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ANTES DAS SEIS
Miss Bluebird

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I. Senhores e senhoras do júri

E então lá estávamos. Eu no sofá, ela em cima de mim, uma perna de cada lado. Seus cabelos caíam no meu rosto enquanto ela me beijava, e minhas mãos, oh, eu simplesmente não conseguia controlar minhas mãos. Pernas, coxas, ancas, seios – ela era entorpecente. Como um vício recém-descoberto. Como as primeiras tragadas de um cigarro depois de um longo período de abstinência. Achei que enlouqueceria quando sua boca abandonou a minha e passou a beijar meu pescoço (agradeci mentalmente pelo fogo ainda estar crepitando na lareira, porque meus gemidos ficavam cada vez mais altos), ao mesmo tempo em que suas mãos se concentravam em abrir os botões da minha camisa, um por um, numa lentidão quase dolorosa.

Existem momentos em nossa vida em que nossos atos se provam decisivos do que virá a seguir, considerando-se as consequências dos mesmos. Aquele era provavelmente um desses momentos. A garrafa vazia de firewhisky que eu furtara da cozinha mais cedo jazia vazia perto da lareira. Ainda caía lá fora uma garoa leve, lembrança suave da tempestade que rugira praticamente a noite inteira. Hogwarts dormia, enquanto eu estava ali, beijando os lábios doces e macios da namorada do meu melhor amigo, e gostando. Minha cabeça me dizia que eu era um canalha, um crápula, um imbecil sem sentimentos e sem qualquer senso de ética ou de moral, e que aquilo era uma afronta a todos os (possíveis) aspectos positivos do meu caráter, porém – oh. Ela esgotava meu autocontrole. Era como se alguma força maior estivesse drenando toda a capacidade do meu cérebro de enviar comandos básicos ao meu corpo.

Qualquer vestígio de arrependimento e de culpa foi violentamente arrancado da minha cabeça quando ela voltou a beijar meus lábios. Com um movimento ágil, puxei minha camisa e joguei longe, antes de agarrá-la pelos quadris mais uma vez. Seus dedos agora traçavam um caminho feito de fogo pelo meu peito e abdômen. Ela não protestou quando minha mão entrou em sua calcinha. Arqueou o corpo para trás, interrompendo o beijo – e gemeu. Eu tive que usar todo meu estoque restante de autocontrole para não gozar ali mesmo, diante daquela cena.

Ela voltou o corpo para frente, e me olhou bem dentro dos olhos, mordendo o lábio inferior com força. Seus olhos queimavam de desejo, e ela não desviou o olhar enquanto suas mãos buscavam com destreza o fecho da minha calça. Reprimi um gemido rouco quando ela abriu o zíper e me acariciou por cima da cueca; meu corpo pulsava cada vez mais rápido, e eu agarrei suas nádegas com muita força, fazendo-a gemer de dor e prazer. Puxei-a para mais perto, apertando-a com firmeza, eu precisava tê-la inteiramente para mim, ali, agora, naquele exato momento, e ela, sem quaisquer cerimônias, puxou minha cueca para baixo. Praticamente desfaleci quando seus dedos gelados agarraram meu membro com delicadeza, iniciando uma série de movimentos ágeis e suaves.

Fechei os olhos e deixei minha cabeça pender para trás, num transe incontrolável. Ela deitou-se em cima de mim e começou a mordiscar meu pescoço. Gemi alto quando ela sussurrou meu nome, seu hálito quente contra a pele arrepiada do meu pescoço. Num rompante de prazer, arranquei sua calcinha com força, e voltei a estimulá-la com a mão. Ela soltou meu membro e envolveu meu pescoço num abraço, soltando um gritinho rouco de prazer quando eu me inseri por completo dentro dela.

Vê-la assim, tão entregue, era enlouquecedor. Se alguém me dissesse mais cedo naquele dia que eu estaria fazendo sexo com Lily Evans, eu teria uma síncope de tanto rir da cara da pessoa e a recomendaria uma visitinha à Ala Hospitalar. Era uma possibilidade que soava tanto improvável quanto impossível, afinal, Lily Evans (sem nem precisarmos considerar fatores essenciais, como por exemplo o fato de sermos inimigos naturais desde o primeiro ano e odiarmos um ao outro como se odeia uma infestação de baratas na cozinha de uma residência) era nada menos do que a namorada do meu melhor amigo. E, no entanto...

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