REPOSIÇÃO

O SITE APAGOU A MINHA HISTÓRIA DIZENDO QUE NÃO ESTAVA DE ACORDO COM AS REGRAS ESTABELECIDAS...

Eu entrei em contacto eles disseram que já estava resposta, no entanto, ainda não o tinham feito, por isso eu decidi repô-la eu e adicionar um novo capítulo.

Desculpem

Máquina do Tempo vivendo contigo

Capitulo 1 – Mais um dia nas nossas Vidas

A Kaoru acordou sobressaltada com o toque horrível do despertador. "Arrrr." – ela tocou na parte de cima do relógio para adiar o alarme por mais dez minutos. Tenho que trocar de despertador. – ela pensou ainda com o sono a toldar-lhe os pensamentos.

Era dia de aula de Probabilidade e Estatística na faculdade e ela sabia que não podia faltar porque senão não ia conseguir fazer o teste. Mas porquê que a aula tem de ser tão cedo?

De novo o som do despertador se fez soar. "Bolas!" – ela levantou-se desta vez irritada. Às vezes sentia-se não como uma jovem de 20 anos, mas como uma velha cansada e rabugenta.

A jovem entrou na casa de banho ainda com o cabelo todo despenteado e mecanicamente pôs pasta na escova dos dentes e olhou-se ao espelho. Os dias começavam todos da mesma maneira desde há três anos atrás. Mais um dia na minha vida…

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A Megumi atirou-se para a cadeira. Estava exausta, tinha terminado o seu turno de 48 horas seguidas. Era difícil conseguir pensar direito depois de tanto tempo a dar ordens, operar, decidir… Além disso estava ansiosa para ir para casa. Desde que ele tinha aparecido na vida dela tudo se tinha tornado mais interessante.

Ela sorriu. Nunca um homem a tinha negado tantas vezes como ele, mas nunca a Megumi tinha gostado tanto de alguém como gostava dele. "Ken…shin" – os seus lábios saborearam o seu nome. A forma como ele tinha aparecido na vida dela era mágica… Um homem que aparece do nada, não se lembra do passado, da família, de onde veio… Nada… Uma folha em branco… Ao início ela pensou que o ruivo fosse recuperar a memória aos poucos, mas tudo o que ele falava era muito vago. Palavras… frases incompletas… Nada de concreto. Ele era um mistério.

Bondoso, gentil, meigo, compreensivo, sem falar de todos os outros atributos que o Kenshin tinha que a faziam andar completamente apaixonada por ele nestes últimos três anos.

A Médica não hesitou em convidá-lo a viver em casa dela assim que lhe deu alta. "Por uns tempos." – ela tinha garantido ao seu irmão Enishi. Mas o tempo foi passando e ela arranjava sempre uma maneira de o fazer ficar. E ele, como não queria ser indelicado, cedia, porque a respeitava, porque lhe estava grato por tudo o que ela tinha feito por ele.

Ela fechou o cacifo e pegou na carteira: "Hora de voltar para casa."

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"Kenshin, já fizeste a guia da carga que vai sair às cinco?" – o chefe perguntou ao entrar no pequeno escritório.

O ruivo tirou os papeis de uma das prateleiras empilhadas na secretária e deu-os ao homem de fato: "Já. O Cliente pediu para acrescentar mais umas coisas hoje de manhã, mas já está tudo carregado e pronto a partir, não precisa de se preocupar."

O Chefe olhou para o rapaz e sorriu: "Sabes Himura, tu podes não te lembrar do teu passado, mas eu quase que aposto que era isto que tu fazias dantes." – e deu uma gargalhada. Nunca tinha tido alguém tão eficiente. Ele lidava com tudo de uma forma quase perfeita, mantinha a calma, arranjava as soluções certas, na altura certa…

O olhar do jovem ficou distante: "Não sei… Eu tento não pensar nisso…"

O Chefe pegou nos papeis: "Se eu perdesse a memória, a primeira coisa que me preocupava era se tinha deixado alguém para trás… Se havia alguém a quem eu pudesse fazer falta…" – o homem deixou-se levar pelos seus próprios pensamentos. Apercebendo-se de que estava a divagar, ele gesticulou com as mãos, qualquer coisa como. Não ligues são pensamentos de um velho chefe que já não tem mais nada de interessante na vida… e saiu deixando atrás de si um Kenshin ainda mais pensativo.

