Escrevi isso porque:

1º Sou uma Navery shipper desesperada (e trouxa, e iludida, sim eu sei).

2º Eu não me importo que eles não estejam juntos na série (e me importo muito menos se para a maioria das pessoas eles não "combinam" :p).

3º Quando tenho uma ideia, eu simplesmente preciso escrever, caso contrário eu enlouqueço.

4º: Sou uma romântica incurável com os shipps que eu gosto, e Navery me consome.

Creio que já sejam motivos suficientes. :D

O Abc será dividido em cinco partes e não possui uma ordem cronológica definida. Os acontecimentos da segunda temporada foram ignorados nessa fic, mesmo porque eu ainda não vi nenhum episódio (mas eu sei que Nelson fica com Raven e esse fato também está sendo ignorado por mim :D). Esta história pode ou não ter relação com "Realize" (minha primeira fic Navery), depende de como você quer imaginar. Fic classificada como "T" apenas por segurança.

Já falei demais, então vamos ao que interessa!

...

A - ATREVIMENTO

- Ele está se escondendo, - diz Nelson encarando o computador à sua frente - tentando nos despistar através de nomes de usuário diferentes e endereços de IP diferentes. Já são mais de sete na última semana. Sempre que estamos chegando perto, ele simplesmente desaparece, e passa a agir da mesma forma com uma nova identidade.

Avery balança a cabeça de forma positiva, também encarando a tela onde Nelson havia feito sua mais recente busca.

A equipe Cyber rastreava um hacker de contas bancárias há mais de dois meses, e embora fosse um dos crimes cibernéticos mais comuns, este estava se tornando um desafio. Ao que parecia, o hacker em questão era mais inteligente e profissional do que a maioria com os quais eles estavam acostumados a lidar.

- A paciência é uma das principais virtudes que se deve ter em casos como esse. - responde Avery - Vamos continuar buscando até que ele cometa o erro fatal que nos permitirá pegá-lo. Vou verificar com Raven o que ela descobriu a partir do celular da última vítima.

Nelson assente, e eles trocam um olhar que era, geralmente, a despedida que eles usavam antes de se separarem em qualquer momento durante o trabalho. Avery sorri e vira-se para deixar a sala, mas então, inesperadamente, Nelson a puxa pela mão e a beija.

Dura três segundos, apenas um rápido e forte pressionar de lábios, mas é o suficiente para deixá-la sem reação.

- Nelson! - ela o repreende, os olhos arregalados e o rosto vermelho - Você está louco? Perdeu sua razão? O que você está pensando?

Nelson dá de ombros, parecendo indiferente ao rosto chocado da chefe da divisão cibernética.

- Me desculpe. - ele responde - Eu não pude evitar. Mas hey, eu olhei em volta por cinco segundos antes de te beijar, e não havia ninguém olhando nessa direção, eu juro.

Avery balança a cabeça nervosamente enquanto olha para os lados.

- Não quero que faça isso de novo. Quer dizer... não quero que faça isso de novo aqui. Okay?

- Okay.

Antes que Avery tenha tempo de pensar em se mover, ele a puxa para outro beijo rápido e intenso. Avery dá um tapa em seu ombro.

- Nelson?!

- Tudo bem. - ele diz com um sorriso no rosto - Você pode ir agora.

Avery estreita os olhos, olhando-o com uma expressão assassina, mas Nelson a conhece bem e sabe que no fundo, ela não está realmente irritada.

- Você é… impossível.

Avery lança um último olhar de repreensão a Nelson, que parece se divertir com a situação, e sai pela porta a passos rápidos. Assim que tem certeza de que ele não pode ver, ela abre um pequeno sorriso.

Seu namorado era atrevido e imprudente algumas vezes, mas era um atrevimento do qual ela havia aprendido a gostar. Muito.

...

B - BATOM

- É bonito. - Nelson diz, de braços cruzados enquanto Avery pinta os lábios diante do espelho, preparando-se para mais um dia de trabalho.

Ela interrompe a tarefa e olha para ele com uma sobrancelha arqueada.

- O que é bonito?

Nelson aponta para o pequeno objeto cilíndrico nas mãos de Avery.

- Você está usando um batom diferente hoje. É mais claro. Caiu perfeitamente em você.

- De fato. É a primeira vez que eu o uso. - Avery franze o cenho - Desde quando os seres humanos do sexo masculino percebem esse tipo de coisa?

- Desde que eles tenham uma namorada bonita como a minha, é impossível deixar de perceber.

Avery sorri e fecha o batom, guardando-o em sua bolsa.

- Você é um exagerado, Nelson.

- Não, eu não sou. - Nelson dá dois passos e pára na frente dela - E eu realmente gosto do seu batom. Me pergunto se ele é tão saboroso quanto bonito...

Avery o encara fixamente, analisando sua expressão. Ele está apertando os lábios, passando a língua sobre eles; suas pupilas estão dilatadas e o olhar está fixo. Um sentimento perfeitamente identificável: desejo.

- Você pode descobrir. - ela sussurra, sentindo o desejo se acender também dentro si - Por que ficar na dúvida?

Sem mais palavras, Nelson avança a distância restante e esmaga seus lábios nos dela em um beijo quente e profundo.

Três segundos depois, ele mal se lembra do sabor do batom, pois tudo o que o consome e o intoxica em cada fibra de seu corpo é o sabor de Avery.

