CAPÍTULO I: Linda Tão Linda!

_ Bella meu bem, acorde _ sua mãe entrou no quarto, afastando as cortinas e indo beijá-la no rosto _ daqui a pouco o JB passa aqui e você vai se atrasar.

_ Ai mãe, eu estava sonhando com o sol. _ disse se espreguiçando, sentou na cama e afastou as cobertas.

_ Meu anjo, eu sei que isso é ótimo, mas eu sei também que você não vai querer chegar atrasada na aula, e depois também tem aula de patins, de artes, de...

_ Eu entendi mamãe. E já estou indo. Se o JB chegar pede pra me esperar ok? _ ela foi em direção ao seu banheiro, e escutou a mãe saindo do quarto e concordando.

Fez sua higiene matinal e tomou um banho. Adorava sonhar com o sol, o mar, e tudo o mais que trazia lembranças alegres para ela. Sempre que tinha esses sonhos acordava mais disposta para o dia. Apressou-se em colocar uma roupa quente, e sapatos confortáveis, não queria fazer seu amigo esperar mais do que o necessário. Já que seu irmão, não estava na cidade para levá-la à escola, precisava pegar carona.

Escovou seus longos cabelos com esmero, passou um gloss, seu perfume preferido, e maquiou seus olhos. Estes eram o que ela mais gostava em si. Marcando bem no contorno. Pegou a mochila em cima da cadeira de estudos, seus óculos escuros, que estavam no lugar de sempre, e seguiu para a escada, descendo com cuidado cada degrau. Escutou uma buzina e pediu a mãe uma maçã. Iria comendo pelo caminho mesmo, e depois comeria na escola mais alguma coisa. Saiu para a manhã fria e chuvosa da cidade, e seu amigo abriu a porta do carona para que ela entrasse.

_ Bom dia luz do dia. Dormiu bem?

_ Bom dia JB. É claro que eu dormi bem.

_ Eu queria ter sempre esse seu humor de manhã Bella. Em plena segunda-feira, é uó. Mas deixa eu te contar, você soube que vamos receber alunos novos na nossa famigerada escola?

_ Não sabia, você sabe que eu estava super ocupada esse fim de semana. Mas me conta quem são?

O assunto seguiu alegre até chegarem à escola. Seu amigo tinha o dom para deixá-la sempre feliz, sorriam de tudo e de todos. Piadas e exagero era o ponto forte do amigo. Eles se conheciam desde sempre, e foi amor a primeira vista. Como irmãos que são separados ao nascimento, se entendiam melhor do que tudo. Os dois tinham segredos e vontades, e passavam boa parte dos dias sonhando em ter um futuro brilhante. Quando chegaram, ela desceu e esperou seu amigo estacionar. Foi difícil imaginar como seria os alunos novos, já que na cidade nunca tinham novidades, ela sentiu um pouco de pena do que provavelmente essas pessoas passariam. Porque se fosse ela, com certeza não iria gostar.

_ Vamos minha flor, que eu ainda tenho que passar na secretaria e encarar a cara de fuinha da Sra. Cope. Você acredita que ela me dedou para o diretor só por que me viu fora da sala no horário de aula?

_ E o que você fazia fora da sala?

_ Bom, você sabe o Taylor? _ ela acentiu e ele continuou _ então, ele havia me convidado para tomar uma coca naquela lanchonete da esquina. E claro que eu não iria perder. Mas daí a mal amada da Sra. Cope, me viu e me fez voltar para a sala. E garantiu que aquilo não passaria impune. Vaca mal caráter.

_ Eu sinto muito meu amigo. Mas você sabe como ela é. O melhor a fazer é ir logo lá e rezar para o diretor não te dar uma suspensão. Afinal se você não vier na aula, como eu fico?

_ Então é só para isso que eu sirvo né? _ ele fez cara de bravo, mas no fundo sabia que a amiga estava brincando.

_ Lógico que não JB _ ela conseguiu dizer depois de rir _ você sabe que eu te amo. Mas eu não podia deixar de zuar com sua cara. Vai lá, eu vou pegar meus livros no meu armário e já vou pra sala.

_ Quer ajuda? Eu posso passar lá mais tarde.

