Saint Seiya não me pertence, é propriedade exclusiva de Masami Kurumada e
Toei.

Lágrimas na oitava casa

Camus fala:

Naquela época, Miro estava admiravelmente estranho.
O mistério começou quando, num dia, a um certo tempo, ele se recusou a sair à noite para farrar, claro que todos, inclusive eu achamos que era mais uma brincadeirinha sem graça do Escorpião.
Não era. Naquele dia, Marin havia viajado, sendo assim, Aioria poderia a ir e Shura tinha conseguido me convencer a ir, inclusive a Shaka. Parecia que, depois de ouvir um não de Miro, a cólera de Zeus iria descer sobre a Terra, e nos, pobres mortais, seríamos destruídos e massacrados sem direito de defesa. Depois que Miro repetiu o 'não', todos nos rimos, talvez ele se tocasse que realmente não conseguiu nos enganar e deixaria de brincar conosco.
Perguntamos o porquê dele não querer sair de sua casa naquele dia, afinal, era dia de folga para ele significa festa. No fundo de seus olhos havia bastante seriedade, e com muita veemência e frieza em sua voz nos disse: "Não vou porque hoje estou muito cansado e quero arrumar minha casa." se nossos maxilares não estivessem naturalmente presos ao crânio, certamente eles iriam ao chão. Como ele, em sã e perfeita condição psicológica iria ficar em casa a noite, com uma das maiores festas que já houve na Grécia acontecendo não muito ao longe do Santuário (algo que me surpreende até hoje é a localização do Santuário, tão perto de tudo, mas ao mesmo tempo tão longe das vistas de pessoas comuns e sem fé, Atena realmente é uma deusa fantástica.), simplesmente arrumando a sua casa?
Não insistimos e fomos, mas depois de alguns dias, Miro se enclausurava dentro da casa de Escorpião, durante estes dificilmente saía e mesmo quando saía não queria falar com ninguém, principalmente comigo. Isso sim era algo surpreendente, pois em todo o Santuário, só eu e Shaka somos amantes do silêncio e solidão. Começaram a espalhar boatos, na verdade isso sempre vem de Afrodite, de que Miro desistira de me conquistar, seria maravilhoso se isso acontecesse, ou não talvez.
Só o que me deixou irritado a princípio foi que, quando eu compro uma maca para auxiliar na remoção de Miro das festas, em que, quando não sai doente de bêbado e com um hálito monstruoso de incendiar uma casa, entra em coma alcoólico.
E assim as semanas se passaram, e Miro continuava a se isolar do mundo exterior, passou pela minha cabeça se ele não estaria tentando criar e viver num mundo dele, do jeito dele, ou simplesmente teria entrado em uma seita satânica. E com o passar das semanas os boatos iam aumentando e se diversificando, até começarem a dizer que ele queria se suicidar, porque eu não queria saber dele, e nem quero, mas isso me deixou com a consciência pesada, e ainda tenho.
E esse último boato se intensificou tanto que, até Saori - Atena acreditou nele. Ela ficou bastante feliz com a mudança de Miro, disse ela que agora achava que talvez ele resolveu arrepender-se de tudo que fez nessa vida e tentar atingir sabedoria suficiente para talvez, em outra vida, poder viver melhor sem nenhuma preocupação em sua alma. E depois disso ele até poderia se tornar um sacerdote de Atena. Nem posso imaginar Miro vestido em trajes de sacerdote, renunciando toda a vida carnal, ou sexual para ser mais claro, e vivendo unicamente ao serviço de Atena, junto de jovens e belas sacerdotisas, nem quero imaginar no que acabaria isso. Até comparam a necessidade de solidão dele com a velha história de que, quando um escorpião se sente ameaçado comete suicídio. Só não se sabe com o quê ele estaria se sentindo ameaçado. Foi essa a hipótese que permaneceu, e se intensificou, que todo o tempo que Miro passa sozinho em sua casa seria apenas para refletir sobre o que fez até hoje (não quero nem imaginar o que seria de Miro se ele resolvesse parar, olhar para trás e ver que ele não fez nada de produtivo em sua vida, só quando todos nos suicidamos em nome de Atena em frente ao muro das lamentações.), e tomar coragem para acabar com tudo. Como se não bastasse judiar de Miro, ainda me puseram no meio, que o motivo do suicido seria que, eu não correspondo ao amor que Miro sente por mim, patético.
Posso afirmar que o Santuário estava em paz, não totalmente, claro, ainda havia algumas discussões de Marin e Aioria, que, segundo Afrodite sempre é porque Marin acha algum objeto que mostre traição na casa de leão ou virce -versa. Tem também as secções noveleiras de Afrodite, em que, uma vez por semana, ou duas, ele põe no lado da casa de Peixes um enorme telão, e chama todas as amazonas, aspirantes, servas e até Atena para juntas assistirem novelas mexicanas, de vez em quando Shun vai, quando Ikki não aparece e faz um escândalo para tirar o irmão dali. Mu e seus concertos de armadura, que rendem batedeiras por durante toda à noite ou dia. E não posso me esquecer de Máscara da Morte, que esquece que além de estar no Santuário de Atena, ele é um cavaleiro a serviço dela. Então fica gritando orações negras a Hades e fazendo-lhe oferendas. Sem Miro, naturalmente não há confusão, já que com suas brincadeiras ele sempre consegue arranjar uma. Certamente ele, é uma criança em corpo de homem revestido pela armadura dourada de Escorpião, mas que começou a produzir hormônios muito cedo.
Nesta monotonia em que o Santuário se transformou, já que há tempos não há guerras, qualquer coisa que sirva para fazer o tempo passar é bem aceito. Afrodite, Shura e Máscara da Morte estavam sempre dando voltas pelas doze casas, mentira, é proposital, para ver o que Miro estava fazendo. Isso é invasão de privacidade, claro, mas não havia quem resistisse, a saber, o que Miro tanto fazia, já que essa seriedade é intrigante.

