Vindicated
Sinopse: Ginny luta ao lado dos rebeldes contra o governo tirano, mas quando ela cai nas mãos do rei, conseguirá ela manter seus ideais?
Disclaimer: Os personagens dessa história pertencem à Warner Bros e à J. K. Rowling.
Sobre a Fic: Baseada na música She's a Rebel, Green Day; e Vindicated, Dashboard Confessional.
Capítulo 1 - She's a Rebel
Ginevra Weasley não era uma menina normal. Desde muito pequena, agia diferente de qualquer outra garota. Não gostava de brincadeiras femininas e detestava que a tratassem como a garotinha frágil e delicada que aparentava ser.
Mas pelo contrário, era pequena, mas ágil, e cheia de uma energia que a instigava a subir em árvores, arranjar brigas com os garotos de sua idade ou até mais velhos e correr solta de pés descalços sempre que podia.
Talvez fosse pela influência dos seis irmãos mais velhos, ou talvez porque também não levava uma vida normal.
Arthur Weasley era líder da resistência contra o governo tirano ao qual a Inglaterra estava submetida, e a pequena Weasley vivia em um constante clima de guerra, perigo e medo.
Desde cedo, Arthur ensinava os filhos a lutar, e a caçula observava os ensinamentos do pai com olhinhos cobiçosos. Em sua ingenuidade infantil, via aquilo como uma brincadeira, e também queria brincar com o pai.
Os governantes não sabiam, mas os rebeldes escondiam-se muito mais perto do que eles imaginavam, na longa floresta que cobria quase todo o território das terras do grande rei. Diziam ser assombrada, mas isso era o que os rebeldes queriam que eles pensassem, então cuidavam para manter o mito vivo, assustando os viajantes, e matando os eventuais soldados do rei que ali se aventuravam, e a superstição era o suficiente para mantê-los longe.
Ginny vivia livre na floresta. Não havia muitas garotas vivendo com os rebeldes, a maioria era mandada longe do perigo. Mas Arthur não tinha para onde mandar Ginny, então resolvera ficar com a filha, e quando percebera toda a vitalidade e habilidade que ela ostentava, soube que ela seria tão valorosa quanto qualquer homem, e prometera ensiná-la assim que ela fosse capaz de brandir uma espada.
Com sete anos, ela já sabia mais do que muitos garotos. Arco e flecha era sua especialidade, mesmo que ainda estivesse muito longe de ser uma boa arqueira. Também já tinha noções de luta corporal básica.
"Mantenha seus olhos focados no inimigo. Eles revelarão qual o próximo movimento que ele fará." Explicou Arthur enquanto observava Ginny treinar com um garoto de oito anos, as margens de um rio.
O menino moveu-se rápido e chutou Ginny na boca do estômago. A menina foi ao chão, segurando a barriga com as duas mãos, mas no lugar de chorar, ela estreitou os olhos castanhos que fulguraram em fúria e deu um pulo, jogando-se sobre o garoto de cabelos pretos.
Arthur riu da impulsividade da filha. Ela era impaciente nas lutas, e precisava melhorar isso. As duas crianças agora rolavam pelo chão, emboladas e suadas.
"Já chega por hoje." Disse Arthur elevando a voz. O menino parou e Ginny se levantou, depois de dar mais um soco no nariz dele. Não arrancou sangue, mas o garoto lacrimejou.
"Você pode ir, Harry. Vá cuidar dos cavalos." Ordenou Arthur, e o menino assentiu rápido, e correu para longe.
Arthur virou-se para a filha que respirava aceleradamente, de punhos fechados.
"Você precisa aprender a ter paciência, minha querida. Não deixe o inimigo irritá-la. O ódio a tornará cega; precisa ter calma, frieza para discernir qual o melhor movimento."
Ginny olhou para o pai e fitou-o longamente, como se tentasse entender aquelas palavras. Calma não era uma palavra que combinava com uma luta, mas ela sabia que o pai era experiente. O melhor entre todos os rebeldes.
"Agora vá brincar." Ele ordenou, e Ginny saiu correndo.
Aos doze anos, Ginny já era a melhor entre os jovens de mesma idade. Era a única garota que também treinava entre os meninos, e os adultos ficavam impressionados com o que ela já podia fazer.
Depois de alguns anos, ficou claro que os revoltosos escondiam-se na floresta, e muitos confrontos aconteciam dentro dela. O que era uma grande vantagem para Arthur e seus homens, pois estavam em seu território, jogando segundo as suas regras. E os soldados acabam sempre por se retirar.
Ginny ainda não participara de nenhuma das tantas batalhas travadas entre os rebeldes e os soldados do Rei, mas sempre ficava escondida em alguma árvore, flechando os inimigos, cuidando a retaguarda dos aliados. E nunca errava uma só flechada. Com o tempo, relatos sobre a habilidade do misterioso arqueiro tomariam conta das histórias contadas entre os soldados do rei.
Aos quinze, Ginny já lutava contra o próprio Arthur, em seus treinos, e ele repassava a ela os mais valorosos ensinamentos.
"Você nunca terá tanta força quanto um soldado, mas você é pequena e ágil, use isso a seu favor. Use a força dele para vencer." Disse Arthur, desferindo um golpe pesado de espada na direção da filha.
