Domingo. Duda gostava de domingos. O faziam lembrar do pai. De como o velho Sr. Dursley amava domingos e a falta de cartas. Um sorriso aparecia no rosto redondo do, já nem tão, garoto. Fora em um domingo que Duda entrara no mundo mágico. E ele não podia deixar de sentir inveja do primo, Harry, que, a propósito, havia marcado de encontrá-lo daqui uns minutos.

Suspirou, levantando-se de sua habitual cadeira em sua habitual casa de Londres. Vivia naquela casa desde que, aos seus dezessete anos, fora levado até lá para ser protegido. Harry havia pensado nele aquele dia, e Duda se lembrava de Harry desde então. Os olhos verdes e cabelos despenteados, juntamente com o corpo magro, faziam o grande homem sorrir. Expressão muito diferente da que costumava surgir em seu rosto anos atrás.

Já dirigia-se até a cozinha para pegar sua xícara de café, quando algo entrou pela janela. Algo grande e que soltava penas. Uma enorme coruja azulada de olhos brilhantes estava parada sobre sua mesa. O homem congelou onde estava, as mãos tremendo. Não apenas por um bicho de muitos quilos estar sobre sua mesa de jantar. Mas porque o mesmo animal carregava uma carta de envelope pardo com endereço em letras esmeralda.

Ele sabia que envelope era aquele. Já havia visto um idêntico há... Há quanto tempo? Tantos anos... Mais de vinte. E não apenas um. Centenas, milhares deles caindo pela chaminé e voando pelas janelas. Milhares de envelopes pardos endereçados ao seu primo. Seria aquele o encontro dos dois?

Duda pegou o envelope do bico da coruja, que voou sem olhar para trás, deixando-o ali, com a carta grossa na mão, os olhos enchendo-se de lágrimas e as mãos suando. O destinatário era claro, "Sophia Jenny Roran Dursley, Londres, Galveston, Wandsworth, 1904". O Remetente também, "Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts".

- Sophia! – gritou sem sair do lugar, a voz trêmula – Venha até aqui!

A menina apareceu na porta da cozinha em segundos, os cabelos castanhos mel caindo-lhe nos olhos de um verde escuro e profundo. Provavelmente o pai havia a acordado, pois ainda usava pijamas cor-de-rosa e estava descalço. Os olhos da garota estreitaram-se, tentando entender a razão de estar ali e ao mesmo tempo ler a carta que estava nas mãos de Duda.

O homem chamou-a com um gesto da mão, sentando-se na cadeira mais próxima e colocando-a em seu colo. Respirou fundo diversas vezes antes de começar. Era hora de contar a história.

- Sophia, houve um tempo onde as trevas sobrepuseram a luz. E quem coordenava as trevas era um homem. Um homem muito poderoso e que de nada sabia sobre o amor. O nome dele foi, por muitos anos, impronunciável. Chamava-se Lorde Voldemort. Até que uma profecia foi feita, e este homem se sentiu ameaçado. Um traidor acabou por levá-lo até uma criança que deveria ser morta. Mas esta criança, Sophia, não morreu. Ela derrotou o próprio Lorde, fazendo-o voltar as trevas.

"E por muitos anos pensaram que o Lorde nunca voltaria, mas um sábio homem disse que estavam todos errados. E realmente estavam. Quando a criança que deveria ser morta completou quinze anos, o Lorde retornou. Foram tempos horríveis, e todos acharam que ninguém sobreviveria.

"Mas esse garoto, o Menino Que Sobreviveu, resolveu que lutaria. Ele destruiu cada parte restante da alma do Lorde, e depois morreu para salvar a todos. Mas a morte desse garoto foi recompensada com sua volta. O nome dele, Sophia, é Harry Potter. Ele é um bruxo, igual a você."

Duda colocou a carta nas mãos da pequena filha, e contentou-se apenas por ver seus olhos brilharem. Ele esperava que ela fosse como o tio. Queria que ela se orgulhasse de ser quem era. Pela primeira vez na vida, Duda não se importou do primo estar bem ali, vendo tudo por detrás de sua capa.