Sazonal

Capítulo 1 - Insolar

Ninguém sabe o quanto uma queimadura arde até que, por um acaso do destino, acabe se queimando e bom... aquela era a primeira queimadura da pequena Uchiha que choramingava a plenos pulmões como se o mundo estivesse prestes a acabar. Todos tentavam de todas as formas acalma a garota, mas ninguém conseguia.

O sol em seu pico mais alto informava a todos que o verão realmente tinha se iniciado e com isso a professora do maternal resolveu levar seus pequenos pimpolhos à praia, mas não esperava pelo show daquela que era a mais esperta da turma. A professora não teve escolha a não ser ligar para o pai da menina, que estava como responsável por ela durante as férias e o homem todo engravatado, não teve escolha a não ser largar uma reunião que lhe valia milhões de dólares e correr pela areia branca segurando em uma mão o paletó enquanto gritava o nome da filha.

Quem era ele? Bom, com toda a certeza ele só poderia ser o Uchiha, o pai da pequena escandalosa, mas quem realmente era além dos títulos que os amigos e a professora de sua filha lhe chamavam? Isso ninguém sabia. Nem mesmo o botãozinho vermelho que ele tentava acalmar sabia.

Será que por um acaso ele tinha conhecimento de quem era? Bom, saber ele acredita que não, mas tem certeza que apenas uma única pessoa o conhecia no mundo e era nada mais nada menos do que a mãe do serzinho que continuava aos berros no banco de trás do carro.

Quando recebeu a ligação da professora teve a brilhante ideia de ligar para ela, mas o celular só caia na caixa de mensagem. Em nenhum momento ela atendeu e por isso teve que dá adeus a alguns dólares. Por que ela não atende? Era tudo o que ele se perguntava, além é claro de: Ela ainda está tão zangada comigo que não pode nem mesmo atender a um telefonema? Droga, Sakura!

Sakura... a mais doce cerejeira que a cada primavera desabrocha de forma estupenda. É assim que ela é chamada, mas como uma delicada flor ficou tão rancorosa assim?

Bom... se não sabem ela não está com raiva coisa alguma... só está em uma cirurgia de mais de cinco horas que a está consumindo de todas as formas, muito mais do que o divórcio. Isso mesmo, divórcio.

Nossa médica e nosso empresário estão em processo de separação, por isso a pequena chama dos Uchihas está sobre a responsabilidade do pai durante as férias, mas como um pai que nunca cuidou da filha vai conseguir se virar sozinho durante todo o verão? Nem ele e muito menos Sakura sabem como, mas de uma coisa eles tem certeza; no primeiro drama ele vai correndo para a rosada pedindo ajuda e bem... menos de uma semana e lá ia ele até o hospital atrás de sua esposa... Ops! Ex-esposa.

– Preciso dá Drª Sakura, com urgência! – o moreno berrou assim que entrou no hospital com a filha no colo.

– Desculpe senhor, já que é uma urgência vai ter que esperar. Além do mais temos um serviço de triag...

– Preciso da Sakura agora! A filha dela foi queimada por água viva!

Ele não deixou a atendente terminar de falar sobre o processo de triagem do hospital, aumentou em três tons a voz que já estava bastante elevada desde o momento em que pôs os pés ali. A pobre mulher além de arregalar os olhos quando ouviu a frase final do moreno só conseguiu pegar o telefone e ligar para alguém, enquanto os seguranças e uma enfermeira pediam para que ele os acompanhasse até um leito vazio para os primeiros procedimentos na criança serem feitos e esta... só chorava de dor...

Meia hora depois lá tínhamos uma cena digna de uma família feliz, apenas para quem via de fora.

– Sasuke, quando você foi pegar a Sarada eu avisei que não dava autorização para ela ir à praia e você fez o que? Deu a maldita da assinatura, por Kami-sama! – ela estava completamente alterada, mas tentava de todas as formas manter a compostura no ambiente de trabalho e em frente à filha que dormia sedada.

– Ok! Eu errei, ela estava sobre a minha responsabilidade e eu não devia ter dado a autorização sem falar com você, mas droga, Sakura, eu não sabia que uma coisa dessas podia acontecer! – atordoado. É essa é a melhor palavra que o descreve no momento.

– Kami-sama, dai-me paciência!

– Não começa, Sakura!

– Não começa? – os olhos esmeraldas dela o fuzilando diz que ele não deveria ter dito o que disse. – Dez crianças em uma praia apenas um uma professora e uma ajudante, logo cinco crianças de seis e sete anos para cada uma e você achou mesmo que elas conseguiriam supervisionar todas ao tempo inteiro?

– Sim, acreditei! – ele afagava os cabelos negros, que acabava de perceber que devia os cortar, completamente derrotado.

– Não sei é tolo ou ingênuo. Talvez os dois. – o olhou indiferente.

– Por que não atendeu as minhas ligações?

– O que?

– Por. Que. Não. Atendeu. As. Minhas. Ligações?

– Não sei se percebeu, mas... há muito tempo que não tenho mais 7 anos, Sasuke, não precisa falar comigo assim.

– Dá pra responder a minha pergunta? – sim, ele está louco para mudar de assunto, mas parece que ela não.

– Estava em uma cirurgia.

– Por isso tive que largar tudo e ir buscar a Sarada na praia.

– Não fez mais nada do a tua obrigação de pai. – já disse que ela tem uma língua ferina?

– Vou vender a companhia. A reunião era os últimos acertos para a venda.

– Desculpa o que disse? – ela parou de mexer na mochila da filha que havia encontrado para olha-lo.

– Que vou vender a companhia e que estava certa sobre eu ter me afastado completamente de tudo e de todos, principalmente de você e da Sarada. – ele a respondeu com um meio sorriso emoldurando o rosto que parecia estar a muitas noites sem dormir devido as enormes olheiras.

– Não venda!

– Como?

– Se quer vender a empresa por minha causa e da Sarada não venda!

– Sakura...

– Nosso casamento acabou, Sasuke, mas você não pode e não deve se desfazer daquilo que lutou tanto para conseguir.

– Não! Nós ainda estamos casados e eu...

– É melhor ir para casa, Sasuke. A Sarada vai ficar aqui em observação até amanhã, antes de dá alta para ela te ligo para vir busca-la. Até lá você vai pra casa e eu fico de olho nela.

Sakura não deixou que o moreno falasse nada, apenas saiu do quarto deixando o homem completamente sem fala. Se ele foi embora? Claro que não! Sasuke já havia perdido muito da vida da filha e tinha decidido que não perderia mais nenhum momento e bom... naquela noite com a ajuda da pequena, meio grogue devido aos remédios, começou a montar um plano para salvar o casamento.

E nos dias que se seguiram entre pomadas para queimaduras, ataduras, banhos gelados, choros, bolhas de pus, pele se descolando, risos soltos pela casa, negociações empresariais ele foi apenas aperfeiçoando e prometendo que no máximo até o início da primavera reataria o casamento. Quando o verão já estava prestes a acabar e ele ficar sem a filha em tempo integral, resolveu tirar uns dias de folga e ir à praia com ela, e assim pondo em prática o primeiro passo para voltar com a esposa – ter tempo para si e para a família.