Você acredita em ódio a primeira vista?

Apresentação da protagonista

Seu nome era Alice Jequiti Gordon e tinha 23 anos de idade. O Jequiti tinha sido herdado de sua mãe, Bárbara Jequiti Gordon, dona de casa, e o Gordon de seu pai, Jim Gordon, Comissário da cidade de Gotham. Alice era a primogênita entre os três filhos que o casal tinha. Seus irmãos mais novos se chamavam: Mary e Kevin.

Gotham era a cidade natal da família Gordon, mas a nossa protagonista não viveu todos os anos de sua vida nesse lugar. Aos 15 anos se mudou para Cambridge, por ter ganhado uma bolsa integral para estudar Medicina em Harvard.

Suas notas na James K. Polk Middle School eram invejáveis e os professores sempre a colocavam no pedestal de aluna exemplo. Alice era a típica nerd que não tinha amigos, e por causa disso afundava todo o seu tempo nos livros, que eram a única companhia que lhe restava.

A convivência com os colegas era difícil. Muitos deles colocavam apelidos de mau gosto nela e quase todos os dias tentavam a importunar com brincadeiras infantis. Esse foi um dos motivos pelo qual, sua meta desde muito nova era ir para a universidade mais cedo. Mas apesar de todo o aborrecimento que passou calada, porque em casa ela sempre dizia que nada de diferente acontecia na escola, a filha do Comissário aprendeu a se fortalecer com o próprio sofrimento.

Chegando a Harvard, conheceu Aaron Moore, atual melhor amigo. Foi com ele que Alice foi apresentada ao seu lado extrovertido e foi nesses anos de faculdade que se tornou a mulher destemida e cômica que era. Mistura perigosa para alguém que tinha sofrido tanto na adolescência, mas a família mesmo de longe a equilibrava e mantinha a primogênita nos eixos certos.

Assim que se formou, ela resolveu parar um pouco a vida no hospital para se dedicar ao sonho de participar de um grupo de pesquisas na Amazônia, com o intuito de descobrir a cura de doenças endêmicas como o Mal de Chagas e ajudar a população carente a ter acesso a cuidados médicos que mesmo sendo essenciais, não tinham. Ela não estava nessa empreitada sozinha, Aaron que também tinha o mesmo sonho, se mudou para Gotham com Alice e juntos se matricularam em um cursinho próprio para prestar a tal prova.

Passar no concurso era o principal motivo para que Alice retornasse a cidade natal, em Gotham poderia estudar tranquila, passar no teste para fazer parte do grupo de pesquisadores, e ficar com a família antes de viajar de vez para o Brasil.

Jim Gordon amava muito a filha, e sempre que falava dela para os colegas de trabalho ou para os amigos antigos, demonstrava grande orgulho por tudo o que ela havia conquistado em tão pouco tempo, mas Alice estava longe de ser a menininha comportada e séria que saiu de Gotham para estudar fora.

Na sala do Comissário

Marcel, um dos policias de confiança, entrou na sala do Comissário e disse:

-Comissário, sua filha foi vista entrando na sala onde o Coringa está trancafiado.

Gordon se levantando nervoso de sua cadeira perguntou para o policial:

-Como ela conseguiu fazer isso?

Marcel respondeu:

-Ela roubou o uniforme de um dos policiais e disse para o policial Jorge deque tinha sido encarregada de vigiar o palhaço pessoalmente.

Enquanto isso na sala de interrogatório:

Coringa estava encostado em uma das paredes da sala e olhava para a "policial" que estava em frente a porta o encarando com curiosidade.

O criminoso sarcasticamente perguntou:

-Quantos dos seus amigos eu matei hoje?

Alice ainda o encarando respondeu:

-Minha religião não permite que eu tenha amigos no trabalho.

Coringa gargalhou e perguntou:

-Você é bem nova para ter sido encarregada de vigiar um criminoso da minha magnitude, você não acha?

Alice respondeu:

-A eficiência não é uma coisa que depende da idade, e sim da inteligência.

O criminoso inclinou a cabeça e disse:

-Você deve se achar muito espertinha.

Ela disse:

-Eu não acho, tenho certeza.

Ele gargalhou e disse:

-Antigamente o Comissário escolhia melhor o seu pessoal ,mas atualmente ele vem baixando o nível.

Alice disse:

-Eu nem sou tão baixinha assim.

Coringa gargalhou e disse:

-Sabe policial... – ele gesticulando com a mão perguntou – Qual é o seu nome, linda?

