Estava sentado há horas naquela cadeira com um leve estofamento macio e agradável em veludo no encosto como no assento; a mesma feita de madeira rústica com a pena em uma das mãos, o frasco de tinta preta, aberto e o papel diante dos meus olhos.
Relembrar tudo aquilo doía o peito, mas de alguma forma, eu queria muito colocar minhas frustrações para fora. Tudo aquilo que havia me deixado trancafiado no quarto semiescuro, quase sem sair para lado nenhum, como se estivesse sufocado pela escuridão. Com as cortinas semifechadas, com a brisa soprando levemente pela janela entreaberta fazendo as cortinas se moverem suavemente, a pouca luminosidade que entrava dava apenas para distinguir papel esbranquiçado sobre a mesa diante dos meus olhos.
Estava em um dos quartos de meu castelo, onde eu era o rei marciano, perdido na Terra e queria dominar o mundo, mas esse sonho ficou de lado há um tempo. Ainda fitava o pedaço de papel em minha frente, repousado em cima da mesa, Minha mão se moveu lentamente até a tinta, mas eu ainda não me sentia encorajado a escrever.
Estava a pensar em uma forma de colocar tudo aquilo para fora, afinal, o meu psicólogo tinha me pedido para escrever o que eu sentia. Ele queria ver todas as razões para estar tentado a ficar trancafiado em um quarto, fechado para o mundo.
Ele queria saber o que me deixou sem motivações, sem razões para estar vivo, pois jamais seria reverenciado ou adorado por milhões de pessoas... Porém eu tinha todas as razões para estar em um estado melancólico, depressivo, sem vontade de continuar a minha vidinha medíocre.
O meu maior problema era que eu não estava conseguindo colocar em linhas, todas as humilhações que passei. E foi tudo por causa daquele maldito Goku e seus amigos... Cerrei meus punhos sobre a mesa, fechei os olhos e balancei a cabeça tentando espantar a frustração que percorria cada centímetro do meu corpo.
Depois de algumas horas apenas fitando o papel; eu finalmente decidi colocar para fora o que me causava todo aquele medo, resolvi tentar, ver o mundo novamente, deixar a melancolia de lado, de deixar a vontade de tirar a minha própria vida e finalmente decidi a escrever tudo que eu passei.
Coloquei a pena sobre o papel e comecei a escrever um diário:
Dia 10 de janeiro.
"Eu havia ouvido sobre a lenda das esferas do dragão. Meus olhos brilhavam, só de imaginar essas bolas em minhas mãos, mas até o momento era apenas uma lenda dos místicos objetos redondos. No entanto não era certo sobre a existência dos mesmos, ou se eles realmente poderiam realizar desejos.
Mai veio correndo como uma louca; entrou pela sala do trono tropeçando nas penas e quase caindo. Ela se ajeitou e arrumou os papéis em suas mãos:
- Senhor, as esferas não são apenas uma lenda – ela me olhou com um brilho no olhar. – Aqui está o local onde tem uma – ela me mostrou o papel com a localização.
Sorri satisfeito, alegre e muito confiante, pois eu teria a chance de dominar o mundo.
Nós nos arrumamos e fomos até o local para verificar se realmente a esfera estava por lá, ou eram apenas uma lenda, ou conto de alguém que se deixou passar de geração a geração.
Eu estava igual a São Tomé, tinha que ver para crer, por que ainda não acreditava nos papéis que Mai havia me entregado. E depois de ler e reler cada entrelinha escrita à localização de um dos artefatos mágicos. Eu custava a acreditar no que lia, pois tudo era irreal de mais para poder acreditar.
Para verificar a veracidade do que estava escrito no papel que Mai havia me entregado, decidi ir com eles até o local indicado.
Eu e meus fiéis seguidores estávamos no local, diante da porta gigantesca e observamos a mesma de madeira envelhecida, com alguns trincados, alguns furos de cupim e traças. Empurrei-a com dificuldade mesmo com a ajuda de Mai e Shu. Entramos, caminhamos lentamente pelos corredores bem sinistros. Era uma espécie de templo com algumas armaduras antigas nas laterais formando esse corredor. Diante de mim um altar com uma almofada e sobre ela estava repousada a brilhante e dourada esfera.
