Título:
Amor, o refúgio das almasAutora:
Miss LyricE-mail:
meninaspop@hotmail.comSinopse:
Nem estranhos acontecimentos podem deter duas pessoas de se apaixonarem. Ginny e Draco aprendem a se gostar e mostram que para uma alma conturbada não há melhor esconderijo que o amor.Disclaimer:
Nenhum dos personagens me pertencem. Eles são de J.K.Rowling, que tem todos os direitos sobre eles. Essa fan fic não foi escrita com fins lucrativos. Somente por diversão.N/A:
Essa fan fic está sim centrada em Draco e Ginny. Terá cerca de quinze capítulos (no máximo, se eu estiver realmente inspirada) e conta como esse casal se apaixonou, entre alguns mistérios "casuais" em Hogwarts. Tentarei fazer o melhor possível e conto com a ajuda de quem ler a fan fic para melhorar cada vez mais. Isso poderá acontecer através de críticas construtivas, elogios e sugestões. Ficaria grata se rewiews fossem deixadas ou se eu recebesse e-mails. No mais, espero que gostem.1º Capítulo
Reflexos: Criando assas para voar
"Há muito mais do que se pode imaginar em um simples gesto, em uma palavra. Algo que é, para alguns, insignificante, pode criar ou acabar com esperanças de maneira tão repentina e, talvez, drástica que em certas ocasiões seria melhor ignorar o simples fato de que um coração chama o outro, que uma mente anseia por trocar conhecimentos. Afinal, quem poderia imaginar que um simples engano causaria tanta desordem numa mente jovem, ainda formando seus verdadeiros princípios?"
Grandes olhos castanhos olharam para as palavras recém escritas em um caderno de capa dura, robusto.
"Não se incomode com isso, não se aborreça"
, pensava a mulher dos olhos bonitos e cabelo vermelho fogo, que parecia queimar. "São só pensamentos", tornou a dizer, dentro de si, pela milésima vez naquele dia, até então, nublado. Olhando pela janela, era possível ver um sol, com todo seu calor e autoridade, nascer sobre o horizonte e iluminar os campos, frente a si. O céu mudou de cores várias vezes, num espetáculo à parte.-Vejo que está só, sol. Pois eu também. Sabe que você é um grande charlatão? Sim, e digo mais. – falava a moça dos cabelos ruivos –Além de metido e arrogante. Não lhe tiro razão: ninguém conseguirá mais poder, mais obediência do que você conseguiu. Quem me dera poder controlar o dia, a noite e poder evitar que se aproximem como você faz. Quem me dera.
Repentinamente, uma voz que se tornava áspera, mas suavemente doce, vinda da porta, disse, com notável ternura de quem aprendia a gostar cada vez mais de uma pessoa misteriosa, com uma mente fechada mas, ainda assim, brilhante:
-Falando sozinha, Ginny?
-Oh, Harry! É você. – respondeu a moça ruiva, evitando ficar parada numa tentativa de tirar de si a atenção de um par de olhos verdes –Está aí há muito tempo?
-Tempo suficiente de ouvi-la conversar com uma bola de fogo enormemente grande que flutua pelo espaço. – Harry olhou a moça com certa ironia, que não lhe cabia bem em nenhuma ocasião. –Francamente, Ginny, deve admitir que não é uma atitude muito comum.
-Me sinto bem ao fazer isso. Sei que essa bola de fogo, como você diz, não contará nada à ninguém. Vê – apontou com uma mão branca a janela –vê como ele está sempre ali? Como ilumina todos ao seu redor? Não importando o que seja, ou o seu passado? Quanta bondade ele transm...
-Certo, já entendi. – dito com um certo toque de cansaço de filosofias como aquela que a moça dizia, com tanta emoção. –E o que é isso que você estava escrevendo?
-Como sabe que eu estava escrevendo? – perguntou Ginny, um pouco irritada pela falta de interesse demonstrada. Não houve resposta. –Desculpe, Harry, estou somente um pouco cansada, não queria ser rude. Eu estava escrevendo sim, nada de importante.
Ginny Weasley, a última daquela família e a única filha mulher de seus pais, lembrou-se, amargamente, do que tinha escrito e o porquê o havia feito. Controlou-se, e forçou um sorriso para Harry, ao pensar na falta de sinceridade que ela estava tendo com ele.
