Os portões eram enormes, pretos e com um 'M' prateado formado por cobras. A entrada era apenas para puros sangue, ricos e, ainda assim, autorizados. O jardim era além da vista, muito bem cuidado e decorado com flores, estátuas e fontes. A mansão era de estilo clássico. Enormes colunas a sustentavam, feita de mármore e pedra, protegida pelos mais fortes feitiços e possuidora de donos tão aristocráticos quanto a mesma. Seu piso era gelado para pés desprotegidos, com três andares e um subsolo, vários quartos e entradas mágicas, alguns pontos bem iluminados e outros que precisavam dos candelabros acesos. Decorada ricamente mostrando o bom gosto e a classe social de quem lá habitava. Esta é a Mansão Malfoy.

Há alguns anos, Narcisa Malfoy tentava engravidar sem sucesso. Nenhum feitiço ou poção conseguia resolver o problema até a alguns meses atrás quando começou a ter tonturas e enjôos. Sete meses depois, meia noite, sentia contrações. O movimento dentro do quarto aumentava cada vez mais. Empregadas entravam e saiam com toalhas e bacias. Tudo que Narcisa queria era ter logo aquela criança e acabar com a dor. Olhou rapidamente pela janela e viu que nevava. Isso pareceu acalmá-la. Sorriu antes de contorcer-se em dor por causa de mais uma contração.

Lucius Malfoy, o patriarca da família, andava de um lado a outro de seu escritório. Forçava-se a controlar o próprio nervosismo. Estava prestes a ser pai, mas a gravidez era arriscada. Seu filho ou sua esposa poderiam sofrer alguma seqüela, se não pior. Confiava na medibruxo que mandou chamar, mas só se acalmaria quando ouvisse o choro da criança e quando visse a mesma no colo da mãe.

"Lucius." Chamou um homem parado à porta do cômodo. Toda a sua roupa, mesmo a capa, era preta. Assim como o cabelo e os olhos que contrastavam com a pela branca.

"Severus." Parou de andar e encarou o outro. Fez sinal para que entrasse.

"Como ela está?"

"Não sei. Não me deixaram ficar no quarto."

"E como você está?"

"Serei pai, Severus. Como acha que estou?"

A dor havia piorado. Já não conseguia distinguir cor, som e nem os vultos que movimentavam-se pelo quarto. Estava cansada e sentia que não agüentaria por mais muito tempo. Ouviu a medibruxa dizer-lhe algo, mas não entendeu o que foi e, de repente, sentiu como se estivesse sendo rasgada de dentro pra fora. Gritou, gritou com todas as forças e sentiu-se empurrar algo para fora. Alguns minutos depois, ainda sentia um pouco de dor, mas também sentiu felicidade ao ouvir o choro infantil.

Lucius estava em pé olhando, pela janela, a neve caindo no jardim. Severus havia sentado em uma poltrona de frente para a lareira acesa. Foi quando ouviram batidas leves e uma elfa abriu a porta. Parecia assustada, mas também aliviada.

"Senhor Malfoy, senhor. O jovem Malfoy nasceu, senhor. A senhora, sua esposa, o aguarda no quarto, senhor."

Narcisa segurava seu filho com cuidado como se temesse que o quebrasse a qualquer toque mais forte. Ele possuía pele tão branca quanto dos pais, alguns poucos fios louros na cabeça e mexia-se preguiçosamente. Tão pequeno e frágil. Mal parecia um Malfoy, mas logo aprenderia a ser como um. Tinha certeza que ele honraria o nome da família.

Lucius entrou no quarto acompanhado de Severus. Olhou para a imagem de mãe e filho juntos e não pode deixar de sorrir. Aproximou-se, lentamente, da cama onde estava sua esposa e viu seu pequeno filho dormindo. Beijou a testa da esposa e sentou a lado dela. Olhavam para o filho como se fosse uma peça rara. O jovem Malfoy bocejou e aninhou-se mais nos braços da mãe.

"Venha até aqui, Severus. Conheça seu afilhado." Disse Lucius orgulhoso.

Foi o que Severus fez. Aproximou-se da cama e olhou para a criança envolta da toalha verde escura. Percebeu logo que precocidade iria fazer parte da personalidade dele para o resto da vida. Tão Malfoy.

"Como padrinho, deve escolher um nome para ele." Disse Lucius.

"O quê?" Perguntou surpreso encarando o outro.

"Acho uma ótima idéia." Disse Narcisa. "Além disso, você quem conseguiu realizar este momento, Severus."

Severus não parecia concordar muito com a idéia. Olhou mais uma vez para a criança que dormia e voltou a olhar para os pais desta.

"Será um honra." Disse por fim fazendo Narcisa sorrir.

Draco Lucius Malfoy estava agora com um ano. Como Severus pensou, era um garoto precoce. Já conseguia andar sozinho e balbuciava as primeiras palavras. Era muito mimado pelos pais ganhando muitos presentes e sempre tendo do bom e do melhor. Logo percebeu que o choro era uma arma eficaz para conseguir atenção e não hesitava em usá-la sempre que sentia-se sozinho. Gostava do aconchego nos braços macios e suaves da mãe e de ouvir a voz do pai mesmo que não entendesse muito do que ele falava. Associava a visita de Severus com ganhar mais presentes e sempre que este o segurava no colo, tinha uma mecha do cabelo puxada. O que fazia com que fosse devolvido ao colo da mãe imediatamente.

Numa tarde, brincava no cercado mágico na sala de estar. Severus estava de passagem, mas não trouxe-lhe nenhum presente. Também não ligou muito, ainda tinha muitos outros brinquedos para distrair-se. Narcisa estava sentada próxima ao cercado enquanto Lucius andava sem parar de um lado ao outro. Parecia preocupado. Foi então que sentiu-se fitado por ele e o encarou de volta, rindo. Não percebia o clima tenso e nem entendia a expressão de medo no rosto da mãe. Não ligando para mais nada, voltou a brincar.

"Tem certeza do que me diz, Severus? Tem certeza de que os Potter estão mortos?" Perguntou Malfoy encarando o outro que parecia também muito preocupado.

"Certeza absoluta, Lucius. Antes de vir, passei por lá. A casa estava completamente destruída. Também vi os corpos deles."

"E o garoto Potter?" Perguntou Narcisa temerosa.

"Não encontraram o corpo e nem nada que indicasse se está vivo ou morto."

"Então ele voltou mesmo." Murmurou Lucius.