As palavras retumbavam na sua mente… Alguém a quem eu faça falta… É claro que ele tinha pensado nessa hipótese. Mas ninguém tinha aparecido à sua procura, nem no hospital nem depois. A única pista que ele tinha era aquela medalha… Ele supôs que teria sido um presente de alguém da sua família, e por isso, adotou o nome inscrito nela, Kenshin Himura. Mas, mesmo aquele pedaço de prata era incompleto, como tudo resto na sua vida… O que era o KK? Aquelas iniciais poderiam levá-lo a alguém, alguém que o conhecia… Mas quem?

Às vezes tinha sonhos, mas quase nunca eram bons… Sonhava com mortes, com o som de lâminas a esbaterem-se como que numa luta. Nos seus sonhos havia chuva, sangue, mortes… Quando não eram maus os seus sonhos eram abstratos… Havia claridade e uma essência… um perfume gentil e doce… Mas não havia vozes, nem imagens… Só aquele cheiro. E depois ele acordava.

O seu passado tinha algo de mau com certeza. Mas também tinha algo de bom. Ele conseguia senti-lo. Só não percebia o quê…

Ele olhou para o relógio. Já eram quatro e meia, hora de sair. A Megumi devia vir exausta do turno… Ele levantou-se, pegou nas chaves do carro e saiu do escritório.

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Ao chegar a casa deu de caras com o irmão da médica e uns amigos à entrada de casa. O Enishi estava e exibir o seu novo brinquedo… Um carro topo de gama que os pais lhe tinham dado… Claro… mais um mimo … era mesmo daquilo que ele precisava para ser menos arrogante…

Como de costume o Enishi ignorou-o ao cruzarem a entrada. O Kenshin não sabia o porquê, mas o irmão da médica nunca tinha gostado dele… Se calhar nem mesmo o próprio Enishi sabia o motivo de tanto ódio contra o ruivo…

Entrou em casa e pousou a pasta no sofá. "Hoje vieste cedo." – A Voz dela surgiu por detrás dele. "Eu sabia que tu acabavas o teu turno por esta hora." – ele sorriu.

"Tu és sempre tão atencioso Kenshin." – ela caminhou para mais perto dele.

"O que é aquilo com o teu irmão?" – o Kenshin apontou para o exterior. Sim. Ele tinha evitado o contacto com ela mais uma vez.

"Os meus pais decidiram dar uma motivação ao meu mano casula para acabar a faculdade este ano." – ela respondeu sarcasticamente.

O Kenshin deu costas e caminhou para o frigorifico: "Não me parece que isso o vá ajudar muito." – tirou a jarra da Àgua, encheu um copo e bebeu.
Pelo olhar que ela tinha, o ruivo sabia que ela ia tocar no assunto de novo.

A médica aproximou-se dele de novo, encostando-se na mesa ao seu lado. "Relembra-me de novo o porquê Kenshin?" – ela fixou o olhar nele séria. Ele suspirou. Quantas vezes já lhe tinha explicado aquilo? Porquê que ela era tão persistente? Ele acariciou-lhe a face: "Megumi, tu és linda, inteligente, lutadora… Mas eu não posso ter um relacionamento com alguém se nem sequer sei se sou casado, se tenho filhos… Eu não sei quem sou! E não te quero colocar numa posição constrangedora."

Ela abanou a cabeça. "Kenshin… Mas eu gosto de ti." – ela colocou o braço à volta da cintura dele: "Eu não quero saber do teu passado… Só me interessa o agora, o presente!" – Aproximou os seus lábios dos dele, mas de imediato o ruivo delicadamente a afastou. "Desculpa. Talvez um dia… Mas para já… Ainda é muito cedo…" – e dito isto saiu da cozinha.

A Megumi sentou-se. Três anos não serão tempo suficiente Kenshin?

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"Vá lá Kaoru! Até é divertido! Ser estudantes sem ter nada o que fazer! E tu queres arranjar um emprego a part-time?" – a Misao quase que gritava com ela.

A Kaoru fez sinal para falar mais baixo: "Shiu…" – as pessoas em volta estavam a olhar para as duas raparigas na mesa: "Tu fazes-me passar cada vergonha!" – ela corou de embaraço.

