Digimon – The Dark Age

Parte 1 – O Pacto Das Trevas

Introdução

Após a derrota de Malo-Myotismon, o mundo soube a respeito da existência dos digimons. A ONU por sua vez, levou o caso de transição de digimons entre os dois mundos a Suprema Corte Judicial, e, por temerem que facções terroristas usassem os digimons para o mal, e os próprios digimon não se rebelassem contra os seres humanos, foi decidida que era proibido o uso de portais para o transporte, tanto de digimons ao mundo real, quanto à de humanos ao digimundo.

Mas as crianças digiescolhidas ainda iam ao digimundo na ajuda da sua reconstrução, sem o conhecimento dos governos humanos. Os digiescolhidos tinham muito trabalho a fazer e precisavam lacrar os muitos portais existentes entre o digimundo e o mundo real, para não haver digimons atravessando os mesmos e ainda derrotar inimigos que apareciam tentando dominar o digimundo, destruindo-o novamente.

Mesmo com muito sucesso em lacrar tais portai, algumas vezes um digimon atravessava um portal e acabava aparecendo no mundo real, trazendo o caos aos paises humanos. Após muitas reuniões com os digiescolhidos de vários lugares, a ONU permitiu que digiescolhidos transitassem entre os dois mundos, a fim de manter a ordem e a segurança, mas com isso, os digiescolhidos teriam seu cadastro na ONU e seus digimons também, assim como todas as suas evoluções e nível de destruição.

Após todo este transtorno, os digiescolhidos deveriam ir ao digimundo apenas com autorização da ONU e sempre entregar um relatório dos feitos no digimundo, contudo, ainda sim, com a ajuda de Gennai, os digiescolhidos conseguiram criar um portal pirata para irem ao digimundo sem o conhecimento da ONU.

Ficou tudo bem durante os seis anos após a derrota de Miyotismon. No entanto, ninguém, nem a ONU, e, nem os digiescolhidos, poderiam imaginar que agora, seis anos depois, eles enfrentariam a maior provação de Coragem, Amizade, Amor, Sinceridade, Sabedoria, Confiança, Bondade, Esperança e Luz de suas vidas. Os digiescolhidos sempre estavam preparados para qualquer coisa no universo.

Menos para isto...

Nota: Apesar deste capitulo fazer o roteiro deixar as coisas bem obvias, e meio clichês, é necessário. Digo isso, pois pretendo mostrar nos dois primeiros capítulos as virtudes e os males que os humanos no geral tem. Boa Leitura

Capitulo 1 – Nosso amigo é inimigo?

Em frente ao seu computador como sempre, estava Koushirou Izumi, que tinha seus cabelos ruivos bem cortados, e olhos castanhos, estava monitorando alguns digiescolhidos no digimundo por meio do portal pirata criado por ele e por Gennai, um antigo ajudante dos digiescolhidos que era bem velho, mas agora tinha uma aparência bem mais jovem. Na tela de se seu computador, era possível saber a localização dos digiescolhidos que haviam usado o portal pirata, mas não era possível saber quem estava no digimundo pelo portal usado pela ONU.

- Tudo bem Yolei, informe sua posição! – Disse Koushirou por meio de um comunicador.

- Rawkmon e eu estamos terminando com os Labramons na reconstrução dos vilarejos deles! – Respondeu Miyako enxugando seu rosto que suava sob o sol escaldante do meio-dia. Ela Estava junto de Hawkmon, seu digimon falcão na parte leste do digimundo em um vilarejo quase totalmente reconstruído. – Ai que nojo, esse sol vai acabar com o meu cabelo. E eu ainda tenho que me encontrar com o Ken hoje à noite. – Continuou Miyako, agora arrumando seus longos e ruivos cabelos, tentando protegê-los do sol. – Logo voltaremos para casa Izzy. A propósito, o Ken está bem? – terminou a garota

- Pela centésima vez Yolei, ele está bem, já foi pra casa e disse que te pega às oito! – Respondeu Koushirou quase já cansado de repetir a resposta toda vez que falava com ela.

- Oito? Ok. – Respondeu depressa, e falando com outro ser que não era Koushirou, ela gritou – Hawkmon, anda logo, o Ken já foi pra casa e eu tenho que me encontrar com ele ás oito.