"Sim, mas ainda está fraco. Contudo, é apenas questão de tempo até que queira nos reunir." Suspirou. "Terá de escolher, Lucius. Irá com ele novamente?"

"Essa decisão não cabe somente a mim, Severus. Tenho uma família agora."

Correr. Esse era o único pensamento de Remus John Lupin Black. Havia acabado de presenciar a completa destruição de dois dos seus melhores amigos e, por pouco, também presenciava a morte do filho deles, Harry James Potter.

Parou de correr ao perceber que já não se encontrava mais dentro da área de proteção, que não serviu pra nada, da antiga casa dos Potter. Enquanto estava na proteção, não poderia aparatar. Logo que saiu, foi o que fez. Agora estava na frente de uma velha casa abandonada. Parecia prestes a desmoronar. Só o vento fazia-a mover-se de um lado a outro e os rangidos de parafusos enferrujados ecoavam por toda a casa. Subiu pela tosca escada e foi para um dos quartos. Improvisou um canto para deixar a criança que carregava no colo dormir. Depois, sentou no chão e, olhando para a criança dormindo, pensou no que faria.

Seu marido o havia traído. Contou a localização dos Potter para o bruxo das trevas mais poderoso atualmente. Levou seus dois amigos à morte. O que faria com Harry? Pensou em contatar Peter, mas não tinha notícias deste há algumas semanas. Esperava poder encontrá-la. Talvez Peter pudesse ajudá-lo. Quando a notícia da volta de Voldemort, e da morte dos Potter por este se espalhasse, com certeza, encontraria o amigo.

Suspirou cansado. Conseguira ao menos salvar Harry. Mesmo que não conseguisse achar Peter, daria um jeito. No momento, tudo que queria era descansar um pouco. Aproximou-se de onde deixara o garoto dormindo e deitou ao lado deste. No dia seguinte, procuraria ajuda. Fechou os olhos e logo adormeceu.

Desde que soube da notícia da morte dos Potter, Lucius estava temeroso. Aquele era um indício de que Voldemort voltara. Não que ele realmente tivesse ido, visto que a marca em seu braço ainda era nítida e vez ou outra a sentia formigar. Já o servira uma vez, mas não queria isso novamente. Mesmo sendo adepto das artes das trevas e achando que o mundo deveria ser livre de mestiços, sangues-ruim e trouxas, era um Malfoy e não seria escravo de ninguém. Contudo, Voldemort não aceita uma negação. Sabia que a qualquer momento seria chamado por este.

Narcisa temia pelo filho e pelo marido. Não queria voltar ao pesadelo de antes. Foi muito difícil conseguir com que parassem a perseguição à sua família por já ter servido ao lado das trevas. Além disso, não queria o marido envolvido novamente com mortes de pessoas inocentes. Tinham um filho agora. Tinham de pensar no futuro dele. E no futuro da família, claro.

"Lucius, estou cansada." Ouviu Narcisa dizer.

"Sente-se um pouco." Apontou para um banco. "Eu disse para deixar Draco aos cuidados de Winky. Ou que pelo menos o trouxesse no carrinho."

"Eu não iria deixar meu filho aos cuidados de um elfo. E Draco não gosta do carrinho. Vive tentando pular." Disse sentando.

Draco estava sentado no colo da mãe. Olhava curioso para as várias lojas e pessoas. Não lembrava de ter ido lá antes. Voltou os olhos para o pai ao sentir-se puxado por este. Então percebeu que estava no colo dele e sorriu. Tinha uma certa noção de que Lucius quase nunca o pegava no colo e cada rara oportunidade, era sempre bem vinda.

"O carrego para você."

"Obrigada, querido." Levantou-se. "Podemos continuar."

Remus havia decidido tentar contatar Peter. Havia ido até o Caldeirão Furado saber se alguém o tinha visto, mas não conseguiu nenhuma notícia do amigo. Vendo que não o acharia tão cedo, decidiu ir ao Beco Diagonal. Harry estava inquieto desde de manhã cedo. Achou ser fome, mas antes de aparatar lá, passou em casa. Só não fora antes por temer que o marido estivesse por lá. Alimentou o garoto, comeu algo também, tomou um banho e deu outro no garoto, mas Harry ainda parecia agitado. Seria bom passear para distraí-lo um pouco.

Sua idéia funcionou. Desde que chegou ao Beco, Harry parecia maravilhado com o movimento de pessoas. Sorriu pensando que dali a alguns anos o garoto estaria no Beco novamente, mas para comprar o material para o primeiro ano de escola. E pensando assim, decidiu que cuidaria de Harry. Com James e Lily mortos, a responsabilidade caberia ao padrinho do garoto, mas como se fora este que causara a morte de seus amigos? E deixar a responsabilidade para Peter era loucura. Apesar de ser amigo deste, tinha de admitir que Peter não saberia cuidar de uma criança. Além disso, antes de Voldemort invadir a casa dos Potter, Lily deixou para ele a responsabilidade de cuidar de Harry.

"Lucius, aquele não é o lobisomen amigo dos Potter?" Perguntou Narcisa.

Lucius virou-se para a direção que a esposa olhava. Viu Remus andando distraidamente. Então percebeu que ele carregava uma criança no colo. Não pode deixar de conter uma exclamação surpresa ao reconhecer a criança.

"É o garoto Potter."

"Vamos até lá." Disse Narcisa um pouco a contra gosto. Apesar de não ter nada contra Remus, ele ainda era um mestiço e lobisomen.

"Lupin." Chamou Lucius aproximando-se deste. Passou Draco para o colo da esposa. "Que surpresa vê-lo. Ainda mais com o garoto Potter."

"Lucius. Narcisa. Já faz algum tempo que não me chamam por meu sobrenome de solteiro." Cumprimentou-os educadamente. "Também estou surpreso em vê-los."

"Você sempre será Lupin para mim." Disse Lucius. "Soubemos do que houve com os Potter."

"Sim, uma tragédia."

"Mais do que isso, um sinal. Voldemort está de volta."

"Parece temeroso, Lucius. Pelo o que lembro, você o serviu no passado."

"Como você disse, no passado. Agora, tenho uma família. Além disso, sou um Malfoy. Não nasci para servir, mas para ser servido." Disse calmamente. "Já fiz mais do que o suficiente para provar que não sou mais como antes."

"Sim, eu sei. Me desculpe. Só estou assustado com tudo isso e acabei descontando em você." Sorriu. Voltou o olhar para Narcisa e Draco, que o olhava interessado. "Ele parece muito com você."