Os dois haviam começado um namoro gélido e muito tranqüilo à quase um mês, mas ainda se tratavam apenas como dois irmãos, que era, na realidade, o que sempre foram um para o outro. Talvez não para Ginny, no início, mas ninguém é rejeitado por tanto tempo sem guardar mágoas e ressentimentos em seu coração machucado. O amor evaporou-se e, anos depois disso ter acontecido (dois anos, ela lembrava-se exatamente), Ginny se questionava por que havia aceitado namorar Harry, depois de muita pressão por parte de sua família e amigos. Ela sabia muito bem que ele nunca gostara verdadeiramente dela, e não acreditava firmemente que isso poderia ter mudado em tão pouco tempo.
Seus pensamentos foram interrompidos, novamente, por Harry, que esperava, ansioso, por pelo menos um beijo de sua namorada, tão indiferente:
-Ginny, meu amor – isso não soava bem vindo dele –Desde que entramos nesse trem, à caminho de Hogwarts, você não me deu sequer um beijo. Sabe, geralmente é isso o que os namorados fazem.
-Desculpe, Harry, meu amor –isso também não soava bem, especialmente com a falsidade que fora incluída ao mesmo tempo –mas, não estou me sentindo bem.
-Será que está doente?
Aproveitando a deixa, Ginny resolveu encompridar a história e tirar disso algum proveito:
-Será? Oh, agora que não poderei mesmo beijá-lo. Me culparia até a morte se lhe passasse qualquer mal, mesmo que seja em nome do nosso amor. –forçou uma cara de doente, nada convincente, mas foi sã em desistir da idéia de se jogar no sofá, fingindo um desmaio.
-Você é tão doce, querida. De qualquer maneira, deixarei você descansar aqui. Vou conversar com Ron e Hermione, qualquer coisa que precisar estarei lá. Na cabine de sempre.
Ginny poderia ter comemorado até o fato de ter ficado novamente só para esclarecer, para si mesma, certos sentimentos que haviam brotado em seu coração, nunca tão frágil.
Faziam nove dias, ela sabia, desde que aquele inferno começara. Havia saído, calmamente de sua casa, numa manhã como todas as outras para ir, com sua mãe, ao Beco Diagonal. Pretendia comprar vestes novas, as únicas que seriam de primeira mão no seu armário, e estava bem entusiasmada. Isso era visível. O que ninguém entendeu, nem sua família, Harry ou Hermione, foi como ela poderia ter voltado tão distante e sensível de lá. O que eles não sabiam era que aquilo poderia mudar a vida de todos para todo um futuro.
Ela lembrava-se nitidamente de cada momento, a Ginny. Havia sido, mais ou menos, assim...
Molly Weasley, há muito tempo, ansiava por uma camisola como aquela, tão bonita. Seda pura! E com o dinheirinho guardado por tantos anos, e dividido igualmente a cada membro da família, ela poderia comprá-la facilmente e ainda guardar uns trocados para alguns chocolates para o lanche. Não resistindo à tentação, mandou a filha, Ginny Weasley, uma moça de quinze anos, mas muito atraente, comprar suas vestes para Hogwarts (também iriam ser compradas com o dinheiro recebido pela menina), novinhas em folha. E lá foi ela. Desfilava pelas ruas cheias, recheadas de velhos bruxos, loucos, feiticeiras e jovens aprendizes, como se aquilo fosse uma passarela, a sua passarela, e já estivesse vestindo as roupas mais bonitas que jamais comprara. Parou frente à loja de Madame Malkin, já se sentindo à vontade no lugar, resultado de todas às suas idas ao estabelecimento pelos anos passados. Seus olhos brilhavam ao imaginar-se dentro das roupas expostas na vitrine, e demorou para notar que outra pessoa via-se refletida no vidro, ao mesmo tempo. E quando percebeu, assustou-se, sem chance de disfarçar. Um homem alto, com os olhos azuis tão cinzentos ("Mas, tão cintilantes!", pensou ela na época), cabelos finos, lisos e úmidos caídos sobre a testa, tão loiros, tão claros! Um rosto masculino, que encarava somente à si mesmo, revelando uma personalidade, sobre tudo, egocêntrica. Sim, Ginny sabia quem ele era: Draco Malfoy.
Aquela fora a primeira vez que ela reparara realmente nele. Malfoy havia passado dois anos estudando com professores particulares, após uma briga (já solucionada) entre Lucius Malfoy e o atual professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Esmé Kindly, ex-auror. Ginny ficara sabendo que, com a trégua estabelecida na discussão, Draco Malfoy voltaria para Hogwarts, e naquele exato momento ele deveria estar planejando fazer o mesmo que ela: comprar vestes para a escola.