_ Não. Pode deixar que eu dou um jeito. Dessa vez eu não irei errar o caminho. Beijos e boa sorte.

_ Se cuida gata. Até o intervalo.

Beijando-se no rosto os amigos se despediram e cada um foi para um lado. Ele preocupado com uma possível suspensão por tentar matar aula, e ela concentrada no caminho até o armário.

Achou seu armário, pegou tudo o que precisava e tomou o caminho da sala. Teria aula extra de Ciências naquele dia, por conta disso ficaria sem a carona do amigo para voltar para casa. Claro que mais tarde ligaria para sua mãe e ficaria tudo bem. Mas em sua pressa para não chegar atrasada na sala, não ouviu os passos que se aproximavam também apressados.

Ele vinha pelo corredor de sua nova escola, repassando novamente quais as salas que teria aula naquela manhã chuvosa. Nunca em seus dezessete anos, sentiu-se tão perdido e tão para baixo, como naquele dia. Mais uma mudança, mais uma nova vida. Mais uma cidade para se habituar. Não estava feliz, essa era a verdade. Distraído ele mais sentiu do que viu o impacto contra seu peito.

_ Hei. Não olha por onde anda não...? _ o restante de sua reclamação ficou presa em sua garganta quando viu a garota caída no chão e rodeada de livros. Ela tinha os cabelos castanhos, e o rosto estava corado devido à queda. Não pôde ver seus olhos, pois estavam cobertos por óculos escuros.

_ Me desculpe. Eu estou tão distraída hoje que nem percebi você vindo... _ ela disse enquanto procurava todas as suas coisas espalhadas pelo chão, bolsa, livros e cadernos. Ele resolveu conseguiu sair do torpor e ajudar a garota _ é que eu tenho duas aulas que não era para ter hoje. Então estou meio perdida.

_ Sem problemas. Eu também não vi você. Como sou novo aqui, também estou meio perdido hoje.

_ Ah claro. Você deve ser o aluno novo _ claro que ela, e todos na cidade e escola sabiam da chegada da família do novo médico. Com algum esforço, ela conseguiu juntar tudo em um único monte, e o ergueu nos braços com a ajuda do garoto e equilibrando brilhantemente _ e então, já sabe qual aula vai ter agora?

_ Deixa eu ver... _ ele folheou o horário e respondeu meio na dúvida _ acho que é história, sala 12. E você?

_ Bom você está no caminho certo, é nessa direção. Eu tenho artes, sala 5, que é para lá _ disse apontando por cima do seu ombro _ a propósito, sou Isabella _ estendeu uma mão na direção do rapaz desconhecido, mas que cheirava tão bem.

_ Edward _ eles se cumprimentaram, e sentiram um formigamento fora do comum nas pontas dos dedos _ bom, a gente se vê então Isabella.

_ Claro, mas por favor me chame de Bella, sim? _ ela sorriu, e aquele sorriso quase o fez pedir para acompanhá-la até sua sala.

_ Tudo bem, Bella. _ disse sorrindo também.

Ela se virou para ir no sentido oposto ao dele. Onde a ordem numérica das salas era decrescente. Quando ele conseguiu tirar os olhos dela e virou para seguir em direção à sua sala, notou que havia um papel no chão. Deveria estar no meio dos livros dela. Ele pegou a folha e olhou o que estava escrito, mas não viu escrita, e sim pontos em alto relevo, ficou olhando em silêncio por alguns instantes e imaginou se estaria vendo direito, ou se aqueles sinais no papel era o que ele estava pensando que era.

_ Hei! Bella _ ele deu uma corridinha para alcançá-la, já que esta estava um pouco distante. Ao ouvir seu nome ela parou e se virou na direção da voz dele _ acho que essa folha é sua.

_ Folha? _ ela disse entendendo a mão para pegar.

_ Sim. Mas eu não entendi uma coisa... _ novamente ele olhou aquele pedaço de papel e ficou em dúvida _ isso é Braille? Nós temos aula disso também? _ ele deu o papel na mão dela e esperou a resposta.

_ Sim, e não. Sim isto é Braille. E não, nós não temos aula disso _ ela disse e esperou pela réplica que não demorou muito.

