Disclaimer: The Walking Dead não me pertence.
Nota: Pequeno fanfiction baseado no trailer da 4 temporada. Claro, aquele abraço entre Daryl e Beth provavelmente não representa nada, mas uma mente criativa... cria! E sofre ¬¬" CARYL, sempre! Amo Placebo, eu vou escutando as músicas e criando coisas na minha cabecinha kkkkk
Porque um coração que dói, é um coração que funciona- Placebo- Bright Lights
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"Entrelinhas"
Parte 1
Dizem que as pessoas só se dão conta de importância de algo quando perdem.
Vinte e três dias.
Vinte e três dias, seis horas e quarenta e sete minutos, para ser mais exato, isso se Daryl tivesse um relógio para manter a conta.
A última vez que Carol entrou em sua cela, antes de ir dormir, sentou naquela cadeira perto do batente e conversou, sobre tudo, sobre nada. A cadeira estava no mesmo lugar, durante esses vinte e três dias, vazia, a espera.
A rotina foi quebrada e Daryl não sabia explicar o motivo. Ele não entendia, ele queria de volta.
De longas conversas e confissões, sim ele estava começando a se abrir para Carol, contando segredos de sua infância conturbada, eles passaram para somente "bom dia, boa tarde, boa noite", e agora, somente um aceno. "Daryl", ela diz rapidamente e simplesmente passava por ele, como se o caçador fosse mais um objeto fazendo parte do cenário.
Vinte e três dias, e ele não agüentava de saudade. Saudade daquilo que nunca teve e provavelmente nunca terá. Uma tarde, ao vê-la rindo e conversando animada com os novos moradores de Woodbury, Daryl sentiu os olhos ardendo, o corpo tremendo. Ele foi capaz de esconder muito bem o sentimento, ninguém percebeu, e se percebesse, Daryl culparia a poeira. Ele se sentiu abandonado, mais uma vez em sua vida.
...Por quê?...
Carol tinha estabelecido uma nova rotina que não o incluía, e isso queimava seu peito, ele odiava. Isso tirava sua paciência, ele tinha vontade de quebrar algo, de fugir para a floresta. De baixar a cabeça e se entristecer.
Ela acordava cedo, preparava o café da manhã, cuidava das roupas, do almoço, arrumava a 'casa´, mantendo o maximo de normalidade possível. Depois do almoço dava aula para as crianças. Primeiro aulas de geografia, historia, matemática, depois aulas de 'defesa com facas´, quem poderia imaginar a doce e tímida Carol Peletier ensinando crianças a matar walkers com facas. No final da tarde, ela organizava o jantar, fazia o seu turno de vigília, e antes de dormir ia para a biblioteca estudar livros de enfermagem e primeiros socorros junto com Hershel.
Carol havia se transformado em pilar dentro da prisão, era a mulher que todos procuravam quando passavam por algum problema, era a mãe. As crianças a seguiam, principalmente uma loirinha que estranhamente o lembrava de Sophia. Daryl sentia ciúmes de uma criança? Ela estava tomando quase toda atenção de Carol. Mas ela tinha atenção para oferecer para Tyreese, Sasha,Rick, Judith, Carl, Hershel, Maggie, Gleen. Carol tinha tempo para todos, menos para ele.
Daryl abaixou a cabeça e continuou comendo, colherada cheias de sopa após colherada. A sopa preparada por Karen não tinha sabor, não estava ruim, mas faltava sal, faltava alguma coisa, mas era o que tinha para comer. Carol não teve tempo de preparar o jantar naquele final de tarde. Ela , Tyreese, Sasha estavam planejando alguma coisa. Daryl não quis ficar para ouvir. Era demais. Escutar Carol rindo e falando com tanta facilidade com aquele homem. Ele começava a odiar Tyreese, e o filho da mãe nem dava motivos para isso.
"Está combinado, amanhã a gente sai antes do primeiro raio de sol. Se você não acordar, eu jogo um balde de água na sua cabeça, eu juro." Ela apontou para o ex jogador de futebol americano, e riu, dirigindo-se para o fogão com o prato na mão.
"Nada mais justo" Tyresse também riu. Logo se sentou ao lado de Daryl, com um sorriso nos lábios, o caçador quis enfiar sua colher no meio da testa do homem. Ele sentiu a comida embrulhando no seu estômago. Ele sentiu raiva, ódio.
Daryl escondeu os olhos debaixo da franja, seu olhar provavelmente faria com que o jantar fosse interrompido com uma enorme briga. As coisas já estavam difíceis para ele, era melhor evitar.
"O que vocês estão planejando?" Rick balançou Judith que balbuciava em seu colo "Ba ba ba..."A bebê tinha bolinhas de saliva nos pequenos lábios.
"É uma surpresa. Amanhã a gente vai saber se vale a pena investir nisso ou não..." Carol sorriu, com o prato na mão, ela parou ao lado de Rick, falando com uma voz infantil, ela abriu um largo sorriso para Judith "Hei bebê, você está quase falando papai? EH?"
Daryl sentiu o canto de seu lábio levantando, quase um sorriso, a voz de Carol conversando com Judith era deliciosa, ele tinha que admitir. Ele sentiu uma onda de adrenalina percorrendo seu corpo quando Carol sentou-se ao seu lado para jantar. Vinte e três dias depois ela estava perto dele novamente.
"Você...você...Não quer que eu vá junto?" A voz de Daryl, sempre grossa e rouca, saiu esganada. Se Merle estivesse vivo, ele provavelmente estaria rolando no chão de tanto rir. ...Isso não é um Dixon, isso é maricas...
Carol engoliu seco, ela sentia tanta falta dele. Mas ela precisava ser forte, estava quase conseguindo atingir o seu objetivo. Esquecer Daryl Dixon, enterrar esse sentimento ridículo que sentia por ele. ...Quem você pensa que engana Carol?... Ela colocou uma colherada de sopa na boca, sabendo que poderia engasgar com o liquido, mas precisava umedecer a garganta seca.
"Ah. Obrigada Daryl, é mais um...reconhecimento. É uma idéia que eu o Tyreese tivemos que pode melhorar muito nossas vidas, mas a gente não quer criar expectativas. Amanhã todos ficaram sabendo se vai funcionar ou não. Ok?"
Vinte e três, finalmente uma sentença completa vindo de Carol para Daryl. Ela tinha que ser forte agora. Enterrar logo esse sentimento, e voltar a conviver com ele como pessoas normais. Estava sendo difícil, cada dia era uma batalha.
A verdade, tudo que Carol realmente queria, era sentar naquela cadeira, dentro da cela de Daryl, e conversar e rir. Fazer ele ficar vermelho com suas provocações...Suspirar, esperar por um contato qualquer, um beijo...Sentir seu coração pulsando como uma adolescente...
Mas não era mais seu lugar. Não era mais sua posição, Beth e Daryl que se entendessem, como tinham se entendido, há vinte e três dias, seis horas e quarenta e sete minutos.
Carol desviou seu olhos de Daryl, já sentindo vontade de voar dali. Ela tinha prometido para si mesma, depois da cena inusitada que viu entre os dois, ia cumprir sua própria promessa. ...Espaço, eu preciso de espaço... Eu preciso colocar minha mente pra funcionar e fazer a vida aqui na prisão ficar melhor para todos nós...
...Chega de sofrer...
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Obrigada por ler
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