Origens
Era um dia ensolarado, com poucas nuvens no céu fortemente claro. Faziam cerca de 30ºC em Athenas, Grécia; não havia uma única casa ou apartamento cujas janelas e portas estivessem escancaradas para um bem-vindo ar fresco.
A pensão "Lar de Apollo" estava vazia; os moradores estavam todos do lado de fora, sentados ou esparramados no gramado do pátio. Dona Marie, proprietária da pensão, servia sucos refrescantes.
Um dos rapazes que se acomodaram na grama fresca chamava mais atenção que os outros. Era muito bonito; a pele era clara e macia. Seu rosto era belo como o de uma moça, seus olhos de um cintilante tom azul cobertos por suas pálpebras semicerradas. Os cabelos ondulados e louros, que lhe alcançavam o meio das costas, estavam espalhados como uma coroa dourada em torno do rosto angelical do rapaz, com algumas mechas rebeldes insistindo em cobrir a pele brilhante e suada.
- DI! – A voz aguda e meiga de Marie chamou, e o belíssimo rapaz abriu os olhos.
- Sim, vó? – Respondeu, sentando-se preguiçosamente, apoiando-se nos braços. A velhinha foi até ele, abaixando-se até onde sua coluna permitia e comunicou-lhe:
- Visita. – Sua voz soou cansada, devido à dor nas costas.
- Visita?Quem? – Não foi necessária a resposta. Seus orbes azuis-celeste apontaram imediatamente para a porta da pensão, cuja soleira servia de apoio para outro rapaz, tão belo quanto Afrodite, porém uma beleza distinta; a pele parecia nunca ter sido tocada pelo sol; os cabelos castanho-claros caíam rebeldemente sobre os ombros largos e ao longo das costas. Ele tinha os braços cruzados, o que atenuava seus músculos desenvolvidos. Os olhos verde-esmeralda logo encontraram os azuis de Afrodite. Sorriu.
O sueco também sorriu. Levantou-se e atravessou o pátio em direção ao visitante. Não demorou a alcançá-lo, uma vez que seus passos foram ágeis.
- Oi. – A voz usualmente grave e rouca fluiu dos lábios semimóveis do rapaz ainda encostado na parede.
- Oi. – Afrodite respondeu num tom quase melódico.
O homem ajeitou a postura, mostrando-se mais alto. Descruzou os braços, e estendeu-os; recebeu Afrodite calorosamente, abraçando-o pela cintura frágil.
- Sentiu saudades? – Falou Saga ao ouvido de Afrodite.
- O que você acha? – O sueco o abraçou pelo pescoço, arrumando o colarinho da camisa pólo.
Saga apertou-o contra o próprio corpo.
- Quero ouvir. – Apesar das palavras, o tom de voz era calmo e sedutor, uma voz muito calorosa.
- Muitas. – Afrodite afagou-lhe a nuca, entrelaçando os dedos nas madeixas rebeldes de Saga.
Ouviram um pigarro, e afastaram-se um pouco. Marie aproximava-se de ambos, com um sorriso complacente nas facetas velhas.
- Vai querer alguma coisa, querido?
- Bom... Não, obrigado. – Saga pôs as mãos nos bolsos da calça jeans. Sorriu para a velhota.
- Está bem. – Marie retribuiu com um sorrisinho discreto e ruborizado e se afastou.
Afrodite encostou-se na parede oposta a Saga, de frente a ele. O grego ergueu um canto dos lábios, num sorriso torto; ergueu os braços, apoiando as mãos nas paredes intencionalmente encurralando o rapaz. A mão de Afrodite tocou seu rosto, num leve roçar de dedos.
- Acho... Melhor nós irmos para cima... – A voz que o sueco sussurrara era macia e irresistível.
-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-
Logo após longos e prazerosos instantes, estava Afrodite repousando nos braços de seu amado. Rolou o corpo, deitando-se sobre Saga.
- Fique feliz com a sua visita. – Sorriu Afrodite, alisando os lábios do grego com o indicador.
- Imaginei que ficasse. – Saga exibiu um sorriso convencido.
