanto este se afastava do espelho. Não devia errar, não tanto! Se chegou ao ponto de fazê-lo dizer aquelas palavras, só significava uma coisa...
- Arthur.
A voz grave e séria chamou, fazendo com que endireitasse a postura e fosse pesadamente ao encalce dela. Passando pelo extenso corredor, chegou às imensas portas brancas, sem precisar parar para se anunciar, pois o mesmo tom falara um "entre". Respirando fundo, obedeceu, caminhando até perto do trono de nuvens e abaixando a cabeça para seu superior.
- Sim, senhor?
- Vejo que está falhando muito com seu protegido. Ele já entrou no terceiro ano do colegial e você ainda não teve um acerto... Assim ele irá se formar sem viver um grande amor.
- Sim, senhor.
- E então você sabe o que acontece.
O loiro estremeceu, mas voltou a concordar.
- Sim, senhor.
O superior revirou os olhos.
- Você terá até o final do ano para fazer algo direito.
- Sim, senhor.
- Pode se retirar – fez um gesto com a mão, como se fosse algo banal. – E trate de melhorar sua personalidade, porque você é um chato!
Os olhos verdes se estreitaram quando franziu o cenho, mas o rapaz murmurou com obediência mais um "sim, senhor" e se retirou.
Todavia, agora tinha um problemão para resolver. Como fazer Kiku se apaixonar por alguém que vale a pena? Tinha seus poderes, mas não podia forçar; ele só gostaria de alguém que já tivesse certa tendência a fazê-lo. Caso contrário, só proporcionaria mais e mais sofrimento ao pequeno.
Voltando às suas acomodações, aproximou-se da fonte de água, materializando a imagem do japonês. Qualquer superfície espelhada servia para seu propósito, assim poderia sempre observá-lo de longe. Ainda era um guerreiro que deveria ajudar aquele quem devia proteger, guiando e dando força. Não se permitiria falhar novamente (e nem podia, pelo bem de sua posição).
Talvez fosse hora de se levar a sério. Tinha feito seu trabalho muito mal até aquele momento, devia agir mais diretamente... Afinal, situações drásticas pedem medidas drásticas, não é mesmo?
Deixando a hesitação de lado, vestiu a armadura e pegou as flechas e o arco, prendendo-os às costas antes de se retirar.
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O sol se punha no horizonte através das janelas de vidro da sala de aula. O cenário seria agradável e romântico, se não fosse tão solitário. Ao menos, logo poderia ir embora, das tarefas pelas quais era responsável no dia, só faltava entregar alguns papéis na sala dos professores. Reunindo coragem, ergueu-os e dispôs-se a caminhar em direção ao local de destino.
Definitivamente, era masoquista. Sentia algum prazer em ver o pátio tão vazio quanto sua vida, motivo pelo qual caminhava perto das janelas do corredor.
Foi inevitável parar quando viu uma alma viva naquele lugar, franzindo de leve as sobrancelhas. Todos já deviam ter ido embora àquele horário. Só restavam na escola os funcionários de limpeza e os alunos em seus respectivos clubes... E, claro, Kiku Honda demorando a realizar suas tarefas, já que sua dupla faltara.
Apoiou as folhas no batente, ignorando o fato de que assim demoraria mais a realizar seu dever. Não se preocupava por um motivo: ninguém esperava por ele – tanto para entregar os papéis quanto em casa. Como ninguém reclamaria, caso se atrasasse, não havia problema se interromper por um instante e colocar-se na posição de observador.
Estava curioso: quem seria aquele? Analisava a silhueta, mas não se recordava de ninguém com aquele tipo físico (embora admitisse não conhecer muitas pessoas).
Quando ia desistindo de descobrir, precisou fechar os olhos por causa de uma brisa mais forte que lhe envolvera. No processo, os documentos que carregava esvoaçaram, espalhando-se pelo lado de fora com uma rapidez impressionante. Até conseguiu segurar alguns, mas bem poucos, ficando a encarar a cena que se desenrolava sem poder fazer algo para impedir.
Não deixava de ser bonito ver o branco envolvendo aquele desconhecido como se o vento estivesse sendo controlado por ele (o que sabia ser coisa exclusiva de sua cabeça repleta de influências de jogos e animes). E, assim como em uma cena de mangá – ou um passe de mágica –, o rapaz se virou para si.
Kiku não conseguiu evitar ficar surpreso. Com as folhas voando, de início, só viu os olhos azuis como o céu e, em seguida, algumas mechas amareladas que caíam ao lado dos mesmos. Pensou que aquele garoto era como o dia, embora apenas dois segundos depois reparasse que seu "dia" estava nublado. Lágrimas escorriam pela face alheia e sentiu o coração apertar, especialmente após o olhar surpreso que ele lhe direcionara.