Alice não respondeu de imediato, estava pensando em um nome. Nisso disse:

-Paola Bracho.

Ele fez uma pausa e disse:

-Sabe policial Paola, eu não acho que uma mulher tão bonita como você, devesse mexer com coisas tão perigosas com essas, na verdade eu acho que... - ele apontou para ela e disse – mulheres como você, não deveriam abrir a boca para nada – ele gargalhou e disse – Bom para quase nada.

Alice disse:

-Eu sei muito bem o que você pretende fazer, senhor mamãe sou mau. Primeiro você me deixa bem irritada, depois perdendo o controle eu vou aí e te ensino uma liçãozinha, então não sei como você me imobiliza e foge.

Coringa a olhou fixamente e não disse uma só palavra. Percebendo a sua feição ela disse:

-Uhh, pela sua feição eu acertei.

Coringa totalmente sério disse:

-Eu saio dessa sala quando eu quiser.

Alice disse:

-Não precisa ser grosso Bozo.

Ele começando a se levantar , e estalando o pescoço disse:

-Eu ainda tenho muito para fazer hoje então eu vou te ensinar uma liçãozinha antes de ir.

Alice disse cruzando os braços:

-Pode ser uma aula de química, em específico dupla troca, é porque eu estou com muita dificuldade nessa matéria e tenho certeza de que você é muito bom em troca-troca.

O palhaço riu baixinho enquanto andava no sentido em que ela estava, mas antes que a alcançasse Gordon abriu a porta.

Alice percebendo que o pai tinha entrado tentou se esconder colocando o cabelo na frente do rosto.

O criminoso achou a cena cômica e disse:

- Eu acho que alguém está tentando esconder alguma coisa.

Gordon olhou para ela e disse irritadíssimo:

-Para fora agora!

Alice o olhou e disse:

-Mas...

Gordon disse alterado:

-Agora!

O criminoso começou a gargalhar e disse a Gordon enquanto ele e a filha saiam:

-Dá umas palmadinhas nela Comissário, aposta que ela vai gostar.

Os dois saíram da sala e caminharam até chegarem à sala do Comissário que perguntou:

-O que você tem na cabeça?

Alice calmamente respondeu:

-Neurônios.

Gordon ainda nervoso disse:

-Eu não teria tanta certeza disso, sua irresponsável.

Alice ofendida perguntou:

-Irresponsável ? Por quê?

Gordon perguntou:

-Por quê? Você tem noção de quem é esse criminoso?

Alice respondeu:

-É o tal Coringa, e daí?

Gordon perguntou:

-Você sabe o caos, que ele deixa a cidade, todas as vezes que foge de Arkham?

Alice respondeu:

-Não sei e não quero saber, afinal o que ele pode fazer comigo? Borrar a minha maquiagem?

Gordon gritou:

-Alice!

Alice juntou as mãos em forma de prece e disse:

-Eu juro que posso te explicar o motivo de eu ter vindo fazer isso.

Gordon disse:

-Você tem 60 segundos.

Alice disse:

-Quando eu entrei para Harvard eu fiz uma lista de coisas que eu faria antes de morrer e uma delas era ficar frente a frente com um psicopata criminoso.

Gordon perguntou:

-E tinha de ser justo o Coringa?

Alice respondeu:

-Eu não conheço outro.

Gordon apontou para a porta da sala e disse:

-Vai para casa agora!

Alice perguntou:

-Eu posso me despedir dele?

Gordon sério a ameaçou:

-Eu não estou brincando.

Alice disse:

-Tudo bem, eu já estou indo.

Alice tirou o blusão de polícia que estava vestindo, arremessou para o pai e disse:

-Devolve para o Marcel, ele deve estar precisando.

Gordon disse:

-Você está se aproveitando da boa vontade desse moço.

Alice cinicamente perguntou:

-Eu?

Gordon respondeu:

-Você sabe muito bem que ele gosta de você.

Alicie bufou e disse:

-Senta que lá vem história.

Gordon colocou as mãos nos ombros da primogênita e disse:

-Eu sei que você passou por um relacionamento que não deu certo, mas não precisa se fechar desse modo.

Alice disse:

-Pai, eu prefiro não discutir sobre isso - ela se aproximou mais dele, deu um beijo em seu rosto e disse- Até log coroa.

Gordon disse:

-Até mais tarde minha filha vai com Deus.

Alice saiu da sala e tentando ao máximo não ser notada, andou com presa pelos corredores da delegacia até chegar à saída. Marcel a viu saindo da delegacia e a chamou:

-Alice!