"Eu só não entendo o porquê disto agora, Kaoru!" – os olhos verdes da outra jovem tentavam arranjar uma resposta para aquela súbita decisão da amiga ."A reforma dos teus pais serve para pagar a tua casa e todas as despesas…"

"Eu quero manter-me ocupada." – a Kaoru remexeu a comida no prato – "Além disso, um dinheiro extra dava jeito…"

Uma outra bandeja foi pousada na mesa abruptamente: "Uau, dia de almondegas… Como eu gosto da comida do refeitório." – as duas raparigas olharam para o Sanosuke aparentemente insatisfeito com a comida. "Sabes… Pelo menos aqui podes comer sem ficar a dever nada a ninguém." – a Kaoru deu um gole no sumo.

"O quÊ?" – A Misao deixou a sua posição relaxada na cadeira e olhou para o Sano com um ar ameaçador: "Tu ainda não pagas-te a tua dívida no Restaurante da Tae?" – ela levou as mãos à cabeça. Bolas! Às vezes a Misao era mesmo emotiva. "Eu não sei como é que ela ainda te deixa lá ir!"

O jovem esboçou um sorriso travesso. "Nem todas as dívidas são pagas com dinheiro, doninha!"

A Kaoru desferiu um pequeno murro no ombro do amigo: "À hora de almoço não Sano, por favor…"

A Misao ficou ainda mais histérica: "O quÊ? TU TROCAS SE…" -. Ela gritou, mas de imediato a Kaoru lhe tapou a boca e a fez lembrar-se de que estavam num lugar público com montes de gente à volta a ouvir. Mesmo assim o ar de espanto na cara da Misao não se desvaneceu, agora num tom de sussurro ela perguntou: "Tu pagas a tua comida com sexo?" – ela perguntou incrédula.

O Sano só mostrou os dentes.

"Que nojo!" – As duas falaram em uníssono.

O rapaz riu-se. Aquilo não o magoava… Elas eram da família por isso não havia mal, sabia que nada entre eles mudava…

"De que é que vocês estavam a falar quando eu cheguei?" – ele perguntou para mudar o assunto.

A Misao partiu uma almondega a meio e espetou o garfo nela: "Imagina que a nossa amiga Kaoru quer arranjar um emprego!"

O Sano voltou a sua atenção para a rapariga do seu lado esquerdo: "A sério?" – quando viu a jovem abanar a cabeça ele informou: "Porque não tentas no Hospital central? Eles estão a dar cursos de três meses."

"Mas eu não queria uma formação, queria um trabalho, remunerado…" – a Kaoru respondeu.

"E é remunerado. Aparentemente eles precisam de pessoas que façam as coisas mais simples, sei lá, tipo redirecionar os pacientes, agendar operações, camas, preencher as agendas dos médicos, além de precisarem de pessoas para darem os primeiros cuidados…" – o Sano informou

A Proposta pareceu interessante aos olhos da Kaoru. "Como é que sabes isso?"

Ele instintivamente levou a mão ao pulso direito: "Bem eu tive umas fraturas neste pulso quando me meti naquela briga, lembras-te?" – ele olhou para a amiga, ignorou o ar de descontentamento dela por lhe relembrar mais um dos problemas que tinha arranjado, e continuou: "Há lá uma médica chamada Megumi, e um dia destes ela disse-me que eu devia de arranjar uma ocupação e falou-me disso."

A Misao semicerrou os olhos: "Eu não me acredito que te fossem dar um trabalho tão responsável… Conta lá a verdadeira versão Sano!" – ela apontou para ele ameaçadoramente.

Ele levantou as mãos em sinal de rendição: "Ok, ok, eu conto…. O que ela disse foi mais do género: Em vez de andares a arranjar problemas para ti e para os outros, deverias era fazer alguma coisa de útil pela sociedade!"Ela praticamente me disse que eu era bom demais para aquilo!"

