N/A: FullMetal Alchemist não me pertence e essa fic não tem fins lucrativos.
Essa estória se passa após o final do anime mas ignorando o filme.
Fic ADAPTADA do livro:"Aulas de amor - Stella Bagwell"
OBS:
"itálico" - pensamentos da Riza
"negrito" - pensamentos do Roy
S2xS2xS2x S2xS2xS2x S2xS2xS2x S2xS2xS2x - mudança de tempo, espaço ou personagem.
Cap I (O plano)
Era outra daquelas tardes maçantes na Cidade Central, muitos relatórios, aulas de tiro para os novos recrutas e calor...
Aquele verão parecia interminável, nem mesmo as chuvas torrenciais abrandavam os raios de um sol a cada dia mais inclemente.
A loira sentada numa desconfortável cadeira, lia impaciente mais uma convocação.
"Por que diabos eu tenho que ler isso se nem é de alguém do meu departamento?"
Mas quando os olhos castanhos passaram rapidamente pelo sobrenome do militar que estaria de volta à Central na próxima semana, a dona deles sentiu o coração falhar uma batida.
Respirando fundo ela releu as letras bem lentamente dessa vez: Mustang.
"Ele está de volta!"
Num salto a tenente deixou a sala e foi até onde o Havoc se encontrava, ao se aproximar tentou parecer indiferente a noticia que trazia.
- Mustang está de volta. – falou baixo ainda tentando acreditar.
- É, eu sei. – o outro sorriu enquanto segurava a xícara de café.
Desconfiada Riza olhou para o loiro e também aos outros rapazes da sala.
- Todos vocês sabiam?
- Claro, não se fala de outra coisa no quartel. – Breda falou com um sorriso de deboche por ela ser a ultima a saber.
Com um suspiro impaciente Hawkeye deixou a sala e voltou para a que ela agora ocupava, sozinha num corredor distante, parecia que os "grandões" ainda não confiavam nela.
Depois de tudo que os dois haviam feito, realmente não era estranho que os generais e o parlamento não se ativessem em ambos.
Mas apenas Roy fora "punido", sendo rebaixado novamente a coronel e ter recebido a incumbência de cuidar dos campos de treinamento do Norte. E já se passava 4 longos meses depois disso.
Meses que Riza não sabia como sobrevivera, uma coisa era ficar longe de quem se ama outra é não ter mais um propósito a seguir.
O exército agora era "limpo", nada de generais corruptos ou um Füher homúnculo. Ainda existiam as máculas do poder, mas nada comparado ao passado.
Roy ainda precisaria de sua proteção? Desejaria ainda chegar ao topo? Quais seriam seus sonhos?
Riza suspirou e foi sentar-se novamente, precisava tomar coragem de confessar a Mustang os sentimentos que nutria por ele.
Todavia o medo ainda era grande e implacável, temores do desconhecido e da rejeição.
Ela ainda sentia o toque dele em seus cabelos e o calor da sua mão tão próxima ao seu rosto, e o que ela fizera? Quase o sufocara com um pedaço de maçã! Só para esconder seus sentimentos.
Mas Riza mudara, não estava disposta a perder o homem que amava uma segunda vez, nem que para isso tivesse que apelar para a genialidade herdada do pai e a esperteza da Sra. Hawkeye.
Sim! Ela teria Mustang! Só precisava de um plano...
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Depois de uma semana de calor intenso, uma forte tempestade castigava toda a parte central de Amestris. Quase ninguém se arriscava a sair de casa, exceto os que tinham algum dever a cumprir.
Um desses descia de um carro preto na frente dos grandes portões do Quartel General sem nem mesmo se preocupar com a água que ensopava seu sobretudo negro, os olhos igualmente escuros perscrutavam o ambiente enquanto o dono deles vagava pelos corredores desertos.
"Nada mudou..."
Passou os dedos pelo tapa-olho, uma mania adquirida recentemente. Parou ao ver uma porta de madeira sólida, pensou em entrar sem bater, no entanto sua posição não permitia tal liberdade.