- Tudo bem, tudo bem. Já vimos Ken, Davis, Mimi, Kari e agora só falta ele.- Disse de modo mais apreensivo, e agora, fechando todas as conexões com os outros usuários, Koushirou abriu uma conexão que estava isolada no canto inferior direito de seu monitor e começou a fazer contato.

- Takeru? Está ai?- perguntou, aumentando no máximo o volume do transmissor.

-Estou bem Izzy! Parece que aquela atividade que vimos ontem não passou de uma agitação no balanço entre a Luz e as Trevas. Acredito que não temos com o que nos preocupar. – Respondeu Takeru com seus louros cabelos, que agora estavam atingindo seus ombros. – Já estou voltando.

- Entendido. – disse Koushirou. 'Então não passava de nada normal, será mesmo?', pensava Koushirou antes ouvir um grito pelo comunicador. Ele se levantou na mesma hora e disse bem alto e claro, de forma bem desesperada – TK, TK, você está bem? O que aconteceu? Responde, TK? – Após um curto período de silêncio, Koushirou deixava uma gota de suor causada pelo seu desespero correr de sua testa até o meio de seu rosto, mas foi aliviado pela voz de Takeru do outro lado da linha.

- Estou bem Izzy, ai..., só cai em uma espécie de gruta! – Takeru sentia dor do tombo que levara há poucos instantes, e olhou para cima vendo que caíra a uma boa profundidade, e notara que não seria fácil a volta para cima sem ajuda, Virou-se para Patamon que estava ao seu lado fitando-o preocupado e ao mesmo tempo com uma risada abafada – Patamon, será que você poderia me ajudar a subir?

- Claro TK, vou digivolver e nos tirar daqui.

Mas quando se preparava para digivolver, Patamon e Takeru viram uma luz muito forte no fim da gruta que foi aumentado gradativamente na escuridão e logo cegara os dois. TK escutava um som que também o ensurdecera e voltou a cair no chão, e agora Patamon estava ao seu lado tentando tapar seus próprios ouvidos.

- TK? Responde, o que está acontecendo? - Koushirou voltando a ficar transtornado com o sumiço de Takeru, repetia desesperadamente o nome de Takeru tentando obter uma resposta de que estava tudo bem, mas não podia, pois a comunicação tinha sido cortada por algo. Passado algum tempo, Koushirou pegou seu digivice e quando foi atravessar o portal em busca de Takeru, a luz de seu computador expeliu alguém em cima dele. Koushirou se arrumando o mais rápido que pôde, fitou a pessoa dos pés a cabeça a fim de avisar que Takeru corria perigo, mas ficou surpreso em ver o que via parado a sua frente.

- Takeru?

- O que você esta fazendo no chão Izzy? - Deixe-me ajudá-lo a se levantar.

Com um pouco de esforço, Koushirou se levantou e ofegando muito perguntou logo o ocorrido a Takeru.

- Mas que diabos aconteceu lá? – perguntou quase que numa bronca a Takeru.

Takeru deu um longo sorriso e coçou a cabeça como se fosse pedir desculpa. – É que com aquele barulho nos meus ouvidos, eu acabei por atirar o comunicador longe, desculpe!

Sentindo-se mais aliviado, Koushirou tornou a se sentar e a relaxar em sua poltrona.

- Era um Drimogemon – disse Takeru antes que Koushirou perguntasse algo novamente. –Estava escavando túneis ligando uma de suas cidades a outra.

- Certo, foi apenas um susto – respondeu Koushirou, tornando a olhar o que os outros estavam fazendo.

- Bom, vou pra casa, tenho um encontro com a Ashley hoje à noite! – Disse Takeru indo em direção a porta do quarto de Koushirou.

- Você também? Também tem um encontro com sua namorada? – Disse inconformado.

- Tenho. Por que?- Perguntou virando-se para Koushirou interessado, mas se lembrou de seu irmão mais velho. – Ah ta. O Matt também vai encontrar a Sora hoje. Na verdade, vamos sair nós quatro.

- Meu deus, você, Matt e Sora, Yolei e Ken, Joe e Mimi. O que anda acontecendo com os digiescolhidos? Por acaso tem algum digimon cupido que eu não conheça?

Takeru riu-se e foi saindo do quarto que Koushirou, mas não antes de provocar o amigo. – É Izzy, só você que vai ficar pra trás se não parar de ficar trancado ai nesse computador. – e se foi embora.