Ginny não lembrava-se dele como um garoto atrevido que vivia para oportunar a vida dos grifinórios, nada mais que isso. Ele nunca viria a saber dessa primeira impressão. Considerava-se (e era) muito mais que isso. Draco era bonito e bastante atraente. Era inteligente sim, e astuto, conseguindo utilizar dessa qualidade nos trabalhos mais sujos. Não que isso fosse uma característica notável, mas não é todo mundo que consegue, afinal.
-Cabelos vermelhos, e vestes de segunda mão. É claro! Alguma problema no meu rosto, Weasley? Ou só está vendo como você realmente tem como namorado o cara mais sem graça do mundo. O Potter. Devo admitir que sou bem mais bonito que ele. –disse, com arrogância, Draco.
-Oras, Malfoy, não me amole. Eu só estava pensando que você deve ter decidido voltar de vez para Hogwarts. –respondeu Ginny, secamente e ainda com os olhos presos no rapaz loiro.
-Sim, mas não precisa cometer suicídio. Deixe que eu mesmo o faço.
-Não teve graça.
-O que você esperava? Depois de dezesseis anos as piadas ficam gastas, e cada vez mais tolas.
-Não teve graça de novo.
-Treinarei mais na próxima.
-É uma alternativa.
Os dois ficaram se encarando pelos reflexos.
"Ela está diferente. Se ela não fosse uma Weasley...", pensava Draco.
"Ele está diferente. Ah, Merlin! Se ele não fosse um Malfoy, talvez...", pensava Ginny.
-O papo está num estado de completa evolução, mas eu tenho que comprar vestes novas. Até nunca mais, eu espero. –disse Ginny, com um meio sorriso.
-Oh, mas que gentileza... nunca vi alguém tão sutil e educado. Prepare as bacias, porque eu também vim comprar vestes para Hogwarts.
-Jura? Nossa, obrigada por me avisar. –depois de um curto silêncio, Ginny não resistiu e perguntou algo que está martelando em sua mente. –Para que as bacias?
-Você é lerda, não? –ironizou Malfoy, que ficava encantador quando o fazia –Para as lágrimas, tristeza, seu choro... entendeu?
-Por Merlin, Malfoy, hoje suas piadas estão tão ruins que acho que precisarei mesmo de uma bacia, mas para chorar por causa delas.
-Weasley, sinceramente. Suas piadas não se salvam. Não mesmo –fez questão de acrescentar.
-Estamos no fundo do poço.
-Nem me diga.
E, assim, entre brigas e sarcasmo, entraram os dois dentro da loja, e seguiram caminhos opostos lá dentro.
Ginny experimentou várias vestes. Umas simples, outras coloridas e chamativas, mas nem prestava atenção em nenhuma. Seu pensamento estava voltado para o rapaz loiro, que estava do outro lado da loja. Ficou bem surpreendida com a beleza dele, e com a atração que havia despertado nela, desde a primeira vez que o vira naquel tarde. Haviam arrepios e tudo só de lembrar os olhos azuis a encarando. Sentia coisas que nem seu namorado, Harry Potter, havia despertado nela durante todos os anos em que se conheciam. Não. Draco Malfoy faziam suas pernas balançarem, por mais cafona que isso pudesse parecer. Pensava como suas amigas a invejariam se ela aparecesse com um namorado tão lindo como ele, algo que para muitas era maior do que namorar o menino que sobreviveu.
-Ginny, chega de pensar bobagens! Ele é arrogante, mau, cínico, bobo, odeia toda sua família e daria tudo para ter o prazer de te matar. –dizia ela, para si mesma.
Após decidir, sem o mesmo entusiasmo inicial, qual vestes que seriam compradas, Ginny saiu do provador e dirigiu-se ao caixa, onde duas bruxas, baixinhas, conversavam:
-Clotilde, não entendo como você pode estar tão desatualizada! Foi encontrado uma mensagem muito estranha, sempre a mesma, em vários pontos importantes do mundo mágico. –disse uma delas.
-E o que se lia mesmo nessas mensagens, Dorothy? –perguntou a outra.
-Algo como isso –e escreveu, num pedaço de papel, palavras ilegíveis que Ginny, esticando o pescoço, conseguiu ver e memorizar em alguns segundos. Era algo assim:
"Uaqond cehrag a ohar, kdylin vrriaá wcdike. Nnumige rsseeit a agmslua catgnhnaes. Nnumige."