Ginny ergueu a espada e segurou o golpe, mas Arthur forçava mais o metal para baixo, e ela caiu de joelhos, tentando manter a espada erguida, enquanto seus braços doíam pela força que fazia.
"Use a inteligência, seja mais esperta que a força bruta." Disse Arthur, empurrando mais a espada contra a de Ginny.
A ruiva tentou pensar rapidamente, e viu que o pai, naquela posição, deixava as pernas desprotegidas. Ela rapidamente jogou o corpo para trás, enquanto dava uma meia lua. Suas pernas cocharam-se contra as do pai, e ele acabou caindo de lado no chão. Ginny suspirou mitigada quando seus braços relaxaram; mas não parou para pensar em seu alívio, levantou-se como uma gata selvagem e apontou a espada para a garganta do pai. Arthur sorriu orgulhoso.
Aos dezoito, a cabeça de Ginny já estava a prêmio. A de todos os Weasleys, na verdade. A família liderava os ataques ao rei, e quando Rei Lucius caiu, e o herdeiro dele subiu ao trono, os rebeldes pensaram que seria fácil derrubar o governo. Mas Ginny discordava, pois os rebeldes também tiveram uma grande perda naquele dia.
Ela ainda conseguia se lembrar com clareza daquela tarde sangrenta.
Arthur estava treinando com Ginny, luta corporal, sem espadas, quando um dos rebeldes correu de encontro aos dois. Era um dos vigias e, ofegante, disse algo que já era esperado depois que os rebeldes tiveram a audácia de matar os líderes indicados pelo rei às provinciais mais distantes da Inglaterra. Ginny participara das tocaias, e apesar de não ter gostado de matar as mulheres e escravos que acompanhavam as comitivas, sabia que em uma guerra, inocentes também morriam. Ela não seria poupada se caísse nas mãos do inimigo, por ser uma mulher.
"O exército se aproxima. Nunca vi tantos soldados reunidos. Centenas deles!" Exclamou o rapaz, soando assustado.
"Avise os outros." Ordenou Arthur e olhou para a filha. "Prepare-se para batalha, Ginny. Será a maior que já participou."
Ginny assentiu e correu para pegar sua espada e seu arco e flecha. Os rebeldes já corriam de um lado para o outro, preparando-se, e outros, dispersos pela grande floresta, precisavam ser avisados. Ao longe, ela escutou a corneta de guerra do exército inimigo.
"Ginny!"
Ela se virou e viu Harry correndo em sua direção. Ele a abraçou com força, mal permitindo que ela respirasse.
"Prometa-me que estará viva até o final do dia." Ele pediu ainda segurando-a com força.
"Eu ficarei bem, Harry. Mantenha-se vivo também." Pediu com ternura, e ele a soltou, fitando-a diretamente nos olhos. Ginny sorriu e acariciou a bochecha dele.
Adorava aquele homem. Harry era honrado, justo e amável, além de um ótimo guerreiro, quase insuperável na espada. Ginny ainda socava-o com facilidade no nariz quando eles treinavam juntos, mas ela suspeitava que fosse porque ele se distraída admirando-a. Ela ficou na ponta dos pés e o beijou docemente. Harry passou as mãos pelos cabelos alaranjados dela. Ele sempre temia perdê-la antes de cada confronto.
"Hoje à noite, estaremos comemorando." Afirmou Ginny, com um otimismo que só ela possuía.
A vantagem que os rebeldes tinham era o ataque surpresa. Os arqueiros ficavam escondidos nas árvores e desestabilizavam a fronte do exército com a primeira enxurrada de flechas. Enquanto os primeiros homens caíam, os rebeldes atacavam com espadas em punho.
Daquela vez não seria diferente. Mas o problema é que eram muitos homens, e derrubar os primeiros com flechas não mudaria muita coisa. Ginny poderia ficar a luta inteira em cima de uma árvore atirando, mas eles não tinham tantas flechas quanto gostariam, então eventualmente os arqueiros precisavam descer para a batalha.
Ginny observou, deitada de bruços sobre um galho grosso de uma árvore, o exército do rei se aproximar. Lucius Malfoy e o filho, Draco Malfoy, estavam à frente, montados em seus cavalos. Estavam em uma parte não tão densa da floresta e os soldados pareciam distraídos, talvez não esperando que os rebeldes os atacassem em um local não tão longe da entrada da floresta.
A ruiva mirou a flecha diretamente no pescoço desprotegido de Lucius. Mais um pouco e ele entraria ao seu alcance. Por um momento, permitiu-se admirar o herdeiro do reino. Era um jovem de no máximo vinte anos, loiro e alto como o pai, mas Ginny não achou que ele parecesse como um verdadeiro guerreiro. Tinha uma pose aristocrática demais e aparentava mais como um lorde metido a besta, sem habilidades para uma batalha.
Ela volveu a visão a Lucius, e seus dedos formigaram segundos antes que ela pudesse atirar a flecha. Mas um dos rebeldes cometeu o erro que poderia ser o motivo da vitória do rei Lucius. Uma flecha foi disparada antes da hora, ela zuniu pelo ar, fazendo todos prenderem a respiração.
