Disclaimer: Inuyasha pertence a Takahashi Rumiko.

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She's a Lady

"Well, she's never in the way
Always something nice to say, oh what a blessing
I can leave her on her own
Knowing she's okay alone, and there's no messing…"

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Era fim de tarde, e o céu era uma mistura bonita de um fraco azul, laranja e amarelo. O sol se colocava preguiçosamente, lançando luzes crepusculares no meu rosto, e as nuvens sumiam pouco a pouco. Havia indícios de que o céu seria estrelado a noite.

Suspirei.

Da sacada do meu apartamento, eu tentava ver a primeira estrela no céu para fazer um único pedido: que minha melhor amiga, Kagome Higurashi, não me levasse à loucura.

- Está decidido, Rin-chan: amanhã eu venho aqui para te produzir. – Ela falou, me despertando de meus pensamentos.

- Kagome, você não… - Comecei a falar, com desânimo.

- Sim, Rin-chan! – Ela abriu aquele sorriso assustador – Eu arrumei um encontro pra você! – Ela parou de folhear a revista de decoração e suspirou, me olhando. - Você tem que ir bonita. Cá entre nós, faz muito tempo que você não se cuida… que não sai de casa…

Ela continuou falando, mas não ouvi. Coloquei minhas mãos no rosto. Oh. Meu. Deus. Eu nem me importei com a parte dela ter me dito de um jeito delicado que eu estava feia. Não importava, porque Kagome tinha me "arrumado" um encontro! Um maldito encontro!

- K-chan… - Eu enfiei meus cabelos atrás das orelhas, e tentei não pegar a faca mais próxima e matá-la. – Como assim… você… me arrumou… um… um… - A palavra era tão forte e maldita que nem queria sair da minha boca. – Um…

- Encontro. – Ela sorriu, ignorando meu ataque. – Encontro Rin-chan. Repita comigo: E, ene, cê…

Girei os olhos.

- Você não podia ter feito isso, Kagome! Eu estou bem assim. Não quero sair com ninguém. – Resmunguei, virando-me para ela. Kagome continuava folheando uma revista de Decoração toda empolgada, sentada em meu sofá. Ela e Inuyasha iam se casar em breve, e estavam reformando o apartamento que compraram juntos.

- Não está não. Rin-chan! – Ela voltou a me olhar, sorrindo – O que custa sair de casa uma noite?

- Custa muito. Custa sentar perto de um estranho.

- Não é um estranho, é…

- Não quero saber o que diabos ele é de Inuyasha, não estou desesperada a esse ponto ainda.

- Ainda. – Ela repetiu. A boca bem desenhada pelo batom rosa se abriu num sorriso radiante. – Logo você estará chegando ao ponto de desesperada demais, eu estou te livrando da parte de procurar um pretendente, me agradeça.

- Muito obrigado – Respondi, com ironia.

- Ah, Rin-chan, você sabe que eu quero o melhor para você. – Ela levantou-se, alisando a saia de cintura alta que usava, e parou diante de mim. Os cabelos negros e lustrosos estavam presos num coque alto, somente a franja estava solta caindo sob os olhos azuis. – É sério, você precisa sair um pouco de casa. Nos últimos meses você só tem se dedicado ao trabalho.

- Não vejo nada de errado nisso – Falei, seca, desviando o olhar para outro ponto qualquer.

- Rin-chan…

- Ah Kagome! Já concordei em ir a um encontro com um estranho, já prometi que ia deixar você brincar de Barbie comigo. Pensei que isso fosse suficiente. – Interrompi-a sem nenhuma cerimônia. Não era o primeiro sermão que eu escutava sobre sair um pouco de casa.

Kagome suspirou, passando a mão pela franja.

- Você está muito… obcecada por esse livro. Nem sai mais desse apartamento…

- A editora me estipulou um prazo para entregá-lo, K-chan. Eu… não posso deixar para depois. Além do mais, eu adoro escrever.

Kagome abriu a boca para me responder, mas desistiu no último instante.

- Tá, tá, Rin-chan. Tudo bem, não vamos discutir sobre isso. Amanhã, então – Ela pegou a bolsa dela, uma Prada, e me deu um beijo na bochecha, antes de se afastar – Eu passo aqui à tarde para te deixar linda!

Girei os olhos. Ah vá.

- Até, K-chan – Falei, sem ânimo, observando-a abrir a porta para sair do meu apartamento. O toc toc do salto alto me dava agonia.

Depois que Kagome se foi, me permiti cair no meu sofá, cansada. Tirei os óculos de grau que eu usava quando escrevia, e suspirei. Não havia nada de errado comigo, havia? Só porque… eu não saía… nem… tinha encontros, não quer que eu fosse… anormal, ora.

