'' O AMOR É FOGO... ''

Como sempre os residentes da casa da árvore acordavam cedo para realizar seus afazeres, com exceção de Marguerite que se recusava a madrugar e ''cansar sua beleza''. Malone e Roxton saíam para a caça, Verônica cuidava da cozinha, enquanto Summerlee e Challenger se distraíam com novos experimentos. Nos últimos dias o clima entre Verônica e Malone havia esfriado muito, afinal ele cansara de sempre observá-la e nada receber em troca, nem se quer um humilde olhar. Ele realmente não sabia o que se passara com ela, que andava distraída e desajeitada com tudo. Seu interesse era chamá-la ao seu lado para ter uma conversa sensata, más logo lhe vinha a insegurança de ser duramente rejeitado.

Então por vários dias as coisas ficaram assim, nada fazia más também não deixava de demonstrar certo interesse em uma maior aproximação para com ela, que sempre fingia não perceber. Além do mais, para aumentar sua angústia ele tinha que suportar as trocas de olhares e afetos entre o Marguerite e Roxton, que não se desgrudavam um só segundo, parecia até que tudo ao seu redor colaborava para que essa situação piorasse.

Então foi que um dia apareceu um inesperado hóspede na casa da árvore, Abú um antigo amigo de Verônica, ou talvez mais que amigo. Ela o apresentou a todos e nesse mesmo instante todas as dúvidas a respeito do comportamento de Verônica haviam sumido, Malone apenas olhou o rosto dela observando a face de Abú, e lembrou-se que a uns tempos atrás Verônica havia saído misteriosamente e voltara para casa como ultimamente andava se comportando.

Ned preferiu nada indagar, mas o que não lhe faltava era vontade de fazer uma breve entrevista com esse tal, que dormira lá por essa noite. No dia seguinte, logo pela manhã, Ned havia descido da casa para tomar uma ar, quando encontrou-se com Abu e não hesitou em iniciar uma conversa.

''E então A-B-Ú ... de onde você e Verônica se conhecem?''

O rapaz todo empolgado lhe disse: ''Ah...desde pequenos eu e minha Verônica corríamos por esse platô em busca de belas pedras, o que ela adorava fazer.''

Na cabeça do jornalista apenas soava aquela parte da frase...'' Minha Verônica? Minha Verônica? Tá...''

E Abú não parava de contar as aventuras que passara ao lado da loira.....'' Más teve um dia em que minha tribo teve que se descolar para um outro lugar e infelizmente eu tive que ir junto.''

Malone já estava extasiado de ouvir tanto puxa saco de Verônica e os inacabáveis elogios: '' Ah tá Abu, já entendi, vou sair para ver se encontro alguma coisa para o almoço.''

Quando eles estavam conversando Verônica estava os observando e então aguçou sua curiosidade.

'' Abú, onde você estava?

'' Lá embaixo tomando um ar, porque? Sentiu a minha falta, amor?

'' Ah...tá....não, quer dizer sim..sim..fiquei preocupada.

Na hora do almoço Malone demonstrava certa impaciência com a presença do rapaz sempre ao lado de Verônica contemplando-a , ao perceber Marguerite não deixou escapar a oportunidade de soltar as suas piadas:

'' Hum..o que vejo aqui? Será um escritor enciumado por causa sua musa inspiradora?

''Pare com essas asneiras, Marguerite!'' gritou Malone furioso e ao mesmo tempo envergonhado em meio aquela situação, se retirando da mesa.

A noite, já muito tarde e sem conseguir dormir Malone vai escrever em seu diário sentado em uma cadeira logo perto do quarto de Verônica, quando escuta ofegantes suspiros.

Assustado e curioso vai em direção ao quarto ver o que estava acontecendo. Os suspiros aumentavam cada vez mais e foi quando ele ouviu Abu dizer...

''Venha minha querida, agora você é inteiramente minha...''

Malone arregalou os olhos e sem que Abu tivesse terminado de pronunciar as palavras amorosas invadiu o quarto gritando pelo nome de Verônica:

"Verônica! Verônica ! Como pode fazer iss....

Ao entrar no quarto vê Abu sobre uma mulher, ambos sem roupa, mas não era a Verônica, daí ele respirou aliviado, mas tornou-se a si falando bravamente:

'' Quem você pensa que é trazendo qualquer uma pra cá, e isso...vamos, saia já daqui !!! ''

'' Calma, calma...estou já saindo, mas não antes sem falar com Verônica.''

''O que? Ainda se vê com direitos? Ah mas nem pensar, vamos logo, se retire já daqui e leve essa daí ! '' disse Malone

Malone pensou..." Ué, se Verônica não está aqui...onde será que ela foi parar?'' daí ele saiu revistando a casa da arvore para encontra-la, até que a achou no quarto de Marguerite com ela, ambas cochilaram no chão do quarto, estavam jogando.

Malone encosta no rosto de Verônica e sussurra em seu ouvido: ''Verônica, vamos para seu quarto, levante.''

Nessa mesma hora ao sentir o hálito quente de Malone se arrepia e acorda, deixando ele levantá-la e guia-la até o seu quarto, enquanto Marguerite com os olhos entre abertos vê o ocorrido e dá um sorrisinho , tipo de quem havia sacado tudo.

'' Pronto...agora pode descansar em conforto, e vê se da próxima vez a criança não dorme no chão não ta ?'' então ela sorri e sente levemente os lábios de Malone beijar seu rosto.

Logo na manhã seguinte Verônica percebe a ausência de Abu depois de procura-lo por todos os cantos, então pergunta se alguém o tinha visto, quando Roxton ia pronunciar algo Malone o interrompe dizendo:

'' Ontem logo tarde da noite eu o vi indo embora, não sei porque.'' Verônica estranha e diz que vai sair para procurá-lo, quando desta vez Marguerite é que interrompe-a dizendo:

'' Ah, Verônica, se ele foi embora foi porque quis, tinha algum motivo. E ainda foi sem se despedir, deixa ele pra lá, foi um mal educado e cá entre nós , não fui nada com a cara dele!''

Verônica levanta sua sobrancelha direita com uma cara de desconfiada e diz :

''Bom, espero que não tenha acontecido nada com ele, afinal eu não estava afim de sair mesmo.''

Marguerite dá um sorriso maroto pra Ned, que percebe qual havia sido sua intenção e agradece balançando a cabeça positivamente.

Más apesar da aproximação de Verônica para com ele, Ned ainda era inseguro, sempre foi...uma noite ele foi até a varanda da casa da árvore e ali começou a lembrar do primeiro dia em que conheceu Verônica, lembrou de seus cabelos voando contra o vento enquanto ela o salvava daquela enorme planta nojenta – ele ri. Lembra dos momentos em que estiveram juntos e de quando eles passaram um longo tempo separados – daí uma lágrima rola em seu rosto, era só essa pequena e salgada lágrima cair para ele despejar tudo o que estava entalado em sua garganta....ele chora...chora e entre soluços se chama de bobo por ter aquela reação.

''Meu Deus, como eu sou inútil, enquanto a tenho todos os dias diante dos meus olhos, hesito em me aproximar, e se eu perde-la? E se ela escapar entre meus dedos...não poderia suportar,más algo me trava. Eu não consigo me abrir com ela, é como se''...daí ele vai em direção ao quarto dela e