Meus olhos não acreditavam no que viam, elas realmente existiam. Não era um conto, não era uma lenda, ela estava realmente ali diante dos meus olhos.
Peguei a bola cuidadosamente e admirando-a de todas as formas possíveis. Ainda meio abobado por saber que não era uma lenda. Pensei: 'Ela era real e realizaria o meu sonho'.
Segurei-a como se fosse um troféu valioso em minhas mãos, ergui-a na altura dos meus olhos e disse:
- Finalmente tenho a esfera do dragão – rodopiava ela em minhas mãos com todo o cuidado possível, aquele artefato era demasiado precioso. – Finalmente vou realizar o meu desejo.
- Não senhor – contestou Mai que estava atrás de mim e ao seu lado estava a raposa.
- Como não, Mai? – perguntei ligeiramente enfezado.
– É que o senhor precisa das sete esferas juntas para depois pedir o desejo do senhor. Essa esfera sozinha não serve de nada – ela me explicou mexendo as mãos, meio nervosa.
- Vou reunir todas elas o mais rápido possível e vou pedir para controlar todo o mundo – sorri maliciosamente exibindo a esfera em minhas mãos como se fosse o prêmio mais precioso para mim.
A pequena esfera tinha uma estrela, era dourada e tinha um leve brilho que atiçavam a minha ambição. Guardei-a com cuidado e voltamos para o meu castelo."
Reli aquelas palavras escritas tão animadamente, pois eu tinha um sonho, tinha uma ambição, tinha tudo para ser o marciano mais feliz do mundo. Derramei algumas lágrimas ao me lembrar do momento mais emocionante da minha vida, o momento de ter tocado pela primeira vez uma esfera do dragão.
No entanto eu teria que continuar a colocar tudo nesse mínimo diário.
Dia 11 de janeiro.
"No dia seguinte, eu estava admirando a esfera do dragão, ela estava guardada dentro de uma caixa preta preenchida de um veludo bem macio a deixando confortável. Admirava o seu brilho levemente dourado com a pequena estrela no meio. Era realmente glamorosa, enquanto a olhava Shu entrou se ajoelhou e disse-me:
- Mestre... – começou ele receoso. – Ainda não achamos as outras bolas do dragão.
- Agr – reclamei nervoso, levantei-me do trono e fui até ele em passos lentos.
Ele tremia e me olhava.
- Incompetente – dei-lhe um cascudo na cabeça. – Sabe que com uma esfera só eu não posso realizar o meu desejo de dominar o mundo – dei um tapa em seu rosto.
A raposa permaneceu ajoelhada e de cabeça baixa.
Eu estava ansioso para encontrá-las, pois elas eram verdadeiros tesouros perdidos pedindo para ser encontradas.
Dia 12 de janeiro.
Eu estava sonhando acordado. Eu estava em cima de um cavalo com uma coroa, enquanto as pessoas me reverenciavam me chamando de majestade. Ria maleficamente enquanto as pessoas se arrastavam diante dos meus pés, dizendo o meu nome e pedindo por clemência. Aquilo era realmente gratificante.
Foi quando a moça entrou se ajoelhou diante de mim e disse:
- Mestre, tivemos mais uma informação de onde está uma das esferas.
- Então o que esta esperando? – perguntei ansioso. – Vão depressa, buscá-la.
- Sim mestre – respondeu meus capangas uníssonos e saíram apressadamente.
Depois de algumas horas a moça e a raposa voltaram e entraram a minha sala como loucos, estavam desesperados.
Eu os olhei tentando entender o porquê deles entrarem desesperados daquela forma.
- Então encontraram a esfera do dragão? – perguntei querendo saber, pois estava muito ansioso.
- Houve um pequeno problema – Mai começou a narrar. – No local, nós nos deparamos com um bando de lobos famintos que nos atacou – A moça juntou as mãos em punho na altura do queixo.
- Também encontramos um menino/macaco que nos atacou logo em seguida – Shu estava apreensivo.