_ Mas você sabe ler isso? Quero dizer, você entende? _ ele se recusava a perguntar o que queria perguntar.

_ Eu posso ler se for assim Edward. _ ela foi direta na resposta. Mas sorriu em seguida quando quase pôde ouvir o estalo de entendimento na cabeça dele.

Claro que ele escutou errado, ele queria acreditar que tinha escutado errado. Seria possível isso? Ela era... Não, ele não iria dizer aquilo. Ela deveria estar brincando.

_ Não. Eu não estou brincando _ ele tinha dito aquilo em voz alta? Tosco _ se os meus livros não forem assim, em Braille, eu não os leio.

_ Mas... você... quero dizer, agora a pouco eu... _ ele estava todo enrolado nas palavras, e passava as mãos nos cabelos. Um sinal de nervoso.

_ Hei, calma. Está tudo bem. Todos ficam assim no primeiro momento. Mas te garanto que você se acostuma.

_ Eu não sabia. Me desculpe por antes, quando eu disse aquilo sobre não enxergar _ ele estava se sentindo um otário.

_ Sem problemas. Mas eu posso te garantir que eu vejo melhor do que muitas pessoas por aí. Fica frio Ok? E agora vamos estudar _ ela sorriu mais uma vez, e virou-se para ir à sua sala, mas nem tinha dado dois passos quando ele fez a pior pergunta que ela gostaria de ouvir.

_ Você quer que eu te ajude a achar sua sala? _ Ela sabia que ele não tinha dito aquilo por mal. Portanto respirou fundo e respondeu olhando em sua direção.

_ Eu sei me virar Edward. Fique tranqüilo e até mais.

Sem dar mais entrada para conversa, ela se foi. Sabia que tinha feito uma merda, mas foi mais forte que ele. Nunca em sua vida tinha convivido com uma pessoa... Não ele não iria dizer. Para ele, era normal querer ajudar. Não era? Mas Ela parecia não precisar de nenhum tipo de ajuda. Ainda ficou olhando enquanto ela foi tranqüila pelo corredor principal, andando graciosamente com aquele monte de livros, e sem titubear entrou na sala cinco. Ficou estático tentando entender como ela havia feito aquilo.

Saindo dos seus devaneios, notou que estava mais que atrasado, e se perguntou se o professor iria lhe dar uma advertência logo no primeiro dia de aula. Merda. Correu pelo corredor e achou a sala doze. Olhou pela janelinha que tinha na porta e notou que o professor não tinha chegado. Entrou e todos pararam de falar e olharam para ele. Todos. Sem exceção. Ele sabia o efeito que causava nas pessoas. Nos homens inveja. Nas mulheres cobiça.

Sim por que não é todo dia que se vê um rapaz de dezessete anos, com um e oitenta de altura, oitenta kg muito bem distribuídos e mantidos com corridas matinais e muito exercício e esportes. Ele praticava qualquer coisa, basquete, vôlei, futebol, entre outros. E tinha imensos olhos verdes, mais parecidos com duas esmeraldas. Mas sua marca registrada eram os cabelos ruivos e despenteados, ou como sua mãe e irmã diziam: "sem controle". Ele se dirigiu ao fundo da sala, cumprimentando alguns poucos alunos com meneios de cabeça.

Sentou na última carteira, por dois motivos. Um: por ele ser o mais alto da sala, e não querer tapar a visão dos demais, dois: por querer ter privacidade. Sim ele era uma pessoa anti-social. Não gostava de fazer amigos. Pois no fundo sempre que se apegava à alguém, tinha que mudar de novo de cidade. Seu pai como médico vivia recebendo propostas de trabalho. Mas ele não era qualquer médico, estudava o desempenho de células tronco, e suas vantagens para o tratamento de diversas doenças, e defeitos genéticos. O mesmo já tinha ganho diversos prêmios, e com isso vinha a fama. Mas quem mais sofria com isso era seu filho, ou seja, ele. Sua mãe e irmã, gostavam dos holofotes, mas ele nunca gostou. O que mais queria era ter o pai em casa o tempo todo, e não sempre fazendo cursos, especializações, sem nenhum tempo para a família. Fora todas as mudanças de cidade. Que chegavam a ser duas ou três vezes por ano.