Quando a flecha caiu perto do cavalo de Lucius, Ginny sabia que o elemento surpresa estava arruinado. Olhou para o lado e viu um arqueiro jovem, que ainda não participara de nenhuma luta tremendo, de olhos arregalados. Ele encontrou os olhos de Ginny, e ela identificou a terrível culpa que ele sentia.
"Desculpe." Ela pôde ler o movimento dos lábios dele.
"Ataquem!" Comandou Arthur de algum ponto escondido. Os soldados já tinham as armas empunhadas e de repente, centenas de rebeldes surgiram por detrás de árvores e arbustos.
Os homens avançaram uns contra os outros. Lucius e o filho sabiamente se mantiveram longe do alcance dos arqueiros, então Ginny começou a investir contra os soldados que avançavam contra os revoltosos.
Sangue começava a manchar a terra e o som de espadas se chocando e homens gritando reverberavam nos ouvidos de Ginny, eram os sons da morte. Ela mantinha a retaguarda dos irmãos e do pai, mas era difícil manter-se atenta a sete pessoas ao mesmo tempo.
Arthur se distanciou e começou a lutar contra Lucius. As flechas não alcançariam lá, então ela voltou à vigilância dos irmãos.
Fred e George como sempre lutavam juntos, completando-se. Era difícil derrubar aqueles dois, então não eram sua maior preocupação. Correu os olhos em busca de Percy, que era o menos habilidoso com a espada entre os sete.
O coração de Ginny pulou ao vê-lo ser encurralado por dois soldados enormes, que o desarmaram, fazendo-o cair de costas no chão. Ginny rapidamente preparou duas flechas de uma só vez, mas antes que pudesse lançá-las, alguém a puxou pelo pé, e o arco em suas mãos caiu.
"Não!" Ela gritou desesperada ao ver o irmão receber um duro golpe de espada, e cair morto como tantos outros. "Percy..."
Furiosa, virou-se para ver quem era o desgraçado que ainda tentava puxá-la pelo calcanhar. Era um soldado estúpido, de dentes amarelados e podres. Ele sorriu maliciosamente quando Ginny o fulminou com o olhar.
"Descobri seu esconderijo, gracinha." Ele falou e conseguiu subir no tronco, ainda segurando Ginny.
"Que falta de sorte a sua." Rosnou ela.
Ginny segurou-se no tronco e girou o corpo, fazendo o homem se desequilibrar e cair, mas sem soltá-la. Ficou dependurada no tronco, com o grandalhão a segurando pelas pernas.
"Solte-me, seu desgraçado!" Gritou, e chutou-o no nariz. Sangue aflorou do nariz dele e ele finalmente a soltou.
Ginny voltou a atenção novamente para a batalha e acabou se desequilibrando e caindo ao ver uma espada trespassando o coração de Fred. George subitamente perdeu os movimentos, ficando parado, olhando para o gêmeo morto, com os olhos desfocados e o queixo caído.
Ginny socou o soldado que se recuperava da queda e pegou a espada dele. Correu para perto do irmão sentindo as lágrimas que lhe escorriam livremente pelo rosto. Já perdera dois irmãos em uma única batalha, era mais do que poderia suportar.
"Ginny, cuidado!" Ela ouviu a voz de Harry de algum ponto distante. Virou-se e viu que um soldado estava prestes a passar-lhe a espada pelo pescoço.
Abaixou-se no último segundo e deu uma rasteira no homem.
"Maldito seja." Falou, e afundo a lâmina da espada no peito dele. Não conseguia parar de chorar; sentia-se fraca e triste. Mas de nada adiantava sentir-se assim em pleno campo de batalha, acabaria morta também.
Virou-se para onde George estava antes e viu o irmão de joelhos, fitando o corpo inerte de Fred. Ele ergueu a cabeça e seus olhos cansados encontraram os da irmã.
Ginny viu que a energia que os olhos dele sempre carregavam, energia travessa e contagiante, não mais existia. Ele sorriu tristemente para Ginny e ergueu a própria espada, mirando-a no estômago.
"George, não!" Ela gritou, mas foi em vão; no minuto seguinte, ele já caía morto ao lado do irmão gêmeo. Juntos na vida e na morte.
Ginny caiu de joelhos, não agüentando a dor que se espalhava pelo peito, que lhe trancava a garganta, sufocando-a. Mas a dor transformou-se em ódio e ela começou a correr em direção ao pai, que ainda duelava contra Lucius.
Lucius era o culpado; precisava matá-lo. Juntos, ela e Arthur conseguiriam acabar com o rei tirano e injusto, que oprimia os pobres, saqueava inocentes, matava qualquer um que se opusesse, escravizava as mulheres e deixava o povo morrendo de fome enquanto se esbanjava em riqueza e luxo.
Outro soldado vinha em sua direção, era enorme e ela não conseguiria segurar o golpe de espada dele. Correu e jogou-se no chão, deslizando pela grama e cortando as pernas dele, o homem caiu, e ela se levantou e continuou a correr. Não conseguiria precisar mais tarde quantos homens matou naquela curta distância que a separava do pai.
Quando estava quase alcançando Arthur, que lutava em pé de igualdade com rei, o filho de Lucius bloqueou o seu caminho.
"Ora vejam, se não é a famosa filha de Arthur Weasley." Ele falou, sorrindo debochado, enquanto girava a espada em uma das mãos.