Mais tarde em casa, Miyako estava a se arrumar muito bem, esperando seu namorado Ken. Passara meia hora no banho com pétalas de rosas, e sais de banho para relaxar sua pele, depois, colocou seu melhor tomara-que-caia, que chegava até seus tornozelos, tinha uma cor cinzenta como um céu em dia nublado, com uma abertura do lado direito que se estendia um pouco acima de seu joelho. Seus braços bronzeados do sol quente do digimundo reluziam a claridade provocada pela meia-luz de seu quarto, o decote de seu vestido chamava a atenção aos seus seios, que a garota ajeitava, tentando ficar o mais sexy possível.

"Agora o principal", pensou a garota pegando um pequeno frasco de perfume e deu um pequeno esguicho entre seus seios. Ela se olhou por inteiro no espelho em seu quarto, colocou sua perna direita à frente de seu corpo, fazendo a parte de seu joelho a baixo aparecer pelo racho no vestido, e passou suas mãos em seus cabelos ruivos prendendo-os atrás de suas orelhas, e ao retirar suas mãos, uma mecha que não havia se prendido caiu pela sua face e morreu no começo de seu decote. Ela encheu o peito de ar, e com ar de satisfeita disse: - Garota...,você está um arraso! – Saiu de frente do espelho e passou um batom rosa, claro, apenas para dar uma realçada em seus perfeitos lábios, colocou um sapato de salto alto preto, e saiu de quarto, se preparando para receber elogios de seus irmãos.

Parou em frente à Tv do mesmo jeito que havia parado em frente ao espelho, e logo todos olharam-na dos pés a cabeça.

- Pronto, já te olhamos..., agora, se não for pedir muito, será que você poderia sair da frente da Tv? Sabe, eu gostaria de ver o jogo! – exclamou seu irmão sem dar a mínima atenção à garota.

Miyako se enfureceu e na hora que estava pronta para jogar o telefone em seu irmão, a campainha tocou. A Sra. Inoue abriu a porta e deu um agradável sorriso.

- Boa noite Sra. Inoue, a Miyako já está pronta? - E antes de qualquer resposta, Miyako já estava na porta e fitou-o com ar de superioridade, pronta, para ouvir os elogios de como estava linda...

- Por que você está vestida assim? - Perguntou Ken com seus cabelos negros e escorridos até os ombros, seus olhos castanhos se arregalaram e olhou a garota dos pés à cabeça. – Miyako..., nós vamos apenas jantar lá em casa. – completou o garoto voltando ao seu estado natural.

- SEU GROSSO... – Gritou a garota -... EU ME ARRUMO TODA PARA VOCE, E A PRIMEIRA COISA QUE DIZ QUANDO ME VÊ, É PERGUNTAR POR QUE ESTOU VESTIDA ASSIM?

O ouvido de Ken latejava a cada palavra de Miyako.- Me desculpe...- disse esfregando seu ouvido esquerdo. -...você está muito bonita.

- BONITA??? – gritou novamente a garota, que agora tinha no seu rosto bronzeado, uma tonalidade bem avermelhada como lava vulcânica, parecia que ia entrar em erupção a qualquer momento. – CO...

- LINDA, LINDA, LINDA...- apressou-se em dizer, antes da explosão de Miyako. -... É ISSO... VOCE ESTÁ LINDA, MUITO LINDA POR SINAL. – completou, não tendo muita certeza se havia funcionado sua rápida correção. Mas Miyako parecia não ter ouvido nenhuma palavra de Ken, e quando o garoto preparou seu ouvido para receber os berros mais agudos...

-Obrigada... – respondeu Miyako, que agora tinha um sorriso sereno em seu rosto. – Então... vamos?

-Ah...bem... é... vamos. –disse ele bem aliviado e escolhendo bem as palavras as quais ia usar. Miyako fechou a porta, sem ao menos dar atenção a sua mãe.

Mais tarde na casa dos Ichijouji...

- Nossa Sr. Ichijouji, o jantar estava ótimo.

- Obrigada Miyako... – Respondeu muito grata – Agora, deixe-me lavar essa louça – ela se levantou e foi em direção a cozinha.

- Deixe que eu te ajudo...- Apressou-se em ajudar a Sra Ichijouji.

- Onde está o Ken? – Perguntou olhando a sala e vendo seu marido assistindo o noticiário -...normalmente ele me ajuda a lavar a louça do jantar.