_ Bom dia turma. Desculpe o atraso.

O professor Dillan Spencer, como ficou sabendo ser seu nome, chegou com meia hora de atraso, e por isso não pediu para que o aluno novo fosse à frente da classe se apresentar. Isso também ele detestava. O professor só disse seu nome para a turma e deu continuidade na aula. O assunto ele já sabia, na escola anterior estava mais adiantado. Pelo menos em uns três módulos. A aula passou rapidamente. E quando o sinal tocou os alunos saíram para procurar suas demais aulas. Ele olhou em seu horário e viu que seria literatura, sala 7.

_ Olá novato. Sou Brian Felps, e esse aqui é Matt Cliver _ um rapaz quase da mesma altura que ele se apresentou, era loiro com os cabelos até os ombros, todo despojado, com calças rasgadas no joelho e camisa preta, estilo roqueiro. O segundo garoto era moreno e mais baixo, mas também parecia simpático _ e então que aula tem agora?

_ Edward. E tenho... literatura.

_ É a nossa também. Vamos lá. E então o que esta achando da cidade? Você veio de onde mesmo?... _ eles foram tagarelando até a outra sala. Ele só respondia o que lhe era perguntado. Não tinha interesse de saber sobre os outros. E mesmo prestando atenção nos garotos, sua mente teimava em lembrar-se da garota de mais cedo.

Depois, também foi apresentado a mais alguns colegas de Brian, Steve Menfiel e Taylor Lucks. Ele ficou sabendo que os garotos tinham uma banda, e estavam procurando um vocalista, pois o outro tinha ido embora da cidade. Claro que ele não iria se candidatar, mesmo sabendo cantar e tocar qualquer instrumento. Como sempre, ele não queria se apegar, nem a ninguém nem a nada. Naquela aula ele também estava adiantado, por isso começou a compor uma música, e por mais que tentasse, só conseguia lembrar de Bella enquanto sua cabeça produzia, e seus dedos passavam para o papel.

Não dá mais, já não posso, não consigo esconder
Impossível controlar minha vontade de você
É maior que tudo e tudo bem
Acredita em mim...

Já mudei e provei que não sou mais, nem sei quem sou
Eu duvido que isso tudo não seja amor...
Meu amor...

Eu quero saber se você não quer me beijar
Olha pra mim, duvido você negar
Que agora eu sou quem você sempre quis
Te ver assim, linda, tão linda pra mim
Linda, tão linda pra mim
É tudo que eu sempre quis...

Não dá mais, já não posso, não consigo esconder
Impossível controlar minha vontade de você
É maior que tudo e tudo bem
acredita em mim...

Já mudei e provei que não sou mais nem sei quem sou
Eu duvido que isso tudo não seja amor...
Meu amor...

Eu quero saber se você não quer me beijar
olha pra mim, duvido você negar
Que agora eu sou quem você sempre quis
Te ver assim, linda, tão linda pra mim
Linda, tão linda pra mim
É tudo que eu sempre quis...

Ele gostava de compor músicas, solos de guitarras e piano, mas essa música em especial ele já havia começado várias vezes, e não conseguia evoluir, hoje, no entanto, ele estava inspirado, e mesmo não admitindo, tinha alguém que era a responsável pelo andamento da letra.

Só faltava o título, no tom ele teria que fazer alguns ajustes, mas no geral estava legal. Nesse momento lembrou das músicas que já havia feito para a mãe e irmã, e de como ficaram felizes com a dedicatória, elas adoravam quando ele cantava essas canções. Para o pai, ele também fez uma música, mas nunca conseguiu mostrar por falta de tempo do mesmo. Portanto estava guardada na gaveta do piano, e se dependesse de Edward, não sairia de lá tão cedo. Como estava concentrado terminando a música, não reparou que era observado, somente quando foi chamado percebeu que a sala já estava vazia.

_ Edward? _ ele olhou para cima e se deparou com Brian _ vamos cara, já bateu o sinal. Estava viajando geral nessa aula hein. Isso aí é uma música? Você compõe cara? _ ele tentou esconder, mas o novo colega entusiasmado, pegou o caderno antes que ele pudesse evitar. Ficou impressionado com a letra, ainda faltavam algumas notas e uns ajustes nos tons. Mas no enredo estava ótima.

