[Village on the Sand] por: Mizzz³.
Cenário: Castelo Animado (Howl's Moving Castle).
Classificação: 16 anos ou M.
Tamanho: Longo (21.579 palavras).
Status: Completa.
Resumo: Ser a filha de Artemus Howl parecia ser moleza quando só ficava catando conchinhas na Praiera ou vendo Dorotéia pastar no campinho da Ilha Local, mas infelizmente a vida não era tão fácil desse jeito... "Por quê não existem sindicatos para aprendizes de magia arcana em ilhas solitárias no fim de mundo?"

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Dance ao ouvir os rufos dos tambores e deixe esse mundo para trás, teremos uma bebida e torradinha só para nós debaixo de uma lua violeta...

Muitos já ouviram de mundos desse tipo, muitos cantaram sobre a época em que a vida era difícil, nem todo mundo tomava banho com muita facilidade e sequer tinha computador... Caramba, como era difícil mesmo! Ta certo que tinha máquinas a vapor e coisas mágicas voadoras que serviam de táxi para o povo, só que era difícil mesmo ter uma dessas máquinas para seu uso... Algum dia você vai ouvir de um mundo chamado... Bem... Ele ainda não tem nome e ninguém ainda sabe qual o nome dele, mas pode ter certeza que você gostará de se sentar e ouvir a história de...

Na capital do Reinado, a vida agitada dos cidadãos era só interrompida quando outro barco da frota da antiga Guerra chegava ao porto. Venceram? Não, a Guerra foi cancelada. Como? Ninguém sabe direito, mas melhor ter paz do que ficar na apreensão de outro ataque sobre a cidade... Estranho, as bombas não atingirem a parte central onde está o Palácio? Muita gente mal percebeu nisso e antes que a Maga Suliman pudesse conspirar contra os magos e feiticeiros que estavam fora de seu comando, Artemus Howl conseguiu fugir com sua amada esposa Sophie para uma Ilha fora do alcance do Reinado... E é de lá que começaremos essa histórinha...

Uma velha cabana perto de uma velha vila numa velha ilha,... A luz do sol iluminava diretamente o pergaminho velho que era rabiscado meticulosamente por uma pena não tão velha assim, mas empunhada por uma mão beeeem velha... O cenho envelhecido de Sir Adrian Aarielli era sério e resoluto, a agilidade para grafar letras floreadas e de caligrafia correta e bem formada deixavam a carta com aspecto de ser algo muito importante... Parou por um momento, limpando o suor da testa com um lenço vermelho desgastado pelo o tempo e olhou em volta à procura de seu cachimbo favorito... Não vendo que o objeto estava ali perto, o velho se levantou sofregamente da cadeira de madeira e revolveu seus livros em cima da estante e na mesinha no fundo da salinha de sua cabana.

- Soren... Você viu o meu cachimbo? - perguntou ele a uma criança de 9 anos que passara por ele com alguns pergaminhos.

- Não senhor, mas acho que ontem vi o senhor o limpando lá na janela da cozinha... - respondeu ela com sonolência, deixando os pergaminhos na estante e organizando-os em ordem alfabética. O velho senhor saiu da salinha e seus passos ecoaram na soleira de madeira velha da velha cabana... A menininha olhou para os lados e deu uma olhadela na carta em cima da mesa... Parecia ser algo bem importante mesmo... Tinha até cheiro de essência de lavanda!

- Nossa! Hoje o velho caprichou... - Começou a ler em voz baixa, pois ainda lia com dificuldade...

"Desde que te conheci, não pensei mais em outra donzela tão formosa e fagueira quanto a senhora... Imagino-me aproximando de teu peito arfante e sinto o aroma tão adorável de teu perfume favorito. A essência do amor que invade meu sangue, incendeia o meu coração dilacerado pela paixão e logo saborearei teus lábios carmim de doce néctar do amor afogueado de nosso romance. Tomo-te em meus braços viris e..."

- Mestre... Pra quem é essa carta agora? - perguntou a menina não entendendo bulhufas de nada. - O que é "afogueada"? Existe no dicionário? E noooossa, acho que esse verbo aqui não existe não Mestre... "tomo-te" soou muito estranho sabe?

- Dá isso para cá!!! - retirando o pergaminho da mão da garotinha. O velho Mago Adrian era o mago da Vila Cação na Ilha Local e auxiliava o velho prefeito Pedro com conselhos e ahn... Na verdade os dois saíam muito para tomar umas e outras na Estalagem do Papagaio Azulado do outro lado da rua...

- Meu irmão disse que o senhor é um velho caquético, caduco, tarado e pervertido... - e ela mordeu o biscoito do Mar, um biscoito doce feito de farinha de aveia e frutas em formato de estrela-do-mar, que era seu café da manhã. - É verdade isso?

- Nhááá!!! Bando de babões bobões babuínos birrentos! Todos falam suas besteiras de sempre...