- Calem a boca... Bando de idiotas – gritei nervoso. – Consigam as esferas do dragão nem que seja a ultima coisa que façam – eu estava enraivecido com eles, pois Mai e Shu eram sempre tão inúteis. Dois completos idiotas que nunca me serviram de nada.
O telefone começou a tocar enquanto eu dava a bronca neles, mas parei para atender.
Atendi e recebi a informação de que uma das esferas estava em uma pequena ilha no meio do mar junto com tal de mestre Kame.
Saímos às pressas, meus servos e eu. Estava louco para ter mais uma preciosa bola dourada. Entramos no pequeno avião e partimos para a ilha.
Chegando lá entramos na casa, procuramos por todos os lados, mas não encontramos nada. Saímos da pequena casa e eu ameacei um jacaré a me dizer onde o tal do Kame estava, mas para a minha sorte o velho vinha em cima de uma tartaruga que nadava na água do mar.
Logo o velho chegou à pequena ilha desceu da tartaruga e eu perguntei:
- Onde está a esfera do dragão? – apontei com o dedo indicador para ele e disse em ordem.
- Eu acabei de entregar a uma garota na praia, ela estava junto a um garotinho – ele estava estranhamente calmo.
- Para onde eles foram? – perguntei em ordem.
- Não sei apenas me despedi deles na praia – a calma daquele velho estava a me irritar.
Chamei meus preciosos puxa saco para irmos atrás deles, depois entrei no avião junto com os mesmos e pedi o velho para empurrar a aeronave que havia se transformado em um barco, mas o maldito velho furou o meu avião/barco e acabamos por afundar no meio do mar.
Conseguimos nos salvar com uma cápsula que eu tinha comigo, era um barco pequeno, mas eu a lancei e entramos nele para voltarmos ao meu castelo.
Fiquei muito nervoso com o ocorrido, pois sabia que aquele velho tinha feito o buraco de propósito e parecia que ele queria me impedir de alcançar meu sonho. Foi aí que aconteceu a minha primeira humilhação.
Dia 13 de janeiro.
Mais tarde eu mandei aqueles idiotas investigarem onde a garota e o garoto estavam, pois eles estavam reunindo aqueles objetos esféricos e seria fácil tirá-los deles.
Finalmente descobrimos onde os dois jovens estavam e eu sorri, como se a vitória estivesse em minhas mãos.
- Mai e Shu, vão até lá e coloquem uma bomba no trailer deles e acabem com eles, mas antes certifiquem que pegaram o meu tesouro mágico. – dei a ordem esfregando as mãos uma na outra e sorri malignamente.
Meus servos saíram e me deixaram no castelo, no meu trono, observando a sala vazia, sem a visão desagradável deles.
Já haviam se passado algumas horas desde a saída dos meus servos imprestáveis, mas eles eram os únicos que eu tinha.
Peguei o walkie-talkie e apertei o botão, rapidamente Mai atendeu:
- Como está indo o plano? – perguntei muito animado a ela.
- Acabamos de chegar mestre e logo vamos colocar a bomba no trailer seguindo o seu plano – Mai comentava do outro lado do walkie-talkie
- Ótimo, prossigam e não falhem. – desliguei o rádio transmissor e apertei-o com firmeza. - Logo eu estaria com as preciosas bolas douradas em mãos.
Passaram-se algumas horas e novamente entrei em contato com meus fiéis puxa saco, pois estava muito ansioso para ver se tinha dado certo ou não; então Mai atendeu o walkie-talkie:
- Então já os eliminaram e estão com meus itens mágicos? – perguntei ansioso, pois estava perto do meu desejo.
- Infelizmente ainda estamos colocando o plano em prática.
- O quê? – perguntei já mudando meu humor. – O que ficaram fazendo?
- Tivemos um probleminha, senhor. – a moça estava temerosa.
- Bando de incompetentes – eu estava gritando com eles através do rádio transmissor. – Ajam apressadamente com esse maldito plano, insolentes.
- Senhor falta apenas uma hora e daí o trailer explode e pegamos a esferas e de quebra acabamos com eles.
- Então eu esperarei, mas ai de vocês se falharem - desliguei o walkie-talkie na cara deles.
Dia 14 de janeiro.