O sueco deu-lhe um selinho repentino e sentou-se ao seu lado.
- Ei...e aquela mensagem que você me mandou?
- Ah, sim. – Saga sentou-se também, apoiando o braço na cabeceira da cama em torno de Afrodite. – Fali de vez.
O sueco abriu a boca, mas nada dissera. Sabia o quanto aquilo significava para Saga. Este lhe segurou a mão.
- Está tudo bem. Ainda tenho uns dois ou três prédios, mas recebi uma boa ofe...
Afrodite encarou-o, sério.
- Ah – Saga interrompeu a si mesmo. –Esqueci que você não gosta de falar sobre isso, desculpe.
- Ta tudo bem. – Afrodite deitou a cabeça no ombro do grego, suspirando alto. – Se não fosse por mim, você...
- Se não fosse por você eu estaria num inferno. – Saga afagou-lhe a nuca na tentativa de acalmá-lo. – Eu te amo.
Afrodite deixou ser beijado na testa; Não conseguiu evitar um pequeno sorriso antes de mergulhar num silêncio pensativo.
- Saga...
- Sim?
Hesitou. Apertou os lábios, respirou fundo e disparou temeroso:
- Bom er... Você nunca... Pensou em visitar... A sua... – deu uma ligeira pausa -... Família?
Saga empalideceu ainda mais sua pele albina; os olhos claros se estreitaram fixos na mobília à sua frente. A mão que afagava Afrodite enrijeceu.
- Esquece. – A voz do sueco saiu baixa.
- Não, eu... – Saga sorriu, mas seus olhos não demonstravam motivos para tal. – Já pensei nisso, sim...
Calou-se. A mão se tornara menos tensa.
- E aí? – Afrodite levantou o rosto, fitando Saga de frente.
Ele não respondeu; tombou a cabeça para trás, apoiando a nuca na cabeceira da cama. Esvaziou o peito num longo suspiro e recuperou o ar ruidosamente.
- Acho que eles não iriam querer me ver. – Explicou com uma voz amargamente arrastada.
Afrodite quase pulou da cama.
- Como não?! Qual família não ia querer um membro de volta?!
- Não um membro como eu. – Saga voltou os olhos para o rapaz ao seu lado; sua voz era fria, mas lá no fundo um tom melancólico era perceptível – Que os trocou por dinheiro sujo e poder.
- Pára com isso, seu dramático. – Afrodite segurou o rosto do grego com as duas mãos, voltando-o para si. – Família é família. Tenho certeza que te receberia de braços abertos!
Um esboço de sorriso surgiu nos lábios de Saga.
- Você é otimista demais.
- E você é pessimista demais. Completamos-nos, e aí?
Saga puxou-o com delicadeza pela nuca e selou-lhe os lá a testa na de Afrodite e sussurrou,sorrindo:
- Devo concordar com você.
Os olhos se encontraram, e se demoraram. A mão de Saga procurou a de Afrodite, e cruzaram os dedos; notou um brilho ligeiramente triste.
- O que foi...? – Arqueou as sobrancelhas, e com a mão livre acariciou-lhe o rosto.
- Não, nada. – Afrodite sorriu, disfarçando.
- Tem alguma coisa te incomodando? – Saga se preocupou.
- Não, é que... Você falou da sua família e...Esquece. – desviou o rosto, mas Saga reafirmou o contato entre ambos ao erguer cuidadosamente o queixo do pisciano.
- O que aconteceu com a sua família? – O grego foi bem direto.
- Eu só tenho minha avó. Meu pai sumiu quando eu era pequeno, minha... – nesse instante sua voz falhara e gaguejou. – minha mãe faleceu na minha frente. Meu avô morreu há uns cinco anos atrás. Somos só eu e ela.
Saga quis nunca ter feito aquela pergunta. Falara como se não fosse nada de mais;nem imaginava a ferida que cutucara.
- Desculpe.
- Ta tudo bem! – Afrodite sorriu, tentando fazer Saga se sentir melhor. – Já faz um bom tempo.