Bem, não importa. Não agora. Com a perspectiva de ter um encontro amanhã – e ela só veio me avisar um dia antes pra que eu não tivesse escapatória, eu sei – só havia uma saída para me preparar psicologicamente:

Comer chocolate.

Levantei num pulo, e corri para a cozinha. Quando abri a geladeira, porém, me deparei com a triste realidade de que não havia chocolate na minha geladeira. Ok, eu tenho um encontro amanhã com um desconhecido e não há chocolate em minha geladeira. Vou morrer!

Prezando pela minha vida, decidi ir ao supermercado abastecer minha geladeira. Antes, porém, eu sabia que tinha que trocar de roupa. Então, arrastando os pés, fui me encarar diante do espelho, averiguando se era mesmo necessário.

Era, infelizmente.

Eu estava de pijama e pantufas. Meu cabelo, comprido, estava preso de qualquer jeito com um lápis que eu devo ter achado por aí, sendo que os fios da frente, que tinham sido uma franja em algum tempo distante, estavam atrás da orelha. Eu tinha preguiça de penteá-lo, ele era muito comprido, dava trabalho.

Suspirei e fui procurar algo para vestir, e essa parte foi até fácil. Difícil mesmo foi desfazer o ninho que era meu cabelo. O pente simplesmente não queria… sair.

- Porcaria! – Praguejei, tentando de alguma maneira tirar o pente do meu cabelo – Maldição de cabelo! Eu… - Puxei uma vez, e o pente deslizou alguns centímetros pela bucha que havia na minha cabeça, também conhecida por cabelo – vou… cortar…

Dim Dom

Interrompi minha batalha com o cabelo e olhei assustada para a porta. Mas como podia aquilo? Eu passava o dia todo em casa sem um pente enfiado no cabelo e ninguém aparecia ali! Quando eu estou nesse estado catastrófico, quase uma cagada da natureza, me aparece alguém!

Rosnei, me olhando no espelho. O individuo que tocou a campainha deve ser uma criatura enviada dos infernos. Não era possível!

Dim Dom

Sem saída, fui abrir a porta com um pente enfiado na cabeça mesmo. Quando a abri me deparei com… ninguém. Absolutamente ninguém. Devia ser Shippou, meu vizinho pestinha.

- Vá para o inferno! – Berrei para o nada, e bati a porta com força.

Horas depois…

Enfim eu consegui me livrar do pente, e foi exaustivo. Preciso fazer a nota mental de pentear o cabelo pelo menos algumas vezes na semana, ou eu ia ficar careca ou calva aos 23 anos.

Sair de casa era estressante. Trânsito, pessoas mal-educadas… Mas ir no supermercado era razoável e rápido. Era só ir ao corredor de doces, encher a cesta e tudo estava certo.

Foi o que eu fiz. Enchi minha cesta, fui ao caixa, paguei por tudo e me dirigi ao estacionamento. Só que quando cheguei lá estava tudo numa escuridão tão grande que até me assustei. Havia algum problema na iluminação do Hipermercado.

Tudo bem que até dava pra ver os carros. O problema era identificar o meu carro. Apertei os olhos, para ver se via algum sinal dele, mas nada. Pensei em chamar a direção do shopping, mas só de pensar no quão complicado ia ser procurar pelos seguranças marombados de terno com óculos escuros e aquelas escutas no ouvido – pareciam muito mais agentes da CIA falando desse jeito – desisti. Eu ia achar meu carro na raça mesmo.

Comecei cautelosamente, olhando um por um cuidadosamente.

Graças aos céus, até que não demorei para achar o Soul preto. Sorri, e, feliz, abri a porta e entrei, pensando no quão convidativa estaria minha cama, em casa, quentinha. Quando fiz a menção de pegar no volante, porém, descobri três coisas:

Primeiro; aquele não era meu carro.

Segundo; eu estava sentada no lado errado – no banco do acompanhante.

Terceiro; O motorista era muito bonito.

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N.A: Olá pessoal! Quanto tempo, hein? Oo' Acho que a última vez que escrevi Rin x Sesshy foi em alguma época próxima a Era da Pedra Lascada…

Tá, tá, exagerei. É que to com medo de ter perdido a mão. xDD Bem, era pra ser uma song-fic da música "She's a Lady" do Tom Jones, mas resolvi dividir a história em duas partes pra não ficar grande demais. Eu sei que tá pequeno, mas o próximo capítulo será maior. Eu gostaria muito que vocês comentassem, faz muito tempo mesmo que não escrevo nada desse casal, e opiniões e incentivos seriam ótimos.

Um beijo melecado de açúcar e até o próximo capítulo! o/