"Saia da minha frente, garoto estúpido!" Ginny gritou irada, e avançou sobre Draco.
Ela desferia golpes rápidos um atrás do outros e Draco apenas conseguia defender-se deles. Mas ele não parecia preocupado, na verdade, continuava com o mesmo sorriso torto e desdenhoso de segundos atrás.
"Garoto? Devo ser mais velho que você, fedelha." Ele disse e a golpeou com força, fazendo-a cambalear para trás.
Ginny percebeu que o subestimara. Não era um lorde metido sem habilidades para batalha. Era forte e tinha grande destreza com a espada. Defendera-se dos golpes dela com facilidade, e em sua primeira distração, quase a desarmara. Precisava tomar mais cuidado com ele e usar a inteligência, como Arthur sempre recomendara.
Por cima do ombro de Draco, Ginny viu o pai perder o equilíbrio e ser cortado no ombro por Lucius.
"Você não ficará no meu caminho, bastardo!" Gritou e avançou novamente sobre Draco. As espadas brandiram e quando Draco abaixou a guarda por um milésimo de segundo, Ginny girou, apoiando as mãos no chão e chutou o rosto de Draco.
Ele se desequilibrou e caiu ao pisar em um galho solto no chão. Ginny correu para junto do pai, mas antes que o alcançasse, Lucius o desarmou e cortou-o na garganta.
"Não!" Ela berrou, enquanto o pai caía de joelhos. O grito atraiu a atenção de Lucius, mas quando ele se virou era tarde, Ginny girou a espada e enfiou-a no estômago do rei.
Lucius a olhou com uma expressão de incredulidade e susto. Ginny tremia sem saber bem por quê. Matara o rei, mas seu pai também estava morrendo. Já perdera a mãe quando muito nova, agora perdia o homem que lhe ensinara tudo sobre a vida e a luta, perdia um pai, um amigo e um mestre.
"Pai..." Debruçou-se sobre Arthur, que respirava com dificuldade, devido à garganta cortada, afogando-se em seu próprio sangue.
Arthur a olhou com dor e tristeza, mas acima de tudo, carinho.
"Filha, termine logo com isso." Ele pediu com a voz fraca e ofegante. Ginny balançou a cabeça e chorou mais. Sabia que ele estava certo, morreria rápido, e não naquela agonia sufocante.
Ele passou a mão pelos cabelos da filha, e seu olhar dizia tudo. Dizia para que ela tivesse coragem e força para continuar sem ele, que estava pronta, pois ele já a tinha ensinado tudo que sabia.
Ginny pegou a espada e cravou no peito do pai.
"Eu te amo, papai." Sussurrou ao ver a vida escapar do corpo de Arthur, como se levada pelo vento.
Quando deu por si, alguém estava ajoelhado ao seu lado, com uma mão sobre seu ombro. Atônica, ergueu a cabeça e olhou para os lados, esquecera-se completamente que estava em meio a uma batalha.
"Está tudo bem." Ela ouviu a voz carinhosa de Harry. "Eles recuaram quando o rei morreu." Avisou Harry, e Ginny relaxou, mas logo voltou a chorar ao ver a quantidade de corpos estendidos pelo chão da floresta.
Amigos, irmãos, conhecidos. Mortos, pálidos, ensangüentados.
Harry a puxou para um abraço e ela deixou a cabeça pender sobre o ombro do rapaz.
"Percy e os gêmeos." Ela soluçou, e Harry afagou os cabelos dela.
"Eu sei..." Murmurou no ouvido dela, apertando-a com mais força e Ginny sentiu que ele estava ocultando-lhe alguma coisa.
"Quem mais?" Perguntou, erguendo a cabeça e o fitando intensamente. Harry desviou o olhar. "Quem mais, Harry?"
"Bill."
Ginny sentiu que iria sufocar. Bill era seu herói entre os irmãos, era o mais velho, e travava-a como uma bonequinha que precisa ser constantemente mimada. Era o mais atencioso para com ela, seu protetor e confidente.
"Não..." Soltou esganiçada e procurou o corpo do irmão entre os mortos. Estava caído perto de onde duelara com o agora rei, Draco.
"Ele correu para ajudá-la quando a viu duelando com o garoto Malfoy. Depois que você o derrubou, Malfoy começou a lutar contra Bill e... o matou. Não consegui chegar a tempo, desculpe-me." Relatou Harry, abaixando a cabeça, envergonhado.
"Não foi sua culpa. Eu deveria tê-lo matado, como o pai." Disse Ginny, e olhou com desprezo para o rei morto próximo a si.
Ela se levantou e ergueu a voz para os rebeldes remanescentes, que olhavam tristes para o líder morto.
"Alguém arranque a cabeça de Lucius e mande-a para o castelo. A morte de Arthur será vingada."
A verdade é que nunca os rebeldes estiveram em pior situação. Eles foram os grandes derrotados daquele dia, e por mais que Ginny tentasse mantê-los unidos e focados, o medo e a desesperança se espalhou, e em poucos meses, quase todos haviam debandado, voltando para suas fazendas, para suas famílias.