"Ah! Ah!" – a Misao atirou-se para trás na cadeira – "O que ela te deve ter dito foi que um cabeça de galinha como tu nunca seria capaz de tomar responsabilidades! Por isso é que não te oferecia o trabalho!" – Ela sugeriu

"Ela não está longe da verdade pois não?" – a Kaoru sorriu e olhou para ele que parecia contrariado. "Foi mais ou menos isso que ela disse… Mas com um pouco mais de charme… Já te disse que a médica é muito sexy?" – Cada frase do Sano parecia chocar cada vez mais a Misao. "Sano não te atrevas a dizer que pagas os tratamentos da mesma forma que pagas a tua comida! Os meus ouvidos já não aguentam mais imundices hoje!"

O jovem riu e continuou a comer.

O silencio imperou por momentos na mesa deles até que a Kaoru o quebrou: "Achas que posso falar com ela?"

O Sano pestanejou: "Com a médica? Sim claro, tu até a conheces, foi ela que te tratou… É a Doutora Megumi…"

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Mal as aulas acabaram a Kaoru correu para o hospital. Tinha ficado de agradecer à médica tudo o que tinha feito por ela, e agora tinha a oportunidade de o fazer… Com três anos de atraso… Mais vale tarde do que nunca… pensou

Aquela oportunidade parecia-lhe óptima… Estava cheia de esperanças. Mas assim que chegou ao hospital informaram-na de que a médica já tinha saído do turno e só voltaria no dia a seguir. "Quer deixar o contacto? A Doutora costuma tirar algum tempo de manhã para ver as mensagens dos pacientes e familiares destes, se deixar uma mensagem com o seu contacto, ela liga-lhe quase de certeza!" – a jovem na recepção informou. A Kaoru decidiu seguir o conselho.

Queria mesmo falar com ela pessoalmente… "Pode informá-la de que já fui paciente dela, por favor?" – a Kaoru começou a preencher um papel com o seu contacto – "Para além do emprego, eu tenho também umas dúvidas que não estão relacionadas com isso, mas sim com o tempo em que fui tratada aqui." – ela comentou com a enfermeira.

A outra acenou e guardou o cartão com os dados. "Não se preocupe eu digo-lhe."

A Kaoru agradeceu e saiu do hospital com a intenção de voltar para casa. Ao passar na rua observava as pessoas interagirem, sorrirem, caminharem juntas. Harmonia. Sim, era bonito de se ver. Mas algo estragou o momento. Um carro barulhento que insistia em passar a alta velocidade para cima e para baixo na rua. Idiotas. Ela bafejou contemplando a falta de respeito que o condutor do carro mostrava pelas outras pessoas que iam na rua. De repente a harmonia tinha desaparecido e só sobrava poluição sonora. A Kaoru abanou a cabeça e continuou a andar.

Mas a atitude dela não passou despercebida, porque o condutor abriu o vidro e gritou-lhe: "Então beleza, queres vir dar uma volta?"

A Kaoru ignorou a pergunta e continuou a andar. Insistente o rapaz saiu do carro e correu até ela: "Então? Não me respondes?" – e rapidamente a agarrou pelo braço.

Apanhada desprevenida a Kaoru ficou assustada com a situação: "Larga-me!" – ela tentou manter uma voz firme mas em vão. Foi então que um outro rapaz de cabelo cor de prata saiu do carro e este agarrou o braço do amigo: "Takeda, vamos, Deixa-a." – o primeiro olhou-a por instantes antes de responder: "Mas eu só estava a conversar com ela." – Mas ao sentir que a força que o amigo lhe punha no braço se intensificava mudou de ideias e obedecendo a uma ordem invisível largou-a e entrou de novo para o carro.

Só depois de sentir o seu braço solto é que a Kaoru prestou atenção ao rapaz que supostamente a tinha salvo daquela situação. Ele continuava ali.

"Peço desculpa pela atitude do Takeda." – ele olhou-a nos olhos – "Ele bebeu um pouco demais."

A Kaoru suspirou. "Takeda? É esse o nome do teu amigo!" – A Kaoru respondeu – "Tem nome de traficante…" – aquele comentário parecia não vir nada a calhar, mas, era ao que o nome lhe soava. Olhou para o rapaz na sua frente que aguardava uma resposta: "Estás à espera que diga que ele está perdoado?" – ela barafustou – "Não és tu que me tens que pedir desculpas, mas sim ele! Além disso, não só a mim, mas como a todas as pessoas da rua a quem ele incomodou com o maldito do carro! Aquilo faz um barulho ensurdecedor!"