Sendo assim bateu duas vezes, ninguém atendeu mesmo ele ouvindo alguns suspiros no lado de dentro, tomado por uma curiosidade enorme ele abriu a porta.
Ergueu uma sobrancelha e conteve o riso diante da cena.
Um jovem soldado se "atracava" com uma das secretárias dos generais.
- Desculpem se atrapalhei alguma coisa, errei de sala. – fechou a porta e voltou para o corredor.
" As coisas mudaram sim... desde a lei de confraternização..."
Não pode deixar de sentir uma ponta de inveja do casal, a tempos ele não namorava, nem se quer saia da base do Norte. De alguma forma as mulheres já não lhe agradavam tanto assim, exceto por uma...
E foi exatamente por isso que ele tão fervorosamente solicitara a transferência para a Central na primeira oportunidade que surgira.
Quando passou por uma sala viu a porta entreaberta e resolveu "investigar", não evitou o sorriso ao ver uma cabeça loira escondida atrás de uma pilha de papéis.
Sorrateiramente entrou na sala e se postou na frente da mesa.
Riza ergueu os olhos e se não fosse pelo treinamento militar estaria estatelada no chão devido ao susto. Lá estava ele, Roy Mustang, parado como uma estátua na sua frente.
- Olá. – disse com um sorriso que fez o coração da tenente disparar ainda mais, embora ela tentasse duramente manter as feições o mais impassível possível.
- Oi, o que faz aqui? – agradecida por sua voz não ter tremulado ela se ergueu e prestou continência, unicamente por hábito.
Sem responder ele pegou o papel sobre a pilha de outros e entregou a ela.
- Voltei.
Aquela simples palavra fez Riza tremer da cabeça aos pés, sim, ele estava de volta.
- Eu percebi. – voltou os olhos para o relatório que lia, tentando mostrar indiferença.
- Não vou ganhar nem um abraço de boas vindas? – perguntou com um sorriso malicioso.
- Aposto que já ganhou alguns desde que chegou.
"Isso Hawkeye, demonstre ciúmes! Idiota"
- Pra falar a verdade não, mas diga-me como vão as coisas aqui. – puxou uma cadeira e se sentou a frente dela.
- Nada mudou.
- Ah o que é isso! Essa lei deve ter dado o que falar. – outro sorriso malicioso.
Sim! Ele também tinha um plano...
- No começo alguns ficaram constrangidos, agora é algo normal. – ergueu os orbes castanhos e fitou o tapa-olho. – Incomoda?
- Algumas vezes. – respondeu com amargura tocando o tecido negro.
- Espero que tenha procurado um especialista. – seu tom voltara ao normal, novamente parecia a mãe ou a irmã mais velha.
- Sou um homem ocupado
- Quem quer arranja meios, quem não quer arranja desculpas. – citou o velho provérbio enquanto se erguia.
Roy fitou seu rosto, parecia abatido e talvez até tivesse emagrecido alguns quilos mesmo debaixo do pesado uniforme.
Se perguntou se tudo aquilo era fruto do sofrimento e quem o provocara nela. Mas aquela era uma das coisas que ele nunca saberia, pelo menos se Riza Hawkeye ainda fosse aquela instransponível barreira.
- Aonde vai ficar? – perguntou incomodada com o escrutínio.
- Não sei, talvez nos alojamentos ou algum hotel. – não pensara nisso ainda, nem se quer passara no seu apartamento para ver quem o alugara.
- Estamos na alta temporada e os novos recrutas já estão ocupando os alojamentos do setor sul e o norte está em reforma.
- Resumindo: vou ter que dormir aqui. – tentou sorrir.
- Talvez. – sua voz saiu quase num murmúrio. Não tivera tempo de recuar.
- O que propõe? – agradeceu por ela não ter notado a ponta de malicia na pergunta.
- Eu me mudei e minha casa agora tem um quarto de hospedes, poderia passar alguns dias lá até encontrar uma vaga em algum hotel ou um novo lugar.
" Ele tem que aceitar! Não... ele não pode aceitar! Droga! O que eu fiz? E se ele disser não?"
- Sim. – respondeu com um sorriso que encantava qualquer criatura do gênero feminino.