- Deve estar no quarto cansado, hoje tivemos muito trabalho no digimundo, e isso está exigindo muito de nós...

- Não acredito muito nisso... – disse com os olhos baixos e com temor em sua voz.

- O quer dizer com isso? Tem algum problema com o Ken que eu não saiba? – perguntou muito preocupada.

- O Ken anda muito diferente há algum tempo...- Disse a Sr. Ichijouji se lembrando de algumas semanas atrás.

Lembranças...

A família Ichijouji acabara de jantar e Ken disse logo ao se levantar da mesa.

- Mãe..., não posso te ajudar a lavar os pratos hoje, tenho de ver algo muito importante no digimundo ainda·.

- Tudo bem Ken, acho que posso me virar sozinha. – Respondeu sua mãe com um ar de orgulho do Ken.

E Ken foi logo em direção ao seu quarto e trancou a porta...

Fim Lembranças

- Como assim...- disse Miyako sem entender muito bem -...diferente?

- Ele não costuma trancar a porta de seu quarto... – a Sra. Ichijouji agora deixou escorrer uma lagrima de seu olho esquerdo e terminou de dizer com muito esforço e temor na voz – Ele só fazia isso quando... – e agora se segurava mais que nunca para não repetir aquilo...

- Era o Imperador Digimon! – Completou Miyako, lembrando como foram difíceis aqueles dias.

A Sra. Ichijouji se virou para Miyako e em forma de suplica fez um pedido a ela...

- Por favor, Miyako, cuide do Ken..., não deixe que ele volte a ser aquele garoto isolado de antes. Você foi a melhor coisa que aconteceu a ele, e ela a ama muito. Fique ao lado dele e não deixe que ele vá para o lado das trevas novamente!

Miyako estava explodindo de alegria em saber que Ken a amava e que era a melhor coisa que havia acontecido a ele, mas ao mesmo tempo, estava muito preocupada e temerosa. Não queria ver Ken naquela situação, e tinha medo que o passado voltasse a acontecer.

- Pode deixar comigo...- disse com um sorriso muito forçado, e olhou a porta do quarto do Ken. "Está fechada...". pensou -...ele também foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos anos. Eu fico de olho nele.

- Obrigada...

- A propósito...a porta dele esta fechada. Vou dar uma olhada nele e ver se descubro o que ele está fazendo.

Miyako saiu da cozinha e andou até o quarto de quem, batendo de leve em sua porta e chamando pelo garoto, e após não obter uma resposta, levou sua mão a maçaneta e a girou...Percebeu que não estava trancada, e foi abrindo devagar olhando por entre a abertura da porta. Havia uma claridade no quarto que ela logo percebeu que o Ken estava usando o computador. Sem hesitar, Miyako empurrou a porta e fixou seu olhar diretamente na origem da luz, e notou que Ken não estava no quarto, mas sim no digimundo. "Por que ele está no digimundo há esta hora? E por que não me disse nada?", pensava Miyako não querendo pensar que o Imperador estava na ativa novamente.

Ela se sentou na cama e esperou muito nervosa o retorno de Ken...

"Droga... por que eu não trouxe meu digivice?", se perguntava constantemente... "Não posso ligar para o Izzy, já está muito tarde!", pensava ao olhar o relógio e ver que já se passava da meia-noite. Ela continuou esperando até que viu Ken retornar pelo computador...

- Posso saber onde você estava? – disse a voz calma de Miyako.

Ken olhou logo em direção a ela e ficou sem reações para responder. Ela se levantou, trancou a porta do quarto e voltou em direção a ele. Seus olhos se encontraram com o do garoto deixando-o constrangido e com a impressão de que dessa vez o haviam pegado.

- Então...não vai me dizer onde estava?

- No digimundo...- respondeu ele por entre os dentes, tentando arranjar uma resposta melhor. Mas, não adiantou, ela o olhou ainda mais profundamente e ele conseguiu ler os pensamentos da garota. -...ta, eu sei que você sabe que eu estava no digimundo...

- Então...já que não preciso te dizer isto, talvez você possa me dizer, onde esteve e o que esteve fazendo todo este tempo lá...

-Não...posso...dizer – disse com sua cabeça baixa.

-Eu sou sua namorada, e preciso saber onde você tem ido todas as noites depois do jantar...