"Este é Draco."

"Este é Harry." Disse Remus.

"Possui os olhos de Lílian." Disse Narcisa " E o cabelo de James." Disse olhando o pouco cabelo que apontava em todas as direções.

"Sim." Disse Remus parecendo orgulhoso.

"O que fará com ele? Suponho que Black e você cuidarão dele." Disse Lucius.

"Eu cuidarei dele." Respondeu sério.

"Já brigou com Black, Lupin?"

"Isso não vem ao caso." Disse rudemente. "Lily me deixou responsável por Harry. Cuidarei dele. Sozinho." Sibilou. "Agora, com licença. Preciso resolver umas coisas." Deu meia volta e retirou-se.

"Tão sem modos." Reprovou Narcisa. "Igual ao meu primo."

"Continuemos, Narcisa. Preciso falar com o Ministro ainda hoje." Pegou Draco de volta.

Remus esperava o sinal fechar para atravessar a rua. Saíra do Beco e estava agora na Londres trouxa. Iria procurar por uma casa nova. Mesmo com todos os feitiços de proteção que colocou, não queria arriscar uma visita de Sirius. Se o visse, não hesitaria em lançar uma imperdoável nele. Olhou para o sinal que ainda estava vermelho para si. Foi quando percebeu uma figura familiar do outro lado da rua. Era Peter! Fez menção de gritar o nome do amigo, mas percebeu outra figura familiar aproximando-se do amigo: Sirius.

Tudo foi muito rápido, quando percebeu, vários aurores cercavam Sirius. Este sacou a varinha na direção de Peter e, de repente, tudo explodiu. Só deu tempo de segurar Harry fortemente e virar-se para proteger o garoto com o próprio corpo. Foi lançado a alguns metros para trás. Harry chorava a plenos pulmões agora. Levantou-se e olhou na direção de Sirius. Alguns corpos de trouxas estavam espalhados pelo o que sobrou da rua. Não viu Peter.

Sentia o coração falhar cada vez mais a cada batida. Sirius estava ali parado, gargalhando. Parecia divertir-se com o fato de ter explodido alguns trouxas e – engoliu em seco – Peter. Outro amigo morto. Morto por Sirius. Remus nunca sentiu tanta raiva como naquele momento. Olhou para os aurores que pareciam temerosos em se aproximar. Voltou o olhar para Sirius que ainda ria. Não ligou para Harry chorando em seu colo e nem os olhares assustados das pessoas ao redor. Atravessou a rua.

"Parece estar se divertindo." Disse Remus em tom baixo.

Sirius parou de gargalhar e virou para ele. Fez menção de se aproximar, mas Remus apontou-lhe a varinha.

"Mais um passo e faço o mesmo que fez com Peter." Sibilou perigosamente.

"Não está entendendo, Moony." Começou Sirius.

"Não me chame assim, Black." Falou o sobrenome do outro como se falasse um palavrão. "De todas as decepções que tive, essa é a pior."

"Deixe eu explicar."

"Calado!" Exclamou assustando Harry ainda mais que continuava a chorar.

"Você o salvou." Disse Sirius olhando para Harry.

"Desapontado, Black?" Perguntou sorrindo de lado.

"Não. Aliviado." Sorriu. Quase convencendo Remus. Quase.

"Não espera que eu acredite nisso, né? Não depois do que fez ao James e Lily. E ao Peter."

"Eu não fiz nada." Foi a vez de Remus gargalhar. "Estou falando a verdade! Remus me escute!" Pediu.

"Não, Sirius. Não quero mais ouvir nada de você. Você matou meus amigos. Você me traiu."

"EU NÃO OS MATEI!" Gritou exasperado.

"Lá está ele." Ouviram um auror gritar.

Em segundos, Sirius estava cercado por aurores, todos apontando a varinha para ele. Ele não reagiu. Olhava suplicante para Remus que o olhava com um misto de ódio e mágoa. Viu-o tentar acalmar Harry que já estava com o rosto inchado de tanto chorar. Um dos aurores aproximou-se de Remus.

"Com licença." Disse ao aproximar-se. "Preciso que me acompanhe, senhor Black."

"Sim, eu entendo." Suspirou. Claro que por ser marido de Sirius, uma hora ou outra teria de comparecer no Ministério. Era melhor resolver logo isso. "Só peço que use meu sobrenome de solteiro, Lupin. Por favor."

"Tudo bem, senhor Lupin. Acompanhe-me." Aparatou sendo seguido por Remus.

Lucius e Narcisa haviam finalmente chegado ao Ministério. Contudo, o local estava lotado de bruxos e algumas criaturas. Felizmente, por ser um Malfoy conseguiu passe livre para falar com o Primeiro Ministro Cornélio Fudge. Ele estava muito nervoso. Corujas não paravam de soltar cartas para ele.

"Soube da morte dos Potter, Fudge. Quero explicações e já!" Ordenou Lucius logo que entrou no gabinete do outro.

"Que surpresa, senhor Malfoy. Sente-se, sente-se." Conjurou mais uma cadeira para Narcisa. "Desejam beber algo?" Ofereceu. "Ora, ora. Trouxe o jovem Malfoy com você."

"Não enrole, Fudge." Cortou Lucius friamente. "Foi realmente Voldemort quem os matou? Ele está de volta, realmente?" Viu-o tremer levemente com a menção do nome Voldemort.

"Temo que sim, Lucius." Disse Fudge com uma expressão amedrontada. "Ao que parece, Sirius Black traiu a confianças dos Potter. Ele era fiel do segredo da localização deles. Enfim, o primeiro passo de Você-Sabe-Quem foi matar aqueles que o derrotaram uma vez."

"Black nunca foi de se confiar." Disse Narcisa.

"Há alguns minutos ele apareceu na Londres trouxa, perto do Caldeirão Furado. Explodiu Peter Pettigrew e mais alguns trouxas." Disse rapidamente. "O estão trazendo para cá. Remus Black também está vindo. Com Harry Potter."

"Sim, soubemos que ele salvou o garoto Potter." Disse Lucius.

"Salvou? Não sei." Andou até a mesa mais ao fundo. "Quem garante que ele e Sirius não armaram isso? Eles podem ter pego o garoto para outro fim."

"Não vou discutir sobre a inocência de Lupin. Vim aqui para saber sobre Voldemort."

"Fontes me disseram que ele está fraco. Se ele foi derrotado uma vez, pode ser novamente. Aurores estão cuidado do caso."