O tempo passou rapidamente, Mai e Shu não tinham mais dado noticias sobre o plano e sobre o que havia ocorrido no local onde eles estavam. Eu já estava comendo o meu precioso almoço, que estava sobre a mesa. Eu estava sentando ao meu trono quando aqueles dois entraram feitos cãezinhos arrependidos, com os rabinhos entre as pernas e com as cabeças baixas.
- Então trouxeram as minhas preciosas esferas? – perguntei e levei o garfo à boca.
- Bem... – começou a moça erguendo a cabeça para me olhar. – Nós falhamos senhor – ela disse de uma vez só com uma das mãos sobre a outra junto ao corpo.
- Como eu imaginei – fechei os olhos, pisquei algumas vezes.
- Desculpe-nos senhor – Mai falou.
- Estão desculpados, eu sei que a vida é difícil, nem sempre se consegue o que se quer. – mexi o garfo no alto e depois espetei uma coxa de frango. – Sentem- se e almocem comigo.
- Sério senhor? – os dois estavam com os olhos brilhantes e animados olhando para mim.
- Se estavam esperando por isso estão muito enganados – vi-os retraírem e fazer algumas caretas de medo.
Apertei o botão e os castiguei com raios, os eletrocutando, mas eu esqueci completamente que eu estava com um garfo na mão e acabei sendo eletrocutado também. – Espero que tenham aprendido a lição, seus incompetentes. – já havia me recuperado e estava muito nervoso com eles.
- Mestre! – me chamou Mai saindo fumaça dela e meio receosa.
- Diga – estava sem emoção nenhuma.
- Tenho uma ideia – ela ia com cautela para não ser torturada novamente.
- O que está esperando para me dizer?
- Bom, podíamos esperar eles virem atrás da nossa esfera do dragão, daí roubamo-las.
- Como tem tanta certeza que eles virão? – perguntei erguendo a sobrancelha.
- Simples... É só ir pela lógica...
- Diga de uma vez, idiota! – exigi a ouvindo.
- Está bem- ela se encolheu meio com medo. – Se eles estão à procura das esferas, eles virão atrás dessa, então quando eles vierem; nós roubamos, é só esperar.
- Hum... – pus a mão no queixo pensativo. – Vou pensar no seu plano, agora sumam da minha frente.
Eles saíram tão apressados que eu nem percebi, continuei almoçando e pensando no plano de Mai."
Dia 15 de janeiro.
"Havia me esquecido completamente do plano de Mai e a chamei para que ela consertasse o radar do dragão que eu havia comprado de segunda mão para achar as bolas do dragão.
A moça veio correndo como uma louca, toda atrapalhada e com medo de ser repreendida por mim. Então gesticulei a ela:
- Conserte esse radar imediatamente – apontei para o aparelho que tinha uma grande tela em nossa frente. - Eu vou contar até dez – comecei a contar, foi quando Shu entrou na sala, virei-me para olhá-lo. - Encontrou as esferas do dragão? – perguntei já temendo a resposta daquele idiota.
- Não senhor... – ele começou com a voz trêmula. - Eu estava descansando.
- Grsss. – rosnei nervoso quando um corvo mecânico voltou e avisou que a garota, o porquinho e o menino estavam vindo em nossa direção. Era a minha chance de pegar aqueles preciosos artefatos mágicos. Esfreguei as mãos e olhei para Mai.
Ela tinha terminado de consertar o radar, o que já não era necessário, já que eles estavam em nossas mãos.
- Majestade, vamos voltar ao nosso plano de roubar as esferas deles – ela sorriu para mim de uma forma meiga.
- Claro que sim – sorri ironicamente, pois o meu sonho estava perto de se realizar. - Agora vão e tragam as esferas para mim – mandei Shu e Mai atrás delas.
Algum tempo depois meus servos voltaram e trouxeram para mim uma mochila com os artefatos mágicos dentro.
Abri a mochila e vi aquelas esferas brilhando como um tesouro diante dos meus olhos. Sorri com uma baba escorrendo pelo canto de minha boca quando ouvi Mai dizer:
- Mestre só tem seis esferas... – a voz dela deu uma leve tremida.
