Prepping for a Date
Autora: Merula
Tradução: Aryam
Preparando-se para um encontro
Duo chegou na minha porta minutos depois de minha ligação em pânico. Não sei como concordei com o plano de Quatre em primeiro lugar.
Na verdade, nem sequer me lembro de ter concordado. Acho que me foi dito que eu teria um encontro às cegas na sexta à noite e precisava estar pronto 7:30h.
Eram 6:30h. Eu estava devidamente vestido, barbeado, agradavelmente apresentável; pelo menos foi o que me pareceu quando Duo assobiou para mim quando abri a porta.
– Você está ótimo!
– Obrigado. Me sinto um idiota.
– Oras, essa não é uma atitude positiva – Duo fechou a porta atrás de si. – Então, por que precisa de mim?
– Duo, nunca estive em um encontro na vida. O que eu faço?
Ele franziu o cenho:
– Você saiu com a Relena.
– Não eram encontros, era dever de guarda-costa.
– As noitadas com a Cathy?
– Dando cobertura para o Trowa quando ele saia com o Quatre.
– Aqueles fins de semana com a Dorothy?
– Treino de esgrima. Ela ia participar de uma competição.
Duo sentou-se no braço do sofá e me encarou por um momento:
– E eu achando que você era o maior garanhão do pedaço, e na verdade era tudo mentira?
– É isso mesmo. Então, o que eu faço?
– Para onde vão?
– Não sei. Quatre disse que a pessoa escolheu o restaurante, então deduzi que sairíamos para jantar.
– Só jantar? – ele ergueu uma sobrancelha.
– Até onde eu sei.
– Então não é tão ruim. Você sabe como comer com classe e quais talheres vão com cada prato? – remexeu-se no braço do sofá, claramente desconfortável.
– Duo, você já foi em restaurantes comigo.
– E?
– Sabe que sei.
– Talvez eu não tenha notado.
Bufei exasperado. Duo notava tudo.
– Tá, você janta, joga conversa fora...
– Joga conversa fora?
– Você sabe, fale um pouco de si mesmo, conheça a pessoa mais a fundo... um bate papo.
– Certo.
Duo sorriu:
– Sabe que vai ter que dar respostas melhores pra ela, né?
– Ele.
Meu amigo caiu para o lado, no sofá. Hm. Geralmente ele tem um equilibrio melhor.
– Como?
– Não é ela, é ele. Vou ter que dar respostas mellhores para ele.
– Quatre te arranjou um cara?
– Ele perguntou o que eu preferia.
Duo se ergueu, apoiando-se num cotovelo e franziu profundamente o cenho:
– Você prefere homens?
– Não sei porque você, de todas as pessoas, teria um problema com isso.
– Não tenho problema – balançou a cabeça. – Só achei que você já teria dito algo sobre isso.
– Nunca perguntou.
Deixou-se cair novamente na almofada e grunhiu:
– Esse cara tem nome?
– Não. Quatre não foi específico. Só disse que ele era perfeito para mim.
– Quem no mundo...? – ele balançou a cabeça novamente e se endireitou. – Tudo bem, então, se for um desastre, o encontro vai terminar no jantar. O cara vai seguir seu caminho e fim.
– E se der tudo certo?
Um sorriso malicioso apareceu em seu rosto:
– Aí será convidado para entrar no apartamento.
– E? – Sentei-me ao seu lado, esperando.
– Quer que eu desenhe?
– Desenhar o quê?
Duo recostou-se no encosto e grunhiu mais uma vez:
– Você fica confortável, sabe?
Na verdade, eu sabia sim, mas era muito mais divertido fingir ignorância.
– Confortável? Tirar os sapatos?
Seus ombros caíram.
– Olha, depende do quão confortável você queira ficar. Quero dizer, o quão longe você vai num primeiro encontro?
– No centro, cerca de cinco quarteirões daqui, segundo Quatre.
Duo me deu um soquinho no braço.
– Tá legal, chega de graça, palhaço. Sabe muito bem do que estou falando. Por que me ligou mesmo?
– Estou nervoso.
– Por quê? É só um encontro – ele ponderou. – Tudo bem, você diz que nunca esteve em um antes...
– Nunca.
– Não é muito diferente de sair comigo ou com os outros três. Você vai, come, bate papo e o deixa em casa com um beijo de boa noite. Pronto.
– É muito diferente. Me sinto confortável com você e com os outros. Você me conhece, então não tenho que falar de mim, e não há expectativas românticas. Ninguém nunca olhou para mim como um amante em potencial...
– Ficaria surpreso – ele murmurou.
– E nunca precisei me preocupar em dar um beijo de boa noite em alguém. Relena e Cathy me deram beijo na bocheca ocasionalmente, mas não acho que seja a mesma coisa. Parentes fazem isso.
– Verdade – Duo suspirou e se levantou. – Olha, tenho que ir. Prometi pro Quatre encontrá-lo para jantar hoje. O Trowa está no circo e ele precisa conversar sobre uns problemas pessoais – Levantei-me também e o segui até a porta. – E também preciso conversar sobre um certo problema meu agora... – resmungou.
– Obrigado por vir, Duo.
– Duvido que tenha ajudado – suspirou mais uma vez. – No fim do encontro, você geralmente fica assim, um de frente para o outro, na frente da porta. Você não deve conhecê-lo tão bem, sem intimidade, então só...
Ele se inclinou para frente rapidamente e roçou os lábios nos meus.
Seu rosto se avermelhou levemente.
– Viu? Beijo de boa noite. Divirta-se, tá? E me liga amanhã para me contar como foi.
– Pode deixar – abri a porta.
Recebi um estranho olhar por cima do ombro e ele seguiu para o elevador.
Fechei a porta, sorrindo de orelha a orelha.
Fui atrás da minha jaqueta. Estava na hora de encontrar Quatre e o meu encontro no restaurante. Espero que não seja tão embaraçoso.
Afinal, já demos o nosso beijo de boa noite.
FIM.