"Não sei se ele está tão fraco assim, Fudge. Ele escapou uma vez, não? Enquanto todos pensavam que ele havia caído de vez, só estava por aí, esperando. Se matou os Potter, é porque já recuperou, pelo menos, parte da energia de antes."

"Senhor Primeiro Ministro." Chamou um auror entrando no gabinete afobadamente. "Sirius Black está aqui. Remus Black também. Com o garoto Potter."

"Já irei."

Fudge junto de Malfoy e um auror desceram até uma sala no subsolo do Ministério. Narcisa ficou com Drac no gabinete de Fudge. Ao entrarem na sala onde Sirius estava, o viram acorrentado magicamente e cercado de aurores. Assim que viu Lucius, sorriu de lado.

"Lucius." Cumprimentou. "Como vai Narcisa? Soube que tiveram um filho. Parabéns."

"Obrigado, Black. Soube que traiu seus amigos e seu marido. Parabéns." Disse sarcástico.

"Eu não os trai. Não matei ninguém."

"Temos testemunhas, Black. Você era o fiel do segredo dos Potter. Além de ter matado Pettigrew numa rua cheia de Aurores e trouxas." Disse Fudge secamente.

"Onde estão Remus e Harry?"

"A salvos."

Remus estava com Harry numa outra sala. O garoto estava inquieto e parecia querer chorar novamente. Remus desejou que o que fossem fazer, fizessem rápido. Queria voltar para casa. Aliás, arranjar uma. Foi quando sentiu uma presença conhecida no prédio. Levantou assustado e saiu da sala em que estava. Harry começara a chorar novamente.

"Muito bem, Black. Quero que me diga tudo sobre Você-Sabe-Quem." Disse Fudge "O que ele pretende agora? Qual o próximo passo dele?"

"Não sei."

"Chega de fingir, Black. Você não tem para onde correr."

De repente, a porta foi aberta por um auror. Ele parecia assustado. Todos o olharam curiosos.

"V-você-Sabe-Q-quem invadiu o prédio, senhor. E trouxe Comensais com ele."

Lucius empurrou o auror da frente da porta e saiu correndo. Tinha de voltar para junto de Narcisa e Draco. Voldemort, com certeza, foi atrás do garoto, mas não podia arriscar que ele encontrasse sua família antes. Esperava que Remus soubesse se esconder muito bem. Ainda na sala, Fudge ordenou que alarmassem a todos para evacuarem o prédio. Mandou também que todos os aurores fossem chamados. Mal percebeu Sirius fugir.

Remus percebeu a movimentação aumentar. Ao chegar no pátio do Ministério, viu as pessoas evacuarem o prédio. Todos se batendo e tentando se salvar. Olhou para Harry no seu colo. Prometeu que cuidaria dele e assim o faria. Foi então que sentiu um jato avermelhado passar perto de si. Olhou para a direção de onde veio o feitiço e viu uma mulher sorrindo divertida.

"Olá, Remus."

"Bellatrix."

"Ainda servindo de putinha para meu primo Sirius?" Gargalhou antes de lançar um novo feitiço em Remus que quase não desvia. "Que bom que trouxe o garoto, Remus. Meu Lorde o estava procurando sabia?"

Remus correu para dentro do prédio novamente. Praguejou por ter deixado que pegassem sua varinha. Escondeu-se atrás de uma coluna. Pensou em aparatar, mas estava muito cansado. Não iria arriscar e acabar deixando uma perna pra trás, ou pior. Voltou a correr assim que Bellatrix acertou um feitiço na coluna em que estava.

Lucius, enfim, chegou a sala onde deixara a esposa e o filho. Entrou sem cerimônias e foi surpreendido pela varinha da esposa em seu peito. Olhou-a nos olhos e, por alguns segundos, viu um olhar frio e cortante. Ela estava pronta para matar se fosse para proteger Draco. Logo que reconheceu o marido, relaxou e baixou a varinha. Abraçou o marido e foi até a mesa. Abaixou-se e levantou com Draco no colo.

"Temos de sair daqui." Disse Lucius. "Precisamos descer para aparatar."

Narcisa assentiu e seguiu o marido segurando Draco firmemente nos braços. O garoto não estava entendo o que acontecia, mas senta que enquanto estivesse com os pais, estaria protegido.

Remus estava no centro do pátio do Ministério. Parou em frente a enorme fonte. Estava com as pernas doloridas e Harry chorava a plenos pulmões. Pelo reflexo de uma das estátuas da fonte, viu Bellatrix aproximando-se. Nesse momento, também viu aurores e Fudge chegando. Respirou aliviado, mas logo viu Bellatrix lançar-çhe outro feitiço. Fechou os olhos esperando o choque, mas não sentiu nada. Olhou para trás e viu Sirius parado a sua frente. Ele virou para si sorrindo e estendeu-lhe uma varinha. Sua varinha.

"Achei que precisaria." Ouviu-o dizer.

"Obrigado." Pegou-a.

"Sirius, quanto tempo." Disse numa falsa educação. "Veio proteger sua putinha e o garoto Potter?"

"Cale a boca!" Lançou um feitiço que foi desviado por pouco.

Remus estava confuso. Se Sirius estava trabalhando para Voldemort, porquê estava duelando com Bellatrix? Olhou para Fudge e os aurores e percebeu que eles também pareciam confusos. Nesse momento, Lucius chega com a esposa e filho. Percebe que Narcisa estava surpresa em ver a irmã.

"Narcisa, querida irmã." Disse Bellatrix percebendo a presença da irmã. "Então este é o pequeno Draco?"

"O que faz aqui, Bella?" Perguntou Narcisa rudemente.

"É assim que me recepciona? Depois de tanto tempo?" Olhou para Lucius. "Nosso Lorde voltou, Lucius. E ele está irritado com a sua falta de lealdade."

Nesse momento, atrás de Bellatrix, vários Comensais aparataram. A mulher riu desvairadamente de braços abertos e apontou a varinha na direção de Remus e Harry. Sirius meteu-se na frente de ambos. Logo, feitiços vindos dos Comensais e dos Aurores encheram a sala. Lucius tentava proteger a si e a família. Remus fazia o mesmo com si e Harry. Fudge parecia atordoado. Lançava alguns feitiços, mas tentava mais era se proteger.

Então, a fonte explodiu chamando a atenção de todos. E no lugar, um vulto encapuzado surgiu. Todos afastaram-se dando lugar a nova presença. Remus estava pálido e Harry chorava mais do que antes, se possível. Lucius colocou-se na frente da esposa e até Draco começou a chorar já achando aquilo tudo muito assustador. A pessoa encapuzada segurava uma varinha com um osso como cabo. Olhou para todos ali presente, mas focou em Harry.

