O título do ducado de Norfolk é mesmo um dos mais tradicionais e o mais antigo da Inglaterra, e pertencente à mesma família desde sua criação em meados do século XI. A residência oficial é o castelo de Arundel, sendo que também pertence ao Duque o título de Conde de Arundel, que pode ser transferido como título de cortesia ao filho mais velho. Sou simplesmente fascinada com romances históricos e como acho que o aquariano tem uma carinha de lord inglês (mesmo sendo francês, o que não foi modificado no fic) achei legal fazer algo assim com ele. Não sigo, em nenhum fic meu, a cronologia do anime/mangá, pois gosto de pensar neles sempre de forma atual, então não estranhem celulares e outras coisas, é como se o fic estivesse ocorrendo de fato em 2016. Camus tem então uns 29 para 30 anos e os eventos das sagas (santuário, Hades, Poseidon) ocorreram há mais de 10 anos. Para mim ninguém nunca morreu e como os eventos do anime não terão relevância na estória não vou me prender a justificar o porquê dele estar vivo.

Acho que isso é tudo, espero mesmo que gostem, foi escrito com muito carinho!

NORFOLK

Prólogo

- Não faça isso, Juliet! Pense no seu pai! Acredite em mim, Armand é pura maldade, não gosta de você! Ele é incapaz de gostar de qualquer pessoa!

Ignorando os apelos da amiga a jovem ruiva de lindos olhos azuis continuava a arrumar sua bagagem. Se ninguém, nem mesmo sua melhor amiga a apoiava a viver seu grande amor, ela não tinha mais nada para fazer ali. Podia ser tratada como uma verdadeira Lady, mas sabia muito bem que nunca deixaria de ser apenas a filha do mordomo.

Ela nunca se importou com isso. Sua amizade com Karina, Lady Norfolk, era tão intensa que chegavam a se sentir como irmãs, inclusive recebendo a mesma educação. Ela achava que a amiga também não via diferença entre as duas, mesmo ela não tendo nem um pingo de sangue azul. Mas Merlows, seu Armand, estava correto, no fundo Katrina tinha muito apego ao título da família e a mera possibilidade dela, a simples filha do mordomo, ser a próxima duquesa de Norfolk era o verdadeiro motivo para ela se opor ao seu romance com o herdeiro do ducado.

- Quer saber?! Armand tem razão, sua raiva é por saber que eu serei a próxima duquesa e que você será apenas Lady Stonehaven! Gosta mais do seu título do que de mim!

- Juliet... - A ruiva viu os olhos castanhos se encherem de lágrimas. Seu coração se partiu, não queria dizer aquilo! Sabia que amiga a amava, mas não podia negar que o fato dela não apoiar seu romance com o futuro Duque de Norfolk a fazia sentir que talvez a amiga não a visse mesmo como uma igual.

Juliet terminou de fazer a mala e se virou para a jovem de cabelos castanhos com lindos e naturais reflexos rosados e cachos que seguiam até a altura dos ombros.

- Te amo, Katri! Mas não vou deixar minha felicidade apenas por ter raiva de Armand ser o herdeiro do ducado! Sei que ele não é simpático com você, mas logo verá que ele é um bom rapaz e acabarão sendo bons amigos...

A morena se virou de costas, se recusando a se despedir da amiga. Não compactuaria com aquilo de forma alguma! Mas no fundo pedia a Deus que Juliet estivesse certa e que ao menos aquele patife asqueroso a fizesse feliz.

Juliet deixou o quarto e à Katrina restou apenas chorar, por mais que quisesse acreditar nas boas intenções do loiro, ela sabia que a amiga estava rumando para infelicidade e, talvez, para a tragédia.

Ela rolava na cama de um lado para outro, não conseguia conciliar o sono. Já fazia uma semana que sua amiga havia deixado o Castelo de Arundel para se casar com Armand Merlows. Como já tinha mais de 17 anos a jovem era maior de idade e poderia fazer o que bem quisesse, não dependendo da autorização do pai, que era radicalmente contra a união. Katrina não tinha tido nenhuma notícia da amiga desde a fuga. Nem uma mensagem, fosse no facebook, fosse no whatsapp, ligação, nada! E a ansiedade pela falta de notícias depois de tanto tempo não a deixava dormir ou mesmo se concentrar em qualquer coisa.