- Está bem. – agradeceu seu auto-controle.
- Tenho a ligeira impressão que não foi só de casa que mudou, algo em você está diferente também. – observou enquanto se sentava novamente.
- Sim, a necessidade obriga mudanças. – não havia amargura na sua voz.
- Sim. – suspirou, voltou a tocar o tapa-olho e olhou para o relógio. – o expediente acabou.
- Eu tenho que terminar isso – apontou para a pilha de relatórios que requeriam sua atenção, colocou a outra mão no bolso da jaqueta e jogou um molho de chaves nas mãos do moreno. – pode ir arrumando suas coisas se quiser.
Ele pegou um dos papeis da pilha e leu a data.
- Eles são para a próxima semana, por que não termina amanhã?
- Algumas coisas nunca mudam. – suspirou e voltou os olhos para o relatório de transferência de Mustang.
Se sobressaltou ao ver em qual departamento ele iria trabalhar.
- Vai ficar aqui? – perguntou estreitando os olhos.
- Defina aqui. – pediu mas bem ciente da pergunta.
- Nessa sala? "Comigo"
- Acho que sim, esse é o setor de Estratégias e Armamentos, certo?
- É, mas o que sabe sobre armas? – perguntou com certo desdém.
- Nada, mas sei tudo sobre estratégias. – deu um sorriso arrogante.
"Como pude deixar escapar esse detalhe? O que está acontecendo com você Riza?"
- Quem é seu superior?
- Armstrong, já me reportei a ele antes de vir para cá.
- Então ainda sou sua subordinada. – conseguiu aparentar uma grande insatisfação.
- Algumas coisas nunca mudam. – provocou.
- Infelizmente. – espetou também, então se levantou e pegou a bolsa que ficava sobre uma outra mesa vazia.
- Resolveu ir embora?
- Sim, Black Hayate está sem comida. – mentiu passando por ele quando sentiu uma mão segurar seu pulso.
- Seu cabelo cresceu. – ele observou chegando mais perto.
Pálida, Riza se afastou e num minúsculo suspiro tentou se recompor, que diabos estava acontecendo com aquele homem?
"Fase um: reconhecimento de terreno: completada
"Fase dois: verificação de reciprocidade: evidente e completada"
Com um largo sorriso Roy a seguiu pelos corredores desertos, até que chegaram a garagem.
- O que aconteceu com os automóveis daqui? – ele perguntou ao notar que nenhum carro estava guardado ali.
- Não sei, mau planejamento.
- O que faremos? Sua casa é longe?
- Duas quadras, vamos a pé. – abriu um guarda chuvas preto e procurou outro na guarita para Roy.
- Mas está chovendo! – resmungou saindo do QG.
- Ainda tem pavor de água? – ela provocou escondendo o sorriso perverso.
- Não de água, apenas de chuva, assim parece que eu nem mesmo tomo banho! – fingiu estar ofendido.
Na verdade nas nevascas do Sul era extremamente difícil aquecer alguma água para se banhar, por isso algumas vezes ficara dois dias sem tomar um "verdadeiro" banho.
- Acho que não toma mesmo, consigo sentir o cheiro daqui. – brincou.
Ele segurou-a pelos pulsos e se aproximou bastante, a loira então sentiu o cheiro de colônia inconfundível. Então a largou sorrindo.
- Não estou cheirando tão mal. – feliz por ver a reação de espanto nos olhos castanhos continuou caminhando.
" É um fantasma, um homem disfarçado!"
- Quem é você? – ela apontou a pistola para Mustang que se voltou quase assustado.
- Do que você está falando?
- Você não é ele, o que fez com o coronel? – continuou com a arma apontada.
- Por que essa pergunta?
- Por que fica me tocando? O que deu em você?
Em meio a todas aquelas perguntas, Roy não evitou sorrir, era tudo parte do seu plano.
- Algum problema com o fato de tocar em você? – carregada de malicia aquela pergunta deixou Riza sem palavras.
Sem resposta a loira guardou a pistola e continuou o caminho, ambos seguiram em silêncio até a casa branca numa rua arborizada.
Continua...
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