You with a hibiscus in your hair
Suicide in despair in the sunset
Until the bones of my spine groan and grate
Hold me, won't you kiss me and forgive me?
Never again in the evening sun… — Coyote, BUCK-TICK
— X —
Hoje uma borboleta foi encontrada morta em frente ao meu quarto. Não havia sinais de como ela tinha ido parar lá. Era apenas um inseto no fim de tudo.
— X —
Sono. Sasuke, sem dúvida alguma, encaixava suas expectativas do dia sob o estado reversível de dormência. Um completo dependente de estados de inercia que eram repousados em seu corpo. De fato, um grande colecionador de alívios.
Remexeu-se na cama desarrumada, fugindo dos raios solares que os vãos da janela permitiam entrar em seu lugar repleto de êxtase e comodismo. Pela iluminação natural do sol, o quarto era caracterizado como um amontoado de roupas sujas e mesas desarrumadas e coisas amontoadas. Talvez fosse quase impossível encontrar o reflexo do azulejo para poder estabelecer um ponto seguro no trajeto pelo quarto. Na realidade, este lugar parecia quase uma mentira se olhado por outros olhos e até pelos do próprio dono, um admirador de polidez e organização.
— Ei, Sasuke! — Uma voz extremamente presunçosa e forte reverberou em seus ouvidos, fisgando um resmungo nítido do fugitivo da claridade. — Por que você me ligou?
Sasuke demorou mais do que o esperado para responder; ainda estava largado na cama, agora sem o mesmo conforto de antes. Analisou por certos segundos sua pergunta, retirando os tecidos grossos de cima de si e fixando seus olhos no teto amarelo...
— Como? — Sua voz soava mais sonolenta que o habitual, até mesmo dividida em um tom de embriaguez. — Eu estava dormindo.
— Era por esse motivo que só ouvia resmungos?! Ora, Sasuke! — "Barulhento", balbuciou do seu lado da linha ao ouvir o sarcasmo em sua voz.
— Sim, Naruto, por isso mesmo. — desconversou Sasuke. — Estou começando a ficar sóbrio do resultado de uma noite mal dormida, então irei desligar.
Sem quaisquer respostas para o fim da ligação, ou mesmo uma explicação convincente do porquê da inesperada ação de sua parte vinda de seu estado dormente, levantou a passos pesados da cama, como se seus pés pesassem barras de academia.
Chegou à porta do banheiro e entrou em seguida. Despiu-se sem pressa, observando os arrepios de sua tez sendo arranhada gentilmente pela vestimenta de um material pesado.
Desnudo, caminhou a passos lerdos ao chuveiro, deslizando sua mão pela torneira de metal gélida e cortante, resultando nas gotas grossas de água fria sendo arremessadas em seu corpo, procurando doer na pele pálida, no entanto, sem surtir qualquer efeito doloroso. O cabelo negro fora bruscamente jogado para trás, retirando a impregnação do conforto da cama e afligindo seu couro cabeludo. Era uma sensação desconfortável que havia se acostumado pelos longos dias sem molhar o cabelo devidamente.
Perguntou-se em todo o trajeto do sabão pelo corpo como conseguira chegar a casa sem qualquer interferência ou absurdos de sua parte. Era, de longe, alguém que tendia a lembrar de suas devastações. E o dia de ontem fora mais um para a coleção de reminiscências, de fato.
Desejou que a água fria pudesse perfurar suas camadas de pele e lavar sua alma como bem fazia com o seu corpo exterior. Estava sujo até os dedos dos pés, completamente devorado pela turbulência da podridão de fatores externos estreitamente ligados ao seu ser. Sentia que uma espessa camada de pele obsoleta cobria todos os seus poros, e que nenhuma água das fontes mais puras poderia retirá-la ao invés de si mesmo, arrancando-a com as unhas e deixando rastros de sangue para trás. Essa era a primeira verdade dolorosa que tinha medo de enfrentar.
Os raios solares o acharam pela janela pequena do banheiro, e quando sentiu a quentura atingir sua pele gelada percebeu que deveria sair do banho e tomar um bom chá de erva-cidreira, obrigado.