- Já disse, não posso dizer...- Ken saiu da frente de Miyako e dessa vez sentou em sua cama. Em sua mente, repetia freqüentemente para manter a calma. Miyako se virou e disse bem claro...

- Você não voltou a ser o Imperador Digimon, voltou?

Ken arregalou os olhos como se tivesse medo daquelas palavras, e sentiu seu corpo todo parecia estar enterrado no gelo. O silencio tomou conta do lugar, e só foi quebrado com o som do relógio de Ken, que marcava agora três horas da manha. Miyako se sentou ao lado de Ken, e ficou com sua cabeça abaixada como se estivesse contemplando o chão.

- Não se preocupe comigo...eu não voltarei a ser o Imperador Digimon! – Disse, de cabeça baixa também, se lembrando de como fora horríveis aqueles dias e como fora mais terríveis ainda ter de superá-los. Ken olhou para Miyako e viu lágrimas correndo por seu rosto. Não conseguia ver os olhos que eram escondidos pelos cabelos da garota. – Miya...

- Ken...- disse, cortando as palavras de Ken -...Prometa-me que nunca voltará a ser o Imperador, porque...- e olhou diretamente nos olhos de Ken -...porque...não sei se terei forças para te enfrentar. Eu prefiro morrer a ter de te ver como imperador novamente, e muito menos ter que te enfrentar!

Ken deu um sorriso, e com sua mão enxugou as lagrimas do rosto da garota. – Eu te prometo, que nunca mais, você me verá do lado das trevas novamente, e se caso isso ocorrer, prometo que nunca mais olharei para teus olhos e você nunca mais terá de olhar em meu rosto. Esta será minha punição por te magoar. – Ken, deu um beijo nos lábio de Miyako que ainda estavam molhados por lágrimas.

Após a promessa de Ken, Miyako havia ficado mais tranqüila quanto a o que Ken fazia no digimundo, mas, ainda assim ela continuava a tentar descobrir o que ele estaria fazendo quase todas as noites. Miyako avisou Koushirou e os dois mantinham segredo e constante vigilância ao digimundo nas madrugadas, mas nunca conseguiam descobrir os passos de Ken.

Passadas duas semanas desde a conversa com Ken, Miyako estava a passear com Hikari no parque da cidade. Um lugar muito agradável, bem arborizado, com um extenso lago onde ficavam vários casais a sua beira sentados na grama ensolarada. Hikari arrumou seus curtos cabelos castanhos e se recostou em um dos bancos posicionado bem embaixo de uma agradável sombra. Ao seu lado, Miyako falava com ela sobre o que mais conversavam, os garotos.

- Então,...como anda o namoro entre você e o Ken? – Hikari ficou muito alegre em ver o rosto cintilante de Miyako ao ouvir aquela pergunta.

- Estamos muito bem...o Ken é um ótimo namorado, mas e você? – Miyako agora olhou bem firme para a amiga tentando obter uma resposta que talvez Hikari tentasse esconder. – Arranjou alguém depois do TK?

Aquela pergunta fez o semblante alegre de Hikari passar para um bem triste. A garota desviou o olhar para contemplar o lago a sua direita e recordou uma das lembranças que mais a atormentava...

Lembranças...

Um pouco mais de dois anos antes, naquele mesmo lago, talvez, o mesmo lugar onde Hikari estava olhando, ela e Takeru estavam em uma noite ao luar. Os dois estavam comentando sobre a vida, e sobre o salvamento que Takeru fez horas antes, enquanto ele atirava pedras ao lago...

- TK..., obrigada por hoje. Se não fosse por você, eu não sei se estaria aqui agora. – Dizia a garota um pouco envergonhada.

- Sem problemas Kari, aposto que você faria o mesmo por mim... – respondeu sem hesitar logo após lançar mais uma pedra.

-Bem,...tem algo que eu quero te dizer a um ano... – a garota ficou envergonhada ao dizer isso -...e acho que preciso ser franca quanto a isto com você. – Hikari estava mais envergonhada e não havia parte em seu rosto onde não estivesse vermelho...

Takeru parou de jogar pedras, e se virou interessado nas palavras dela. – Então diga... o que você precisa me dizer?

- Bem, é que...- a garota abaixou a cabeça mais envergonhada do que já estava -...é que eu...- estava escondendo seu rosto e tentando soltar as palavras presas em sua boca-...eu go-gosto de você TK!