Poucos continuaram vivendo na floresta. Basicamente aqueles que sempre viveram ali e não tinham para onde ir. Não houve mais combates. O Rei Malfoy parecia ver os poucos fora da lei apenas como uma inconveniência insignificante. Às vezes, alguns soldados se aventuravam pela floresta, tentando encontrar os últimos Weasleys, principalmente Ginevra.
Ginny descobrira que o rei daria uma recompensa para quem a levasse viva para o castelo, então eventualmente soldados e mercenários apareciam para acabar com a paz.
Em certos momentos, Ginny desejava ser levada apenas para matar o rei, vingar a morte de Bill e de tantos outros, acabar com a tirania. Mas era loucura, não conseguiria, ninguém mais conseguiria.
"Você precisa seguir em frente, Ginny, todo esse ódio e desejo de vingança não a levarão a lugar nenhum." Disse Charlie com a voz doce, ao ver Ginny riscando a terra com um pedaço de pau fino, traçando rotas de como invadir o castelo.
Ela ergueu a cabeça e fitou o irmão com um fogo chamuscando em suas íris castanhas.
"Como pode agir assim tão calmamente? Nosso pai morreu pela causa, não podemos simplesmente deixá-la de lado." Exclamou alterada.
Amava Charlie, ele se transformara em um grande amigo depois da morte de Arthur, tornara-se mais próximo e preocupado com a irmã, mas ainda sim, eles brigavam muito, por causa das opiniões divergentes.
"Muitas pessoas já morreram pela causa, Ginny, talvez esteja na hora de encarar o fato que não temos força para levá-la adiante, e poupar a vida dos poucos que restam." Ele explicou com muita calma. Isso era algo que aborrecia Ginny, ele era sempre calmo demais, enquanto ela era explosiva e descontrolada.
"Então todas as outras mortes terão sido em vão." Disse incisiva. "A morte de nosso pai e nossos irmãos terá sido em vão."
Ele a olhou tristemente, como se decepcionado com a atitude dela, decepcionado com todo o ódio que ela nutria no coração.
"Talvez, Ginny. Nós nunca poderemos saber."
Ginny bufou e sentiu que precisava de ar. Caminhou para longe do irmão.
Dois anos haviam se passado desde a última batalha e ela continuava a ter pesadelos sobre ela. Via Percy morrendo, depois Fred, revivia o sorriso triste que George lhe presenteara antes de se matar, e daquele sorriso surgia os olhos do pai que com o tempo começaram a olhá-la com desaprovação por ter deixado a oposição cair em esquecimento.
Quando deu por si, estava muito longe do acampamento, andando a esmo pela floresta. E estava desarmada. Não era algo seguro andar desarmada e sozinha quando tinha a cabeça a prêmio.
O rei, ao que parecia, também não se esqueceria tão fácil de que fora ela a matar Lucius. Ela sentia o sangue ferver só de pensar no novo rei, assassino de Bill. Ainda carregava aquele sorriso debochado gravado em suas retinas.
Foi arrancada de suas lembranças quando ouviu barulhos de carroças vindos pela pequena estrada que atravessava a floresta. Estava em um lugar muito aberto e desprotegido.
Subiu em uma árvore e pôs-se a observar quem vinha pela estrada. Não eram mercenários nem soldados. Suspirou aliviada. Uma carroça puxada por burros avançavam lentamente em direção a saída norte que dava para as terras do rei. Um casal de velhos senhores liderava, havia um menino de não mais que oito anos e uma menina de mais idade, talvez dezessete anos.
'Eles não deveriam andar sozinhos por esses lados.' Pensou em desaprovação. Sorriu ao ver o pai afagar os cabelos do menino, bagunçando-lhe os cabelos.
Mas de repente, ela pôde distinguir outros sons se aproximando daquele lugar.
'Mercenários.' Pensou, ao ver cinco homens com roupas gastas e cabelos desgrenhados, combinando bem com seus aspectos perversos, rodearem a carroça, assustando a pobre família.
Ginny instintivamente levou a mãos às costas, mas lembrou-se que estava sem seu arco e flecha. Amaldiçoou-se por esquecer algo tão básico.
"Ora, ora, ora, o que temos aqui?" Perguntou o provável líder do grupo, sorrindo sarcasticamente. "Vocês não sabiam que é perigoso andar desarmado por essa floresta? Ainda mais quando estão levando tão bela dama?" Completou o homem, olhando obscenamente para a jovem. Os outros homens soltaram risinhos debochados.
"Por favor, senhores, levem qualquer coisa, mas não façam mal a minha família." Pediu o velho senhor, apertando a mão da filha.
"Fazer mal? Imagine, queremos apenas um pouco de diversão." Sorriu o homem, e fechou a cara. "Matem os três, ficaremos apenas com a donzela. Por enquanto." Dirigiu-se para as capangas.
A menina gritou quando foi puxada pelos cabelos da carroça. Os homens avançaram para matar o casal e o menino, que gritava que soltasse sua irmã.
Ginny se desesperou, não tinha armas, estava em menor número, obviamente, mas não poderia ficar só olhando. Pulou da árvore sem pensar duas vezes.
"Larguem eles, seus covardes!" Gritou, chamando a atenção dos homens. Eles pararam para olhá-la, esquecendo-se momentaneamente de suas tarefas.
O líder abriu um grande sorriso ao ver a ruiva.
