Disclaimer:
¬ Naruto e seus personagens pertencem a Masashi Kishimoto
¬ Clan Hinday pertence à Priih_ncesa;
¬ Sem fins lucrativos;
¬ Plágio é crime e eu denuncio;
Presságio
A voz dela era serena, um pouco meiga. Apenas ouvir sua voz me acalmava independente do que ela dissera. Não era uma calma qualquer, era a calma em meio ao caos, era um profundo sentimento de que tudo iria voltar ao normal. Era um sentimento forte, mas não só pela sua voz, sua presença, um sentimento que eu raramente senti em todos meus 30 anos de vida. Sua presença me revigorava, ela fazia eu me sentir uma melhor versão de mim mesmo, fazia eu me sentir feliz. Sei que estou iludindo-me, para ela isso não significa nada, mas vou aproveitar enquanto posso.
Senti seus olhos pairando sobre mim. O que me deixava cada vez mais sem jeito.
Mas só fiquei rubro quando percebi que nossos olhares teriam se encontrado naquela confusão de pessoas...
Naquele momento tive a certeza de que se ela não estivesse ali... Eu estaria sozinho em meio à multidão...
Capítulo I - Troca De Olhares
"E ser você é tudo que você pode fazer
Tudo o que você pode fazer
Ser você mesmo é tudo o que você pode fazer
Tudo o que você pode fazer"
Audioslave - Be Yourself
Japão, 19 de Março de 2012
Segunda
Aquele barulho ensurdecedor afrontava meu sono limpo de sonhos ou pesadelos.
Aquela maldita invenção humana a qual chamam de 'despertador'.
Em dias normais eu simplesmente jogaria o aparelho contra a parede e tornaria para meu sono.
Mas aquele não seria um dia normal... Além de que, eu já estava atrasado. Traído por este maldito aparelho imprestável!
Suspirei derrotado pondo meu desejo de dormir de lado para vestir a primeira calça que achei jogada ao chão do quarto.
- Tsunade vai fritar meu fígado e oferecer aos cães. - Eu sussurrava em meu quarto obscuro.
E pretendia deixa-lo nesta escuridão até me recuperar da ressaca da noite passada.
Como me lembrei da noite passada? Quando avistei uma pequena peça intima preta... Pequena mesmo. Tenho certeza que cabia na palma da minha mão, mas isso não vem ao caso.
Obviamente minha companhia já tinha partido. Evitando constrangimentos, pois não lembro o nome dela e mesmo que se estivesse olhando nos olhos dela neste momento, não lembraria... Por falar nisso... Que cor eram os olhos dela...?
Deixei um sorriso sem humor em meu rosto e desisti desse pensamento.
Sem pressa, fui tomar uma ducha... Tsunade iria me esganar de qualquer maneira, pelo menos eu poderia ser um cadáver com uma fragrância mais atraente...
Ah... Toda aquela vitamina entrando por meus poros... Aquele sol majestoso da manhã batendo em minhas pálpebras... Não me importava com o fato de que quando abrisse os olhos minha visão ficaria turva, era apenas um insignificante malefício que todo aquele calor matinal apresentava.
Aquela segunda estava ficando boa...
Primeiro porque era o inicio do ano letivo, ou seja, não conhecia ninguém. Não teria ninguém aporrinhando meus pensamentos... Sim, sou antissocial e tenho orgulho de ser assim.
Segundo porque o tal professor de biologia estava grandiosamente doente... Confesso que já simpatizei com ele sem nem conhecê-lo por esse simples fato.
E terceiro porque descobri esse cantinho no terraço da escola imunda... Acho que aqui é o único lugar onde bate sol nesse prédio.
Sei o que está pensando... No primeiro dia ela já achou um canto para se esconder?
Sim, sou observadora... Às vezes até demais.
E por falar em observadora... Podia ver a quadra, pátio e ainda por cima, tinha a visão privilegiada da sala dos professores...
E que professor é aquele? Oh Deus... Alguém ai me abana?
Seu nome? Fontes confiáveis o chamam de albino. Apelido que, convenhamos, tem muito a ver com ele.
Hidan, cabelos grisalhos sempre penteados para trás, olhos lilases e uma postura de falso tímido. Sim! Falso tímido!