De imediato, desviou os orbes castanhos, sentindo as bochechas quentes. Não sabia como o loiro era, mas odiava quando o pegavam chorando. E se sentia desconfortável quando via alguém nessa situação, porque não sabia como agir, mesmo não sendo da sua conta.
Quando reparou através da visão periférica que o rapaz enxugava as lágrimas na manga do casaco, deixou aquele assunto de lado e deu-se conta de que tinha de pegar tudo que fora espalhado. Iria ser responsabilizado caso algo se perdesse!
Olhou para os lados, teria de dar a volta para sair pela porta. Aproveitou que não vinha ninguém para cometer um ato necessário de vandalismo: colocou uma das mãos na janela, usando-a como apoio para o corpo, agachando-se no batente da mesma. O vidro poderia ser baixo, mas não daria para atravessar com calma sem pisotear as flores, saltando então para depois do canteiro, caindo de joelhos.
- Itai...
Murmurou, deixando as folhas sobre o próprio colo, segurando o local ardente após se sentar. Isso era para aprender a não pular de lugares consideravelmente altos sem as mãos para ajudar no pouso.
- Hey! Você está bem?
Foi a vez de Alfred se preocupar com o moreno, aproximando-se dele a passos rápidos. O nipônico levantou o olhar constrangido para o outro, sorrindo sem graça.
- Estou... Só preciso pegar aquelas folhas.
Fechou os olhos, se levantando sob o olhar desconfiado do americano, mas este deu de ombros e sorriu como se nada tivesse acontecido.
- Certo! Vou te ajudar!
Rindo, o estadunidense saiu correndo pela extensão do pátio, pegando todo papel que encontrava em seu caminho. Era seu dever ajudar quem precisava!
Kiku ficou a observar por algum tempo o mais alto juntando o que tinha derrubado, se perguntando como alguém poderia mudar de humor tão rápido. Sentia-se curioso, mas que intimidade tinha para perguntar se estava tudo bem? Nenhuma. Balançando a cabeça ligeiramente para os lados, o oriental se pôs de pé. O outro poderia estar ajudando por vontade própria, só que isso não era desculpa para ficar parado. Afinal, se tinha feito bagunça, a culpa era exclusivamente sua.
Após cada um juntar certa quantidade, aproximaram-se, unindo os montes. Honda contou o número de folhas, suspirando aliviado por todas estarem ali. Timidamente, atreveu-se a levantar o rosto para o maior, agradecendo pelos olhos azuis não se mostrarem vermelhos e nem inchados. Seria (mais) difícil encará-lo se estivessem assim.
- Anno... Obrigado pela ajuda, anh...
- Heheh! – O loiro riu, cruzando os braços atrás da cabeça. – Alfred Jones a seu dispor!
Acabou por sorrir de um jeito discreto. Aquela animação era um pouco contagiante. Abraçando as folhas contra o próprio tórax, efetuou uma pequena reverência.
- Obrigado mais uma vez, Alfred-san. Desculpe pelo transtorno...
- Hahahahaha! Não se preocupe, pequeno! – Colocou uma das mãos na cabeça do moreno, dando dois tapinhas amigáveis, apontando para si mesmo com o polegar da restante. – Precisando, pode sempre contar com o herói aqui!
Franziu de leve o cenho, mas manteve a face rebaixada.
- Erm... Meu nome é Kiku Honda, a propósito.
Foi só se apresentar para se arrepender, pois o estadunidense passara o braço por seus ombros, trazendo-o para perto. Foi inevitável corar violentamente, chegando até mesmo as suas orelhas, deixando visível seu constrangimento, visto que o rosto estava oculto pelos fios negros.
- Yahoo! Kiku, então! Meu mais novo amigo!
- Alfred-san... – Murmurou, sem saber se o outro ouviria. - Anh, preciso entregar esses papéis na sala dos professores, então...
- Eu vou com você!
Com animação, foi arrastando-o para o local, sem saber que estavam sendo observados por um olhar intrigado.
Arthur podia jurar de pés juntos: não tinha feito nada. Não dessa vez!
Certo. Sendo razoável, ainda não tinha acontecido nada, mas o anjo viu naquele encontro inesperado uma possibilidade. Se pudesse atingir a ambos com suas flechas... Resolveria sua vida!
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Aqui venho eu com mais uma long-fic, aeae (?)
Espero que gostem. Tentarei atualizar toda semana.
Então, reviews?~