Eu estava tão feliz que não percebi que faltava uma esfera, comemorava e rodopiava pela sala como uma bailarina dançando balé.
Foi quando ouvi o radar apitando apontando uma bola que vinha em nossa direção.
Logo aqueles pirralhos estavam diante do meu castelo. É claro que eu os deixei entrar de bom grado, me virei para Mai esfregando minhas pequenas mãos uma na outra:
- Vamos capturá-los e tomar a esfera que está com eles.
Os jovens, um gatinho voador e um porquinho já caminhavam pelos corredores vendo algumas setas que mostravam o caminho errado; enquanto eu mexia em alguns botões e sorria sadicamente.
Eles foram tão idiotas que caíram na minha armadilha e ficaram presos em uma cela de tijolos bem grossos e resistentes.
Sorri malignamente e olhei as seis esferas sobre a mesa. Era a minha chance de realizar o meu desejo e dominar o mundo.
Mandei meus capangas vasculharem o carro, mas eles voltaram logo e Mai disse:
- Mestre, nós não achamos a esfera de quatro estrelas no carro, provavelmente está com um deles.
- É óbvio que está – disse bravamente.
Liguei um tipo de televisão na qual eles podiam visualizar-me e eu visualizar eles. Eles estavam tentando quebrar a parede, então eu comecei a dialogar com eles.
- Vocês me fazem rir, seus idiotas, essa parede não é daquelas que se destroem facilmente com golpes – olhava para eles com desdém.
- Quem é você? – perguntou a garota de cabelos turquesa.
- Sou o grande marciano e o seu senhor. Sou Pilaf – me apresentei com orgulho.
- Foi você que roubou as nossas esferas?
- Mas é claro que fui eu, seus imbecis- estava orgulhoso da façanha, mas ainda faltava uma esfera. – Vocês devem estar com a esfera de quatro estrelas; dê ela para mim, imediatamente, ou vão se arrepender – ordenei-lhes de um modo imperativo.
A garota fez uma careta para mim e eu dei um sorriso malicioso e a trouxe até mim através de um braço mecânico a passando por uma passagem no teto da cela.
- O que vai fazer comigo? – perguntou ela já sendo segurada pelo braço mecânico em minha frente. – Me solta, me larga! – ela esperneava, enquanto estava presa pela mão e braço mecânico.
Olhei aquela garota cheia de si, com aquele rabo de cavalo, aquela roupa curta. Logo tive a impressão de que ela usaria as minhas preciosas esferas para alguma coisa fútil e idiota, pois era bem a cara dela.
Eu a olhei com um sorriso malicioso no rosto:
- Ora, não têm quem te defenda belezinha; agora me diga, onde está a esfera do dragão? – perguntei insistindo para a garota de cabelos exóticos. Ela fez um sinal feio para mim com o dedo.
Eu sorri malignamente, levei à mão à boca e mandei um beijinho a ela e disse:
- Bulma você foi feita para ser dona de tudo isso – fiquei meio rosado.
- O que você fez? – ela perguntou ainda presa na mão mecânica.
- Bom... Eu... Só te mandei um beijinho. – além de rubro eu achava a moça linda.
- VOCÊ ESTÁ LOUCO! Acha mesmo que eu vou aceitar uma cantada de um marciano feioso como você? – ela se remexia presa na mão mecânica. – EU ESTOU EM BUSCA DAS ESFERAS DO DRAGÃO PARA PEDIR NAMORADO PERFEITO E NÃO UM TRIBUFU COMO VOCÊ. – Sua voz estridente me fez ficar irritado.
- Garota metida! – exclamei apontando o dedo indicador para ela. – Você quer as "minhas" – dei ênfase na palavra minhas. – Preciosas esferas do dragão para pedir um namorado? Isso é injusto comparado ao meu sonho para conquistar o mundo. TSC! Mas de forma alguma. Leve ela de volta a cela, agora! – Eu dei a ordem e virei de costas para ela.
Mai apertou os botões do painel de controle, pois eu escutava os dedinhos ligeiros no teclado levando a garota de volta de onde nunca deveria ter saído. A moça virou-se para mim e disse:
- Vamos usar o sonífero neles, daí quando eles estiverem dormindo roubamos a esfera.