_ Sim é. _ respondeu sem humor.

_ Porra cara. Por que não me disse nada que cantava e tocava? Eu aqui me matando pra arrumar um novo integrante para a banda e...

_ Olha Brian. Eu realmente não estou interessado _ disse encerrando o assunto. O outro parou de falar e ele ficou chateado por ter que cortar o barato. No fundo ele queria sim fazer parte de alguma coisa, de algum grupo. Gostaria de ter alguma coisa para chamar de seu em definitivo.

_ Pô Edward, mas por quê? Cara você tem talento. É só olhar isso aqui, para ver que você é foda... _ seu mais novo e insistente amigo estava sorrindo. Ele retribui o sorriso mesmo sem querer, ele tinha talento, e sabia disso _ vamos fazer assim, pensa na minha proposta. E se até o fim da semana mudar de idéia me fala. Essa música com certeza não pode ficar somente no papel.

_ Mas...

_ Não precisa falar agora. _ ele deu um soco de brincadeira em seu braço _ Vamos para outra maratona de aula chata. E por falar em aula chata a professora dessa disciplina é a maior gostosa. Eu daria qualquer coisa para mamar naquelas tetas...

A próxima aula era espanhol. E realmente a professora era gata. Uma morena de um e setenta mais ou menos, cabelos pretos e lisos até o meio das costas. E que costas. Chamava-se Laurah Danover, e não admitia atrasos, por isso chamou a atenção dos garotos quando estes entraram três minutos mais tarde. E garantiu uma detenção na próxima vez.

_ Eu faria qualquer coisa pra ficar detido com ela no final da aula... _ ele sussurrou para seus colegas, recebendo sorrisos cúmplices.

_ Disse alguma coisa ? _ outra qualidade que ela possuía era uma audição de dar inveja _ quer compartilhar algo com a turma?

_ Não professora Danover.

Quando ela se virou para a lousa novamente, ele ergueu os dois punhos fechados no ar e abaixou algumas vezes, fazendo um gesto como se estivesse traçando a professora, arrancando sorrisinhos das meninas e apoio, por meio de gestos obscenos, dos meninos. Edward também não pôde deixar de sorrir com aquilo. Garotos seriam sempre garotos.

A aula transcorreu sem maiores transtornos. O próximo sinal era o do intervalo. E ele se perguntou como estaria sua irmã no meio daquelas pessoas também desconhecidas. Sabia que ela estaria melhor que ele, por gostar de fazer amigos em cada canto que moravam. Arrasar corações também era seu forte. Mesmo sendo o oposto dele, ela era linda da mesma forma. Tinha um e sessenta de altura e fazia questão de manter seus 55 kg, sem nunca passar disso. Seus cabelos negros cor de ébano contrastavam com seus belos olhos azuis turquesa. Eles eram os irmãos mais diferentes que existiam. Ele havia puxado toda a beleza de sua mãe Elizabeth Masen. E Alice era a cópia fiel do Dr. Anthony Masen.

Já no refeitório, ele notou que as meninas estavam admiradas com a beleza de sua irmã. E já que esta adorava ser o centro das atenções, aquilo era um prato cheio. Claro que ele não era uma pessoa que passava despercebido. Mas não conseguiu ver nenhuma das garotas do refeitório, que estavam lhe dirigindo olhares suplicantes, que era para ser sexy, pois no meio da fila ela estava lá. Linda, sorrindo, com os cabelos soltos ao vento, e agarrada no braço de um cara moreno. A maneira como ela jogava a cabeça para trás e ria, o deixava com inveja, ele queria saber do que ela estava rindo. Queria ser o cara que estava ao seu lado, fazendo-a sorrir.

Por que ele queria isso? Não sabia. Mas que ele queria, queria.

_ Oi Eddie. Olha só, as garotas estão em polvorosa por sua causa. Não quer sentar comigo? Eu te apresento minhas amigas e...

_ Alice _ ele gemeu seu nome _ você sabe que eu não gosto disso. Já conversamos diversas vezes sobre eu ser o centro das atenções.

_ Ai Edward, você é um chato sabia... _ ela cruzou os braços e fez bico.