"Mas é o nosso dia de sorte." Exclamou sorridente. "A garota que vale cinqüenta moedas de ouro vem ao nosso encontro." Ele observou Ginny por um momento. "Sozinha e desarmada."
Ginny sentiu o estômago revirar. Tudo bem que era muito boa em combate corporal, mas eles eram cinco, eram grandes, e estavam munidos de espadas.
"Homens, peguem-na." Ordenou o líder, e dois brutamontes correram na direção de Ginny. Ela se desviou do primeiro soco e chutou o homem na boca do estômago. Ele se curvou e ela deu uma joelhada no rosto dele.
Ele gemeu e caiu, mas antes que Ginny percebesse, levou um soco no nariz do outro capanga, que a fez cair de bunda no chão.
"Acho que estavam exagerando sobre o seu poder de luta." Ironizou o grandalhão.
"É o que você pensa." Disse, e deu dois pulos. O primeiro a fez voltar a ficar em pé, no segundo, suas pernas enroscaram-se no pescoço do homem e quando ela caiu, ele caiu junto, sendo estrangulado no chão. Ginny torceu as pernas e quebrou o pescoço do mercenário, que parou de se debater.
O líder a olhou surpreso, e mandou mais um homem ir atacá-la. Ginny se levantou pegando a espada do morto e se defendeu do golpe de espada que o outro desferira.
"Não a mate idiota, o Rei a quer viva!" Exclamou o líder.
O capanga que Ginny derrubara primeiro se levantou e a agarrou por trás. A ruiva deu uma cabeçada para trás, quebrando o nariz do homem, que a soltou. Ela se abaixou e girou a espada com os braços estendidos, cortando as pernas dos dois homens. Eram amadores, grandes e lerdos, e não conseguiram desviar a tempo. Caíram ao chão gemendo.
Ela se ergueu e olhou na direção aos dois homens restantes.
"Largue a espada ou eu a mato." Exclamou o líder, puxando a garota para seus braços e apertando a espada na garganta dela. Ginny arregalou os olhos.
"Se o fizer, eu mato esses dois." Ameaçou, apontando a espada para os capangas caídos. O líder riu sarcástico.
"Mate-os, pouco me importa." Falou e Ginny viu um filete de sangue escorrer pelo pescoço da menina. O pai dela gritou, mas recebeu um golpe do outro bandido e caiu ao chão.
'Porco, não se importa com seus próprios companheiros.' Pensou a ruiva com indignação.
"Por favor, senhora, não o deixe matar minha irmã!" Suplicou o menino, quase chorando. Ginny sentiu sua consciência pesar.
"Você os matará de qualquer maneira, soltando eu a espada ou não." Ela disse. Sabia muito bem como funcionava a mente de bandidos.
O líder sorriu sarcástico.
"Os deixarei ir, tem a minha palavra. Você vale bem mais do que esse bando de miseráveis." Ele replicou seco, afrouxando a espada do pescoço da garota.
Um dos capangas agarrou o tornozelo de Ginny e ela o chutou novamente em cheio no nariz, o homem voltou a gemer no chão.
"Sua palavra não me basta." Ela disse, e matou os dois homens caídos no chão em volta de si. Se iria abaixar a guarda, era melhor que houvesse apenas dois mercenários. Estranhou os gritos de pânico do casal ao vê-la matando os bandidos. Incrível como as pessoas se impressionam com qualquer morte.
Ela jogou a espada no chão.
"Agora solte a garota, e deixe-os ir." Ordenou, e o líder sorriu maldosamente. Por um segundo, Ginny achou que ele mataria a menina, mas ele a empurrou para longe.
Ginny sentiu vontade de atacá-lo, mesmo desarmada, mas o outro capanga ainda tinha a espada ameaçando o casal de senhores. Ao que parecia, o homem realmente estava mais preocupado em conseguir a recompensa por entregar a ruiva do que matar aqueles camponeses sem valor.
"Gil, pegue apenas o senhor, os outros podem partir. Você" Ele apontou para Ginny. "Venha até aqui."
A mulher e a filha se abraçaram ao menino, todos chorando, implorando para que poupassem o velho senhor.
"Ele será a nossa garantia." Informou o líder.
Ginny achou que se fosse rápida, talvez conseguisse matar os dois. Se o velho morresse, ao menos seria apenas uma morte e os outros três que se sentissem muito gratos por ela ter-lhes salvado a vida arriscando a própria daquela maneira.
Mas quando ela deu um passo à frente, sentiu uma dor insuportável na nuca, que a deixou desnorteada. Algum outro devia ter se escondido durante todo aquele tempo e agora a pegava de surpresa.
Ela caiu de joelhos e piscou os olhos com força.
"Solte o homem." Disse o líder. "Eu sempre cumpro minhas promessas."
No instante seguinte, Ginny sentiu suas mãos serem atadas às costas e deixou o queixo cair ao ver a garota se abraçar ao líder.
Fora enganada. Tudo aquilo fora um teatro insano para pegá-la. Provavelmente a viram andando sozinha pela floresta e armaram aquilo tudo.
"Vocês me enganaram!" Disse, olhando para o casal de senhores. Eles desviaram o olhar.
"Somos uma família, e precisamos do dinheiro para sobreviver. Você matou três homens de minha confiança. Não espere que eu tenha alguma piedade." Disse o senhor.
