Cap. 1 – Uma Quase-Nova Esperança

Aquela era uma gélida manhã de Dezembro. Véspera do Natal e das tão almejadas férias de inverno. Hogwarts estava toda enfeitada por árvores de Natal, que continham pequenos flocos de neve em seus ramos, além de bolas decorativas natalinas de vidro, luzinhas e outros artefatos mágicos posicionados cuidadosamente pelo prof. Flitwick nos imensos pinheiros natalinos. O clima de festa era também perceptível no astral dos alunos, que, apesar da tensão gerada pelas provas, estavam ansiosos para reencontrarem suas famílias ou pelo menos espairecerem na calmaria proporcionada pelo clima. As armaduras estavam também todas enfeitadas, e Filch e sua gata até estavam "pegando leve" com os alunos marotos.

Podia-se perceber que a magia natalina estava contagiando a todos naquele castelo; entretanto, através da janela da sala comunal da Grifinória, podia-se ver Hermione Granger absorta em seus pensamentos. Lá estava a aluna-modelo, em seu 5º ano de Hogwarts, sentanda de pijama em frente à lareira, com a testa franzida, cérebro a mil, encarando o amanhecer, como se lá estivesse a solução de seu dilema. Durante todos esses seus 15 anos de vida, era a primeira vez que estava levando à sério aquele assunto. E o assunto englobava alguém que tinha nome e sobrenome: Ronald Weasley. O ruivo, afinal, era o dono de seu coração, concluíra a garota na noite passada. Aquela noite foi meio que mágica, pois pela primeira vez ela e Rony haviam se portado como amigos, sem brigas, sem cobranças. O grupo inteiro estava reunido na Sala Precisa para comemorar a vitória no quadribol contra a Sonserina. Não era muita gente, só os mais chegados de Gina, a grande homenageada por sua performance como apanhadora, e, por mais chegados, entenda-se Harry, Luna, Neville, Rony, Hermione, Fred, Jorge, Dino, Simas, e mais duas ou três meninas que não pertenciam à Grifinória. Após todos já terem ido para suas camas, ficaram lá Rony, recolhendo o lixo, e Hermione, arrumando a sala. Chegou uma hora que os dois deram um encontrão, sem querer, mas ainda sim um ato constrangedor. Ambos se olharam nos olhos, e de repente Hermione já estava vermelha e as orelhas de Rony já pegavam fogo. Ele, quebrando o silêncio, perguntou se ela queria uma cerveja amanteigada, pois haviam sobrado várias, e ela aceitou. Então, com a varinha, a menina conjurou umas poltronas e fogo na lareira. Os dois sentaram-se e conversaram bastante até que chegou um momento que Rony interrompeu o discurso de Hermione sobre "Runas Antigas" e perguntou se ela não queria ouvir uma música. Espantada, Mione, como Rony a chamava, disse que não sabia que ele cantava. E ele respondeu com um sorrisinho, "tem muitas coisas sobre mim que você talvez não saiba". Com frio na barriga depois disso, Mione pediu uma música especial; uma música que o fazia lembrar dela. Ele, ficando vermelho, disse que conhecia, e começou a cantar baixinho e, depois, mais alto:

Estando meu mundo sem estrelas/ vou nos teus olhos buscar a constelação/ Se nada para mim der certo/ me aconchego na esperança dessa canção/ A ti sempre quero/ e continuo sonhando/ e pela tua presença espero/ tua foto é meu recanto/ Sigo teus passos/ mas se me sinto só/ eu te chamo/ Queria ter esse amor correspondido por esse alguém/ E que os anjos nos digam amém!/...

Hermione conhecia a música...fora escrita por um trouxa e tocada em um festival inglês do Dia dos Namorados! Não era conhecida, mas mesmo assim era muito bonita. Ficou sem reação diante daquela declaração de amor...quem diria! Ronald Weasley, romântico, hein? A única coisa que conseguiu fazer, e agora se arrepende por isso, foi sair correndo, deixando Rony sozinho e com cara de bobo, segurando seu violão.

E era aquilo que estava pesando em sua consciência naquela madrugada. Na verdade, ela nem havia dormido direito à noite, de tão confusa que ficou...ao deitar, sonhou que Rony estava cantando aquela música, mas depois ele dizia "bonita, né? Estou pensando em cantá-la para a DiLua, o que você acha? Vou me casar com ela ..." e Hermione dizia à Rony que o amava, mas ele ficava meio "Mione, você? Por quê não me disse antes? Agora o casamento já está marcado!" e ela via ele e Luna na Igreja, e posteriormente um monte de filhinhos deles ruivinhos com caras alucinadas lendo "O Pasquim" de cabeça para baixo. Hermione acordou suando, e aí foi para a Sala Comunal, aonde passou o resto da noite e a madrugada atual.

Sentiu que aquilo não podia continuar. Teria que passar por cima da timidez e do orgulho para ficar ao lado do único com o qual se via junta para sempre. E foi por isso que parou de pensar e levantou-se do tapete, enxugou algumas lágrimas e tomou a decisão: "DE HOJE NÃO PASSA!".