Olá!

Essa fanfic tratará de temas sérios e lhes asseguro que os tratarei com toda a seriedade e delicadeza que pedirão de mim!

Foi baseada na novela Páginas da Vida, em alguns filmes de Hollywood e também nos seriados Sexo Frágil e Two and a half men.

Evidentemente feitas as devidas alteraçoes para se enquadrar com os personagens e também para dar um outro final a eles.

Espero que gostem. É uma hisória que já escrevi faz algum tmepo, ma snunca tinha a coragem de publicar. Mas aí está.

Haverá dois casais protagonistas e a vida desses quatro se cruzarão, trocarão de posiçoes numa determinada fase da fanfic, mas no final cada um voltará para os braços do seu bem amado.

Evidente que Ikki e Esmeralda são os principais.

Bo leitura e boa diversão!

SAINT SEIYA, INFELIZMENTE, PERTENCE A MASAMI KURUMADA!

O Resultado

- E então?

Esmeralda abriu o exame rapidamente e ao lê-lo, com um semblante entristecido, olhou para a amiga, que estava aparentemente mais nervosa que ela própria:

- Positivo, Eiri! - falou com voz desanimada. - Como eu imaginava. Era o que eu mais temia! - fechou os olhos por um instante, levando as mãos aos cabelos cacheados, numa atitude de desespero.

As duas moças encontravam-se na porta de um laboratório no centro da capital grega. Haviam faltado aula na faculdade para que Esmeralda, aluna de Artes plásticas, pudesse comprovar o que a vinha atormentando há dias e Eiri, que cursava enfermagem, como sua melhor amiga, fizera questão de acompanhá-la numa situação tão delicada na vida de uma jovem de classe média baixa, estudante e com um pai que mais parecia um padrasto.

Após ler o resultado, meia impaciente com a nova situação que se descortinava diante dela e meia sem saber como agir, a loira de doces olhos verdes, com ar angelical, principiou a andar com passadas largas através da avenida, quase fazendo sua amiga ter de correr para alcançá-la:

- O que vai fazer? - perguntou Eiri caminhando ao seu lado. - Você precisa contar imediatamente ao Ikki, com certeza conseguirão pensar em algo juntos, também não é o fim do mundo...

Esmeralda não respondeu. Parou no meio de uma rua movimentada e levando as mãos ao rosto, começou a chorar, arfando pelos soluços, o exame na mão direita. Eiri, penalizada, a puxou para uma calçada menos agitada, algo raro naquela manhã de terça-feira, e tentando retirar as pequenas e delicadas mãos da amiga do rosto, agora avermelhado pelo choro, disse com voz calma, como se quisesse animá-la:

- Precisa ficar calma! Não adianta chorar agora! O que está feito, está feito, não se pode voltar atrás, Esmeralda. É levantar a cabeça e aguentar as consequencias dos seus atos. Você vai completar 18 anos, o Ikki, tem 23, não são duas crianças que não sabiam o que estavam fazendo!

- O que vai ser de mim? - chorava a outra - Você fala essas coisas porque não tem um pai como o meu! - rebateu Esmeralda - Ele vai me enterrar viva, Eire... - E eu, por acaso, poderei culpá-lo?

Indagava Esmeralda a si mesma com voz chorosa e num tom tão alto que fez uma senhora, carregada de embrulhos, virar-se para ela ao passar pelas garotas. Eiri, instintivamente, fez sinal para que a outra tivesse cuidado e olhando para os lados, como se procurasse algo, puxou as mãos de Esmeralda, que se deixou levar sem atentar em absolutamente nada ao seu redor:

- Táxi! - gritou Eiri - Venha, vamos conversar em casa!

Esmeralda, quase que empurrada para dentro do veículo, ficou calada todo o trajeto de 30 minutos até a república onde moravam. Já não chorava, mas seu rosto exprimia uma angústia tão grande que Eiri pegou-se com os olhos cheios de água e entendendo toda a complicada situação, respeitou o silêncio da amiga, abandonando-se também a conjecturas, tentando encontrar alguma solução, mas por mais que vasculhasse em sua cabeça, nada encontrava.

De vez em quando ousava dar uma olhadela para a outra, mas esta, com a cabeça encostada no vidro do carro, parecia olhar a rua, na verdade seus pensamentos estavam bem longe dali. E soltando um suspiro, apertou com força o papel que ainda trazia na mão direita, fechando os olhos, sentindo o balanço suave do carro.