- Tá... Mas é verdade? - a garotinha insistiu mastigando o resto do biscoito crocante, o velho pegou seu cachimbo e limpou novamente.

- Concentração, Soren... - apontou ele o cachimbo para a cabeça dela. - Vamos! Hop, hop! Andale, andale! Onde está os deveres de hoje? Quero os pergaminhos organizados em ordem de potência de poção!

- Mas acabei de arrumar em ordem alfabética como o senhor sempre pede! - protestou ela com indignação.

- Nhááá!!! Sem reclamar! Andale, andale! - a menina saiu resmungando pela a porta da frente, era hora de ordenhar a vaquinha Dorotéia, sua amiga na boa parte do tempo, pois só podia ver Candye, a sua amiga da vila, durante a tarde da véspera do dia do descanso. A vaca era cuidada pelas as duas, acharam ela ainda bezerrinha na Prainhona, ao Sudeste da Ilha Local.

- Mas que saco! Por quê não existem sindicatos para aprendizes de magia arcana em ilhas solitárias no fim de mundo? Não posso perguntar nadinha, nada, nadinha! Mas que meléquinha! - a vaca Dorotéia, que pastava ali perto, mugiu quando a menina falou a palavra feia para seu vocabulário infantil. - Tá, Dorô, vou te ordenhar daqui a pouco...

- Hey chuchu! - gritou alegre sua amiga Candye, filha do bardo Tenebrarus, o mais famoso dos 3 mares do Sul, o mais requisitado nas ilhas vizinhas e autor do eterno clássico de tavernas "Filha do Vento", a lenda mais empolgante e temida nas redondezas e inspiradora de aventuras ao Mar pelos os mais jovens...

- Hey Candye... - a garotinha respondeu sem muita empolgação, a mais velha chegou no pátio do jardim e deu uma balinha de caramelo arranca-dentadura. - Toma... Não fique triste por causa do velho caduco...

- Ele não é caduco...! - protestou Soren a favor do Mestre conhecido pelo seu temperamento instável e pelo desgastante hábito de paquerar TODAS as mulheres do povoado, sem exceção...

- Mas ele é beeem velho... - a garota teve que concordar à força. Candye mascou a bala grudenta e doce e afagou a vaquinha Dorotéia. Falou das novidades dos Portos do Norte, da escolinha na mansão de Antiguidades da Madame Totem e da chegada repentina do inverno na Ilha. - Alguém deve ter jogado uma pedrinha lá no Arco Circuloso...

- Você ainda acredita nessa bobagem?

- E por quê não? Ano retrasado foi você que atacou aquela tartaruga enorme lá no Arco e uma tempestade horrenda veio depois!

- Aquilo foi coincidência... E não era uma tartaruga, era o Diego, o filho do Marceneiro Potter...

- Mas eu jurava que era uma tartaruga enooorme! - disse espantada Candye, Soren comeu seu doce e cutucou insistentemente o fundo dos dentes para desgrudar a pasta grudenta feita pela mastigação da bala.

- Gágaí, gagoi gagoinguio guem, gague?

- O quê, o quê? - não entendendo as palavras embaralhadas da amiga com dificuldades em tirar o doce dos dentes detrás.

- Sooooren, cadê o meu cachimbo?! - esganiçou a voz do velho Adrian...

- O velho caduco te chama...

- Guele gaumgué gadugo!

- Mas é beeeem velho... - completou a garota saindo do pátio e indo para as ruas de pedra maciça...

A lenda do Rochedo Triste era bem triste... Será por quê? Vou explicar... O seguinte: Era uma vez uma maga muito boa que ajudava as ilhas de qualquer mal que se instalasse nelas, piratas, feiticeiros, dragões metidos à besta, anões brigões, cobranças de imposto de renda atrasado, essas coisas, então um dia ela sumiu por séculos. E ninguém mais soube da Maga Nevasca e seu exército de golens gelados. Dizem que ela se refugiou nos rochedos e se embrenhou na Floresta Branca para descansar em eterno sono, outros dizem que ela se tornou vil e maléfica e que mata cada aventureiro que ousa pisar na Floresta, outros dizem que ela cansou de lutar pelo bem e conseguiu aposentadoria pelo o sindicato de Magos, Bruxos e Feiticeiros Arcanos...

Soren achava que a maga benevolente apenas se cansara da vida medíocre de salvar o dia todos os dias... E que estava aproveitando a velhice, sentada na frente de uma lareira, lendo romances de cavalaria e passeando de manhã na Floresta. Certa parte da sua teoria estava certa... A Maga Nevasca não era mais tão nova quanto imaginavam - pelas as contas do povo da cidade, a Maga deveria ter mais de 600 anos! - e também passeava pela Floresta Branca todas as manhãs, mas que ela se cansara da vida aventureira? Não, nécatibiribiriba... Isso ela não desistiu não! Mas aí é outra história que deveríamos narrar, mas deixa isso pra depois...