Ela parou e se virando lentamente disse:

-Oi.

Marcel, que já estava a sua frente, perguntou preocupado:

-Você está bem?

Alice se tocou nos braços e respondeu:

-Sim.

Marcel perguntou:

-O Coringa não te machucou?

Alice respondeu:

-Não.

Marcel disse:

-Se eu fosse você tomaria cuidado de agora em diante, ele pode ir atrás de você.

Alice riu e disse:

-Então ele vai ter de ir até o México me pegar.

Marcel confuso perguntou:

-Por quê?

Alice respondeu:

-Porque eu disse que o meu nome era Paola Bracho.

Marcel disse:

-Você não o conhece, ele...

Alice o interrompeu e disse:

-Se eu o conhecesse diria para ele tirar aquela pintura de Drag Queen que se esqueceu de tirar a maquiagem à noite e acordou com tudo borrada, porque as pessoas comentam.

Marcel disse:

-Você é louca sabia?

Alice disse:

-Meu bem eu sou sincera.

Ela deu um beijo no rosto dele e disse:

-Eu já vou indo, não quero atrapalhar o seu trabalho.

Marcel disse:

-Vai com Deus.

Alice acenou para ele antes de entrar no carro e deu a arrancada para o seu apartamento.

No caminho ficou pensando no que o pai havia lhe dito. Ele tinha razão em achar que o fato dela ter tido um relacionamento desastroso no passado, a fez entrar em uma bolha anti – pretendentes, mas esse não era o único motivo. Alice tinha entrado em uma fase na qual queria se divertir mais e se preocupar menos. A única coisa que ainda mantinha com total responsabilidade eram os estudos e mais nada.

Em seus devaneios ela sentiu que algo tinha batido em seu meio de locomoção. Logo que olhou em seu espelho retrovisor teve a certeza de que alguém tinha acertado a traseira de seu automóvel.

Ela saiu do carro e esperou o outro motorista fazer o mesmo.

Um homem alto, moreno e charmoso saiu do carro e disse:

-Me desculpe a distração senhorita.

Alice disse:

-Tudo bem, eu estou acostumada a lidar com irresponsáveis como você.

Uma mulher que estava acompanhando o homem perguntou:

-Você sabe com quem está falando?

Alice respondeu:

-Querida, pode ter certeza de que se fosse alguém importante eu saberia.

O moreno disse:

-Eu sou Bruce Wayne, um dos homens mais ricos do mundo.

Alice disse o mais cinicamente possível:

-Sabe o que é Bruce Wayne, um dos homens mais ricos do mundo, é que o meu conceito de pessoa importante é ganhado a partir das ações praticadas e não pelo dinheiro que essa pessoa possui ...mas se você acha o contrário me desculpe.

Bruce disse:

-Todos os anos eu doou milhões para instituições de caridade do mundo todo, eu acho que você deveria se informar melhor antes de julgar alguém.

Alice riu e perguntou:

-Então me desculpe o mal entendido, cavalheiro bondoso e caridoso. Só por curiosidade me responda uma coisa, quantas vezes você foi pessoalmente a uma dessas instituições de caridade?

Bruce ficou sem palavras e Alice continuou:

-Se você é o tipo de pessoa que doa dinheiro só para mostrar o poder aquisitivo que você tem para essa elite hipócrita, quer dizer que você é pior do que as pessoas que não doam nada.

Ela se virou, abriu a porta do carro e antes de entrar disse:

-Ah não precisa se preocupar com o concerto do meu carro, eu cruzo com arrogantes como você o tempo todo e por causa disso o meu mecânico me dá um desconto especial.

Alice sem olhar para trás fechou a porta do automóvel e saiu em arrancada. Quando chegou a casa, tomou um banho longo e quente para relaxar os músculos fatigados. Em seguida, se jogou na cama, e apesar de estar cansada por causa de tudo o que tinha acontecido, em seu dia longo e aventureiro, ela não conseguiu pregas os olhos.

A imagem do criminoso mais temido da cidade vinha em sua mente a impedindo de dormir e por mais estranho que parecesse, ela não se sentia ameaçada por um futuro novo encontro, do qual o vilão tentaria se vingar dela, o que sentia mesmo era uma ansiedade gostosa, que poderia ser comparada a quando você está prestes a ganhar um presente e não vê a hora de saber o que é. Era uma sensação de querer mais, era como se Alice não quisesse que aquele fosse o último encontro dos dois, mesmo achando que o palhaço nunca descobriria s sua verdadeira identidade.