Atenção: Os personagens, lugares citados na história não me pertecem (o que é uma pena), eu sou simplesmente uma fã que teve uma idéia em relação ao seriado Charmed e quis escrevê-la, então é isso.

Outra atenção: Esse capítulo é narrado em terceira pessoa e está "meio" dramático, como vão perceber, mas as coisas vão melhorar e o narrador se tornará Glenn.

O Acidente de Carro

Ele trocou a marcha do carro e acelerou um pouco, para pegar o sinal pelo menos no amarelo.

"Você sempre diz que vai mudar e cadê que não vemos a mudança?" Questionou George, olhando para a filha pelo retrovisor. Paige não parecia ligar para as palavras do pai, talvez, nem para as próprias, aquelas, que prometiam mudanças.

Ele acelerou mais um pouco ao ver, ainda pelo retrovisor, que a filha não parecia nem querer estar ali. A mulher se assustou com a acelerada.

"George diminua!" Pediu Debra, que logo depois virou-se um pouco no banco e direcionou-se a filha. "E não revire os olhos para seu pai. Ele só se preocupa com seu futuro, Paige, e eu também." Sempre a mesma coisa, as mesmas palavras; todos no carro já sabiam suas falas e quando falá-las.

Agora Paige bufou, impaciente e deslizou um pouco no banco do carro, cruzando os braços. "É o que vocês sempre dizem" Murmurou de uma forma que nenhum dos dois pudessem escutá-la.

"O que disse, Paige?" Perguntou sua mãe e a garota simplesmente murmurou um 'nada' e mais uma vez revirou os olhos.

Para o casal Matthews, a filha (adotiva) estava os preocupando cada vez mais; desde que entrou na adolescência e ela foi para o colegial, que havia mudado. De início, acharam que essa rebeldia era algo passageiro, mas isso já tinha dois anos e ela ainda estava nessa fase.

O que os preocupavam mais ainda, era que Paige fumava e bebia, e embora confiassem nela, vai saber se usava drogas pior que essas? Não podiam saber. E decepcionava quando ela prometia melhorar nos estudos, parar de fumar e beber, mudar, e não cumpria, por que eles ficavam na expectativa, e nada mudava, só piorava.

George deu um suspiro cansado, esfregou a testa com uma mão, sem deixar a direção e se pronunciou. "Ainda sim, teremos o jantar em família... Estava pensando em..." Paige o interrompeu.

"Ainda?" Perguntou incrédula. Seu pai forçou o pé no acelerador de novo, mas a garota não ligou. "Para que isso? Heim? Para ficarmos sentados naquela mesa nos encarando sem que nada tivesse acontecido? Sendo que vocês estão me odiando nesse momento e eu também estou odiando vocês?" Aquilo foi a gota d'água.

George se virou, tirando sua atenção do percurso para pô-la em Paige, ainda com pelo menos uma mão no volante.

"Olha aqui, moci..." Agora quem cortou-o foi a esposa.

"George, a direção!"

"O caminhão pai!" Gritou Paige, mas nenhum dos avisos conseguiu fazer o homem impedir o que estava para acontecer.

O caminhão veio pela horizontal e não teve tempo para frear também, amassando e muito o carro onde os Matthews estavam, pegando bem onde o motorista estava. Mas a batida foi tão feia e forte, que os três não sobreviveriam.

Pelo menos boa parte da família.

Sem mais nem menos — talvez a porta da carona estivesse aberta, não se sabe — Paige estava fora do carro e rolando na rua, por causa da saída violenta do carro. Isso fez ela ralar um pouco a testa, mas nada sério.

Quando parou de rolar, ficou alguns segundos no chão, sem coragem e forças para levantar, até cair a ficha de que seus pais ainda estavam dentro do carro. Levantou o mais rápido que pôde e tentou correr até o carro dos pais — outro machucado que a queda causou, ela bateu os joelhos fortemente no chão — , quando estava alguns metros só, o carro explodiu, e o caminhão também, mas ela não ligava para quem estava no caminho, e sim para o casal que estava no carro.

Aquilo foi horrível, uma cena forte: a filha ver os pais morrerem de uma forma tão cruel. Por ter consciência disso, Paige não sabia como reagir. Não sabia se chorava de dor, de culpa, de raiva, ou por qualquer sentimento que a invadisse.

As lágrimas escorriam em seu rosto, mas ela ainda tinha uma expressão atônita. A dor era tanto que não sabia como expressá-la. Deixou mais lágrimas caírem e então caiu de joelhos no chão da rua — a essa altura, alguém, não importa quem, havia visto o acidente e avisado aos médicos e autoridades — e se encolheu, escondendo o rosto nas próprias mãos, enquanto algum paramédico tentava falar com ela, mas ela não ouvia.