"Não viverá por mais tempo, criança." Sibilou perigosamente aproximando-se.

No segundo passo, meia dúzia de feitiços foram lançados contra ele, mas nenhum fez efeito. Houve uma onda de energia partindo do desconhecido e derrubou a todos. Remus foi lançado para longe de Harry. Sentou-se sentindo o corpo reclamar de dor e ao olhar para a direção do garoto, viu-o sob a mira de Voldemort.

"Avada Kedrava." Ouviu-o dizer.

Houve uma explosão de luz verde que pareceu atingir Harry. Após alguns segundos, abriu os olhos e percebeu que ele estava vivo. Olhava para Voldemort que ainda apontava a varinha para ele. Então olhou para Harry que parecia ter parado de chorar e olhava para Voldemort. Tudo parecia um filme lento e, de repente, uma explosão de luz encheu o lugar cegando a todos. Quando voltou a enxergar normalmente, viu que Harry parecia desacordado. Fudge levantou no outro lado da sala, assim como os aurores.

"Prendam todos os Comensais." Ouviu-o ordenar.

Olhou para trás e viu que a maioria dos Comensais estavam desacordados ou ainda cegos pela intensa claridade a pouco. Lucius parecia assustado e Narcisa tentava acalmar Draco que ainda chorava. Quando procurou por Sirius, viu este sendo magicamente preso. Estava cansado demais para qualquer coisa, mas arrastou-se até Harry. Já com o garoto no colo, deixou-se levar pela dor e o cansaço e desmaiou.

Quando Remus acordou, sentiu dor de cabeça. Abriu os olhos lentamente e lembrando de tudo que houve no Ministério, procurou por Harry. Sentou-se na cama em que estava bruscamente e olhou para os lados reconhecendo estar no St. Mungus. Uma enfermeira entrou no quarto nesse momento.

"Acalme-se, senhor Black. O jovem Potter está no berçário, dormindo. Logo poderá vê-lo. Antes disso, quero saber como se sente."

"Com dor de cabeça." Voltou a deitar.

"O senhor estava com sua mágica esgotada. Tivemos de manipular alguns poções. Logo se sentirá melhor."

"Obrigado." Suspirou. "O que aconteceu depois que desmaiei? E Voldemort?" Percebeu a enfermeira tremer de leve. "Desculpe. O que houve com Você-Sabe-Quem?"

"O que estão dizendo é que ele foi destruído."

"Como?"

"Ao que parece, Harry Potter o destruiu. O Primeiro Ministro acabou de dar uma declaração. Disse que Você-Sabe-Quem apontou a varinha para o garoto e disse a maldição da morte, mas nada aconteceu. Houve uma explosão de luz e depois, Você-Sabe-Quem havia desaparecido. Só restou a varinha dele e alguns Comensais." Disse empolgada. "Alías, ele quer falar-lhe. Consegui adiar seu encontro com ele. O senhor ainda está muito fraco."

"Quero ver Harry."

"O senhor ainda está fraco, senhor Black."

"Não me importo." Levantou-se com dificuldade. "Quero vê-lo. Onde ele está?"

"Tudo bem. Irei levá-lo até ele." Disse por fim.

Harry dormia tranqüilamente como se não tivesse passado por reviravoltas há algumas horas. Remus respirou aliviado ao ver o garoto. Ouviu a enfermeira conjurar uma cadeira ao lado do berço do garoto. Disse que voltaria em alguns minutos e saiu do quarto. Remus sentou e continuou a fitar o menino. Passou a mão delicadamente na cabeça dele e, só então, percebeu um ferimento na testa. Olhou mais atento e percebeu que tinha uma forma. Forma de raio. Engoliu seco. Voldemort deixara uma marca. Se fora feita por magia, com certeza não sumiria nunca.

Encostou-se na cadeira. Não importava. Estavam seguros agora. Cuidaria de Harry e teria uma vida tranqüila. Nesse momento, a porta foi aberta. A enfermeira voltara, mas estava acompanhada de Fudge e dois aurores. Suspirou cansado. Ainda tinha um problema a resolver.

"Sirius Black foi julgado culpado e mandado para Azkaban." Disse Fudge assim que entrou numa sala vazia com Remus. Os dois aurores ficaram do lado de fora.

"O quê? Não viram que ele protegeu a mim e Harry quando Bellatrix nos atacou?"

"Ele matou os Potter e Peter Pettigrew."

Remus massageou as têmporas. Por algum motivo, desconfiava que aquela não seria a única má notícia que teria. Voltou a encarar Fudge.

"E quanto a aparente destruição de Vold-" Percebeu o olhar de Fudge. "Você-Sabe-Quem."

"Destruído completamente pelo garoto. Não sabemos como."

"E o que acontece agora?"

"Bom, Sirius Black está sendo levado agora para Azkaban junto dos outros Comensais. A sociedade bruxa está em paz novamente e Harry será entregue a uma instituição para ser adotado."

"Como assim? Eu cuidarei dele." Disse levemente irritado.

"Receio que não."

"E por que não?"

"Entendo, senhor Black."

"Lupin." Corrigiu-o.

"Senhor Lupin, quando os Potter foram mortos, automaticamente a guarda do garoto passou para o padrinho dele, mas devido as circunstâncias, Sirius não será guardião dele. Não há nenhum outro parente vivo. A lei manda que o deixemos para adoção."

"Se eu quiser adotá-lo o que tenho de fazer?"

"O senhor não pode adotá-lo." Disse receoso.

"O quê?!" Exclamou irritado. "Lílian me deixou responsável por ele, senhor Ministro. Eu a vi morrer assim que colocou Harry em meus braços. Não irei deixar que uma família qualquer o adote." Disse em tom perigosamente baixo.

"Sei disso tudo, senhor Lupin, mas não há o que fazer. Por sua condição"

"Minha condição?" Cortou-o.

"Sua lincatropia, senhor Lupin. Além disso, o senhor é marido de Sirius Black."

"Por Merlin! Eu não vou devorar o garoto! E eu não sou mais marido de Sirius!"

"Sinto muito, senhor Lupin. Poderá acompanhar o processo de adoção. Não é permitido, mas abrirei exceção ao senhor. Talvez mude de idéia se vir que o garoto ficará em boas mãos. Melhoras." Retirou-se do cômodo.