C - CIÚMES

- Então você tinha ciúmes de Raven?

Nelson olha para Avery - Avery que não está olhando para ele - sorrindo presunçosamente.

- Não era exatamente ciúmes. - ela responde na defensiva - Eu estava apaixonada por você, certo? E eu pensava que ela poderia... vocês dois poderiam... Argh! Por que eu estou lhe contando isso mesmo?

- Porque você prometeu que seria sincera qualquer que fosse a pergunta, e eu lhe perguntei se você já sentiu ciúmes alguma vez.

Avery suspira, frustrada.

- Eu sabia que não tinha o direito de ter ciúmes, não fazia sentido algum. Mas eu estava apaixonada por você, e quando se está apaixonado, o ciúme é involuntário. Eu olhava para ela, e eu via como ela era perfeita para você, perfeita como eu nunca poderia ser. E isso me doía.

Nelson sacode a cabeça continuamente.

- Raven é uma excelente amiga. - ele pega a mão de Avery na sua - Mas ela não é perfeita para mim. Não nesse sentido, pelo menos. Você é perfeita para mim.

Avery fica em silêncio, apenas olhando para Nelson com olhos sorridentes. Sim, Avery sorria com os olhos, e ele havia aprendido a identificar quando isso acontecia.

- E não pense que você era a única. - ele continua, quebrando o clima extremamente doce - Não pense que eu não morria de ciúmes da sua relação com Elijah e…

- Elijah? - exclama Avery, surpresa - É sério?

- Vocês estão o tempo todo juntos. - argumenta Nelson - Eu sabia que também não tinha direito de ter ciúmes, mas como você disse, é involuntário. Ele estava perto de você de um jeito que eu queria estar, e não podia. E os sorrisos que vocês davam um ao outro… - ele estremece - Digamos que fiquei muito feliz quando ele voltou para a esposa.

Avery começa a rir.

- Hey, isso não é engraçado!

- Sim, é! Você fica adorável quando está com ciúmes, Brody Nelson.

- Você gosta de se divertir às minhas custas. - ele diz, puxando-a para um beijo - Mas eu fico feliz por não termos mais que sentir ciúmes.

- Eu também, Nelson. - Avery acaricia seu rosto moreno - Eu também.

D - DOR

Uma das coisas mais preciosas para Nelson era a felicidade de Avery.

Desde que havia descoberto sobre o seu passado, ele decidiu que um dos principais objetivos de sua vida seria fazê-la tão feliz quanto ela pudesse ser.

Ele se orgulhava de si mesmo ao perceber que essa missão estava tendo sucesso, e nada era tão bom quanto ver seus lábios se abrirem em um sorriso, ou seus olhos brilharem de prazer e contentamento por algo que ele havia dito ou feito.

No entanto, isso não era possível em 100% do tempo. Vez ou outra, algum fato ou acontecimento lhe remetia a dores passadas, fazendo-a reabrir velhas feridas.

Geralmente acontecia quando algum caso não tinha um final feliz, quando ela via pais perderem um filho, quando se lembrava de Danielle, e, principalmente, quando via o video de Hannah. Nesses momentos, Nelson não podia fazer qualquer coisa além de estar ali, ao lado dela. Ainda que ele quisesse arrancar sua dor com as mãos, ainda que ele quisesse ter algum tipo de poder mágico que erradicasse toda e qualquer coisa que a fizesse sofrer, ele sabia que não era possível.

Então, ao vê-la triste por qualquer motivo, ele apenas a abraçava ou segurava sua mão, transmitindo-lhe seu calor, deixando-a saber que ele estava ali, e nunca iria sair.

Felizmente, esses momentos não duravam muito. Avery era mais forte do que qualquer pessoa que Nelson conhecia, e dentro de alguns minutos, ele via novamente em seu rosto o sorriso que tanto amava, radiante como o sol após uma tempestade.

E - ELOGIOS

Avery não era uma pessoa acostumada a elogios.

Ao contrário disso, ela estava habituada a receber insultos e ouvir palavras rudes de suspeitos e criminosos todos os dias. As coisas agradáveis que lhe diziam estavam quase sempre ligadas ao seu trabalho, e ainda que isso fosse bom, ela não pensava que merecia elogios por cumprir sua missão. Era o seu dever, depois de tudo.

Isso havia mudado nos últimos meses, no entanto. Seu namorado não era o tipo de pessoa que tinha qualquer dificuldade em se expressar, e consequentemente, ela precisou se acostumar a ser elogiada o tempo todo.

Nelson fazia questão de destacar, pelo menos uma vez por dia, uma ou outra coisa de que ele gostava nela. Algumas vezes era algo relacionado à sua aparência, como a cor de seu batom que acendia seu rosto, ou seu penteado de lado que ele achava extremamente elegante. Outras vezes, tinha a ver com suas características pessoais, como a sua inteligência, sua coragem e sua determinação em solucionar um caso, ou simplesmente a forma como sua risada era, para ele, a coisa mais gostosa de se ouvir.

Não importava qual fosse a espécie de elogio, Avery sempre sentia-se desconcertada ao ouvi-los. Nesses momentos, Nelson ria e dizia que ela era boba, que não havia motivo algum para se sentir envergonhada, e aos poucos, ela percebeu que ele tinha razão.

Depois de um tempo, Avery passou a receber seus elogios com naturalidade, porque entendeu que ser elogiada era normal quando se era amada, assim como ela era amada por ele.