Ginny estava totalmente chocada. Eles avançaram contra ela. Ele esperava o quê? Que oferecesse flores a eles?
Eles começaram a andar, arrastando Ginny no processo. Dois grandes homens a segurando fortemente, machucando seus braços. Iam em direção ao castelo. Seria jogada nas mãos do rei.
Seria morta pelas mãos do rei.
A cidade por trás das muralhas era algo que Ginny jamais conseguiria imaginar, nem em seus mais loucos sonhos. Nunca vira tantas pessoas aglomeradas se não num campo de batalha. Elas corriam como baratas tontas, de um lado para o outro, apressadas, carregando peles, oferecendo produtos.
Por onde passavam, as pessoas murmuravam e apontavam. Provavelmente sabiam sobre a obsessão do rei pela ruiva da floresta, ou seja lá como a chamasse.
Um homem parou na frente deles, bloqueando o caminho. Era bem vestido, com ar de falso nobre. Cheio de jóias nos dedos.
"É a procurada do Rei?" Ele perguntou abismado, seus olhinhos pretos fixos em Ginny.
"Não lhe interessa, homem." Rosnou o líder com desconfiança. Mas o homem não se intimidou pelo tom grosseiro do outro.
"Eu pago bem por ela. Dou cem moedas de ouro." Disse, e todos se entreolharam. Ele estava duplicando o preço.
Ginny arregalou os olhos. Por que diabos aquele homem gostaria de comprá-la?
"Mostre o dinheiro." Pediu o velho senhor e o outro o fez. O velho pegou o saco cheio de moedas e as analisou. "Dê a moça a ele."
O líder jogou Ginny contra o homem, não sem antes dar-lhe uma forte tapa no rosto e um chute no estômago, para que não tivesse forças para fugir.
"Não a maltrate!" Exclamou o comprador. "Meus clientes não gostam de carne marcada."
Por um segundo, Ginny achou que seria transformada em churrasco. Logo dois outros grandes rapazes a seguraram, provavelmente capangas do comprador.
Ela viu a família se afastar rápido. Mentirosos desgraçados.
"Vejamos." Disse o comprador. "É uma moça muito bonita. Um bom banho e alguma produção e tirarei ainda hoje o prejuízo pela compra."
"Se você não me soltar agora, eu vou matá-lo." Rosnou a ruiva, mesmo que ainda tonta pelos golpes que recebera. O homem apenas gargalhou.
Voltaram a andar e logo chegaram a uma rica casa, fechada àquela hora do dia. Ao entrar, Ginny percebeu que era um prostíbulo. Já ouvira Arthur comentando sobre o perigo de acabar em um lugar como aquele quando era pequena se saísse da floresta sozinha. Sentiu o sangue ferver. Não seria transformada em uma prostituta; aquele homem estava louco se achava que ela se deitaria docilmente na cama com qualquer homem.
Não era virgem. Vivera sua vida toda no meio do mato, na companhia de diversos homens, e se deitara com alguns ao longo de sua vida. Principalmente com Harry, que amava muito, mesmo que não quisesse relacionamentos sérios. Mas não deixaria que a obrigassem a vender o corpo, como uma escrava.
"Godric, chame as moças e dê um chá alucinógeno à garota, senão ela dará um jeito de fugir enquanto é preparada para a noite. Cuide para que o Rei não saiba que ela está aqui. Faremos um pequeno leilão essa noite." Ele sorriu malicioso, antes de sumir da vista de Ginny.
A ruiva esperneou enquanto a levavam para dentro e tentou não beber o chá que a empurravam goela abaixo, mas não poderia enfrentar dois homens com as mãos atadas.
Ginny saiu de um sono cheio de delírios e viu-se deitada em uma cama, com as mãos e as pernas amarradas. Uma mulher encontrava-se no recinto e se sobressaltou ao vê-la acordada.
"Finalmente!" Exclamou. "O Sr. Biban já estava ficando impaciente. O lugar está lotado." Ela disse.
Ginny reparou que ela vestia-se vulgarmente, uma maquiagem pesada marcando a tez muito branca. Os cabelos loiros eram sedosos e brilhavam contra a luz dos lampiões. Deveria ter mais de trinta anos.
"Por favor, ajude-me a fugir." Pediu Ginny, tentando sentar-se na cama. A mulher olhou-a com certa piedade.
"Não posso, querida. Biban me mataria. E ele sempre encontra as fugitivas. Claro que você não é uma menina boba que acabaria sem ter para onde ir se fugisse, mas, por mais que eu não concorde com isso, não posso ajudá-la."
"E por que não me entregaram ao rei?" perguntou desgostosa. "Não é ele que quer a minha cabeça?"
"Sim, ele quer. Mas Biban acha que é mais lucrativo tê-la aqui. Veja bem, toda essa obsessão do Rei por você meio que a transformou na fantasia sexual de muitos homens, a bela e selvagem ruiva, que matou o rei Lucius e está jurada de morte. Não sei, eu particularmente acho algo meio doentio. E se o Rei descobrir, Biban sempre pode dizer que não sabia que você era a garota."
A mulher se levantou e chamou por dois homens.