Apesar de ser contra aquela união absurda, ela cumpriu com sua palavra. Não contou para ninguém sobre a fuga, mas agora estava se arrependendo dessa decisão! O que impedia a amiga de dar ao menos um sinal de vida? Estava muito angustiada e tinha um pressentimento horrível.

- Katri!

A jovem abriu os olhos de imediato ao ouvir a voz de Juliet.

- Lety!

Pulou da cama assim que viu a amiga. Por Deus, como estava feliz! Ela havia voltado e quem sabe nem mesmo tinha chegado a cometer a loucura de se casar com aquele crápula vestido em bela forma. Mas alegria acabou no momento que percebeu que simplesmente não poderia estar vendo a amiga com tamanha nitidez no escuro, a não ser que...

Caiu de joelhos no chão! Aquilo não podia estar acontecendo, não! Ela não poderia estar... O choro estava quase lhe tirando o ar!

- Katri, me ajuda, por favor! Estou com medo!

Como queria abraçar a amiga, dizer que ficaria tudo bem! Mas agora isso seria impossível, nunca mais poderia abraçá-la. Mas não iria abandoná-la, precisava de ajuda e ela não a deixaria perdida! Buscando forças até mesmo onde não existia ela se levantou e limpou as lágrimas.

- Estou aqui, Lety!

- Me perdoa por acreditar em você! Ele é um monstro! - A ruiva chorava e tentava se aproximar da amiga, mas as tentativas em tocar Katrina eram em vão, as duas não mais pertenciam ao mesmo plano, embora o amor que as unia continuava tão forte como sempre.

- Me mostra tudo, Juliet! Não me poupe de nada! Eu te Juro, ele vai pagar! Vai pagar nem que eu tenha que gastar toda a fortuna da minha família para colocar aquele cretino atrás das grades!

Juliet se virou de costas, sentia culpa, remorso e dor, muita dor! Ainda conseguia sentir todas as dores que seu corpo havia sofrido nos últimos dias de vida. No instante final ela foi poupada, sendo logo desligada do corpo em sofrimento por uma pessoa que lhe era muito conhecida, Lord Richard Howard StoneHaven, o pai de Katrina. O espírito bondoso a retirou daquele local horrível impedindo que seu espírito sofresse ainda mais com aquele evento horrível. Após dias de abusos sexuais, o jovem loiro e dono de uma beleza clássica, a matou estrangulada. A intervenção do antigo Duque impediu que o períspirito da jovem fosse atingido pelos ataques ao corpo sem vida, que foi mutilado para retirada ilegal de seus órgãos. Quando sentiu que a jovem estava mais forte, dois dias após o desenlace, ele a guiou para que a ruiva pudesse contatar a amiga, os dons mediúnicos de Katrina ajudariam Juliet e poderiam contribuir para que o perverso rapaz pagasse ainda em vida pelo mal cometido.

Armand não queria matar a bela Juliet Shimit, estava mesmo apaixonado por ela, e nos dois primeiro dias após a fuga dela os dois viveram intensamente o desejo e paixão que os unia. Queria mesmo fazer dela sua duquesa, ela tinha a educação adequada e a beleza que causaria inveja a seus pares. Mas a jovem tinha que ser tão intrometida quanto a idiota da amiga paranormal! Detestava Katrina Rovena Howard Stonehaven, a moça era a única pessoa que parecia conseguir sondar sua alma e ver a verdade por detrás do comportamento impecável. Como queria fazê-la sumir, mas havia um inconveniente, na verdade dois, o atual duque, Nicholas Edmund Stonehaven e sua mãe, Lady Margaret. As mortes tinham que vir na ordem certa, para que assim ele tivesse acesso não apenas ao título, mas a toda fortuna dos Howard Stonehaven.