_ Eu também te amo docinho... _ ele sorriu e deu um beijo em sua testa, pois sabia que assim ela não ficaria brava.

_ Tá bom. Até depois então.

Ele foi para a fila, junto dos seus novos colegas, vendo que sua irmã voltava para mesa com as novas amigas. Ela era mais nova que ele um ano apenas, e por isso se entendiam tão bem. Com certeza ela sabia aproveitar a vida. Estava sempre de bem com tudo, e fazia tudo o que podia para ver o irmão feliz.

Não conseguia tirar os olhos do casal que estava mais à frente, ficou com ganas de ir até lá, e tirar as mãos masculinas que possessivamente seguravam na cintura dela. Mas que diabo estava acontecendo com ele? Nunca foi disso. Sempre procurou manter as garotas afastadas, não por não gostar de mulher, isso ele gostava e muito, mas por não querer ter de deixar nenhum coração partido para trás toda vez que se mudava. Na verdade ele só se envolvia com garotas que não tinham nada a perder, que não cobravam o amanhã, e de preferência que não estudasse no mesmo colégio que ele. Tudo para se manter incólume. Por isso não entendia o motivo daquele nervosismo todo.

_ Ai JB, me poupe. Eu não vou te apresentar à alguém que mal conheço.

_ Bella deixa de ser chata. Se vocês já se "esbarraram" por aí, que mal tem?

_ JB. Para de ser chato você. E eu nem sei como ele é, além disso ele deve ter namorada, sei lá... _ eles estavam na fila do refeitório, e seu amigo estava em cólicas para conhecer o mais novo pedaço de mau caminho da High School.

_ Bom eu só posso dizer minha amiga que ele é um pão. Mas não é qualquer pão não, é desses que quando você olha na padaria não consegue se conter, tem que levar, e comer até se lambuzar... _ ele adorava fazer ela sorrir, ela era linda sorrindo, e se ele não jogasse no mesmo time que ela, estaria amando a proximidade dos dois, como homem e mulher _ e te digo mais, um homem desses devia pagar imposto pra sair na rua, de tão bonito que é.

_ Hum, me descreva ele então _ ele sabia que ela estava super, hiper, mega curiosa, mas não admitia.

_ Bem, digamos que Deus quando o fez não economizou em nada. Ele tem todos os atributos necessários para deixar qualquer mulher nas nuvens. E isso inclui a mim. _ mais sorrisos da parte dela _ Seus olhos...hum os seus olhos não dão para ver daqui. Mas eu aposto minha coleção da Vogue que são claros. E os cabelos, minha filha tem uma cor de ferrugem linda de morrer. Deixe-me ver o que mais... ah sim o corpo. Jesus, Maria e José, que pernas são aquelas, e os braços... amiga eu escalava num homem desses, pode apostar.

_ Ninguém pode ser tão lindo assim JB _ ela estava duvidando da descrição do amigo.

_ É sério Bella, o homem exala testosterona por todos os poros. Pelo amor de tudo que é mais sagrado, esse homem é uma arma de destruição em massa.

_ Ai JB, você não existe _ ela jogou a cabeça para trás rindo com gosto das piadas do seu amigo.

_ Mais é claro que eu existo minha filha. E é por isso que você não vive sem mim.

_ Sim, é verdade, eu não vivo sem você _ ela ficou imaginando a beleza do aluno novo. Mas era óbvio que ele já devia ter dona. Um cara tão lindo como ele, não ficaria sozinho. E se dependesse do desvairado do amigo, ele seria seu dono.

_ OMH! OMG! OMG! _ a histeria estava em alta hoje.

_ O que foi criatura? Onde é o incêndio?

_ Bella, ele não tira o olho de você. E eu acho que ele vai vir aqui a qualquer minuto. Espera... _ ele fez uma pausa dramática, palavras dele _ sim, ele está vindo. Se prepara para me segurar, porque eu vou desmaiar. Ah eu vou...

_ O JB não tira o olho de você Edward _ foi tirado dos seus devaneios por Matt.

_ Quem? _ ele não tinha a menor idéia de quem seria esse.

_ O cara de camisa vermelha, do lado da Bella.