- Ótima ideia, até que você não é tão incompetente como eu pensava – estava satisfeito com a ideia dela.
Mai ligou o sonífero que preencheu a cela rapidamente e os prisioneiros caíram no sono.
Meus puxa saco e eu, entramos na cela para roubar a esfera do dragão, mas eu me esqueci de colocar a máscara e o sonífero acabou me afetando e eu acabei caindo no sono dentro do recinto.
Algum tempo depois acordei; Mai e Shu já estavam com os sete artefatos mágicos sobre a mesa brilhando em reação umas com as outras.
Depois vi que os prisioneiros tinham conseguido fugir por que aqueles dois pamonhas deixaram a cela aberta. Usei novamente meus métodos injustos e os prendi novamente.
Levei as esferas para o quintal do castelo, as olhei babando pelo canto da boca e feliz da vida. Finalmente a chance de dominar o mundo estava em minhas mãos. Estendi as mesmas sobre as bolas, sorri malignamente junto com um misto de alegria e disse vendo aqueles preciosos tesouros brilharem.
- Sai daí Shenlong e realize o meu desejo.
O céu escureceu, raios começaram a cruzar o céu e desciam até as esferas, depois subiu uma luz amarela e gradativamente foi formando um imenso dragão verde, com grandes bigodes que balançavam com o vento, pequenas patas e olhos vermelhos.
- Diga-me qual o seu desejo? – perguntou o dragão com a voz imperativa e potente.
Eu estava muito nervoso, meu sonho diante dos meus olhos, meu desejo finalmente ia se realizar, estava com as mãos inquietas, uma eu levei em direção à boca e comecei:
- Eu quero... Eu quero conquistar...
O porquinho pulou na minha frente, me fazendo assustar-me e fez um desejo rapidamente.
- Eu quero uma calcinha...
Só vi um vermelho escarlate surgiu nos olhos do imenso dragão e logo aquele brilho desapareceu.
- Seu desejo foi realizado, é hora de partir – o dragão subiu ao céu em forma de luz levando consigo as esferas que giravam em torno de si, depois elas se dissiparam em varias direções.
- Maldição – gritei cerrando meus pequenos punhos.
Aquele maldito porquinho tinha interrompido o meu sonho, tinha humilhado o meu pedido, pedindo uma mera calcinha.
Ele ia me pagar, ah se ia, e ia ser muito caro.
- Capturem esses insolentes e acabem com eles – mandei aqueles dois atrás dos malditos que tinham conseguido fugir novamente e estragar o meu desejo.
Depois de muito trabalho Shu e Mai conseguiram capturá-los mais uma vez e logo depois os colocamos em uma cela com um teto de vidro. Aqueles pirralhos iam morrer desidratados conforme os dias se passassem.
Ri ironicamente, esfreguei as minhas mãos e fui descansar, havia tido um dia duro e cheio de frustração; aproveitei para assistir o meu programa favorito.
Retirei a mão de cima do papel, exercitei o punho, pois a minha mão já doía de tanto escrever, reli as entrelinhas que estavam a minha frente. De alguma forma, passar tudo aquilo para o papel estava me deixando um pouco mais aliviado. Talvez eu devesse guardar para alguém ler.
Não, seria vergonhoso de mais... Ouvi batidas na porta;
- Entre – estava meio apático, cobri o papel com os meus bracinhos.
- Mestre, não quer dar uma volta? – era Mai, preocupada comigo.
- Agora não, estou ocupado.
- Com o quê, mestre?
- Não é da sua conta, saia e me deixe sozinho.
- Sim senhor – senti a voz dela triste, mas eu realmente não estava disposto a sair.
Deitei sobre os meus braços, ainda sentado na cadeira e fiquei fitando um ponto qualquer na parede, pensando se eu continuaria ou não a escrever as vergonhas que eu passei.
Depois de fitar um ponto qualquer na parede, fechei aquele pequeno diário, me levantei da cadeira e me joguei na minha caminha, fitei o teto colocando o braço sobre a minha testa, suspirei fundo e lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos.