Eiri virou para sua janela, de onde pôde ver algumas gotas de chuva que começara a cair na cidade e relanceando sem querer os olhos azuis para o retrovisor do carro, notou que o motorista parecia interessado no que poderia estar acontecendo. Procurou não dar-lhe atenção e começou a olhar o movimento das ruas.

O.o.O

Um rapaz alto, de cabelos azuis levemente rebeldes, aproximou-se de um animado grupo de rapazes que pareciam entretidos em jogar algo que, na distância em que se encontrava, não pôde distinguir. Segurava nas mãos três livros de química orgânica e no ombro, uma mochila preta abarrotada de apostilas estava pendurada. Seu semblante, sério como sempre, também exprimia um certo cansaço naquele dia, fazendo seus olhos, de um azul límpido, fecharem-se de vez em quando. A alguns passos da mesa de jogo, um rapazinho de cabelos e olhos verdes, percebendo a aproximação, saudou-o sorrindo, com duas cartas de baralho na mão:

- Ikki, irmão! Quer jogar? Já ganhei uma mão! - sorrindo com orgulho.

- Não Shun! E não sabia que você jogava pôquer! - um sorriso surpreso, sentando-se ao lado de outro rapaz, loiro, que parecia bastante concentrado em sua próxima aposta - Você nunca foi muito bom com o baralho!

- Na verdade aprendi agora! - disse Shun, dobrando a recente aposta do loiro - Por isso estou com a chamada "sorte de principiante"!

- Ainda falta muito para o Shun realmente jogar pôquer, uma vez que não sabe blefar! - disse outro jovem de cabelos longos e negros, virando as cartas e ganhando todo montante - É a quinta vez consecutiva que ele perde todas as fichas!

- Mas ganhei uma mão! - enfatizou o jovem de olhos verdes.

- E então Ikki, já recebeu a resposta? - indagou mais um integrante do grupo, um rapaz de cabelos e olhos castanhos, jeito maroto e sorriso jovial, recebendo de Hyoga mais duas cartas para uma nova rodada - Já faz alguns meses que você enviou seu pedido, já era para ter chegado a resposta!

- Ainda não, Seiya! Começo a perder as esperanças de ser aceito! - respondeu num tom aparentemente interessado no jogo - De qualquer forma, há outras instituiçoes, essa não é a única no mundo!

- E onde está a Esmeralda? Vocês não se desgrudam um segundo! - perguntou Hyoga a Ikki. - Não há vejo há dias, está doente?

- Está na aula, vai ter uma prova hoje! - disse o rapaz de cabelos azuis, cruzando os braços e esperando a jogada de Seiya.

- Na aula? Ela não veio hoje! Pelo menos eu não a vi! - respondeu Shun, entregando o jogo a Shiryu, como sinal de que estava abandonando a rodada - E hoje não teve prova nenhuma! - olhou para o irmão - Só teremos exames no próximo mês agora!

- Mas ela me falou que teria um exame hoje, pediu até que não a esperasse! - estranhou Ikki, encarando o irmão mais novo; este deu de ombros, indicando que definitivamente não entendera o por quê a cunhada mentira; Shiryu mudou drasticamente de assunto, ao faturar mais uma vez, um belo montante.

- O Hyoga pergunta pela Esmeralda, mas quer saber mesmo é da Eiri! - disse Shiryu.

- É verdade! Só falta babar quando ela passa! - comentou Seiya com um sorriso cínico - Qualquer dia desses eu compro um babador!

- Ah, vão encher o saco de outro! - Hyoga levantou-se e pegando alguns livros de cálculo, afastou-se visivelmente contrariado pelo comentário dos amigos.

Todos sorriram olhando-o afastar-se. Shiryu guardou o baralho e preparou-se para se dirigir a sua classe, pois teria aula de mecânica dentro de alguns minutos. Despedindo-se dos amigos com apertos de mãos e batidinhas nas costas, caminhou ao longo do corredor que dava para a ala B das salas de aula. Seiya e Shun, que não teriam nada para fazer naquele horário, resolveram dá uma passada na biblioteca a fim de pesquisar alguns assuntos pendentes.

- Você vem, Ikki? - convidou seiya.

- Não, vão vocês! Ainda tenho que fazer um trabalho experimental no laboratório de analítica! Tenho toda a tarde ocupada, nos vemos a noite!