----- Na casa de Sagitário -----

Estavam Aioros, Aioria, Shura, Máscara da morte, Mu e Camus jogando cartas, enquanto Afrodite encontrava-se parado e atento com o um binóculo observando o que Miro fazia na casa de Escorpião.

- PQP! PARA DE ROUBAR MU! - grita Máscara da morte batendo a mão na mesa.

- Eu? Roubando? Pelo que sei, é você que gosta de roubar, Máscara.

- Mu, seja verdadeiro, você está roubando sim. Pode-se ver perfeitamente que você se livra sempre de mais cartas, então logo aparecem algumas do nada em suas mãos, estamos percebendo. - fala Camus.

- Digo e repito, eu não estou roubando, isso é brincadeira de Ikki, se vingando porque não permitimos que ele venha jogar conosco hoje, o que é uma grande besteira.

- ADMITE, PORRA! PARA DE SE FAZER DE SANTO! - grita Máscara novamente.

- Não brinque comigo, Máscara, caso contrário você vai virar pó de estrelas. - fala Mu que se levanta e encara Máscara.

- Calma gente, vamos recomeçar o jogo, que tal? - Aioros recolhe as cartas e as reembaralha, depois as põe de volta na mesa.

- Corta, Shura. - Certo! EXCALIBURRRRR!

- SUA BESTA! O MEU IRMÃO FALOU PARA SEPARAR O BARALHO EM DOIS! E NÃO PARA CORTAR NO MEIO! VOCÊ NÃO ENTENDE SEU IDIOTA!

- CALE A BOCA, PULGUENTO! EU PENSEI QUE ERA PARA CORTAR E NÃO DIVIDIR, AGORA VAI FAZER QUE NEM O SIRI DE ESGOTO!

- SIRI DE ESGOTO! ORA SEU...

- Qual será o dia em que vocês irão parar de brigar? - ironiza Shaka que acaba de chegar.

- AHHHH! NOSSA! - grita Afrodite.

- O que foi Afrodite? - perguntam todos ao irem a janela onde Afrodite está.

- Olha, o Miro estava o tempo todo afiando aquela unha vermelha, aí ele parou e marcou um xis naquele calendário que tem um dia marcado.

- Será o dia que ele escolheu?

- Não sei...

- Olha, agora ele está se sentando na mesa, e... tem um papel! Ele vai escrever alguma coisa... será um testamento? Dizer a quem vai deixar a armadura de Escorpião e talvez a coleção de escorpiões raros dele... será?

E todos engoliram em seco.

Naquele momento, se tínhamos certeza que o que ele pretendia era suicidar-se, nossa certeza aumentou.
Afinal, pra que mais ele iria afiar aquela unha vermelha? Mas nunca pensamos que de tão decidido ele iria marcar uma data certa.
Com isso, a minha culpa só ia aumentando. E como se já não bastasse isso, a culpa que sentia e ainda sinto, todos, ou pelo ao menos alguns cavaleiros, tentavam me convencer a conversar com Miro, e talvez ceder a ele, para que assim o Santuário não perdesse mais um cavaleiro. Claro que não aceitei. Em ocorrência disso, sempre ia alguma serva tentar consola-lo, mas por incrível que pareça, ele apenas pedia para ficar só.
E os dias iam se passando, se aproximando aos poucos da misteriosa data, que estava marcada no calendário da casa de Escorpião, e estará marcada para sempre, na minha memória...

Continua...

Nota da autora - Bom, esse não é o meu primeiro fic, já fiz alguns e faço com a Kourin.