Juliet havia descoberto seus negócios escusos e a ele não restou outra coisa a não ser mata-la. Claro que primeiro se certificou que ninguém, além a estúpida amiga, sabia com quem ela estava. Mesmo que Katrina tentasse acusá-lo, ela teria muita dificuldade em provar qualquer coisa, pois viajava com documentos falsos e até mesmo disfarçado, uma maquiagem muito bem feita que fazia dele um homem de meia idade e moreno. Como Juliet era ingênua, mesmo desconfiada no disfarce, ela aceitou sua desculpa tola que apenas queria impedir que seu pai a encontrasse antes que estivessem casados. Isso não estava longe da verdade, mas sempre que ia tratar de seus assuntos relacionados ao tráfico ilícito de órgãos usava um disfarce diferente, até mesmo com silicone dos dedos para alterar suas digitais. Seria impossível que Katrina conseguisse provar a ligação entre ele e Juliet e, bem, ele já vinha trabalhando para que toda a sociedade londrina tivessem a imagem da jovem Lady como uma mulher desequilibrada e esquizofrênica.

Mesmo em meio à dor e à vergonha, Juliet fez exatamente o que Katrina pediu. Ver todo o sofrimento pelo qual a amiga passou na última semana de vida foi a coisa mais dolorosa pela qual Katrina havia passado, nem mesmo a morte dos pais havia sido tão doída, pois era muito amada por seu tutor e também por todos que serviam à sua família. Mas aquilo era necessário, ela buscava por formas de poder denunciar formalmente Merlows. Achava, de verdade, que não havia mesmo como passar por um sofrimento maior que aquele, não fosse o fato de que apenas três meses depois seu tutor, Nicholas Edmund, 19º Duque de Norfolk, veio a falecer após um ataque cardíaco, sendo substituído pelo perverso Armand Merlows, não apenas no ducado, mas nos deveres de tutela sobre a ela.

Agora ela também estava nas mãos do assassino de sua amiga e acreditava não ter a quem recorrer. Quem acreditaria no testemunho de um fantasma que havia se comunicado com a amiga que era médium? Desde a morte de Juliet ela vinha se empenhando em encontrar meios legais de acusar aquele homem, mas havia avançando pouco quando foi surpreendida pela morte súbita do seu tutor.

Assim que assumiu o ducado, Merlows logo encontrou uma forma de silenciar sua odiada tutelada. Aquele problema com mortos estava enlouquecendo a pobrezinha que teve que ser internada. Com a internação a jovem ficou isolada de qualquer pessoa que estivesse disposta a ajudá-la, principalmente da velha mãe do falecido duque. Mas o que Merlows não sabia era que a velha era mais astuta do que ele imaginava e com a intervenção de um empregado muito bem pago da instituição em que Katrina estava internada, ela conseguiu ajudar a morena a fugir depois de quase um ano de internação.

- Aqui está tudo, querida. – A senhora lhe entregava uma pequena bagagem e documentos - A viagem de navio não é das melhores, mas é muito mais difícil de ser rastreada que a uma de avião. Sei que está magoada com meu neto, também estou, tentei dizer a ele que sua internação era um erro, que vocês está completamente sã, mas Louis sabe ser teimoso quando as coisas saem do controle dele. Mas tenho certeza que ele não se negará a ajudá-la quando estiver diante de você percebendo o quanto é lúcida e muito bonita!

- Obrigada, Margaret, não tenho como agradecer o que estava fazendo por mim! – A jovem disse sorrindo grata pelo apoio recebido.

- Case-se com o idiota do meu neto e eu me considerarei completamente recompensada! Verá que ele é bonitão e não será tão difícil se apaixonar por ele!

Katrina ficou surpresa ao saber que após um ano internada em San Valetin ainda tinha capacidade de rir. A velha senhora era mesmo encantadora e lhe fazia sentir que ainda era possível ter esperança, apesar de não confiar nem um pouco que seria capaz de mudar a atitude do verdadeiro herdeiro do ducado.

- Verá que ele irá ajudá-la, querida, sei que vendo sua situação ele irá assumir seu lugar como o verdadeiro duque de Norfolk. Confie, Louis é um bom rapa e lembre-se, uma mulher inteligente sempre tem o que quer de homem, e ainda o faz acreditar que a escolha foi dele!

Sorrindo a jovem de despediu da bela idosa antes de embarcar no navio que a levaria para Grécia onde deveria encontrar, Louis Philip Camus Stonehaven, 20 º Duque de Norfolk, mas que no país de deuses mitológicos era conhecido entre seus companheiro de luta como Camus de Aquário.

(...)