O Rapaz ficou admirado com a resposta dela. Ela tem vida! – ele pensou. "O meu nome é Enishi." – ele decidiu apresentar-se, e ficou à espera que ela lhe dissesse o seu nome, mas a Kaoru ainda não tinha percebido bem porque é que ele tinha a mão estendida para ela. "Ah! Sim, eu sou a Kaoru." – e apertaram as mãos em forma de cumprimento.

Ele sorriu: "Muito bem Kaoru, como é que te posso compensar pelo incómodo que te causamos?"

Ela abanou a cabeça: "Não podes."

"De certeza? Tem de haver alguma coisa que eu possa fazer por ti!" – Ele insistiu ainda a segurar a mão dela.

"Não, não, Há!" – ela respondeu de novo

"Ummm… Deixa ver… precisas de boleia para casa?" – ele perguntou

"Não, eu moro perto. E mesmo que não morasse, não entrava naquele carro com o teu amigo lá dentro nem que me pagassem. Além disso eu não entro no carro de estranhos." – ela respondeu decidida a cortar a conversa.

"Mas isso é fácil, eu mando-o para fora do carro e tu entras no lugar dele." – Será que isto é algum tipo de brincadeira para ele? A Kaoru perguntava a si mesma.

"Em vez disso podes ensinar boas maneiras ao teu amigo, podes ensiná-lo a pedir desculpas pelos seus próprios actos…" – ela soltou-se da mão dele – "Adeus." – e caminhou o mais depressa possível para casa.

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O Rapaz observou-a a caminhar. Ela é diferente… Assim que ela desapareceu ao fundo da rua, ele entrou no carro de novo.

"Conhecesse-a?" – ele perguntou ao seu amigoTakeda.~

"Ya. Mas só de vista. Ela anda na faculdade da minha irmã."

O Enishi captou a informação e arrancou.

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A Kaoru chegou a casa e pousou as coisas no quarto. A Misao não devia vir hoje. Tinha um teste no dia seguinte e provavelmente teria de estudar. Ia estar sozinha.

Subiu as escadas em direção ao sótão. Havia dias em que achava que se fizesse o percurso que tinha feito da outra vez, aconteceria tudo de novo. Voltaria atrás no tempo… E depois, quando não conseguia, dava por si a pensar em como é que ele estaria, o que estaria a fazer, como seria a sua vida passados estes três anos… Será que ele ainda vivia no mesmo sítio? Na mesma casa? Será que ele ainda pensava nela?

Deitava-se no chão a imaginar como estaria a vida daquelas pessoas. Será que a Yumi tinha conseguido reconstruir o restaurante? Como estaria a o Yahiko? O Aoshi estava a ser bem sucedido ao ensinar-lhe o modo de vida de um membro do Oniwabanshu? Todas essas recordações embalavam-na antes de dormir.

Quando deu por si, acordou com o barulho do telefone.

Levantou-se ainda tonta e olhou à sua volta. Eu adormeci no sótão! Que horas serão? – ela perguntou-se ainda a descer as escadas seguindo o som do telefone. Mas onde é que está o portátil? – finalmente conseguiu encontra-lo por baixo de uma das almofadas do sofá.

"Sim." – ela atendeu apressadamente.

Do outro lado a pessoa foi directa ao assunto: "Queria falar com a Kaoru Kamyia por favor. É a Megumi Takani."

"Sou eu mesma." – é a médica! – "Obrigada por ter ligado tão prontamente."

"Olá, então Kaoru aparentemente estás interessada em trabalhar connosco?"

A Kaoru sorriu: "Sim estou. Se for a part-time eu consigo conciliar com a escola… era óptimo."

"Está bem… Mas porque não passas por cá para falarmos melhor?" – a médica sugeriu

"Sim claro. Ah! Doutora…" – a Kaoru tentou impedir que ela desligasse

"Sim?" – a mulher do outro lado respondeu

"Eu sei que tem muitos doentes… Mas à cerca de três anos tratou de mim. Eu estive em coma durante muito tempo… Não se deve recordar…"

"Eu recordo-me sim. Tu és amiga do Sanosuke, certo?"