Apesar de Voldemort ter sido derrotado, como era anunciado, Narcisa ainda sentia-se em alerta. Parecia prever que algo aconteceria. Já fazia três dias desde o incidente no Ministério e desde então não deixara Draco sozinho um minuto sequer. Lucius havia dito-lhe para não se preocupar e parar de vigiar o garoto. Draco também não parecia gostar do excesso de proteção da mãe.

Naquela tarde, Lucius estava no trabalho. Narcisa encontrava-se no ateliê com Draco. Percebeu que a Mansão estava silenciosa demais. Sentiu aquele sentimento de alerta irradiar por todo o seu corpo e ergueu a varinha. Olhou para Draco. Conjurou todos os feitiços de proteção que conhecia e aproximou-se da porta. Ao abri-la, deparou-se consiga mesma sorrindo-lhe. Não teve tempo de agir. Sua varinha fora tirada de si e foi empurrada para perto de Draco.

"Olá, irmãzinha." Ouviu-se dizer. "Não gostei nenhum pouco de você e seu marido terem virado as costas para meu Lorde."

"Não somos mais Comensais, Bella. Saia daqui!"

"Tsc, tsc." Reprovou aproximando-se. "Não se deixa de ser Comensal, Cissa. Seu marido jurou fidelidade. Recebeu a marca. Ele, você e seu filho pertencem ao meu Lorde."

"O que quer?"

Bellatrix nada disse, apenas voltou o olhar para Draco. Narcisa percebeu o que aconteceria, mas sem varinha, não podia fazer muito. Levantou-se colocando-se na frente de Draco, mas recebeu um feitiço e foi mandada para longe. Só teve tempo de ver Bellatrix pegando Draco no colo e desaparatar. Depois disso, tudo ficou escuro e sentiu-se desmaiar.

Lucius falava com outros funcionários do Ministério. Na verdade, tudo que queria era voltar para casa. Nesse momento, Winky aparatou no meio deles. Teria acertado a bengala que carregava na elfa se não tivesse percebido a expressão de terror dela.

"O que aconteceu?"

"Senhor, levaram o jovem Malfoy, senhor. A senhora está aos prantos, senhor. Me pediu para vir avisá-lo, senhor."

No segundo seguinte, havia aparatado na sala da Mansão. Assim que chegou, Narcisa o abraçou. Estava aos prantos. Apertou-a fortemente antes de afastá-la e encará-la.

"Bella levou Draco, Lucius. Não sei o que fará com ele."

"Não fará nada. Não deixarei que nada aconteça ao nosso filho." Disse determinado. "Irei agora falar com Fudge. Farei com que ele mande todos os Aurores procurarem por ela até acharem Draco."

Remus visitava Harry todos os dias no orfanato em que estava. O garoto o reconhecia e sempre chorava quando ia embora. Aparatou na frente de casa. Havia, enfim, encontrado um novo lugar. Era menor, mas agora não importava. Entrou e largou-se no sofá. Olhou para o jornal sobre a mesa de centro. Há alguns dias, soube do seqüestro de Draco Malfoy. Apesar de tudo, estava preocupado com o garoto. Mesmo tendo os pais que tinha, ele não merecia aquilo.

Levantou-se indo para o banheiro. Tomaria um banho demorado. Ainda tinha de ir falar com Fudge para agendar uma visita à Sirius. Estava adiando isso desde que o moreno fora preso, mas não podia continuar com isso. Tinha de acertar as coisas de uma vez com ele. Despiu-se e entrou no box. No momento, iria cuidar de si.

Bellatrix escondia-se numa cabana velha no meio do mato muito distante da cidade ou de qualquer outro lugar habitado. Há alguns dias seqüestrara Draco Malfoy. Pensava em dar um tempo e só então contatar os Malfoy. Estava irritada por eles terem, simplesmente, mudado de lado. Daria uma lição neles. Ah, daria.

Olhou irritada para a criança que chorava. Odiava crianças. Só comiam e choravam. Draco não era exceção. Ainda mais por ser um Malfoy. Aproximou dele e conjurou uma mamadeira. Colocou na mão dele e o esperou ele tomar todo o leite e dormir novamente. Ele, de fato, bebeu todo o leite, mas não dormiu. Ficou encarando-a. Então voltou a chorar. Fungou irritada e transfigurou algumas pedras em brinquedos. Pronto. Pelo menos por alguns minutos teria paz.

De repente, ouviu um barulho vindo de fora. Olhou para Draco e conjurou um cercado para que não tivesse perigo dele sair da casa. Então, saiu da cabana que estava e foi averiguar o local lá fora.

Lucius havia acabado de deixar Narcisa no quarto, dormindo. Teve de dar a ela uma poção do sono. A mulher estava mais do que aflita e a falta de notícias de Draco só piorava os nervos dela. Entrou no escritório. Suspirou cansado.

"Se eu quisesse fazer algo contra você, conseguiria." Disse Severus surpreendendo Lucius.

"Não o esperava." Sentou na poltrona em frente a lareira. "E caso quisesse fazer algo contra mim, há feitiços de proteção por toda a Mansão."

"O que não impediu de Lestrange entrar e levar Draco."

"Veio criticar a segurança da minha casa?"

"Não." Sentou-se na poltrona de frente a que Lucius estava. "Vim saber como vão você e Narcisa."

"Meu filho foi seqüestrado, Severus. Como acha que estou?" Perguntou cansado.

"Estou tendo um dejà vu." Disse calmamente.

Nesse momento, a porta é aberta por um elfo.

"Senhor, Ministro Fudge acaba de mandar recado, senhor. Localizaram filho de mestre, senhor."

Bellatrix fora surpreendida por cinco Aurores. Não conseguindo duelar com todos, acabou sendo presa. Fora levada ao Ministério e não respondeu nenhuma das perguntas feitas. Apenas ria feito louca. Lucius chegou em alguns minutos e ordenou que dessem a ela Verissatium.

"Onde está meu filho?" Perguntou Lucius com raiva.

"O deixei numa cabana."

"Onde fica essa cabana?"

"No lugar que me encontraram."

"Fudge, mande Aurores revistarem as redondezas de onde a encontraram. Quero meu filho agora."

"Não irão mais achá-lo." Disse Bellatrix seguida de uma gargalhada. "Só consegui ser presa porque sai da cabana. Ouvi um barulho vindo de fora. E não eram os Aurores." Gargalhou ainda mais.

