Disclaimer: Todas as Rozen Maiden me pertencem. Ninguém pode contestar. Nem vai.


Os olhos azuis de Shinku percorriam as páginas prestando muita atenção a cada palavra impressa em tinta preta. Vez ou outra, ela apoiava o livro no colo e bebericava um gole de seu chá.

"Jun.", assim mesmo, com uma sílaba solta e com solenidade típica, ela o chamou.

O garoto tirou os olhos da tela do computador e virou-se para a boneca.

"Traga-me mais chá.", ela ordenou, fechando levemente os olhos de vidro.

Jun ajeitou os óculos que insistiam em cair e, levantando-se da cadeira, começou a gritar com Shinku.

"Eu acabei de trazer chá para você! Se não bebesse tanto, eu não teria que ir buscar toda hora lá embaixo!"

A boneca continuou encarando-o, sem piscar, os olhos como duas frias lascas de gelo.

"Você é mesmo um servo inútil. Eu mesma vou buscar o meu chá.", dizendo isto, a loira deixou o livro sobre a cama e começou a se dirigir para a porta.

Então, um grito agudo subiu as escadas, chamando seu nome.

"Shinku! O Detetive Kun-kun vai começar!"

"Não grite, Chibi-chibi!", outra voz esganiçada repreendeu a primeira.

"Suiseiseki, você também está gritando.", uma voz calma declarou.

Shinku segurou a barra do vestido para não tropeçar e foi andando apressada para a escada. Ela não podia perder nem mais um minuto do Detetive Kun-kun!

"Shinku!"

A quinta boneca de Rozen se virou, impaciente. Jun estava encostado na porta do quarto, observando-a, com o semblante triste.

"Que é, Jun?"

"Para mim, nenhuma de vocês tem que se tornar Alice. Vocês já são perfeitas do jeito que são."

Os olhos antes frios de Shinku foram tomados por uma onda de compaixão.

Ela pensou em Laplace, sempre com um sorriso tão enigmático quanto ele, controlando o Jogo de Alice.

Ela pensou no próprio Jogo de Alice. Um modo deveras egoísta que o Pai havia imposto para somente uma delas atingir a perfeição. Mas que modo de atingir a perfeição não era recheado de egoísmo? A própria perfeição era egoísta.

Ela pensou no Pai. Como ele podia ficar sentando, onde quer que esteja, vendo suas criações, suas filhas, se destruírem em busca do amor dele? O Pai também era egoísta, talvez o maior deles.

Ela pensou em Jun, parado ali na porta, pedindo para que elas não se destruíssem entre si. De certo modo, Jun também tinha sua parcela de egoísmo.

A mente de Shinku foi tomada novamente por uma imagem de Laplace sorrindo, flutuando sobre o Campo-N.

Todos nesse jogo idiota eram egoístas. Sem exceção.

"É necessário, Jun, é necessário."


N/A: Eu escrevi uma fic de Rozen Maiden, sim. Não foi uma Jun/Shinku, mas está valendo ainda.

E essa vai dedicada especialmente a você, 'Dusk. Porque eu não me lembro de ter dito que resolvi escrever essa ficlet, mas eu sei que você também adora a Shinku. E também por que...ah, porque você é uma grande amiga e merece essa fic. Prontofalei.

(L)