"Sim." – a Kaoru respondeu – "Naquele dia, eu não tive hipótese de lhe agradecer, por isso quero fazê-lo agora…"

"Não há nada para agradecer, Kaoru. Passa por aqui hoje por volta das duas, ok? Assim falamos melhor."

"Está bem. Lá estarei. Até amanhã." – a Kaoru esperou que a médica desligasse e depois desligou a seguir.

Ela pareceu-me simpática… Ainda bem. Amanhã às duas… é mesmo a seguir ao final das aulas, que bom… dá para conciliar…

Olhou para o relógio. Já eram nove da manhã. Tinha uma aula às onze e meia. Ainda bem que tinha acordado com o telefonema!

Correu para o quarto para se preparar.

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"Estão com vagas no hospital?" – o Kenshin perguntou

A médica acenou. "Sim… Precisamos de pessoas para nos ajudarem com pequenas coisas… Nem sabes o tempo que se perde a organizar ficheiros, marcar operações…"

Ele continuou a tomar o pequeno-almoço: "Acredito."

"Kenshin? Hoje podes ir buscar-me? É que eu vou ter que deixar o carro no mecânico hoje…" – ela perguntou

"Mas é claro. Sem problema. A que horas sais?" – ele deu mais um gole no café.

"Hoje saio cedo. Saio às cinco." – ela pegou nas chaves e abriu a porta.

"Eu estou lá a essa hora." – ele confirmou

A Megumi sorriu e saiu.

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O tempo tinha passado mesmo devagar…. Quase que nem tinha estado atenta à aula. Estava ansiosa demais por ir ao hospital falar com a Doutora Megumi. Afinal de contas se tudo se realizasse ia ser o primeiro trabalho dela… Mas não era só essa a razão da sua ansiedade. O que a fazia estar nervosa era voltar ao local onde tudo tinha mudado. O local que a tinha trazido de volta… Para além disso tinha algumas questões para colocar à médica…

Assim que a aula acabou ela apressou o passo para sair da escola. E quando chegou à entrada/Saída principal notou que havia mais movimento do que o costume.

Várias pessoas se aglomeravam à porta da escola a observar algo ou alguém… Mas a Kaoru não queria perder tempo com isso. Já era uma e meia e ela queria chegar a tempo ao hospital, por isso, passou mesmo pelo meio da multidão até que algo a fez parar.

Na frente da escola estava estacionado o mesmo carro preto do dia anterior. O rapaz que a tinha agarrado, o tal Takeda estava à porta da escola com um ar envergonhado e o outro de cabelo cor de prata, usava óculos de sol, e estava de pé, encostado ao carro de pernas entrecruzadas.

A Kaoru estava prestes a andar sempre quando o Takeda falou: "Peço desculpa pela minha atitude de ontem. Mas… às vezes sou um bocado…." – ele parecia estar seriamente contrariado ao dizer aquilo – "Estúpido." – ele terminou a frase e depois olhou para o outro amigo.

"Parabéns surpreendeste-me." – a Kaoru respondeu olhando para o que estava encostado ao carro – "Conseguiste convencer o teu amigo… "

Ele sorriu: "Fico contente por te ter surpreendido Kaoru. Eu só fiz o que me pediste ensinei-lhe boas maneiras."

"Bem, agora tenho que ir…" – Estava pronta a andar sempre quando o Enishi a chamou de volta.

"Espera. Onde vais?" – ele perguntou

"Não tens nada a ver com isso." – ela respondeu andando de costas.

"Eu posso levar-te." – ele insistiu

"Eu acho que ontem te disse que não entrava no carro de estranhos, não disse?" – aquele rapaz era insistente, mas não de uma forma totalmente irritante.

"Mas eu já não sou estranho, apresentei-me ontem lembras-te?"

Todos na entrada da escola estavam a assistir À cena. Não só por causa do aparato do carro, mas também porque o Yukishiro Enishi não costumava aparecer naquela faculdade muitas vezes, era snob demais para isso…

"Boa tentativa!" – ela riu-se e voltou costas, continuando o seu caminho.

"Eu sou persistente, vou voltar todos os dias até aceitares vir comigo." – ele avisou

As raparigas cochichavam entre si… Não era todos os dias que uma rapariga era alvo da atenção dele…

A Kaoru riu-se e não levou aquilo a sério… Tinha a mente focada em outros assuntos…

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Quase que correu todo o caminho até ao hospital… Mas enfim tinha chegado.

