Resposta ao desafio do forum Mundo dos Fics.
Tema: Espelho
Sexta-feira 13 – Outubro
Dizem que não pode existir dia mais agourento do que este. Uma sexta feira, 13 de outubro, é um dia perfeito para os monstros, quando a superstição dos seres humanos cresce sem nenhum limite.
Um homem que caminhava lentamente aconchegou-se mais no seu agasalho, pois o vento frio de outono que prenuncia o inverno parecia ainda mais frio naquela manhã. O céu estava sombrio e, na rua apenas algumas poucas pessoas transitavam.
Os prédios antigos da Inglaterra contribuíam para criar um clima ainda mais gélido. As folhas das arvores dançavam no chão, redemoinhando ao vento.
Ele parou frente a uma vitrine e olhou um colar de pérolas que jamais poderia comprar. Ele desejava agradar sua esposa, mas era só um pobre coitado ganhando um salário mínimo que mal dava pra lhe manter. Ele entrou na loja.
- Por favor, senhor, queira se retirar – a vendedora olhou pra ele com um olhar reprovador.
- Eu estou só olhando – ele replicou.
- Se o senhor não sair agora eu terei que tomar uma atitude mais grave – ela falou.
Então ele se retirou calado.
Mais a frente entrou em outra loja, mais simples. Encontrou, escondido entre as mercadorias ao fundo, um belo espelho e resolveu comprá-lo para a esposa. O mercador fez por um preço bem amável e ele saiu dali satisfeito. Agora ele tinha um belo presente. Só faltava uma coisa.
Mais tarde voltou a primeira loja e esperou o expediente acabar. Ele observou a vendedora fechar a porta, preparando-se para ir para casa. Lembrou-se de algo que lhe acontecera há alguns dias atrás e que mudara completamente o rumo da sua "vida". Quando voltou a si, percebeu que ela já estava um pouco longe e começou a segui-la.
No meio da perseguição ela começou a andar mais rápido e ele pode sentir a apreensão dela. Ela tinha mesmo razão para ter medo.
Ele a abordou mais à frente, perto de um beco escuro.
- Senhora. – falou depois de dar um salto e pousar a frente dela. A mulher gritou, mas não havia nada que pudesse ser feito. Ele calou a boca dela com uma das mãos e puxou-a para um beco escuro, abocanhando sua garganta logo em seguida.
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- Fome... Tenho fome... – Dois olhos vermelhos brilharam na escuridão. Ele era um vampiro novo e só queria levar um pouco de sangue para sua também recém-vampira esposa. Junto com o espelho, seria um presente de aniversário perfeito. Mas ele fora um homem supersticioso e não perdera essa característica com a transformação, logo naquela sexta-feira treze, o seu azar se multiplicaria se não tivesse muito cuidado. Depois de transformar uma mulher em um goul, sugando todo o seu sangue, foi surpreendido por uma aparição muito mais assustadora.
Primeiro apareceu uma mulher loira, que parecia deliciosa. Mas ele desconfiou da verdade quando tentou pegá-la e ela resistiu com uma força sobre-humana.
- Criaturas como você só servem para criar problemas – sussurrou uma voz.
- Quem é você? – o vampiro gritou assustado. Ceras Victoria aproveitou para mirar a arma nele.
O vampiro Arucard apareceu na frente do novato. Ele pulou para trás deixando cair no chão o pacote que segurava.
- Ah não! – ele ajoelhou-se desejando que o espelho ainda estivesse inteiro, mas encontrou apenas estilhaços. Sua face mudou do medo para o terror. Ele era mesmo um vampiro supersticioso.
Arucard fitou os estilhaços e sorriu sadicamente.
- Seu azar foi cruzar o meu caminho.
Então soprou a fumaça da sua 454.
- Fim do expediente. Vamos policial, hoje é dia de festa.