Pelo menos pela visão que tinha daqui, de tímido ele não é nada.
Ele estava a cortejar uma moça... Talvez uma professora ou mãe de um aluno.
Uma moça bonita, corpo esbelto, belas curvas, olhos vermelhos e cabelos escuros... Eu diria até um azul próximo do preto.
Ai está. Uma coisa que faz com que me sinta normal por aqui.
Ter um cabelo natural e de uma cor comum ao contrario das outras patricinhas mimadas dessa escola.
Já vi de todas as cores... Até rosa! Rosa natural! Sim... Senti um pouco de inveja... Mas então olhei para a testa da moça que tinha cabelos de cor rosa e me senti normal novamente porque, além de cabelos castanhos, tinha uma testa proporcional ao resto do meu rosto...
Estacionei minha moto na garagem da escola.
Mal pus os pés no prédio e Shizune já estava atrás de mim reclamando do meu atraso.
- Ela quer te matar. - Ela dizia enquanto me seguia com uma papelada em mãos.
- Diga algo que eu não saiba. - Lhe respondi com um suspiro derrotado.
E ela continuou me seguindo com aquela papelada... Ou talvez indo para o mesmo lugar que eu.
- Bom dia... - Disse ao abrir a porta da sala dos professores.
- Ah... Olá Kakashi. - Hidan me disse com aquele sorriso cínico e forçado... Dias normais.
- Bom dia. - Kurenai disse em algum lugar atrás de Hidan.
Sim, eles tinham um caso, já fazia alguns messes.
Sentei-me e peguei minha pasta com chamadas, aulas e afins.
Faltavam míseros 5 minutos para minha aula começar... Quero dizer, a minha segunda aula começar, pois a primeira já tinha desistido de dar enquanto estava no banho.
Eu estava pegando um livro em minha pasta quando Shizune jogou aquela papelada bem em frente aos meus olhos.
Ergui uma sobrancelha a ela que respondeu com um sorriso desajeitado.
Ergui a outra sobrancelha e separei meus lábios para dar ênfase a minha total falta de entendimento sobre o que estava acontecendo e ela deixou um 'Ah.." escapar pelos lábios finos.
- Punição. - Ela disse e simplesmente saiu.
- Punição? - Repetia a mim mesmo.
Tsunade estava me punindo por ter atrasado uma hora? Em dias normais ela provavelmente iria gritar em meus ouvidos, dar alguns socos na mesa e estaria cedendo aos meus lábios novamente...
Espera... Tem uma pessoa lá? Sim, e esta pessoa está me olhando.
Se não tivesse longos cabelos castanhos, jamais reconheceria que era mulher.
Mas o que essa desmiolada está fazendo lá em cima?
Ela continuava a me encarar... Eu apenas mantive o olhar... Até o sinal tocar.
Então fui para a próxima aula com um pensamento em mente.
Dias normais... Estou começando a sentir saudades deles.
Ele tinha algo que realmente não me agradava... Não sei explicar porque, nem como ou quando... Mas não gostei dele.
Talvez fosse aquele olhar vago e sem motivação ou o corte de cabelo estranho...
Ou o simples fato dele ter descoberto meu canto.
Quantos professores de cabelos desembrenhados e arrepiados você já conheceu?
Ele era estranho... Assim como esse país, essa escola, esses alunos...
E esse sinal ridículo e ensurdecedor que anunciava a minha próxima aula.
Catei minhas coisas as presas e sai descendo aquelas escadas como louca.
Minha sala era no prédio ao lado.
Além de quase tropeçar em meus pés, fui atacada por bolas de basquete ao atravessar a quadra.
Talvez o professor seja simpático e me deixe entrar.
Eu pensava enquanto subias as escadas.
Oh Deus! Já estava na porta e ofegante quando o vi...
Ou melhor, o vi fechar a porta na minha cara.
Cai com o impacto... Isso ia inchar e ficar um galo enorme bem no meio da minha testa.
Parece que o idiota que fechou a porta na minha cara era o mesmo idiota que tinha descoberto meu esconderijo...
Onde estão os dias normais quando precisamos deles?