Artur Weasley era casado com Molly Weasley e tinha cinco filhos engenhosos e uma linda garotinha a caminho. Trabalhava como contador numa empresa pequena no centro da cidade. Ganhava o bastante para sustentar a si e a família. Não era muito, mas era o bastante. E, era bruxo. Assim como a esposa. Contudo, desde o primeiro contato, há alguns anos, com a cultura trouxa, decidiu que viveria como um. Ao menos tentaria, visto que dentro de casa, pelo menos, tudo era regido pela mágica.

"Bom dia, família." Cumprimentou Artur logo que entrou na cozinha. A mesa estava posta e seus filhos já serviam-se. Três deles esperavam o mingau que Molly estava terminando de esquentar.

"Bom dia, querido." Disse Molly sorridente com sua enorme barriga.

"Bom dia, papa." Disseram Gui e Carlinhos, seus filhos mais velhos.

"O que acha de eu passear um pouco com as crianças?"

"Seria ótimo." Colocou um prato com mingau na frente dos filhos menores. "Por que não os leva ao Beco Diagonal? Acho que já é seguro ir lá. Você-Sabe-Quem já não existe mais."

"Pode ser." Pegou algumas torradas e encheu o copo com suco. "Já faz algum tempo que não vou até o mundo bruxo mesmo."

"A propósito, Artur, senti uma presença bruxa há alguns dias. Achei ter sido só impressão, mas senti ontem novamente. Parece vir perto do lago."

"Tem certeza? Estamos longe de tudo."

"Claro que tenho certeza. Sabe que o local é protegido. Senti alguns feitiços serem acionados."

"Tudo bem, já entendi. Darei uma olhada por lá assim que eu terminar aqui."

Nesse momento, Rony, o caçula começa a chorar. Fred e Jorge, que são gêmeos, havia jogado metade do mingau no irmão.

"Ora, que coisa feia." Reprovou Molly pegando Rony nos braços. "Eu deveria era dar um cascudo no dois." Viu-os começar a rir, mas pararam ao verem a expressão de fúria da mãe.

"Bom, bom. Vou dar uma passada no lago e depois, trabalho." Beijou suavemente a esposa e saiu.

Artur havia andado por quase toda a extensão do lago e não viu nada de anormal. Entã, ao aproximar-se de uma velha cabana abandonada perto do mesmo, ouviu um barulho de choro infantil. Alarmado, aproximou-se. Olhou de fora pra dentro e viu um cercado mágico com uma criança chorando dentro. Aproximou-se mais chamando atenção da criança.

"Por Merlin!" Exclamou surpreso pegando o garoto no colo. "Como veio parar aqui?"

Draco não respondeu nada. Olhava para o homem que o tinha no colo curioso. Não lhe era familiar, mas gostava da sensação de segurança com ele. Artur olhava-o e parece ter percebido que foi bem aceito. Sorriu para o garoto e saiu da cabana. Andou mais alguns minutos por lá esperando encontrar alguém, mas viu ninguém mais. Então, voltou para casa.

Se Artur tivesse permanecido mais algum tempo, teria se encontrado com alguns Aurores que procuravam por Draco desesperadamente. Encontraram a cabana, mas esta estava vazia. Resolveram voltar.

"Céus, Artur!" Exclamou Molly ao ver o marido entrando em casa com uma criança no colo. "Quem é esse garoto?"

"Não sei, Molly. O encontrei na cabana abandonada perto do lago. Acho que foi abandonado."

"O que faremos com ele? Será que tem pais? Será um trouxa?"

"Não tenho certeza. Havia um cercado mágico, mas pode ser que seja filho de trouxas. Talvez a mãe o tenha abandonado justamente por isso."

"Pobrezinho." O pegou no colo. "Tão magrinho. Como deve se chamar?"

"Tenho que ir para o trabalho. Aproveito e pergunto se alguém prestou alguma queixa sobre o sumiço dele. Até a noite, querida." E saiu novamente.

"Gui, Carlinhos." Chamou-os. "Cuidem dos gêmeos e de Rony. Irei dar um banho neste aqui e dar algo para ele comer."

"Sim, mama." Responderam.

Lucius voltara para casa furioso. Havia ameaçado todos os Aurores e Fudge. Queria seu filho! Aparatou em casa e destruiu a primeira coisa que viu na frente: uma estátua de um unicórnio. Entrou e foi direto para o escritório. Severus aparatou em seguida e seguiu o outro.

"Cinco malditos Aurores! Era só vasculharem um raio de três quilômetros! Não havia sinal de bruxos ou trouxas e tudo que me dizem é não terem achado meu filho?!" Vociferou.

"Acalme-se, Lucius."

"Me acalmar?! Meu filho está lá fora sabe-se lá com quem ou onde e você me pede calma?!"

"Também estou preocupado com Draco, Lucius. Contudo, gritar e destruir estátuas não vão resolver nada. Pense em Narcisa." Ouvir o nome da esposa pareceu ter tido efeito. "Quando ela acordar, você terá de mostrar-se forte."

"Falando assim, parece até que Draco morreu."

"Não. Não creio nisso." Aproximou-se do outro e colocou uma mão sobre o ombro dele. "Não se entregue, Lucius. Mande os Aurores continuarem a procurar. Encontraremos Draco. Agora, acalme-se."

"Obrigado, Severus." Encarou-o.

"Tenho de ir. Qualquer coisa, não hesite em me chamar." Aparatou.

Remus conseguira marcar uma visita a Sirius para o próximo mês, pós lua cheia. Achou muito distante, mas sabia que não conseguiria um dia mais perto. Principalmente com todas as atenções voltadas ao desaparecimento de Draco. Estava tão preocupado com tantas coisas. E, enquanto estivera no Ministério, soube que conseguiram encontrar uma única parte de Peter: um dedo. Três amigos mortos, o marido traidor e preso, Harry para adoção e Draco sumido. E, em alguns dias, seria lua cheia. Como a vida era bela.

Artur chegara em casa pouco depois do jantar. As crianças já dormiam e Molly tricotava algumas roupas para a filha que teriam. Sorriu com a cena e aproximou-se da esposa.

"Olá, querida. Desculpa perder o jantar. Acabei pegando hora extra."

"Tudo bem." Sorriu-lhe. "Alguma novidade sobre o garoto?"

"Não. Fui em algumas delegacias, mas nenhuma criança com as características dele sumiu. Talvez ele seja filho de bruxos. Mandei uma carta ao Ministério." Sentou no sofá ao lado da poltrona que a esposa estava. "E como ele se comportou?"