- Ainda assim!Desculpe-me, não queria...!
Afrodite calou-o com um leve toque de dedos sobre os lábios do grego.
- Ta bem, eu desculpo se você for se sentir melhor assim,
Batidas leves na porta soaram. Uma voz suave chamou-os para o almoço.
- Já vamos, vó! – Disse Afrodite em resposta.
-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-
Após o almoço, muitos dos moradores dispersaram-se pelo bairro. Com Afrodite e Saga não foi diferente: saíram para uma leve caminhada. O grego parecia estranhamente quieto. Ele quase não falara nada durante o almoço e durante o passeio.
- O que houve Saga? – Afrodite parou.
- Hm? – Saga também parou um pouco adiante, o que o fez voltar o tórax em direção à Afrodite.
- Você tá muito quieto. – Foi direto assim como Saga anteriormente.
- Por que acha isso? – Saga sorriu, franzindo as sobrancelhas.
- Você tá muito quieto. – Repetiu Afrodite, dando um passa em direção a Saga. – Desde a conversa no quarto.
- Ah – Ele abaixou o rosto, mordendo o canto do lábio inferior. – Não se incomode com isso.
O sueco cruzou os braços, olhando sério para Saga. O grego suspirou, revirando os olhos e levando uma das mãos à nuca. Riu.
- Você não vai esquecer isso, né.
- Não mesmo. – Afrodite andou até parar à frente de Saga. – É tão grave assim?
- Eu não diria "grave". Diria "estranho".
- Tem a ver com a sua família?
Saga pestanejou. Desviou o rosto para os lados, passou a mão no rosto e parou-a no queixo.
- É. Eu... – deu uma leve pausa. – estava pensando... Como será que eles estão agora.
O sorriso mais lindo e cativante da face da Terra escapuliu nos lábios de Afrodite.
- Por que você não confere pessoalmente?
As palavras alcançaram os ouvidos de Saga, mas a mensagem que elas traziam demorou alguns instantes para ser entendido.
- Como...?
- Por que não visita sua família, passa uns tempos por lá?Vou ficar bem, prometo. – Afrodite acenou com a cabeça enquanto falava.
Saga permaneceu num absoluto e pensativo silêncio durante o restante do passeio. Anoitecia; o céu ainda estava sem nuvens, porém mesclava a abóbora dos raios decadentes crepusculares à leve púrpura da noite que surgia.
O grego acompanhou Di até a pensão, alegando que precisava retornar a seu apartamento.
- Preciso... Ficar sozinho,desculpe. – Disse, segurando as mãos do rapaz à sua frente.
- Tudo bem. – Assentiu Afrodite, despediu-se com um breve selinho e um abraço.
- Te ligo quando chegar.
- Ta bem.
Saga deu meia volta e andou até o ponto de táxi. Afrodite o acompanhou com o olhar até que ele entrasse num dos carros e partisse. Suspirando, deu as costas e entrou na pensão.
Ao entrar deparou-se com Marie. A velhinha sorriu para ele como de costume, e voltou aos afazeres domésticos. Afrodite auxiliou-a como sempre fazia, mas aguardava inquietamente a ligação de Saga. Alguns minutos depois subiu para seu a cama e sentou-se na mesma. De repente, sobre o criado-mudo vibrava o celular do rapaz. Afobado, Afrodite atendeu.
- Alô?
- Cheguei. – A voz de Saga respondeu.
- Uhum... Até mais, te amo.
- Idem. – E riu, antes de desligar.
Afrodite também desligou, pousando o celular no criado-mudo. Levantou-se e alongou a silhueta magra em frente à janela. Um som alto e agudo fez-se ouvir repentinamente, sobressaltando o .
- Alô?
-Arruma as malas.
- Saga...?O que-...?
- Arruma as viajar.
Continua...
Lá vou eu de novo!Lá vou eu acabar com a vista de vocês com mais uma obra minha – olhinhos brilhando –
Como viram,é a continuação de Making Love Out Of Nothing At que eu consiga fazer algo decente dessa não (6).
Bjkz e obrigada por ler!