Recusou-se Ikki, permanecendo no mesmo lugar, enquanto o irmão e o amigo saiam sob a fina chuva que caia sobre as lajes da universidade pública de Atenas. Ao ficar sozinho, apoiando os cotovelos na mesa, cruzou as mãos encostando-as no queixo e com olhar desconfiado e perscrutador, perguntou a si mesmo:

- Mas por que Esmeralda mentiria para mim?

O.o.O

As duas garotas desceram do carro um tanto apressadas, tentando escapar da chuva. Entraram no pequeno prédio de 2 andares onde só habitavam estudantes. Esmeralda subiu os dois curtos lances de escada vagarosamente, deixando Eiri impaciente e chegando diante da porta, encostou-se na parede, desiludida;

- Esmeralda, a chave! Você me apressou tanto que esqueci a minha!

Enfiando a mão na mochila, a loira retirou, enfadonha, um aro de ferro onde continha 3 chaves: a menor, era da porta do Hall de entrada; a maior e enferrujada, era do portão principal, que dava para a rua e a dourada, era a da porta. Eiri, puxando as chaves das mãos da amiga, que não conseguia acertar a fechadura, conseguiu abrir a porta, retirando os sapatos logo na entrada. Esmeralda sentou-se no sofá da mesma forma que estava, ainda mantinha na mão o exame:

- O que pretende fazer agora? - perguntou Eiri, sentando-se na frente dela; ela limitou-se a encarar a amiga dando os ombros - Você precisa reagir! Tem de começar a pensar numa estratégia para seguir a partir daqui!

- Eiri, você realmente acredita que estou com cabeça para pensar no que quer que seja neste exato momento? - Esmeralda a encarou com ironia.

- Falou para o Ikki sobre as suas suspeitas? - continuou Eiri - Por que não te acompanhou no laboratório hoje?

- Não! Ele não sabe, não contei nada, queria primeira ter a certeza! - retificou a outra, com um gesto um tanto rápido, como se aquela pergunta fosse desnecessária pela resposta ser óbvia - Não queria fazer uma tempestade só por conta de uma suspeita!

- E quando pretende contar a ele? - Eiri disparou. Esmeralda a encarou.

- Eu não vou contar, Eiri! - proferiu em tom assustado, depois de alguns segundos de silêncio.

- Como assim não vai? - surpreendeu-se a loira - Você perdeu o resto do juízo que eu ainda julgava que tivesse? Não pode fazer isso!

- Posso sim e farei. O que eu não posso é fazer isso com ele! Não vou conseguir!

- Como não consegue? - Esmeralda suspirou; Eiri levantou-se - Ele é o pai! Além disso, até quando acha que vai conseguir esconder?

- Eiri, não é fácil sabe...

- Esmeralda, ele tem que saber! É um direito dele!

- Eu sei... - Esmeralda ficou de pé - Mas...Eu tenho medo!

- Medo do que?

- Medo de como ele possa reagir! É um balde de água fria, não acha! O Ikki está na metade do curso, tem tantos planos, várias ofertas de várias universidades, não posso simplesmente chegar e dizer que terá de esquecer tudo porque vamos ter um bebê!

- E o que pretende fazer quando a barriga começar a aparecer? - Eiri cruzou os braços - Vai deixar ela em casa para se encontrar com o Ikki?

- Eiri, entenda, eu vou contar, só não vou fazê-lo agora! Deixa eu me preparar primeiro, preparar ele... - Esmeralda levou as mãos à cabeça - Só lhe peço que até lá não conte nada a ninguém!

- Claro que não! Isso é um assunto seu, mas precisa contar a ele e rápido! Afinal, não é com o Ikki que você realmente precisa se preocupar, é com seu pai!

- Ele vai me matar, Eiri! - Jogou-se em cima do sofá, fechando os olhos e atirando para longe o papel já amarrotado.

Eiri suspirou e pegando o exame, o colocou em cima da mesa. Em seguida dirigiu-se ao banheiro, precisava de uma boa ducha gelada na cabeça. Esmeralda permaneceu imóvel alguns segundos olhando o teto e tentando encontrar uma maneira de resolver aquela situação. Durante a volta, passou-lhe pela cabeça a idéia do aborto, mas tão logo a descartou, odiando-se a si mesma por ter sequer pensado numa abominação dessas, que por um momento chegou a sentir-se feliz pela sua nova situação, como tentando compensar a infeliz idéia, e suspirando, encaminhou-se até a mesa, onde aquele maldito papel estava, e pegando-o, dirigiu-se para o quarto que dividia com Eiri e o guardou em sua gaveta de roupas íntimas. Sentou-se na cama, forrada com um lençol lilás e perguntava-se a si própria o que adviria de tudo aquilo.