"Muito bem. Dei banho nele, ele comeu mingau e está dormindo. O coloquei no quarto de Ginny, por enquanto. E, ah!" Puxou uma blusa verde escura. "Encontrei o nome dele gravado na blusa. Draco L.M."

"Draco." Repetiu pensativo. "Um nome bem único." Olhou para o relógio. "É melhor dormirmos."

"Está bem. Estou cansada mesmo." Levantou-se com a ajuda do marido.

"Senhor Ministro, sua sala está com algumas cartas acumuladas desde ontem." Disse sua secretária.

"Céus. Não tenho tempo para cartas agora. Queime-as."

"Tem certeza? Pode ter alguma importante."

"Todas as cartas que recebo ultimamente são sobre o garoto Potter ou o jovem Malfoy."

"Tudo bem, então." Deu de ombros.

Narcisa parecia não ter mais nem forças para chorar. Lucius não sabia mais o que fazer. Pressionar Fudge não estava resolvendo nada e há duas semanas não tinha mais notícias do filho. Estava começando a pensar no pior. Enquanto estava no escritório, pensando no que fazer, ouviu batidas na porta e permitiu a entrada. Era Severus.

"Nada ainda?"

"Nada." Respondeu Lucius.

Severus olhou para o semblante cansado do outro. Estava com olheiras, parecia mais pálido e magro e o cabelo não estava arrumado como sempre. Aproximou-se sentando numa poltrona ao lado.

"Não perca as esperanças. Se tivesse acontecido algo ruim, saberíamos logo."

"Como pode ter tanta certeza?"

"Gosto de pensar assim. Além disso, ele é um Malfoy. E, por experiência, sei que ele vai se dar bem. Seja lá onde estiver."

"Fiquei sabendo que ainda não arranjaram um lar para o garoto Potter." Disse mudando de assunto.

"Não. Não que falte pessoas para adotá-lo, mas Lupin quem está a frente da adoção e, de acordo com ele, não achou ninguém que o agradasse. Penso que isso é só para ele ganhar tempo de achar um jeito de ficar com o garoto."

"Você poderia adotá-lo. De qualquer jeito, ele quase é seu filho." Disse divertido.

"Não diga asneiras." Rolou os olhos. "Sabe que não me dou bem com crianças."

"Não era o que parecia com Draco." Com a lembrança do filho, voltou ao semblante sério.

"Você deveria adotá-lo." Disse Severus após um tempo.

"Já tenho um filho, obrigado."

"Narcisa precisa de algo para se distrair."

"Estamos falando de uma criança, Severus. Não de um bichinho de estimação."

"Eu sei. Só estou dando uma sugestão." Levantou-se. "Pense assim, Harry precisa de um lar e vocês podem dar isso a ele. Não estou dizendo para substituir Draco. Só estou dizendo para fazerem uma boa ação."

"Narcisa jamais aceitaria isso. E seria capaz de azará-lo se souber que você deu essa idéia."

"Sei que pode persuadi-la. Tenho que ir." Aparatou.

Lucius parecia considerar a idéia. Narcisa precisava mesmo de uma distração. Contudo, adotar um filho seria como dizer que Draco não voltaria mais. Seria uma espécie de escape para isso. E não é só adotar e pronto, os problemas se resolviam. Teriam de cuidar da criança com amor e carinho como se fosse realmente filho deles. Sorriu irônico. Não se imaginava pai de um Potter. Mesmo que adotivo.

Após duas semanas de espera e sem nenhum notícia, Artur e Molly decidiram ficar com Draco. Naquela tarde, haviam ido até um cartório trouxa e o registraram como Draco Weasley. Foram longas horas de conversa até decidirem que seria melhor tirar o LM do nome dele. Nem sabia o que significavam aquelas siglas. Na mesma tarde, compraram mais algumas roupas para ele e um berço já usado. Colocaram no quarto junto dos gêmeos e Rony. Teriam de aumentar o quarto depois. Quatro garotos naquele pequeno quarto não seria muito bom.

Narcisa fora chamada até o escritório do marido. Após longas horas sobre a sugestão de Severus, decidiram. Na mesma noite, enviaram uma coruja para Remus com um pedido de adoção de Harry. Narcisa ainda não tinha certeza se fez o certo, mas já não tinha mais volta e nunca se arrependia de suas decisões. Ainda tinha esperanças de Draco aparecer. E até imaginou como seria ter os dois consigo, maiores. Draco bem que precisava de um irmão. Bem sabia que dar a luz a ele fora difícil. Impossível ocorrer novamente. Então, talvez adotar Harry não fosse uma má idéia.

Remus reconheceu a coruja preta e de raça dos Malfoy. Foi com surpresa que leu o pedido de adoção deles. Passou a noite pensando se seria uma sábia decisão deixar Harry com eles. Infelizmente, Fudge tinha lhe dado um prazo para arranjar um lar ao garoto ou ele mesmo o faria. Suspirou. Pelo menos já sabia o que esperar dos Malfoy, mas ainda assim imporia algumas regras. Tinha de ter certeza de que não transformariam o garoto num Lucius Júnior.

"Quero poder acompanhar todo o crescimento dele, diretamente. Poder vir visitá-lo, poder passear com ele e sempre ter notícias dele."

"Ou seja, ser o padrinho substituto dele." Disse Lucius erguendo uma sobrancelha.

"Só quero ter certeza de que não irão corromper o garoto."

"Corromper?" Indagou Narcisa. "Acha que o transformaremos num tipo de monstro?"

"Vocês são Malfoy. Só merecem a atenção de vocês sangues puro e ricos." Disse cansado.

"Se fosse assim, não estaríamos falando com você." Disse Lucius. "E, devo lembrá-lo, que Severus que é um mestiço, foi escolhido como padrinho de Draco."

"Aceitam minha condições ou não?"

"Está bem, Lupin. Só me prometa que serão visitas marcadas. Não o quero aparecendo aqui quando bem entender."

"Minha intenção não era essa, de qualquer jeito."

"E que me deixará educá-lo como eu educaria Draco."

"Feito."

"Então, quando levaremos o garoto?"

"Agora." Uma das mulheres responsáveis pelas crianças do orfanato entrou na sala com Harry no colo.

"Harry Malfoy, conheça seus novos pais." Disse Remus passando o menino ao colo de Narcisa.

Espero que esteja do agrado da maioria. Respondo reviews, não importa seu conteúdo. E adoraria se me avisassem caso vissem algum erro de digitação ou gramática. Obrigada por terem lido. Passar bem.