Enrolou-se na toalha grossa do quadril para baixo, e apoiou-se na pia de mármore. Pegou sua escova e pasta, contudo, antes mesmo de colocar a substância química no emaranhado firme de fios curtos, observou sua face no espelho grande do banheiro: profundas marcas negras ao redor dos olhos negro-perolados enfeitando o rosto pálido como grandes bolsas de pesares. A salvação da sua pele clara e manchada era a ausência da barba por fazer. Sentia-se feliz por ter mantido esse costume na aparência depois de tudo.
Sasuke era uma cara de olhos sérios e cabelos graciosos, com uma aparência banhada de graça. Uma mancha a mais ou a menos na sua pele era apenas um detalhe a ser admirado. Seu corpo foi naturalmente moldado pelos esportes que fazia quando jovem, e permanecia assim até os dias atuais, mesmo com toda a dose de álcool e nicotina que colocava no organismo. De longe poderia ser visto como alguém abençoado, amém.
Uma camisa negra e uma calça moletom jogada no armário, e este era seu uniforme do dia. Talvez, por acaso, tivesse pensando em vestir algo mais encantador, mas as circunstancias não o atraíram para isto.
Tocou sua mão na maçaneta, mas antes disto impactou seu pescoço fortemente, ocasionando altos estalos e um calafrio confortável em si. Por um momento, realmente pensou que com uma boa inquietação conseguisse ter um dia calmo como o que sempre sonhara.
O ar caloroso do dia socou sua pele ao pisar na sala; normal. Seus pés descalços tocaram o piso frio de madeira, diferente de seu quarto. O choque imediato ao sentir algo tremular na pele pálida. Retirou seu pé de cima e pode observar um inseto nitidamente agonizado, tentando inutilmente amenizar sua própria dor, ou mesmo tentar escapar do que seus sentidos captavam.
Era uma criatura alada que estava imersa em seus próprios deveres e erros, igualmente a Sasuke. Ela estava abraçada por um berço mortífero de variações de marrom e luz natural que vinha da varanda. Tentava aguentar a dor do fim e falhava miseravelmente após ter a atenção de quem não queria mais. No fim, era apenas uma borboleta que Sasuke não achara nem um pouco simpática. Talvez, em algum momento, tivesse sido um inseto mais bonito, no entanto, agora era apreciada apenas como um lepidóptero colorido com cores fúnebres, algo como um sépia melancólico com rastros de rosa melancólico.
O dono do quase tiro que tiraria a vida borboleta fez uma comparação mental de si com o inseto e enojou-se.
Abaixou para tocar seu dedo na asa sépia; fina como uma folha de papel e frágil com as teias de uma aranha. Bastou o encostar da tez com a asa e percebeu um pouco da desintegração como resultado. Simplesmente quebradiça; pobre asa efêmera.
Colocou sua mão ao lado do corpo frágil e com a outra mão empurrou-o para que parasse na palma da que esperava. Foi possível que novamente uma parte da asa tenha ficado danificada, uma vez que Sasuke não era mais uma pessoa que em situações como esta apresentava pacificidade, mas ele só queria se livrar daquele espetáculo agourento que atraia atenção na porta do seu quarto.
Com a borboleta em mãos, prestes a jazer, caminhou a passos despreocupados à cozinha. Era um cômodo pequeno e claro demais, ideal para apenas uma ou duas pessoas a utilizarem. Na mesa onde normalmente fazia as refeições, pendurada em uma cadeira de madeira, uma sacola com resquícios de papeis amassados, cinzas e garrafas eram os detalhes mais nítidos.
Prestes a colocar a borboleta nefasta em meio ao mar de papéis sujos e garrafas vazias, batidas repetitivas e fortes reverberaram seus ouvidos, quase parecendo um terremoto em seu corpo e uma premissa de sua visão tornando-se turva. Revirou os olhos e deixou a borboleta na beira da mesa, indo abrir a porta.
— Hey, Sasuke! — gritava o visitante inesperado — Vamos, eu sei que estás aí! Abra logo! — Antes de dar mais uma batida, a porta foi aberta pelo dono da casa. — Olá.
— X —
My legs are weak and my mouth is dry
I've been taking medicines, but not on time
I've been craving company I'll never find
It's almost fantasy — Almost Fantasy, FOG LAKE