_ Ah sim, mas por que ele estaria olhando pra mim? _ tinha até medo da resposta.

_ Bom, digamos que ele seja...

_ A florzinha da escola _ Steve terminou a frase do amigo _ e eu acho bom você tomar cuidado, porque se não, ele se apaixona pelo aluno novo.

_ Eu achei que ele fosse o namorado dela... quero dizer, pela maneira que ele a abraça _ ele estava na verdade aliviado com a noticia do cara ser fruta.

_ Não se engane meu amigo _ Brian resolveu entrar no papo _ aquilo ali é pura fachada. No fundo ele gosta de ver a vida por outro ângulo. Se é que você me entende... _ todos, sem exceção riram da piada _ mas mesmo assim, ele é super gente boa. E sempre esteve ao lado da Bella. Principalmente depois que ela ficou assim.

_ Ele não deve saber da história Brian _ Matt lembrou o amigo _ mas também não é bom ficar falando disso. Você sabe como as pessoas gostam dela aqui. Tudo o que podemos te dizer é que ela ficou cega aos doze ou treze anos. Mas as causas disso, somente a família sabe.

_ Mas não se iluda cara. Ela consegue ver, muito bem as coisas. E também não gosta que ninguém sinta pena dela. Ela abomina esse tipo de sentimento. _ Steve terminou o assunto, e ninguém falou mais nada sobre ela.

Ele não fez e nem disse nada sobre isso, nem que sim, nem que não. Também não citou o incidente de mais cedo, e de como ele foi tosco em oferecer ajuda a ela. Ele sabia que não tinha culpa do acontecido, mas não pôde deixar de se sentir 'o trouxa' do ano por conta disso. Deixou a fila sem dizer nada aos rapazes, e começou a caminhar na direção dela e do tal JB. Ele iria tentar remendar o estrago que tinha feito. Mesmo que ela não quisesse mais olhar pra ele, ou melhor, falar com ele, seria difícil, entretanto entenderia.

Com as mãos suando, e com vários olhares em cima dele, se viu percorrendo a pequena distância que os separava com o coração aos pulos. Estava se sentindo um virgem, indo para sua primeira vez. Deixa de ser idiota Edward. Ele se repreendeu mentalmente. Respirou fundo e parou a poucos passos de onde ela se encontrava. O garoto que estava com ela pareceu espantado com a perspectiva de terem companhia. Mas sem se deixar intimidar, ele terminou de se aproximar.

_ Bella!

_ Edward. _ e lá estava aquele cheiro de novo. Era tão bom. Ela respirou fundo a fim de gravar na memória aquele perfume.

_ Eu posso falar com você? _ ele lançou os olhos para o garoto e percebeu que o mesmo o encarava fixamente, então completou _ a sós?

_ Er... bom...

_ Sem problemas Bella _ o amigo percebeu que o cara estava impressionado com sua amiga, por isso estava mais que disposto a sair dali e logo _ eu tenho mesmo que falar com a Sofia sobre um trabalho, prazer Edward sou o JB.

_ Oi _ ele respondeu, e quando o amigo dela tinha vazado, respirou fundo mais uma vez e deu continuidade _ Bem, eu estava pensando se você ficou chateada comigo mais cedo. Quero dizer, eu não sabia como agir, nem o que te dizer depois do que descobri. Mas não quero que fique mal entendido entre a gente _ ele se perguntava internamente, porque a opinião daquela garota que mal conhecia era tão importante para ele? _ e então você me desculpa?

_ Edward, eu disse antes e vou dizer agora _ de repente ela fez uma coisa que ele não esperava, alcançou sua mão direita, segurou-a firmemente e tirou os óculos escuros, revelando olhos azuis como ele jamais tinha visto antes, nem mesmo os da sua irmã eram como os dela _ está tudo bem. Eu não fiquei brava com você, de verdade. Eu realmente só estava com pressa, e atrasada. _ novamente aquele sorriso estava em seu rosto. Era um sorriso que iluminava tudo ao redor. Ele não conseguia dizer nada diante daquele conjunto, olhos, boca, nariz e rosto. Só uma palavra a definia... _ você ficou mudo. Diz alguma coisa.