-Nunca vi algo tão estranho. –disse a bruxa mais velha, a tal Clotilde, antes das duas saírem dalí.
-Que feio, Weasley. Ler por cima dos ombros? É invasão de privacidade, e nada educado. –disse uma voz rouca atrás de Ginny.
-Não me aborreça, Malfoy. Eu faço qualquer coisa.
-Sabe, eu não diria para um rapaz de dezessete anos, se eu fosse você, que faria qualquer coisa. Posso acabar pensando em bobagens.
-Como é tolo! Como é tolo! Ah, rapazes! Eu juro que me esforço, mas vocês ainda são um mistério para mim...
-Harry Potter também é um mistério?
-Não, ele é fácil de entender.
-Talvez por isso que ele seja sem graça. –arriscou Malfoy.
-É talvez. –disse Ginny, distraída. –Não, eu não quis dizer isso.. eu quis dizer que ele é muito transparente e não guarda segredos da namorada dele.
-Que por acaso é você.
-Exatamente.
Ginny pagou pelo que havia comprado, enquanto Draco o fazia também, num caixa próximo. Ela tentou sair da loja, sem deixar ele reparar, mas com os reflexos bem treinados, ele a seguiu, a irritando profundamente.
-Quer parar? –ela perguntou, demonstrando sua raiva.
-O que eu estou fazendo? –dito com uma falsa ingenuidade.
-Você está me seguindo. Quer parar?
-Sinceramente? Não. Não me divertia tanto desde... bem, faz tanto tempo que não sou capaz de lembrar.
-Ainda por cima é desmemoriado.
Ele evitou responder e sem deixá-la notar, ficou observando-a, e vendo que ela havia mesmo ficado muito bonita, como tinha escutado algumas vezes durante esses dois anos que estivera longe. E mesmo quando ela notou, fingiu-se de distraída. Sabia que estava sendo admirada, e gostava de saber que dispertava certa atração em rapazes. Especialmente nos seus piores inimigos.
Os dois andavam tão distraidamente, que o fato de terem pego o caminho errado e ido parar numa rua sem saída foi encarado com certa surpresa.
-Ótimo... já estou atrasada. Malfoy, fiquei honrada com sua companhia, mas agora tenho que ir. –disse Ginny.
-Tudo bem. –respondeu Draco. –Estão vindo aí umas bruxinhas "da vida", e chegou a minha hora. –ele piscou para ela.
-Você não vai...? Vai? Malfoy, você nem as conhece! –Ginny demonstrava mais indignação do que seria esperado.
-Weasley, vá embora. Com você aqui não conseguirei nenhuma. Vai, vai logo.
Ginny nunca sentiu-se tão pouco amada na vida e saiu batendo os pés pelo mesmo lugar que havia entrado, alguns minutos atrás. Por alguma razão, ela sentia raiva, tristeza e, acima de tudo, ciúmes."
Ginny suspirou, seus olhos parados. Sim, não conseguia parar de pensar nele. E se esforçava, devo dizer. Malfoy era, sim, arrogante e capaz de irritar a qualquer um. Mas no pouco em que estiveram juntos, ela olhou bem nos olhos deles. Não eram tão vazios, como costumam dizer pro aí. Não eram alegres. Eram somente tristes e cansados. Isso demonstrava que ele tinha sentimentos. E Ginny adotava como amigo qualquer pessoa que tivesse sentimentos.
Ouviu, então, uma voz, vinda do corredor:
-Venham logo, seus bobões, acho que essa cabine está vazia.
"Draco", pensou Ginny com os dedos nos lábios e os olhos um pouco arregalados. E foi mesmo ele quem entrou e a olhou, com uma satisfação presente nos olhos.
-Ora, ora, se não é a Weasley intromedida... ainda ouvindo conversas alheias? –perguntou o rapaz.
-O que você quer, Malfoy? –perguntou Ginny.
-Para começar, a cabine.
-De jeito nenhum. Não vê que estou aqui antes? –Ginny mostrava menos indignação do que era de se esperar.
-Quer que a gente a expulse, Malfoy? –perguntou Goyle, bem atrás de Draco, e Crabbe balançou a cabeça, aderindo a idéia.
-Saiam daqui, seus dois idiotas. –disse Draco, prontamente obedecido. –Pronto, Weasley. Agora podemos conversar em paz.
