Título: No princípio era o verbo.
Autora: Nanda Magnail.
Censura: T.
Nota: Fanfic para o projeto Make The Ferret Smile/Cry, baseada na situação "Draco e Hermione trocando seus respectivos diários" com o gênero Drama/Angust.
NO PRINCÍPIO ERA O VERBO
Por Nanda Magnail
.#.
No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus.
Ao que parecia ter sido há muito tempo atrás, Hermione Granger achava melhor manter-se longe de diários. Eles a faziam lembrar de uma amiga que quase havia se rendido ao poder das palavras de um lorde caído. No entanto, quando sua fé encontrava-se abalada, foi nas páginas amareladas que encontrou esperança.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Ao que parecia ter sido há muito tempo atrás, Draco Malfoy já escrevia diários. Eles o faziam esquecer o quanto se sentia sozinho. No entanto, quando sua fé encontrava-se abalada, foi nas páginas amareladas que encontrou esperança.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
Eles não trocaram nenhuma palavra quando esbarraram no corredor tumultuado. Malfoy, todos os dias, fazia um esforço hercúleo para não encontrar nenhum dos integrantes do trio de ouro. Apesar disso, existem falhas em todos os planos. Os livros e pergaminhos foram ao chão e, em silêncio, o sonserino e a grifinória reuniram apressadamente os seus pertences. Weasley gritou para a namorada ser mais rápida e ela assim o fez sem olhar para trás.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
Todos cometem erros. O deles foi não ter verificado os livros em branco.
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
Foi na madrugada do dia seguinte que ele percebeu o que havia feito. A letra no diário tão parecido com o seu era mais cursiva, pequena, como se quisesse escrever além do limite da página. Não precisou ler o conteúdo para saber a quem pertencia.
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
Não sabia até quando a moral grifinória a manteria longe das lembranças escritas em seu diário, mas ele não havia se detido. Todas as noites lia um pouco do diário de Hermione, absorvendo as palavras da sabe-tudo. Não era como se fossem amigos, mas os pensamentos dela estavam em suas mãos agora e podia dizer com muita certeza que a conhecia realmente, mais do que seus amigos ou família. E, com um gosto agridoce na ponta da língua, também podia dizer que ela também o conhecia.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Demorou mais duas semanas até Malfoy se deixar ser encontrado. Ele sabia que Granger o procurava para trocar os diários, espreitando os corredores como se o estivesse caçando. E também sabia que ela o havia lido só pelo olhar. Não precisou de muito esforço até encontrá-la novamente e trocar os diários. As palavras provaram-se desnecessárias naquele momento, pois ambos sabiam coisas demais sobre o outro (ela tinha certeza absoluta que Malfoy havia lido todo o diário; já ele preferia não pensar no quão longe Granger avançou). Preferiram evitar momentos constrangedores ao manter o silêncio, trocar os diários e seguirem com suas vidas.
E o verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos sua glória, como a glória do unigênito Pai, cheio de graça e de verdade.
Encontraram-se muitos anos depois do acontecido. Ela tinha uma menina ruiva nos braços e ele se despedia do filho já dentro de uma cabine. Após muita fumaça e acenos, os olhares se encontraram brevemente e o loiro austero acenou em um gesto de paz. A morena de cabelos cacheados acenou discretamente porque ela sabia que, mesmo no silêncio, as palavras eram a única coisa entre eles.
E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça.
.#.
N/A: Merece reviews? Nanda.