Eiri saiu do banho de toalha e vendo a amiga estendida na cama, de olhos cerrados, resolveu não incomodá-la, trocou de roupa e saiu fechando a porta do quarto. Deixando um pequeno bilhete em cima da mesa, pegou a bolsa e seguiu para a faculdade, teria uma aula importante a tarde. Logo que chegou nos portões que davam para o refeitório, a primeira pessoa que viu foi Hyoga, fazendo suas pernas tremerem, era notório que a impressão que ele lhe causara, desde a primeira vez em que o viu, numa festa, não era indiferença. Ele, que parecia que estava esperando por ela, pois mal a viu veio ao seu encontro, abriu um largo sorriso e aproximando-se, com os habituais beijinhos:

- Pensei que não viesse hoje! - comentou o loiro meio nervoso - Ainda não tinha te visto, cheguei a pensar que estava doente!

- Tenho algumas matérias importantes hoje, e com o fim do semestre se aproximando, não posso me dar o luxo de perdê-las! - comentou sorrindo - Já estava indo para casa? - perguntou.

- Ah, não! - mentiu - Estava indo na...biblioteca pegar uns livros! Muitos trabalhos! Estou na final em cálculo diferencial! - gaguejou; Eiri sorriu - Sabe como é, morar com os amigos tem suas desvantagens!

- Eu imagino! Um homem sozinho já não pensa, imagina uma matilha! Bem, eu já vou, então! - disse a loira vendo o relógio.

- Ahn...Eiri...- Hyoga passou as mãos nos cabelos - ...Será que eu poderia esperá-la? - disparou. - Se não pode, não se preocupe, eu entenderei...

- Claro! - aceitou rapidamente a garota, contendo-se em seguida - Não estarei ocupada, pode me esperar sem nenhum problema!

- Quatro horas? - o loiro entusiasmado, sem acreditar.

- Quatro horas está ótimo! - confirmou sem graça.

- Então, até mais tarde, Eiri!

- Até...

Hyoga afastou-se com um sorriso vitorioso. Eiri, ainda não acreditando que iriam sair juntos, caminhou até sua sala, mas antes que pudesse entrar, alguém a interceptou fazendo-a voltar-se para trás:

- Ikki! - assustou-se com a imagem imponente do rapaz. - Há quanto tempo! - tentando disfarçar - Como você está?

- Aconteceu algo com a Esmeralda? - perguntou o rapaz ofegante, recuperando-se da corrida que dera para alcançá-la - Ela não veio hoje e raramente falta a uma aula e quando o faz, sempre me avisa! Passou alguma coisa?

- Com a Esmeralda, não...por que? - disfarçou com um sorriso amarelo.

- Ela está aqui?

- Não! Ela não estava muito bem, ficou em casa hoje! Estranho que não tenha te avisado, ela nunca faz nada sem antes te consultar...- baixando os olhos, desconfiada.

- Obrigado! Desculpe pelos modos grosseiros! - agradeceu ele, afastando-se dela; Eiri o mirou penalizada, depois entrou na sala e tomou seu lugar.

Ikki caminhava rápido, teria aula a tarde mas não poderia esperar para a noite para saber por que sua namorada, que nunca mentira para ele, inventara aquela história. Afastou-se da universidade correndo para pegar o bonde que estava para reiniciar sua marcha e sentando-se numa das fileiras, abriu um dos livros e tentou concentrar-se em estequiometria.

Esmeralda acabara de sair do banheiro quando o interfone tocou e desviando do caminho que dava para o quarto, encaminhou-se em ponta de pés, para não molhar o chão, para a cozinha:

- Sim?

- Sou eu!

Ao pousar o aparelho no gancho um temor subiu as suas faces e correndo para os seus aposentos, jogou a toalha em cima da cômoda e vestindo um vestido de estampas florais, desceu a passos rápidos para abrir o portão para o namorado. Mal entrara, o rapaz nem a esperou fechar o cadeado, agarrou-a pela cintura e pegando-a nos braços, lábios colados ardentemente, subiram ao apartamento, empurrando a porta com o pé ao passar por ela. A moça enlaçava o pescoço másculo com ardor, parecia que havia séculos que não se viam, e nem faziam 24 horas que tinham estado juntos pela última vez:

- Por que não foi a faculdade? - parando de beijá-la, mas sem colocá-la no chão - Me havia dito que teria uma prova importante hoje e descubro que sequer pisou lá durante todo dia!