-Você quis dizer "ofender em paz", não? –dito com bastante desgosto.
-Imagina! Somos os melhores amigos que já existiram! Bem, mudando de assunto... o que você tem feito ultimamente?
-Você realmente se interessa? –Ginny falava numa mistura de contentamento e surpresa, e Draco achou que ela ficava muito bem assim.
-Sim, claro. Ainda está namorando o Bobopotter?
-O Harry, você quis dizer? De qualquer maneira, estou sim. –disse ela, indiferente, antes de cismar em acrescentar: -E nunca estive tão feliz.
-Você deve ter tido uma vida muito triste, realmente. E o que mais você tem feito?
-Tenho escrito muito. –e apontou para seu caderno. –Só bobagens, é claro, mas ultimamnete tenho pensado muito em ser escritora. O que acha?
E Ginny desatou a falar sobre seus planos, seus escritos, quais eram seus autores preferidos. Falou de como evitava falar sobre isso com sua família, com medo de haver uma certa rejeição quanto à idéia. Disse que escrevia sobre seus sentimentos e sobre o que pensava, transformando em linhas os momentos mais significantes de sua vida. E, por mais estranho que fosse, Malfoy parecia bastante interessado:
-Eu gosto de ler. Não é um vício, e talvez não chegue a ser um passatempo. –dizia ele, mudando, radicalmente, a imagem Qua Ginny guardava dele.
-E você já sabe o que irá fazer quando sair de Hogwarts? Você está no sexto ano, não?
-É, mas eu ainda não decidi. Talvez eu viva viajando e seja um gastador de minha herança, somente. Um bom de vida, se é que me entende. Passarei a vida viajando e usando meu dinheiro para conquistar belas mulheres. Que tal?
-Não me parece uma perspectiva muito feliz. Viverá sem nenhum apego a nada, nem nenhuma razão para continuar depois de uma queda. Não é nada agradável, a solidão, depois de algum tempo. E olha que posso dizer isso por experiência própria.
-Você não parece a mesma Weasley que alguns minutos atrás dizia-se muito feliz ao lado de Potter.
-Nem você parece o mesmo Malfoy de um minuto atrás que conseguia manter uma conversa civilizada e agradável com uma outra pessoa que não seja seu reflexo no espelho! –disse Ginny, levantando-se, de maneira violenta, e tentando enxotar o rapaz dali.
Naquele mesmo instante, enquanto Ginny dava soquinhos nas costas de Malfoy, Harry, Rony e Hermione entraram pela porta da cabine, e os dois garotos pularam para cima do rapaz loiro:
-Ginny, o que está acontecendo aqui? –perguntou Rony, bastante irritado.
-Ele te machucou? –questionava Harry. –Diz, Ginny, o Malfoy te fez alguma coisa, esse abusado?
-Soltem ele, agora! Eu estou mandando, vamos rápido. –disse Ginny, tentando livrar Draco de perto de Harry e Rony. –Ele não me fez nada, estávamos só conversando.
Sentindo que seria alvo de brincadeiras por parte de todos em Hogwarts se viessem a saber disso, Draco tratou logo de aumentar um pouco mais a história:
-Weasley, Weasley... que feio mentir para seu namoradinho e seu irmãozinho queridos... diz para eles que eu vim flertar, xavegar você, e só fui descobrir quem você era mais tarde. E agora você me batia, ao jurar eterna fidelidade ao Potter. Não fique constrangida, pode falar.
Todos na cabine ficaram de bocas abertas com o que havia acabado de ser dito. Draco Malfoy? Com interesse em Ginny? Seria possível? Ele não hesitou ao continuar:
-Foi muito gratificante revê-los, mas agora tenho que ir. –e saiu pela porta, deixando para trás várias mentes confusas.
-Malfoy estava falando a verdade, Ginny? Quer dizer, você terá mesmo eterna fidelidade à mim? –perguntou Harry, com um meio sorriso nos lábios. Ginny, sem o mínimo remorso, confirmou com a cabeça.
Rony, não gostando do clima de romance que Harry insistia em deixar brotar, interrompeu o diálogo, considerado por ele asqueroso, dizendo:
-Argh, odeio sentir o cheiro de amor no ar. Me sufoca, me intoxica. Odeio. Odeio ver casais. Odeio gente feliz com suas namoradas. Odeio qualquer sentimento que me dê náuseas; e o amor é um deles.