Takeru se espantou com as palavras de Hikari e tornou a jogar pedras no lago, tentando achar uma maneira de responder as palavras da garota. Mas as únicas palavras que ele conseguiu dizer em tantas na sua mente foram...

- Eu sinto muito... – Takeru continuou a lançar as pedras, enquanto Hikari levantou os olhos em direção a ele, não acreditando no que estava ouvindo. – Mas, não sinto o mesmo por você...- Takeru finalmente largou as pedras que restavam em sua mão esquerda e agora olhava a beira do lago... -... nós somos parceiros desde a primeira batalha contra Miyotismon, e desde lá, eu sempre te vi como uma parceira muito competente, e companheira nas horas de aflição. Eu te admiro muito, e me sinto mais seguro junto de você, mas é só isto, e nada mais...

Hikari gravou àquelas palavras de Takeru como uma tatuagem em sua mente...

Fim Lembranças

- Você ainda gosta dele, não é? – perguntou novamente, mas não foi necessária a reposta da garota, pois já estava estampada em seu rosto.

O celular de Hikari tocou em meio ao silencio entre as garotas... – É o Izzy...- ela olhou na tela de seu celular e logo atendeu... – Oi Izzy...- logo após, Hikari fez uma expressão de que não estava entendendo nada -...não, só a Yolei está por perto, talvez o Tai esteja em casa. – ela ainda não entendia o que estava acontecendo. -... ta bom, estamos indo ai, daqui uns quinze minutos nós chegamos. Tchau. – Hikari se virou para Miyako e disse se levantando logo. – Aconteceu algo... não sei o que, mas temos que ir à casa de Izzy agora.

Miyako fez a mesma cara de Hikari, mas sem perguntar nada também se levantou e, foram logo a casa de Koushirou.

Quando entraram no quarto do garoto, notaram que alem dele, estavam Taichi, de cabelos ainda rebeldes e olhos castanhos, Yamato, que se parecia muito com Takeru, mas era mais velho e mais corpulento, Sora, a namorada de Yamato, que estava com seus cabelos castanhos e curtos, e continuava a ser uma garota muito bonita, e Daisuke, o líder dos digiescolhidos mais recentes, que estava tentando imitar Taichi em tudo, tanto em aparecia como em atitudes. Todos os presentes estavam muito preocupados e desanimados, com exceção de Daisuke, que parecia estar muito pior que um desanimo.

- O que aconteceu? Onde estão os outros? Perguntou Hikari curiosa daquela reunião deprimente.

- Bom... Joe está na sede da ONU junto da Mimi, Takeru foi ao digimundo, mas por alguma interferência, não consegui falar com ele, o Iori, depois que sua família foi para a China, raramente consigo falar com ele... – Respondeu Izzy enquanto contava os digiescolhidos nos dedos.

- E o Ken? – Perguntou Miyako sem se importar com os outros –Onde está o Ken?

- Bom, pela informação que Gennai me deu, acredito que ele esteja no digimundo. Mas antes, preciso que você saiba que eu contei a eles o mesmo que você me contou sobre o Ken...

- Eu não acredito que você me traiu desse jeito...- Miyako ficou muito furiosa com isso -...por que você contou a eles sobre o Ken... – ficou mais furiosa – POR QUE? – Miyako já estava gritando com a decepção da traição.

- Por que era necessário...- respondeu Daisuke sem olhar para a garota. No entanto, ele andou em direção a ela, e olhando firmemente em seus olhos, Miyako reparou que o olhar de Daisuke havia perdido o brilho que costumava ter. Ele estendeu sua mão direita e colocou-a no ombro de Miyako, deu um suspiro e disse as palavras mais devastadoras do mundo... – Miyako,... o Imperador Digimon voltou!

Ao ouvir aquelas palavras, o chão de Miyako desabou e o céu veio a Terra, caindo sobre sua cabeça. Miyako não viu mais Daisuke e mais ninguém, o quarto de Koushirou ficou negro como a escuridão e ela só conseguia ver a imagem de Ken lhe prometendo não voltar a ser o Imperador, as palavras de Ken se repetiam junto das de Daisuke em sua cabeça e a garota só conseguiu pronunciar uma única palavra ao voltar para o quarto e ver todos novamente, agora a encarando com olhares de consolo e dor...

-Por que...- sussurrou deixando escorrer uma lagrima de sus olho esquerdo que morreu no chão do quarto-...por que Ken?