- A Eiri pediu que eu a acompanhasse ao dentista! - ela sorriu - Sabe como é, as mulheres tem mania de ir em bando a qualquer lugar! - sorriu sem jeito.

- Ela falou que você estava doente! - completou desconfiado, ainda com a namorada em seus braços - Por que diria isso?

- Ahn, ela disse isso? - retrucou sem graça - Não sei por que mentiu! A Eire gosta tanto de você, não entendo porque contar uma mentira tão boba!

- Tem certeza? - indagou ele, colocando-a no chão e fitando-a nos olhos; ela corou - Aconteceu algo que eu ainda não sei?

- Não! O que poderia ter acontecido? - completou quase gaguejando, desviou seus olhos dele - Mudemos de assunto...

- Há um ano que estamos juntos e você nunca mentiu para mim! Por que está fazendo agora? - Ele a fitava muito sério, ela abaixou a cabeça - Esmeralda! - chamou ele com voz grave, ela o olhou, não sabia o que dizer.

- A Eiri foi ao ginecologista! E pediu que eu não contasse para ninguém! Foi isso! - foi a única coisa que pôde encontrar.

- E por que? É algo tão normal! Que coisa mais infantil!

- Coisas de mulher, Ikki! - mas uma vez abaixou os olhos, Ikki a fitou durante alguns minutos, por fim aproximou-se dela com olhos acesos e enlaçando-a pela cintura, puxou-a para si; ela sorriu carinhosa - Vai dizer que nós somos complicadas?

- Eu te amo! - sussurrou roçando seus lábios nos lábios finos e rosados - Sabe disso, não sabe? Não minta para mim outra vez!

- Não o farei, meu amor e eu o amo mais que tudo! - e o beijou - Mas que tudo! - e o beijou novamente, fazendo-o buscar a boca feminina com ardor e encostando-a na mesa para logo erguê-la, a levou para o quarto; aquela tarde seria longa.

As quatro horas em ponto, um jovem loiro, meio afobado, esperava no portão da universidade por uma moça que, assim como ele, parecia nervosa, não sabendo se pelo encontro ou se pelo problema que sua melhor amiga estava passando. Eiri caminhou até Hyoga sorridente e recebeu deste dois beijinhos no rosto ao chegar. Ele, de mochila às costas, cabelos levemente despenteados, trazia um semblante um tanto ensimesmado, como se estivesse arrependido de esperar por ela:

- Gosta de sorvete? Pensei que poderíamos...

- Hoje não! Estou com alguns problemas, preferia ir pra casa! - disse desanimada, esperara tanto por aquilo, mas não podia deixar a amiga só em casa naquele estado.

- Posso acompanhá-la até lá, então? Sua casa é caminho da minha! - ofereceu-se, frustrado pelo convite recusado; se preparara tanto, dobrando sua timidez, para levar um não?

- Será um prazer! - sorriu corada.

Embora a conversa fosse trivial, os dois jovens sabiam que aquele dia tinha feito mais por eles que os meses de temor e recolhimento um frente o outro ao longo do semestre. Falavam sobre tudo, de política a futebol e o loiro não pôde deixar de sentir uma pontinha de felicidade ao descobrir que ela estava solteira, pois embora nunca a visse com alguém, não aceitava a hipótese de que uma garota tão bonita e inteligente, pudesse não estar interessada em ninguém. E com as mãos enfiadas nos bolsos, escutava, encantado, ela falar de algumas futilidades femininas.

Eiri por sua vez, sentia que falava pelos cotovelos, mas não conseguia evitar. Antes, só Esmeralda tinha o poder de puxar nela o conversador, mas durante o trajeto, feito a pé, até a república, descobrira que Hyoga também possuía este dom. As vezes calava-se por alguns segundos, como temerosa de estar incomodando-o, mas logo ele lhe fazia alguma pergunta pertinaz, e lá ia ela de novo explicar, desta vez, o por quê que as mulheres, mesmo sabendo que não havia uma total igualdade de direito com os homens, continuavam a fingir que viviam numa sociedade igualitária. Ao formular a pergunta, o loiro tivera sim a intenção de deixá-la irritada com tamanho machismo, pois descobrira que a moça fazia parte do partido pelos direitos femininos dentro da faculdade, pela educação superior. Sorriu por dentro.