-Não liguem para o Rony –disse Mione, para Harry e Gina –Ele só está com ciúmes da irmã. E com vontade de ter alguém. –esse foi dito com bastante impertinência. Ela e Rony haviam namorado por um período muito curto no quinto ano, e viviam tendo recaídas visíveis. Nesses momentos, dedicam-se a aborrecer um ao outro, com frases como esta.
-Hermione, você não deve falar sobre o que não sabe. É arrogante e mesquinho. –provocava Rony, gerando uma discussão ainda maior. Molly Weasley costumava comparar essas briguinhas a bolas de neves. Começava com algo pequeno e quase indefeso, mas crescia de maneira tão rápida e devastadora que era capaz de gerar problemas para qualquer um que estivesse envolvido.
Todos os alunos que estavam no Expresso à caminho de Hogwarts foram avisados que dentro de quinze minutos estariam chagando à escola. Estando já todos com suas vestes de bruxos, prontificaram-se a esperar o trem parar, e quando isso aconteceu, saíram lá de dentro. Harry, Rony, Hermione foram logo atrás de Hagrid, o qual não viam desde o fim das aulas do ano anterior. Ginny, como em todos os anos, somente entrava em algum dos barcos e esperava alguém vim e sentar com ela. Geralmente essa pessoa era Neville, que após passar todo o tempo procurando seu sapo Trevo, não tinha outro lugar em nenhum outro barco. Mas, naquele ano, a coisa foi diferente. Draco Malfoy se aproximou e fez questão de sentar-se ao lado de Ginny e colocar os pés para fora, com as mãos na cabeça, deixando Ginny exprimida num canto.
Nenhum dos dois falou nada até chegar ao castelo, apenas enfrentaram olhares curiosos e debochados de todos os lados, por bruxos e bruxas de todas as idades. Ginny corava furtivamente e Draco somente fixava o olhar, para logo depois soltar um muxoxo de desaprovação, afirmando para si mesmo que todas aquelas pessoas receberiam seu castigo algum dia por todo aquele constrangimento.
Harry, aliás, não parava de olhar para Ginny, esticando o pescoço e fazendo sinais com as mãos para ela se afastar de Malfoy. Ela nem prestava atenção, absolutamente, e depois que a cena fora repetida três vezes, ela passou a fingir não reparar que o namorado insistia, sempre na mesma tecla.
-Seu namorado é chato. –disse Draco, sem receber resposta. Considerou, então, que ela havia concordado com ele.
Já no castelo, Minerva McGonagall os recebeu e informou a todo o colégio que a seleção das casas teria início em alguns minutos. Os novos alunos, encantados, alguns, e outros assustados, entraram pela porta do Salão Principal e, como em todos os anos, comentavam sobre o teto enfeitiçado, que imitava o céu. A professora de Transfiguração anunciava nome à nome, e pouco à pouco as pessoas foram sendo selecionadas, umas nunca tão felizes com as casas que haviam cáido.
-Charlotte Wicked! –chamou McGonagall, antes de uma menina baixinha e muito magricela e cambaleante colocar o Chapéu Seletor em sua cabeça, e esperar.
Depois de longos cinco minutos, o chapéu anunciou:
-Sonserina!
Por todo o salão ouviam-se cochichos:
-Ela não deveria estar na Lufa-lufa? É tão... bobona!
-Olha só os óculos dela! É maior que a própria cabeça! Definitivamente, ela desonra a Sonserina.
-Vocês viram como ela anda? E o nome então? Charlotte Wicked!
-Ei! –gritou uma moça da Corvinal, muito bonita. –O que vocês têm contra o nome Charlotte? EU me chamo Charlotte! É um nome bonito!
Dumbledore bateu com a colher em seu copo de alumínio e o som ecoou por todo o salão, calando até aos alunos mais falantes. Em seguida, o direto disse:
-Por favor, há coisas mais importantes a fazer do que discutir sobre a vida alheia. Como... como... como nos deliciar com esse jantar magnífico que foi preparado para vocês, alunos de Hogwarts! –estalando os dedos, o banquete surgiu sobre todas as mesas, abafando de vez qualquer rastro que ainda existia sobre o assunto "aluna-nova-do-nome-estranho-e-é-cambaleante", ou algo como isso.
Ao soar onze horas, os monitores acompanharam os alunos até as Torres das Casas. Ouviu-se alguém comentar:
-Acho que já estão todos os alunos dormindo.
Nem todos.