Eles entraram no quarto e se aproximaram de Ginny. A ruiva chutou um deles com as pernas juntas pelas cordas, mas foi em vão, eles conseguiram dominá-la e arrastá-la para fora do quarto.
Ao passar por um espelho, Ginny levou um susto. Estava praticamente nua.
"É uma roupa usada pelas meninas que fazem a dança do ventre. O Sr. Biban viu a dança em uma viagem que fez e simplesmente adorou a idéia." Comentou a loira que a acompanhava e Ginny perguntou-se o que raios era uma dança do ventre. Não sabia dançar. "Ele queria que todos os seus atributos ficassem a mostra."
"Fantástico." Falou irônica, sentindo-se corar. Seus seios estavam apertados contra o tecido e saltavam em um generoso decote. A barriga bem feita pela prática de exercícios estava descoberta, e as pernas torneadas pelas freqüentes corridas pela floresta eram protegidas apenas por um tecido transparente que descia frouxo da cintura. Estava toda de vermelho e dourado, o que parecia a deixar ainda mais provocante e vulgar. A pele bronzeada, salpicada por sardas e os cabelos alaranjados a deixavam um tanto exótica em meio às garotas de pele branca e cabelos loiros que circulavam pelo bordel.
Quando foi empurrada para frente, passando por uma cortina, caiu de joelhos em um palco de frente para o salão principal do lugar, onde vários homens bebiam e conversavam abraçados a outras mulheres. Todos pararam para olhar para a ruiva seminua que caíra no palco. O Sr. Biban anunciara que havia uma nova beldade da casa.
Ginny nunca se sentira tão humilhada na vida. Queria arrancar aquelas cordas e matar qualquer homem que ousasse tocá-la.
"Aqui está a atração da noite, senhores." A voz de Biban ecoou pelo salão. "Vamos começar o leilão. Que tal cem moedas?" Perguntou serenamente.
Ginny ergueu os olhos, desejando que ninguém tivesse dinheiro ali, mas percebeu que a maioria dos fregueses eram nobres, provavelmente muito ricos.
"Cem moedas!" Exclamou um.
"Cento e dez moedas!" Ofereceu outro. E assim os preços foram aumentando gradativamente.
"duzentas moedas. Dou-lhe uma, dou-lhe duas..." Ia dizendo Biban, até que um homem se ergueu.
"duzentas e cinqüenta moedas." Exclamou um, e Biban sorriu largamente.
"Vendido ao senhor ali do fundo." Exclamou Biban, e o homem se levantou pomposamente.
Ginny se revoltou. Estava com as pernas e os braços atados atrás das costas, mas mesmo assim precisava tomar uma atitude. Virou-se ainda ajoelhada para o capanga e, colocando as mãos de apoio sobre o chão, deu um chute de pés juntos no meio das pernas do homem. Ele caiu gemendo, e o outro veio para cima de Ginny. Ela deu uma rasteira torta nele, mas que funcionou de qualquer forma.
Biban a puxou pelos cabelos do chão.
"Ora sua encrenqueira..." Começou, mas Ginny deu uma cabeçada no rosto do homem e quando ele caiu no chão, jogou-se sobre ele, com o cotovelo mirando o estômago. Biban perdeu o ar com o golpe. Ela foi erguida no instante seguinte e recebeu um forte soco no rosto.
Biban se levantou possesso e levantou a mão para dar um tapa certeiro na ruiva, mas naquele exato instante, vários homens escancararam a porta do bordel, e Biban abaixou o braço ao ver o rei entrando no recinto.
"Majestade..." Biban se ajoelhou. Draco parou na frente do pequeno palco, muito sério, a expressão fechada e impenetrável.
Ele tinha um ar mais maduro e altivo do que a última vez que Ginny o vira. Não era mais um adolescente mimado e debochado. As expressões faciais eram mais duras e a aura era intimidante. Um verdadeiro rei.
Ginny sentiu vontade de cuspir no rosto dele.
"Cinqüenta moedas, como prometido àquele que encontrasse a garota." Disse Malfoy, jogando o saco com o dinheiro aos pés de Biban, que estava ajoelhado.
Malfoy olhou para Ginny por um segundo, inexpressivo. Ela susteve o olhar deixando todo seu ódio transparecer em sua expressão.
"Levem-na." Ele ordenou, e guardas pegaram Ginny e começaram a arrastá-la atrás de Draco, que caminhava para fora do estabelecimento. Quando atravessou o salão, Ginny reconheceu um dos clientes ali. Um antigo rebelde. Chamava-se Neville Longbottom. Ele a fitava de olhos arregalados, e murmurou alguma coisa quando seus olhares se cruzaram.
"Eu avisarei seus irmãos." Ela leu dos lábios deles e assentiu levemente, agradecida.
Olhou para as costas do rei. Quem sabe antes de ser resgatada, pudesse vingar a morte de Bill?
She's a rebel
She's a saint
She's salt of the earth
And she's dangerous
Nota da autora: Hey, espero que tenham gostado da minha nova fanfic. Pode ser um tanto louquinha, mas tem potencial. ;D
Um detalhe. No trecho onde a Ginny diz que os rebeldes mataram mulheres e crianças inocentes foi para mostrar que até o lado supostamente bom não é totalmente santo. Seria ingenuidade pensar assim. ;)