Na recepção avisaram-na para subir. Ela assim o fez. Quando chegou ao gabinete da Megumi esta já estava à porta á sua espera.

"Então Kaoru como estás?" – o Sano não tinha exagerado, a médica era mesmo uma mulher muito atraente.

"Bem obrigada." – a Kaoru sentou-se e começaram a conversar acerca de detalhes do curso e do trabalho. Aparentemente era simples… Nada que não soubesse fazer.

Depois disso a Kaoru decidiu perguntar aquilo que mais a preocupava: "Doutora… Eu estive em coma muito tempo, e é estranho mas… Eu tenho recordações do tempo em que estive em coma…"

Aquilo captou o interesse da médica: "Como assim? Sonhos?"

"Não sei bem… Parecem recordações muito mais vividas do que nos sonhos…" – A Kaoru explicou alguns pontos das suas recordações, não a história toda porque tinha medo de que a médica a mandasse internar na ala de psiquiatria… mas apenas aquilo que pudesse satisfazer a sua curiosidade.

Passaram cerca de duas horas a conversar acerca disso. A Megumi estava mesmo interessada em pesquisar acerca daquele assunto: "Bem… A nossa mente é maravilhosa… E u não te sei dar uma resposta concreta para as tuas perguntas, mas posso pesquisar e tentar ver se encontro algo mais especifico para te dizer…"

"Obrigada. Doutora."

"Chama-me Megumi…" – o telefone da médica tocou. – "Só um momento."- ela atendeu: "Olá. Já chegas-te? Estás na recepção? Ok. Eu já desço." – e desligou-

" Olha, eu também vou sair agora. Passa então pela recepção e vai levantar os papeis de inscrição. Começas na próxima semana, ok?" – ela colocou as coisas todas à pressa na carteira e saiu.

Uau… Ela estava mesmo com pressa! – a pessoa que lhe telefonou devia ser mesmo importante….

A Kaoru saiu do gabinete da médica e fechou a porta. "Recepção."

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O Kenshin aguardava a Megumi na recepção. Estava muito calor para estar no carro. Mas porquê que a Megumi nunca mais chega?

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A Kaoru apanhou o elevador para o rés-do-chão. Ia cheio de gente… Detesto elevadores apinhados…

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A Megumi entrou na casa de banho para retocar a maquiagem. Quando saía com ele tinha de estar perfeita… Era o tudo ou nada… Ai… Estou a demorar demais…

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A Kaoru decidiu sair no primeiro andar e fazer o resto do caminho pelas escadas o elevador parava em todos os pisos e já quase que não conseguia respirar lá dentro.

Assim que estava no corredor, viu a médica sair da casa de banho uns dois metros à frente, mas o passo desta era tão acelerado que ela não o conseguiu acompanhar.

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"Olá Kenshin. Já estou ?" – ela disse ao avistá-lo.

Ela acenou: "Até amanhã." – ele disse para as enfermeiras.

Elas cumprimentaram de volta.

"A Doutora Megumi tem cá uma sorte…" – murmurou uma delas

"Olá. Eu vinha preencher os papeis para a inscrição no curso." – a Kaoru chegou à recepção.

"Olá. Deixa ver… Ah! Aqui estão." – a mesma enfermeira pousou as fichas em cima do balcão. "Vamos ser colegas hein?" – sorriu

"Parece que sim. Eu vou mesmo precisar de pessoas experientes… É o meu primeiro trabalho!" – a Kaoru informou

"Não te preocupes caloira… Aqui nós estamos sempre perto para ajudar…" – a outra disse

"Quem eu não me importava de ter por perto era o amigo da Doutora Megumi…" – uma outra enfermeira disse

"Quem?" - A Kaoru perguntou

"Não ligues ela é maluca…" – a primeira enfermeira disse – "Mas bem que tem razão. Ela está a falar do namorado da Doutora Megumi… Mas não te preocupes, se trabalhares aqui vais ter hipótese de o conhecer… e comprovar com os teus próprios olhos aquilo que ela diz…"

"Eu não me importava que me faltasse o ar e que ele tivesse que me fazer respiração boca a boca…" – A segunda disse.

A Kaoru sorriu… Que enfermeiras mais cómicas…