Chegaram diante do portão exatamente as 17:30 e por um certo espaço de tempo, permaneceram a olhar um para o outro sem dizer nada:

"Vamos Hyoga, vamos..." (pensava o loiro) "Fala alguma coisa, idiota!" (recriminou-se e Eiri pôde ver uma certa perturbação no rosto do rapaz, e soltando um suspiro, resolveu arriscar algo que acabara de lembrar-se)

- Você tem algum programa para sexta a noite?

- Ahn, não! - sem entender. - Por que?

- Gostaria de ir a uma boate? O Ikki e a Esmeralda parecem que vão! - achou melhor completar - É uma nova que abriu recentemente, dizem que é muito badalada!

- Claro! Será ótimo! Preciso mesmo esfriar a cabeça! - não acreditava que ela o havia convidado. - Não sou muito de festas, mas acho que será divertido!

- Então está combinado! Sexta às 22:00 está bom para você? - marcou sem demora a jovem, fazendo menção de abrir o portão.

- Sim! Estarei aqui às dez! - balbuciou o rapaz.

Eiri acabara de retirar a chave da bolsa e segurava os livros entre as pernas afim de abrir o cadeado. Portão aberto, voltou a pegar os cadernos nas mãos, voltando-se novamente para Hyoga e quase os deixou cair quando ele, que havia se aproximado sem que ela desse por isso, lhe puxou pela nuca e a beijou. Um beijo rápido, mas não por isso superficial. O loiro avermelhou-se até o fio de cabelo após separarem-se e a garota seguiu seu exemplo. Entretanto, quebrando aquela estranha sensação de desconforto que parecia querer pairar sobre suas cabeças, Eiri se acercou ao jovem e o beijou, para grande admiração do rapaz.

Dessa vez a carícia foi mais prolongada, as linguas tocando-se com ardor no ápice da excitação. Separando-se, sorriram ao se entreolharem.

- Você beija bem! - comentou cinicamente a garota; o outro corou - Não imaginei que fosse tudo isso!

Hyoga a esperou subir e depois, dando as costas ao edifício, seguiu seu caminho em direção a sua casa. Parecia anestesiado e quase passou da entrada da porta principal, tão perdido estava em seus pensamentos. Subiu até o 3ª andar e brincando com a chave, jogando-a para o alto, abriu a porta e entrou no apartamento que dividia com os amigos:

- Procuramos você na faculdade inteira! - falou Shun ao ver Hyoga - Onde estava? - Hyoga não respondeu, assobiando uma canção russa - Hyoga? - chamou Shun ao distraído rapaz.

- Fui salvar uma vida Shun! Relaxa! - disse o loiro, dando um tapinha nas costas do surpreso rapaz de cabelos verdes e se dirigiu ao quarto onde dormia com Shiryu; Shun e Seiya se entreolharam.

- Eiri! - arriscou Shun.

- Eiri, com certeza! - ponderou Seiya depois de olhar pelo corredor e constatar que a barra estava limpa - Quando ele vai criar coragem e chamá-la para sair?

Eiri estranhou o enorme silêncio dentro do apartamento. Fechando a porta e colocando a bolsa em cima do sofá, passou uma olhadela pela cozinha, nada. Até que voltando novamente a sala, notou uma mochila preta, já sua conhecida, em cima da mesa e ao lado, livros de matemática. Balançou a cabeça e levou as mãos a cintura, não ousando entrar no quarto, pois sabia perfeitamente o que encontraria. Tirou as sandálias, foi para a cozinha atrás de algo para comer.

Esmeralda abriu os olhos um pouco atordoada e olhou para o relógio. Em seguida virou-se para o rapaz que dormia profundamente quase todo por cima dela e afastando-o carinhosamente, levantou-se e cobriu-se com um roupão. Ikki estendeu-se por completo por cima da cama, num sono tão pesado, que a loira aproximou-se preocupada para ver se ele estava respirando. Caminhou em passos lentos até a porta e a abriu com cuidado para que o jovem em sua cama não acordasse. Entrou no banheiro as pressas, acordara com um mal estar terrível:

Eiri, com um copo enorme de ovo maltini na mão, ouvindo barulho no cômodo vizinho, foi em direção a ele, encontrando a amiga ajoelhada diante do vaso sanitário e um aspecto pálido no rosto:

- Não está se sentindo bem?