_ Linda _ ele soltou a primeira coisa que lhe veio na mente, só se dando conta de que tinha dito em voz alta quando ela cessou o sorriso e perguntou.

_ Como disse?

_ Eu... eu disse que, que você é linda _ ele não conseguiria mentir para aquela garota. Não olhando naqueles olhos _ seus olhos, seu rosto, você é tão linda.

_ Nossa, assim você me deixa sem graça... _ ela baixou o rosto rubra de vergonha, então ele notou como aquele tom de vermelho a deixava ainda mais encantadora, e mais do que isso, foi atingido em cheio pelo seu perfume. Uma mistura doce e cítrica. Lembrava alguma coisa, mas ele não soube identificar o que era. Só o que soube naquele momento, era que já tinha o título para sua música.

Eles não notaram que a fila estava andando, por que com a conversa acabaram se afastando dos demais. Ela continuava segurando em sua mão. E ele estava adorando sentir a maciês daquela pele contra a sua. Aquilo era tão bom, e parecia certo estarem assim, de mãos dadas e conversando amenidades.

_ Bella, eu fiz você perder seu lugar na fila..._ ele se recriminou, e passou a mão livre pelos cabelos, os bagunçando mais.

_ Ah, isso sempre acontece. _ ela disse sorrindo angelicalmente, seria possível uma pessoa nunca ficar brava, e nem chateada com nada? Parecia que ela era assim – sempre quem guarda meu lugar é o JB, ou o meu irmão, por que eu sempre chego atrasada. Para variar.

_ Bom, mas eu não quero que você fique com fome. Portanto hoje, eu te acompanho na fila.

_ Legal, então vamos _ só se dando conta de que ainda segurava a mão dele, ela soltou, quase sem vontade. Em seguida sentiu uma mão grande em seu cotovelo a conduzindo para a fila. Ele tinha um toque quente, e forte, transmitia masculinidade. Fora aquele perfume que ela nunca tinha sentido antes em nenhum garoto. Realmente o seu amigo tinha razão, ele exalava testosterona...

_ Disse alguma coisa? _ ele perguntou. Ela tinha dito aquilo alto? Droga.

_ Não. Não disse nada, e você já conseguiu fazer amigos aqui? _ resolveu mudar de assunto.

A conversa entre eles evoluiu de forma tranqüila, como se fossem amigos de longa data. Ela recolocou seus óculos escuros, escondendo dele aqueles lindos olhos da cor do mar. Claro que não iria pedir pra ela tirá-los novamente, isso poderia ofendê-la. Na verdade, ele sentia que poucas coisas ofendiam aquela doce criatura.

Ficou sabendo que ela era irmã mais nova de dois irmãos. E que estes estavam viajando com o pai em uma excursão. Mas que no dia seguinte estariam de volta. O mais velho se chamava Emmett, e já fazia faculdade, o mais novo Jasper, provavelmente estudaria com ele, e ela estava no segundo ano, assim como sua irmã. Pegaram as bandejas com o almoço e ele pagou o dela, disse que era uma forma de se desculpar.

_ Então seu pai é médico. Deve ser legal, nem ficar doente vocês ficam... _ se ela soubesse como ele não gostava de falar do pai.

_ É. Mas como ele nunca fica em casa, mesmo que ficássemos doentes, não seria ele quem nos socorreria. _ ela notou um rancor em sua voz, ao falar do pai.

_ Hum. Bom, meus irmãos e eu nunca demos muito trabalho para meus pais, sempre tivemos uma saúde de ferro... _ e lá estava aquele sorriso lindo _ e irmãos, você tem?

_ Ah sim, tenho uma irmã. Ela provavelmente vai estudar com você. O nome dela é...

_ Alice! _ sua irmã apareceu por trás dele e se apresentou _ o que meu irmão já está falando de mim para você, hein? Só espero que não seja os meus segredos sujos e obscuros. _ as duas garotas sorriram e ele ficou sério. _ não vai me apresentar ela Eddie?

_ Claro Alice. Alice esta é Isabella. Bella esta é Alice, minha irmã. _ quando sua irmã foi estender a mão para ela, ele prendeu a respiração. Ficou sem saber o que fazer, não sabia se avisava por algum sinal, que ela não iria ver sua mão, ou se falava com todas as letras...