- Acordei enjoada! Achei que isso só acontecesse pela manhã! - levantou-se e jogou um pouco de água no rosto.

- Tem chá, já que não pode tomar remédios! - indicou Eiri preocupada, acompanhando a amiga até a sala. - Notei que tem vomitado bastante!

- Não quero nada! Tenho a cabeça em águas!

- E o Ikki?

- Dormindo, tem estudado tanto o coitadinho! Fiquei com pena de acordar! Parece um anjo! - babou Esmeralda.

- Um anjo! E que anjo! - comentou a loira, recebendo uma almofadada da amiga; ambas riram - Contou a ele?

- Eiri...- Esmeralda ficou séria - Você sabe que não! - Eiri fez um gesto de impaciência.

Naquele momento, um homem de cabelos azuis revoltos, já de calça jeans e uma cara sonolenta, adentrou o recinto proferindo com sua voz portentosa e grave, fazendo a namorada olhá-lo assustada:

- O que não me contaram? A propósito Eiri, obrigado pelo elogio! Já desconfiava! - falou cinicamente, recebendo um sorriso sem graça da outra - Então, o que é que eu não sei?

- A festa que vai ter naquela boate sexta a noite! - disse Eiri calmamente, tomando do leite - Vocês vão, não é? - olhou também para a amiga.

- Pode ser, preciso esfriar a cabeça! - disse Ikki, beijando a namorada na testa - Até que uma balada não faria mal! Do jeito que eu ando, vou terminar louco!

"Homens, todos iguais!" - pensou Eiri, lembrando-se das palavras de Hyoga.

Ikki entrou no banheiro para tomar banho, quando o chuveiro pôde ser escutado, as duas amigas voltaram a conversa:

- Obrigada, Eiri! - agradeceu Esmeralda pela saída da amiga.

- De nada, mas vocês terão de ir! Afinal, eu disse ao Hyoga que vocês estariam lá!

- Você e o Hyoga...- insinuou a loirinha de olhos verdes, recebendo um aceno positivo da amiga - E o que vamos fazer aí?

Ikki trocou de roupa e dirigiu-se a sala onde Esmeralda veio recebê-lo com um beijo quente. Ela literalmente sabia como acendê-lo e apertando-a contra si, principiaram um beijo apaixonado, fazendo Eiri sentir-se sobrando e caminhar para o quarto afim de assistir televisão.

- Eu tenho que ir agora! - disse, beijando a garota em seus braços; Esmeralda, já triste pela separação, apertou-o mais forte; sentiu vontade de chorar e contar-lhe tudo, mas conteve-se. - Tenho muito que estudar para amanhã!

- Queria ficar assim para sempre! - disse ela, apaixonada; Ikki sorriu.

- E vamos ficar, meu amor! Assim que terminarmos a faculdade nos casaremos! - a loira o olhou sorridente - Ou não quer mais casar comigo? - perguntou com uma falsa seriedade na voz; ela desmanchou-se para ele.

- É o que mais quero! - sussurrou beijando-o.

- Não faz isso que preciso ir embora! - apertando-a num abraço.

- Liga para mim quando chegar? - pediu ela, já com saudades.

- Prometo!

Após mais um longo beijo, Esmeralda despediu-se do namorado e subiu para o apartamento, indo direto ao encontro de Eiri no quarto. Ikki, ajeitando a mochila nas costas, decidiu dar uma volta antes de ir para casa. A noite estava fresca e parecia que não ia mais chover. Durante alguns momentos considerou seu futuro, que se descortinava radiante:

"Termino a faculdade, arranjo um emprego e me caso com a Esmeralda!" (estes eram seus planos desde o início do namoro)

As estrelas já iam alta no céu quando abriu a porta de casa. O barulho da televisão num dos quartos e o murmúrio de risos, o fez saber que o irmão e os amigos estavam em casa. Fechou a porta com um suspiro cansado e jogou seu material em cima da mesa, onde já havia um pilha de livros dos mais diversos temas. De repente, relanceando a vista pela bagunça entre a correspondência, notou um envelope diferente, com um lacre dourado formando um brasão muito conhecido. Pegou a carta com um certo nervosismo nas mãos e a virou para confirmar o remetente. Seus lábios abriram-se num sorriso sem igual e numa felicidade única, disse sorrindo:

- Fui admitido!

O.o.O Continua O.o.O